O Ato de Ler: Vivências de um Processo Dialógico
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O Ato de Ler - Kátia Cilene Amorim Gomes.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
Dedico este trabalho ao Glepdial (Grupo de Pesquisa O Ensino da Leitura e Escrita como Processos Dialógicos
) e em especial à professora doutora Joelma Reis Correia, pessoa que coordena o Glepdial com amor e muito compromisso e que luta por uma alfabetização de nossas crianças voltada para o diálogo e respeito pelo aprender.
AGRADECIMENTOS
A vida é dialógica por natureza. Viver significa participar de um diálogo: interrogar, escutar, responder, concordar etc. Nesse diálogo o homem participa inteiro e com toda a vida: com os olhos, os lábios, as mãos, a alma, o espírito, todo o corpo, os atos. Aplica-se totalmente na palavra, e essa palavra entra no tecido dialógico da vida humana, no simpósio universal.¹
E foi assim que conseguimos alinhar este livro, não sozinha, mas com o cruzar dos atos produzidos por muitos diálogos. Esta é uma obra coletiva ‒ dissertação de mestrado que resultou em partilhas com muitas pessoas, cujos caminhos, felizmente, encontraram-se com o meu. Minha família, em especial à Norberta Amorim Gomes, minha querida mãe, a João Gabriel Gomes Veras (filho amado e atencioso) e meus(minhas) afilhados(as), meus(minhas) amigos(as), alunos(as), professores(as) e colegas de trabalho. A todos(as) esses(essas) parceiros(as), que incentivaram a realização deste sonho, fica registrada a minha gratidão.
À minha orientadora, Joelma Reis Correia, que com respeito e cumplicidade me deu força nos momentos de insegurança e sustentação nos momentos de dúvida. Admiro-a como educadora, intelectual e pessoa. A ela dedico a alegria que estou sentindo, vivenciando.
Ao Grupo de Pesquisa O Ensino da Leitura e Escrita como Processos Dialógicos
, pessoas estudiosas e interessadas num fazer pedagógico que humaniza, em especial à Edith Maria Batista Ferreira, pelo incentivo constante a publicações dos(as) integrantes do grupo.
A Antônio de Assis Nunes, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Ensino da Educação Básica (PPGEEB), pelo cuidado e incentivo aos(as) mestrando(as). Um verdadeiro incentivador de sonhos!
Aos(Às) meus(minhas) amigos(as) do mestrado, com quem compartilhei sentimentos contraditórios de tristeza, alegria, angústia, apoiando-nos mutuamente, sobretudo no primeiro ano do curso: Ana Débora Pereira de Barros, Alexandro Costa de Sousa, Benedita dos Santos Azevedo Frazão, Cláudia Martins de Sá, Clênia de Jesus Pereira dos Santos, Caroliny Santos Lima, Claudileude de Jesus Silva, Débora Suzane Gomes Mendes, Diego Ted Rodrigues Bogéa, Edivana Valéria Rosa Siqueira, Eulânia Maria Ramos Bastos, Francisca das Chagas dos Passos Silva, Francisco Rokes Sousa Leite, Heline Maria Furtado Silva, Joemília Maria Pinheiro Almeida, Luís Félix de Barros Vieira Rocha, Margareth Santos Fonseca, Noyra Melônio da Fonseca.
À professora doutora Antonia Edna Brito e à professora doutora Vanja Maria Dominices Coutinho, pelas contribuições e sugestões de ampliação deste livro.
Aos(Às) meus(minhas) amigos(as) da Secretaria Municipal de Educação de São Luís - MA, em especial ao Grupo de Formação Continuada de Coordenadores(as) Pedagógicos(as), coordenado pela professora Francisca das Chagas Lima Oliveira e na presença constante de Tatiana Rocha Cruz, que sempre dedicou seu tempo para trocar ideias sobre essa etapa difícil da vida acadêmica, e no apoio incondicional e estudos, e também reflexões constantes de Ana Rita de Oliveira Pires, Dilce de Fátima Bastos Duarte, Joana Amélia Malta Medeiros, Kátia das Graças Azevedo Barroso, Katharine Caires Moucherek, Mara Delana Said Moura Sales, Maxlene Moura Bezerra de Araújo da Silva, Ronald Campos Corrêa, Valéria da Rocha Lopes Rodrigues.
Ao secretário de Educação, professor Moacir Feitosa, à secretária adjunta professora Maria de Jesus Gaspar Leite, à superintendente de Área do Ensino Fundamental (Saef), professora Arsênia Pereira de Souza, e aos(as) coordenadores(as) pedagógicos(as) da Semed - São Luís pelo incentivo e motivação para a escrita deste livro.
Aos(Às) professores(as) e à gestora Gilmara Mesquita da UEB Rosário Nina
, escola do coração, da qual saiu a paixão em pesquisar sobre alfabetização, especificamente sobre as práticas de leitura.
Às gestoras, em especial Soraya de Fátima Pinheiro e a coordenadora pedagógica Ana Karina Sousa Duailibe, que nos receberam calorosamente, desde o primeiro contato, e propiciaram, prazerosamente, os dados necessários ao estudo.
Aos(as) professores(as) da rede de ensino, representados(as) pela professora sujeito da pesquisa. E finalizando com meu muito obrigada de coração apaixonado às crianças da rede municipal de ensino de São Luís - Maranhão.
O diálogo é o encontro entre os homens, mediatizados pelo mundo, para designá-lo. Se, ao dizer suas palavras, ao chamar ao mundo, os homens o transformam, o diálogo impõe-se como o caminho pelo qual os homens encontram seu significado enquanto homens, o diálogo é, pois, uma necessidade existencial.²
PREFÁCIO
O livro O ato de ler: vivências de um processo dialógico, de autoria de Kátia Cilene Amorim Gomes, traz como ponto de partida e ponto de chegada a escola, uma vez que as questões que a levam a se aprofundar no tema de que trata este livro brotam da sua experiência como professora e coordenadora pedagógica dos anos iniciais do ensino fundamental, especialmente com turmas de alfabetização, cuja insatisfações e incertezas com o ensino do ato de ler com ênfase no domínio do sistema linguístico e nas suas regras de funcionamento a levaram a duvidar sobre a prática desenvolvida no espaço escolar que, embora trate de uma realidade particular, pode ser facilmente generalizável, pois traz à tona uma problemática vivenciada em muitas turmas de alfabetização. Por esse motivo, a autora volta o olhar para escola e, mais do que olhar, busca contribuir de forma efetiva com uma perspectiva do ensino do ato de ler a partir de um processo dialógico.
Compreender o ato de ler como um processo dialógico é considerar que, desde o início, a criança precisa vivenciar uma interação ativa com o texto, o que somente é possível se estes forem selecionados das diversas esferas ou campos da atividade humana, pois não há diálogo se os textos estiverem descolados do seu contexto, se não trouxerem consigo vestígios do direcionamento e da influência da resposta antecipável, ou seja, se não possibilitarem ao leitor posicionar-se numa atitude responsiva, como bem afirma Bakhtin (2011).
Ao situar as vivências de um processo dialógico, ancorada principalmente nos estudos de Bakhtin/Volochinov (2014), a vontade ou projeto de dizer da autora se endereça não somente àqueles que estão imersos no mundo acadêmico, mas, principalmente, aos profissionais responsáveis pelo ensino do ato de ler na escola. Por isso, o texto apresentado assume um papel teórico e metodológico, cujo conteúdo está povoado de provocações, especialmente quando sinaliza os dilemas enfrentados pela autora/pesquisadora, bem como os equívocos cometidos no processo de planejar e, principalmente, na relação que vai estabelecendo com as crianças no que se refere ao ato de ler. No entanto, a coragem de assumir os percalços do processo só foi possível em virtude do próprio referencial teórico adotado.
A leitura desta obra só nos dá a certeza de que o ensino ato de ler se trata uma prática social, cultural, histórica e plural, por isso, desde o início, deve ser orientada por objetivos e finalidades, permitindo a quem aprende atribuir sentido ao que está lendo. Portanto é preciso ultrapassar práticas alfabetizadoras que ainda enfatizam a artificialidade no processo, pois quando isso ocorre contribuímos para que as crianças deixem de se apropriar dos traços essenciais dessa atividade cultural e se tornem, de fato, leitoras.
Por isso, o trabalho de Kátia adquire, dentre tantas obras voltadas para o ensino do ato de ler, uma contribuição importante para se pensar e repensar a prática do ensino do ato de ler na escola. Convido-os à leitura!
Prof.ª Dr.ª Joelma Reis Correia³
Programa de Pós-Graduação em Gestão de Ensino da Educação Básica⁴
APRESENTAÇÃO
[...] as margens de um livro jamais são nítidas nem rigorosamente determinadas: além do título, das primeiras linhas e do ponto final, além de sua configuração interna e da forma que lhe dá autonomia, ele está preso em um sistema de remissões a outros livros, outros textos, outras frases: nó em uma rede. […] A constituição de uma obra completa ou de um opus supõe um certo número de escolhas difíceis de serem justificadas ou mesmo formuladas.⁵
Neste livro, as margens norteadoras e sua configuração interna, que lhe dão autonomia, traduzem a essência do ato de ler, que exige uma proposta dialógica em suas práticas no espaço de nossas salas de aula. Uma proposta que abra caminhos para o encontro constante entre leitores(as) e os textos. Encontros nos quais a experiência do ato de ler, em si mesmo, promova o conhecimento do mundo e a competência linguística dos(as) leitores(as).
Este livro é fruto de pesquisas realizadas no mestrado⁶ em Gestão de Ensino da Educação Básica e tem por objetivo traduzir a percepção de que o esforço para o ato de ler não se limita à técnica, mas deve considerar as muitas facetas da dialogicidade. E essa percepção é descrita nas vivências ocorridas no processo de intervenção sobre o ensino do ato de ler em uma perspectiva dialógica no ciclo de alfabetização, mais precisamente em uma turma de 2º ano do ensino fundamental, a fim de promover a formação de leitores(as). Dessa forma, deseja-se contribuir de maneira significativa para suscitar novas reflexões sobre as práticas do ensino do ato de ler, desenvolvidas no 1º ciclo do ensino fundamental, melhorando, assim, o nível de desenvolvimento de leitura das crianças inseridas no contexto de alfabetização dos anos iniciais.
Ao abordar a temática sobre leitura discute-se, a partir do olhar de outros(as) interlocutores(as), que a formação de um(a) leitor(a) não se inicia apenas no ato de ler, mas estabelece uma relação de sentido com o texto lido. Intenciona-se, assim, imprimir um novo
dizer, nomear com palavras novas, o novo
, sempre dito em velhas palavras.
São analisadas as formas como o ato de ler é trabalhado na escola e, finalmente, sugere-se propostas de um ensino do ato de ler numa perspectiva dialógica.
O livro está dividido em quatro capítulos. No primeiro, situam-se os processos de alfabetização e as concepções de linguagem: como fica o ensino do ato de ler na escola; o processo de alfabetização na contemporaneidade: a permanência de uma mercadoria antiga; o ato de ler como linguagem abstrata e a defesa por uma concepção dialógica no ensino do ato de ler. No segundo, o ensino do ato de ler e os gêneros discursivos: um caminho necessário tratou-se em dizer sobre: o que significa ler a partir dos gêneros discursivos? E onde queremos chegar? Já no terceiro, voltou-se o olhar para circunstâncias e os processos de investigação. E no quarto capítulo foram apresentados os processos dialógicos: a intervenção como uma experiência em construção.
Pela abrangência com que aborda o tema e diagnostica seus problemas e implicações, O ato de ler: vivências de um processo dialógico representa uma contribuição a professores(as),