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Contos da MI7: Contos do MI7
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Contos da MI7: Contos do MI7
E-book405 páginas5 horas

Contos da MI7: Contos do MI7

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Sobre este e-book

Quando paparazzi's começam a ser assassinados em 3 países, a MI7 entra em ação. Aparentemente, o assassina não é ninguém menos que Dmitri Vassyli Kramski, um agente de campo aposentado da SVR e ex-protegido do Kremlin. É verdade que a Guerra Fria acabou há muito tempo, mas todos sabem que Vladimir Putin está tão insatisfeito quanto seus predecessores comunistas com o papel secundário da Rússia no cenário internacional. Portanto em 2010, as relações entre Leste e Oeste continuam complexas.

Os rastros de Kramski levam à comunidade de emigrantes em Londres, o que força seus perseguidores a entrar em conflito com uma organização inclinada a protegê-lo. Aos poucos, ele começa a parecer menos com um assassino profissional e mais com alguém armando para afundar as bases da Democracia Ocidental. Para piorar tudo, os russos estão tão perplexos com ele quanto qualquer pessoa.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento11 de nov. de 2020
ISBN9781071574959
Contos da MI7: Contos do MI7

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    Contos da MI7 - J. J. Ward

    Índice

    Capítulo 1: A velha tristeza Paparazzi

    Capítulo 2: Ataque nervoso no avião

    Capítulo 3: A maldição do Gnomo

    Capítulo 4: Marcie Brown, Investigadora

    Capítulo 5: O Buraco do Padre

    Capítulo 6: Como provar que x²(MI5 + MI6 - √2y) = MI7

    Capítulo 7: Oh Jilly, minha Jilly

    Capítulo 8: A festa animal

    Capítulo 9: Mais coisas boas sobre Jilly

    Capítulo 10: Photomatic desconcertante

    Capítulo 11: Conhecendo os pais

    Capítulo 12: Uma virada para o pior

    Capítulo 13: Nichole Moore, Superstar

    Capítulo 14: O retorno de Nicholas Fleming

    Capítulo 15: Lendo O Palco

    Capítulo 16: Textos Sagrados

    Capítulo 17: Nenhum manjar no Líbano

    Capítulo 18: Como se resolve um problema como Marciella Hartley-Brown, ASBO?

    Capítulo 19: Por dentro de um Casarão Antigo

    Capítulo 20: Sirva o Senhor com alegria

    Capítulo 21: Esquema Securitavan

    Capítulo 22: Rumor/Pancadaria no GCHQ

    Capítulo 23: O Outro Lado de Nichole Moore

    Capítulo 24: A perseguição de carro & Diversos Negócios Obrigatórios

    Capítulo 25: Fleming na Thames House

    Capítulo 26: Bedford depois Kafka

    Capítulo 27: Kramski Se Abre

    Capítulo 28: Chame a cavalaria

    Capítulo 29: Queimando Borracha

    Capítulo 30: Parlamento Suspenso

    Capítulo 31: Um fora, Um dentro

    Capítulo 32: Epílogo

    Agradecimentos

    E-books de J.J. Ward

    ––––––––

    Nota de Linguagem

    Esse romance foi produzido na Grã-Bretanha e usa as convenções de linguagem do inglês britânico (‘authorise’ no lugar de ‘authorize’, ‘The government are’ no lugar de ‘the government is’, etc.)

    Capítulo 1: A velha tristeza Paparazzi

    Kendal, Cumbria.

    Alguém chamou o nome de Jilly, e em seguida o nome da sua banda, Four Girls on Fire. No inicio, ela pensou que estivesse sonhando – haviam acabado de ganhar novamente o maior show de talentos do país e, de agora em diante, a vida seria realmente maravilhosa! – então, seu estômago revirou.

    Ela se soltou de Rob, saiu da cama e foi até a janela. Caramba, é isso, no final da rua pavimentada na frente da pensão haviam Paparazzi’s, 16 ou 17, todos homens, cheios de gorduras de chips da noite passada e de testosterona de clube de strip. Eles se amontoavam na cortina de rede como se pudessem ver através dela. Ela engoliu em seco.

    As outras garotas haviam a avisado sobre namorar um membro de uma boy-band, mas só argumentos bobos. Duas vezes mais publicidade, querida, tem certeza de que você aguenta? Mas ela não pôde evitar. Dois anos antes, ele era seu herói e ela, uma ninguém. Agora eles eram iguais.

    - Eles acharam a gente. - ela o avisou.

    Rob se espreguiçou e bocejou; tirou os lençóis, pegou seu shorts e colocou um pé em uma das pernas. A imprensa?

    - Você não parece muito irritado.

    - Você foi brilhante ontem à noite, Jilly.

    - Como souberam que estávamos aqui?

    - Quero dizer. Maravilhosa.

    Ela percebeu que nem gostava muito dele. Contou para eles?

    - Eu?

    - Acorde, Rob! É a imprensa! Eu disse que a imprensa nos encontrou!

    Ele colocou seu shorts e a envolveu em seus braços. Ela se livrou dele, se sentou na penteadeira e começou a escovar seus longos cabelos castanhos, puxando para baixo como se estivessem cheio de nós, tentando parar de tremer.

    - Qualquer um poderia ter contado. - ele disse - Definitivamente não fui eu, querida.

    - Vista suas roupas. Estamos saindo.

    - Por quê? Eles não podem entrar.

    Ela pegou seu sutiã de uma pilha de roupas no chão e vestiu. Estamos na merda do Lake District, Rob. É para estarmos há quilômetros de qualquer lugar, no meio do nada. Como nos encontraram tão rápido?

    Ela olhou ao redor: as cortinas xadrez, as camas com dosséis, abajures da década de 1920, todas as superfícies de madeira envernizadas, tudo muito diferente de todos os lugares em que ela ficava quando estava em turnê com as meninas. Ela havia se apaixonado por isso à primeira vista. Estava bêbada, é verdade, mas não queria sair.

    Rob vestiu as meias, a camiseta e olhou para ela. Não está com medo, está?

    - Eles provavelmente cercaram o lugar. E sim, estou com medo.

    - Vamos chamar um táxi. Estaremos  dentro do carro antes que alguém perceba.

    - Não estou chateada com a gente, Rob. Estou chateada com eles. - ela disse enquanto pensava Meia-calças, meia-calças, onde estão as malditas meias-calças?

    - ‘Eles’?

    - Sim, ‘eles’. Os fotógrafos, os jornalistas, ou seja lá como eles se chamam. Eles!

    Ele riu. É a primeira vez que alguém se preocupa com o que acontece com paparazzis. E o que poderia acontecer com eles?

    - Não viu as notícias dos últimos dias? É tão egoísta assim?

    - Ei, agora...

    - Quatro fotógrafos assassinados em quatro semanas. Logo após Bobby Keynes, Zane Cruse, Mikey do Bad Lads Zero, Stallone Laine...

    - Nada além de má publicidade, pelo que eu ouvi. Não que precise, garota, mas não vai doer. Além disso, eles eram uns idiotas, certo?

    Ela colocou seu vestido e o ajeitou na cintura. Já estava farta, queria terminar. Tudo. Eu te julguei mal, Rob. Eles ainda são seres-humanos.

    - Não, não são. Mesmo assim, quais são as chances?

    - Não quero pensar nisso.

    Ele pegou o telefone. É da recepção? Oi, sim... Quarto...

    - Quatorze. - Jilly falou.

    - Quatorze. Poderia chamar um táxi, urgente, para mim e para a baixinha? E fechar a conta do quarto? ... Sim, estamos saindo... Sim, tudo que é bom tem que acabar, mais cedo ou mais tarde... É, também estamos desapontados. - ele pôs a mão no microfone - Ela nos conhece. - falou para Jilly - Deve ter sido ela quem contou para os repórteres.

    - Vaca.

    Ele desligou o telefone. Cerca de 15 minutos. Se prepare, linda.

    - Não vou esperar o táxi dela, Rob. Não se ela estiver com eles. Vou chamar o meu. Tem um ponto no final da rua. Venha.

    - E sua maquiagem?

    Ela colocou um par de óculos escuros e pegou sua mala de viagem. Ele a seguiu para o andar de baixo. Eles não pararam na recepção. Rob pegou sua carteira, tirou quatro notas de 50 e as jogou para a Sra. Qualquer que seja o nome dela, a proprietária. Fique com o troco.

    De repente, estavam na rua. Os Paparazzis à direita, gritavam: "Jilly. Jilly tire seus óculos escuros, Jilly solte seus cabelos, Jilly acene, Jilly sorria, Jilly pare, quem é aquele com Jilly, é o Rob do Simply Boyz, Rob dê um sorriso, Rob..."

    Ela tirou seus óculos, agarrou a mão de Rob, virou a esquerda e acelerou. Houve um estalido alto e ela pulou como se tivesse sido atingida.

    Atrás deles, os paparazzis berraram. Um deles – um fotógrafo de cerca de 25 anos – estava deitado, prostrado e ensanguentado. Outros quatro o fotografavam, 10 ou 12 fugiam, um tentavam conseguir sinal de celular. Ninguém mais estava interessado em Jilly e Rob.

    Rob olhou para eles e para ela. Meu Deus, meu Deus.

    Jilly começou a gritar.

    Prisão Solikamsk, os Urais.

    O Coronel Orlov entrou, esguio e musculoso. Ele era careca, tinha olhos fundos e mãos musculosas. Exatamente como haviam descrito para o Comissário Adjunto Khrantsov esperar: um crânio no corpo de uma estátua. Ele tinha 43 anos, mas parecia mais velho do pescoço para cima e mais jovem do pescoço para baixo, vestia o uniforme padrão da prisão: calça e jaqueta grosseira e cinza, colete branco e botas pretas.

    Orlov se sentou na mesa, endireitou as costas e esticou as mãos na superfície de Formica. Acima dele, uma barra de luz branca zumbia e piscava. As paredes eram cinza de argamassa, nunca haviam sido pintadas. Um remendo mostrava onde o retrato de Brezhnev ficara pendurado.

    O Comissário Khrantsov, 10 anos mais novo que o prisioneiro, com uma faixa de cabelo loiro e olhos Kramchatka[1] duros, retirou seu sobretudo e seu chapéu de pele de urso para revelar um terno azul e caro; ele se sentou à vontade de frente para o prisioneiro e assentiu para o guarda esperar do lado de fora.

    - Li muito sobre você. - falou quando os dois estavam sozinhos.

    - Não estou com vontade de fazer jogos com a FSB. Ou você me diz o que querem ou me deixem em paz.

    Khrantsov acendeu um cigarro e se recostou. Não sou da FSB.

    - Não tenho como verificar quem você é ou deixa de ser, então, mais uma vez, por que não vai direto ao ponto?

    - Nós cuidamos muito bem de você enquanto esteve na prisão.

    - ‘Nós’.

    - E estou aqui para dizer que logo você será solto.

    - Depois de cumprir um ano de uma sentença de 25?

    - Você tem muitos amigos em lugares importantes, Coronel Orlov. E eles acham que seu país precisa de você.

    - Estou aqui por traição, conte isso para eles.

    Khrantsov sorriu. Obrigado. Como eu já disse, li seus arquivos.

    - Esses ‘amigos em lugares importantes’ não teriam nomes, teriam?

    Khrantsov o ignorou, tirou uma caixinha de presente bem embrulhada do bolso e empurrou para o outro lado da mesa. Isso é para você.

    Orlov olhou e abriu. Um jogo de xadrez. Seu jogo de xadrez. Ele retirou a tampa e tirou as 32 peças, espaçando-as igualmente por um minuto inteiro até que elas estivessem todas ali. Ele olhou para Khrantsov. Onde conseguiu isso?

    - Fiquei sabendo que foram roubadas de você dois dias atrás.

    Orlov reuniu as peças e as colocou de volta na caixa. E como foram parar nas suas mãos?

    - Como eu disse mais cedo, estamos cuidando de você. O ladrão está sendo estuprado e espancado enquanto conversamos. Não vai acontecer de novo.

    A expressão de Orlov se encheu de desprezo. Ele empurrou a caixa de volta para o outro lado da mesa.

    - É uma piada, Coronel, relaxe. Não entende uma piada?

    O jogo continuou no meio da mesa. Khrantsov suspirou. Se você ouvir falar de alguém sendo maltratado por conta do seu precioso jogo de xadrez então, sim, estou com a FSB. E não estou.

    Orlov hesitou e, então, pegou-o de volta.

    Khrantsov sorriu. Todo homem tem sua fraqueza, Coronel. A sua é seu intelecto. Se fossemos diferentes, poderíamos desejar algo um pouco mais maleável. Mas não somos.

    - Quando ’nós’ vamos assegurar minha liberação?

    - Só estou te avisando para estar pronto quando a ligação chegar. Vai parecer trivial. Não a despreze.

    - Quer dizer serviço comunitário.

    - Não exatamente. Em primeira instância, você irá para a Inglaterra.

    - Inglaterra?

    - Isso mesmo. Dificilmente te mandaríamos para a Inglaterra se fossemos da FSB, não é?

    - O que tem na Inglaterra?

    Khrantsov jogou seu cigarro no chão e se levantou. Foi um prazer te conhecer, Coronel.

    Marsham Street, nº 2,  Westminster.

    O escritório do Secretário de Estado era o exemplo da ordem, da imbuia polida e do triunfo cultural do gabinete. Três andares abaixo, homens de casacos amarelos e britadeiras na mão abriam buracos na rua e o tráfego estava impedido, mas o isolamento acústico do prédio era tão completo que dificilmente se escutava o barulho que vinha de lá. O Comissário da Polícia Metropolitana, Sir Colin Bowker, entrou com o quepe na mão e esperou ser convidado para se sentar na cadeira que, obviamente, estava reservada para ele.

    O Secretário de Estado, já sentado, colocou os óculos e se inclinou para frente. Seu cabelo espetado, olhos grandes e nariz de falcão pareciam desenhados para assustar seu visitante. Sir Colin era muito mais magro e estava no ano de se aposentar. Ele achava que não parecia muito uma figura retaliatória, mas tinha seus estratagemas. Era só uma questão de colocá-los em prática na ordem certa.

    - Sente-se. - o Secretário de Estado disse - Presumo que viu os jornais?

    - Só para constar, sim. Vi.

    - ‘Serial killer’? ‘Apatia da polícia’? ‘A Anistia Internacional expressa preocupação’?

    Sir Colin esfregou o punho da manga direita. Falamos sobre isso há uma semana. Até terça-feira ninguém dava a mínima. Só porque a 5ª vítima é o sobrinho de Harriet Johnson, o inferno está a solta. A verdade é que tenho oficiais trabalhando nisso a todo vapor. Qualquer ‘apatia’ tem sido da mídia, não nossa.

    - Tiveram sorte até agora. A imprensa quer muito falar sobre isso desde o primeiro dia, mas sabem que o trabalho deles pode aumentar a simpatia do público por ratos de esgoto. Mas agora que Harriet está envolvida, eles estão animados. E eu não mereço isso.

    Sir Colin riu. Já disse para a Ministra da Educação que acha que o sobrinho dela é um rato de esgoto?

    - Não te trouxe aqui para fazer gracinhas, Colin. Quero saber até onde chegou. Se é que chegou a algum lugar.

    - Na verdade, progredimos muito.

    - Me surpreenda.

    - Tracei um plano para esfriar as coisas.

    O Secretário de Estado suspirou pelos dentes. Talvez seja gentil o suficiente para me contar qual é. Não estou com paciência para provocações.

    - Primeiramente, estamos em contato com a Interpol. Sei o que está pensando. De quem foi essa ideia brilhante? Foi minha reação também. Chegarei lá em um minuto. Bem, acabou sendo muito apropriado.

    - O que... quer dizer? Aconteceram crimes parecidos em outros lugares?

    - Há cerca de um ano. Quatro nos EUA, num espaço de um mês. E outros cinco na Rússia, de todos os lugares.

    - Então alguém assassinou paparazzis em três países.

    - Parece que sim. - Sir Colin disse.

    - Quer dizer um imitador... ou imitadores?

    - Há um padrão balístico. A mesma marca de arma. Nada disso é de conhecimento público.

    - Está dizendo que é o mesmo criminoso?

    - Ou grupo de criminosos.

    O Secretário de Estado olhou profundamente para seu próprio reflexo na mesa. Até entendo um assassino operando nos EUA e, quando o cerco se fecha, vir para a Grã-Bretanha para continuar com a chacina. Mas a Rússia? Por que a Rússia?

    - Não sabemos.

    - Quero dizer, isso começou na Rússia? Estamos falando de uma arma russa?

    - Sei para onde está indo. Um assassino russo começa em seu país e parte para outros lugares do mundo. Mas o primeiro assassinato foi nos EUA, apenas algumas horas antes do assassinato na Rússia. Não havia tempo para um único assassino ir de um lugar para o outro.

    - Então como? Sou um homem ocupado, me conte logo.

    - Possivelmente é um tipo de culto da internet. Mas é claro que isso é só especulação.

    - Serei franco, Colin. Tenho uma reunião de gabinete em 15 minutos. Harriet Johnson vai me perseguir pelo corredor com um bastão de críquete se não tiver nada melhor do que ‘especulação’.

    - Estamos criando uma unidade especial.

    - Detalhes.

    - Três pessoas. Um britânico, um americano e um russo. Cada um de nós entra com um terço dos custos.

    - E os americanos e os russos concordaram com isso, certo?

    - O Departamento de Justiça dos EUA já nomeou seu agente. Estamos esperando notícias dos russos.

    - Quem é nosso agente? Quero dizer, a patente? O que ele faz?

    - É um inspetor. Deve conhecê-lo. Hartley-Brown.

    - Nenhuma relação, certo?

    - O filho dele.

    O Secretário de Estado. riu. Filhos, sobrinhos, qual é o próximo? Ele é bom?

    - Ainda é novo, mas excepcionalmente bom em somar 2 + 2. O primeiro em Computação e Eletrônica. Muito bom em procurar padrões em informações, esse tipo de coisa.

    O Secretário de Estado beliscou seu queixo. O que minhas netas chamariam de ‘nerd’, suponho.

    - Vou tirar Harriet Johnson e os jornais de cima de nós. Da próxima vez que ela decidir perseguir alguém pelo corredor, será o Ministro do Exterior. De qualquer jeito, espero que não irão ocorrer mais tiroteios. Tiveram quatro nos EUA e cinco na Rússia. Já tivemos nossa cota. Se eu estiver certo, e normalmente estou, o assassino já está seguindo em frente.

    - Vamos esperar que sim. Não tenho certeza que seja o caso.

    - Essas coisas tendem a seguir padrões.

    - Quem os americanos estão mandando? Só de curiosidade?

    - Um tal de ‘Detetive Tenente Comandante’ do Departamento de Polícia de Nova Iorque chamado David Bronstein. De acordo com todos, um investigador brilhante.

    O Secretário de Estado suspirou. Pelo nosso bem, seu e meu, vamos esperar que seja mesmo. Tem um limite muito baixo para o quão estúpido estou preparado para parecer em público.

    Ecaterimburgo, os Urais.

    O escritório de Khrantsov era carpetado e fora pintado recentemente, com uma moldura de gesso que corria o perímetro da sala até a metade da altura. No meio da parede, de frente para a mesa, havia o retrato de uma mulher pendurado, ela era quase adolescente, de cabelos loiros e um casaco longo, entregando alguma coisa para um homem bem mais velho. Vera Gruchov. O homem era o próprio Khrantsov.

    Rostov entrou com o chapéu embaixo do braço e chamou atenção. Khrantsov se virou em sua cadeira e abriu as mãos. E então?

    - Acabou de ser confirmado.

    - Quando?

    - Daqui uma semana. Às 11 horas.

    - O Coronel Orlov sabe?

    - Desculpe, senhor, mas entendi que o senhor já havia o informado.

    - Eu disse para ele esperar que isso acontecesse. - Khrantsov disse - Quero dizer que ele precisa saber quando.

    - Vou avisar as autoridades da prisão.

    - Ele precisa estar preparado. Certifique-se que ele tenha uma Ots-33 e munição o suficiente. E um avião leve. Se pudermos tirá-lo do país, o deixaremos em Minsk e ele pode prosseguir de lá em um voo comercial.

    - Se? Quer dizer que tem uma chance de ele não conseguir?

    - Os inimigos dele estão tentado liberá-lo há meses. Sabem que cobrimos ele lá dentro. Assim que estiver livre, ele estará inteiramente vulnerável. Realmente acha que poderíamos ter assegurado a liberação dele sem a cooperação deles?

    - Não tinha pensado nisso.

    Khrantsov balançou a cabeça. Nunca será promovido se não aprender a enxergar à frente, Alexei.

    - Quais são as chances dele?

    - De sair vivo do país? Nem 50%. Mas não podemos mantê-lo trancado para sempre. Precisamos dele.

    - Os britânicos sabem que ele está indo?

    - Ainda não. Parece inútil contar para eles, dada a precariedade da situação.

    - O que vamos fazer se ele não conseguir? Enviar outra pessoa?

    - Não sei. Tudo o que sei é que a situação lá é mais complexa do que os britânicos podem imaginar. Não chega nem perto do que eles acham que é.

    Capítulo 2: Ataque nervoso no avião

    David Bronstein desembarcou no aeroporto de Heathrow carregando uma pilha de papeis que havia sido instruído a ler no caminho e uma cópia desordenada do The Independent. Ele tinha 32 anos, era sólido, barbeado, usava um par de óculos espessos e um quipá. Um par de sobrancelhas despenteadas e sapatos arranhados pareciam unir suas extremidades superior e inferior, lhe dando a aura de um acadêmico miserável. Ele vestia um paletó preto.

    Embaixo de um painel eletrônico à direita dos bancos, ele viu um jovem vestindo um terno sob medida com as mão cruzadas para trás. Era, definitivamente, o cara da foto que lhe foi dada. Seus olhares se cruzaram e eles apertaram as mãos.

    - David Bronstein, Tentente Comandante, Polícia de Nova Iorque.

    - Jonathan Hartley-Brown, Inspetor da Polícia Metropolitana.

    Hartley-Brown era cerca de 5 centímetros mais alto que a maioria dos homens e, de acordo com as anotações de Bronstein, ele tinha 24 anos. Seu cabelo era castanho e estava penteado para o lado, seus traços faciais eram bem proporcionais e ele usava sapatos escoceses brilhantes com meias cinzas.

    Trocaram meio-gracejos sobre voos transatlânticos, enviaram a bagagem de Bronstein na frente e se instalaram no banco traseiro de um táxi londrino pré-pago. Como mandava o protocolo, falaram sobre o tempo e o tráfego até chegar à Scotland Yard, onde desembarcaram em uma névoa fina. Hartley-Brown deu uma gorjeta para o motorista. Então, eles pegaram um elevador até um escritório aberto, onde haviam duas mesas de pinho falso com computadores iguais e uma cerca de dois centímetros  de altura no meio para impedir a proliferação de bagunça. Escrivaninhas, fotocopiadoras e telefones de toque baixo as cercava até onde se podia enxergar.

    - Minhas desculpas para o maior anti-clímax do mundo. - Hartley-Brown disse - Você pode pegar qualquer uma. Não sou bagunceiro.

    - Algum progresso no caso?

    - Ainda não. Fui informado que estava sendo enviado ontem à noite e minhas instruções para hoje são: ajudar você a se acomodar. Acredito que nós simplesmente devemos passar o tempo nos conhecendo.

    - É, foi isso que me disseram.

    - Em seguida vou te mostrar seu apartamento e podemos comer alguma coisa, depois podemos ir para um bar, para um musical em West End ou o que você preferir. Tudo pago. Os trabalhos sérios começam amanhã às 8 horas da manhã em ponto, então suponho que seja melhor não nos desgastarmos muito.

    Bronstein sorriu. Ele podia perceber que Hartley-Brown também não comprara as besteiras de ‘vínculos’ e queria começar logo. O que significava que estavam prestes a sair. É ‘Johnny’, não é?

    - Jonathan. Mas pode me chamar assim.

    - ‘Hartley-Brown’. Seus pais são divorciados?

    - Da última vez que eu verifiquei, não. É um sobrenome antigo.

    - Algum tipo de par do reino, então.

    - Bem, não nesta geração, mas...

    - A propósito, meu pai é um rabino hassídico. Viu isso? - Ele tirou um cordão do cinto. - Isso é uma honra para ele, mas eu mesmo não sou muito disso. Já ouviu falar de um talit?

    - Uma vestimenta judaica, sim. Já que estamos falando sobre pais, o meu é o Ministro das Relações Exteriores de oposição. Achei melhor contar logo já que você descobriria mais cedo ou mais tarde. Ouvi pessoas dizerem que eu não seria mais que um sargento.

    - Não acredita neles, acredita?

    - Não me importo com isso. Todos nascem com vantagens. Você só precisa fazer o melhor na posição que lhe foi dada. Eu me esforço muito. Sou dedicado.

    - Pra mim está ótimo. Em que lado seu pai está, só pra saber?

    - Vocês provavelmente não ouviram falar muito do Partido Conservador na América...

    - Da pequena ordem dos Republicanos, certo?

    - Não sei. Ele se chama Sir Anthony Hartley-Brown.

    - Não me parece familiar. Mas um ‘Sir’, hein? Falta quanto tempo para as próximas eleições?

    - Nove semanas, no máximo.

    - Estou impressionado. Então você é filho do futuro rei.

    - A propósito, minha mãe me pediu para te convidar para jantar.

    Bronstein sorriu. Então contou para ela sobre mim? Ele passou o dedo pela mesa para verificar a poeira.

    - Não em detalhes. Só contei que estava chegando da América. Ela achou que uma refeição familiar tradicional poderia fazer você se sentir mais acolhido.

    - Com certeza é muita gentileza da parte dela. Estou tocado. E falo sério.

    - Daqui uma semana, na próxima Segunda-feira, certo?

    Ele riu. Jonathan certamente não fazia rodeios. Fora o pequeno assunto da investigação, estou livre. Mas o que vestimos para encontrar um Sir?

    - Meus pais são um pouco antiquados. Talvez uma roupa de gala?

    Bronstein levantou as sobrancelhas. Um terno? Não trouxe um.

    - Posso te emprestar o meu reserva.

    - Qual a sua altura?

    - Um metro e noventa.

    - Que pena. Tenho 1,55.

    - Na verdade, isso é... bom. É ótimo. Fique aí.

    Hartley-Brown foi até o outro canto do andar, se desvencilhando de plantas de mandioca e mesas com ursos em miniatura, e desapareceu atrás de um painel. Ele voltou com um homem de cabelo preto, mais ou menos da sua idade, em um terno marrom. Esse é o cara que você está substituindo. ele anunciou. Nicholas Fleming do Departamento de Investigação Criminal. Nicholas, este é David Bronstein do Departamento de Polícia de Nova Iorque. David, Nicholas estava ansioso para te conhecer, por razões óbvias.

    Fleming parecia consideravelmente mais vigoroso que Jonathan. Ele pegou a mão de Bronstein no que pareceu o primeiro movimento de uma queda de braços e apertou forte. Então é você que eu tenho que agradecer pela minha transferência temporária para Nova Iorque? Estou indo amanhã. Sempre fui um pouco Americanófilo, então estou muito ansioso por isso.

    - Estou feliz em ser útil. - Bronstein disse. - Se não se importa, é melhor que não seja um ótimo policial, pois eu gostaria que eles sintam a minha falta.

    Fleming deu um sorriso amarelo. Estou honrado que considerem uma troca justa. Meu melhor amigo me contou que está precisando de um terno e somos do mesmo tamanho. Vou deixar o meu na casa dele antes de ir para o aeroporto. É o mínimo que posso fazer.

    - Obrigado.

    - A propósito, o chefe é excelente e os pais de Jonathan são encantadores. Mas cuidado para a irmã dele não te tirar do sério.

    - Um pouco impressionante, não?

    Ele deu uma olhada no relógio. Sinto muito, mas terão que me dar licença. Tem uma montanha de trabalho para eu fazer antes de partir. Foi bom the conhecer.

    - Nicholas e eu fizemos dois anos de ronda juntos. - Hartley-Brown falou quando Fleming saiu. - Antes disso, ele fez parte dos Coldstream Guards por três anos. Não deve se importar com o ele diz de Marcie. Foi apaixonado por ela.

    - O que aconteceu? Se não for uma pergunta muito pessoal.

    - Acho que não era o tipo dela. Ela o chama de ‘Sr. Marrom’ porque está sempre de terno marrom. - ele suspirou. - Eu sei. Não é uma boa piada.

    - Desculpe mudar de assunto. - Bronstein disse. - Mas não devemos ser uma unidade de três homens? Me disseram para esperar um russo.

    - Eles podem estar enviando um. Nada foi finalizado. É por isso que o convite de jantar é daqui a uma semana, a contar da próxima segunda, sinto muito despejar isso. Apenas para o caso de precisarmos colocar mais um lugar na mesa.

    - Quem está no comando? Você, eu ou ele?

    - Poderia ser ‘ela’, pelo que eu sei. Acho que nenhum de nós está estritamente ‘no comando’. Eu devo coordenar a investigação.

    - Então se quisermos, vamos dizer, assumir um certo destacamento, você decide quem vai, sim?

    - Acho que sim.

    Bronstein franziu as sobrancelhas. É tudo o que eu preciso saber.

    - Eu provavelmente te enviaria. Tornaria as coisas mais fáceis para coordenar se você não pressionar as pessoas de maneira errada.

    Ele sorriu. Havia esquecido que esse era um cara legal. Pelo que eu li no voo para cá, os policiais metropolitanos identificaram um número de paparazzis que estavam na cena de cada crime. Tenho uma lista de 23 nomes. Sabe sobre isso, né?

    - Parece que nos deram o mesmo dever.

    - Dever?

    - Lição de casa. Leitura de histórico.

    - De qualquer maneira, os policiais já terão falado com a maioria deles, mas parece o melhor lugar para começar.

    - Vamos dividir os nomes essa noite, se quiser, poderemos cuidar diretamente disso amanhã de manhã.

    - E nos encontrarmos no escritório às 17 horas amanhã? Trocar figurinhas?

    - Feito. Posso te mostrar seu apartamento agora?

    Orlov saiu da prisão duas horas antes do previsto por uma entrada lateral, desviando do clichê habitual do diretor e da papelada na recepção. Ele foi direto para uma mercedes. O motorista o levou através do rio Kama e o transferiu para um ZiL em Teterino. O novo motorista lhe deu um casaco de chuva para vestir e se apressou para levá-lo para Efremy, onde ele trocou de carro e de motorista novamente. Meia hora depois, o carro parou no acostamento de uma estrada com pinheiros e pedaços de madeira.

    O motorista abriu e fechou a porta para ele e foi na frente. Passaram por seis ou sete fileiras de árvores e emergiram em uma pista de pouso temporária, cercada por floresta. Havia uma Technoavia parada do outro lado com a hélice rugindo.

    Khrantsov estava em um lado com um grupo de soldados que fumavam e baforavam nas mãos. Pela aparência das nuvens, uma nevasca estava a caminho.

    - Boa sorte. - Khrantsov disse. - Te demos uma arma e várias balas para o caso de você encontrar... obstáculos no caminho. Se entregar para o piloto, quando aterrisar na Inglaterra garantimos que as terá de volta.

    Orlov olhou para o céu. Haviam dois outros aviões no céu, vários milhares de metros acima. SP-91’s, aparentemente circulando.

    - Tenho que me preocupar com alguma coisa? - ele perguntou.

    - Achamos que não. Em todo caso, você deve conseguir escapar deles.

    - Sei que devo investigar as mortes de fotógrafos de jornais. - Orlov respondeu desdenhosamente.

    - Pedintes não podem escolher. O importante é tirar você da Rússia.

    - E depois?

    -

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