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Os Olhos do Carrasco: Eles não prendem, não acusam, não julgam.  Apenas executam a sentença!
Os Olhos do Carrasco: Eles não prendem, não acusam, não julgam.  Apenas executam a sentença!
Os Olhos do Carrasco: Eles não prendem, não acusam, não julgam.  Apenas executam a sentença!
E-book209 páginas2 horas

Os Olhos do Carrasco: Eles não prendem, não acusam, não julgam. Apenas executam a sentença!

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Sobre este e-book

Eles não prendem, não acusam, não julgam. Apenas executam a sentença! Seus olhos estão por toda cidade e a esperança de justiça anima os desamparados a procurá-los.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de mar. de 2022
ISBN9781526052346
Os Olhos do Carrasco: Eles não prendem, não acusam, não julgam.  Apenas executam a sentença!

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    Os Olhos do Carrasco - L P Baçan

    Capítulo 7 - Aos poucos

    Capítulo 8 - Era um sentimento perigoso

    Capítulo 9 - Aquela era mais uma

    Capítulo 10 - Joe e Matt

    Capítulo 11 - Um carro dos Lobos

    Capítulo 12 - Aquela estranha noite

    Capítulo 13 - Joe e Matt já estavam

    Capítulo 14 - Andy Luciano ria

    Capítulo 15 - Joe se sentia mal

    Capítulo 16 - Joe Bradford

    Capítulo 17 - Rusty Banner morreu

    L P Baçan

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    Capítulo 1 - Em Nova Iorque

    Em Nova Iorque, nos bares e estabelecimentos comerciais, há sempre um espaço reservado para recados e ali aparecem os tipos mais diferentes e estranhos deles, tanto um simples recado de pessoa a pessoa como oferta de trabalho, precisa-se ou procura-se, compras, vendas, trocas e transações diversas.

    Esses recados permanecem por poucos dias e são logo retirados e substituídos por outros, numa rotatividade apropriada para uma cidade com um ritmo tão dinâmico como o de Nova Iorque.

    Em todos esses quadros de recados e avisos, no entanto, há um recado feito em um cartão plastificado, escrito com tinta nanquim numa letra bem legível, apesar de cursiva, que ninguém ousa retirar.

    Apareceu nesses quadros dois ou três anos após a Guerra do Vietnã e lá permaneceu. Amarela-se. Em alguns locais, ele foi plastificado ou simplesmente posto dentro de um envelope plástico para conservá-lo. O que é fato é que ninguém ousou retirá-lo de onde ele foi posto há muitos anos. Ele se conserva ali como um refúgio para os desesperados, os desamparados, aqueles com sede de justiça e sem ter a quem recorrer; aqueles que foram humilhados, passados para trás, roubados ou ofendidos de qualquer forma. Esses procuram pelo responsável pelo anúncio, que diz o seguinte:

    Ele não prende, não acusa, não julga. Ele apenas executa a sentença. Não o procure. Apenas pergunte por ele ou deixe seu nome e telefone junto deste aviso. Se você precisa de ajuda, ele aparecerá.

    Durante os últimos dias, Morgan Hart, corretor da bolsa de valores e responsável por um prejuízo de milhões para seus clientes, vinha recebendo pequenos pacotes com algo que ele apreciava muito: miniaturas de carros de corrida.

    Morgan estava curioso, pois os pacotes não indicavam um remetente. Vinham apenas, cada vez com um modelo. Julgou que algum fã ou alguma fã descobrira seu hobby e o estava presenteando daquela forma.

    De seus antigos clientes ele nada mais sabia. Um ou dois haviam se suicidado e Morgan não tinha peso nenhum na consciência por isso. Era um espertalhão. O dinheiro dos clientes havia sumido nos intrincados mecanismos de funcionamento de uma bolsa de valores, só que, em algum ponto do Caribe, eles acabaram sendo depositados numa conta em nome dele.

    Passada a investigação oficial que lhe cassou a credencial de corretor por mal orientar seus clientes e por negligenciar na leitura e análise dos dados informativos que orientavam as melhores opções de investimento, recolheu-se, então, em sua residência, enquanto um advogado hábil cuidava de livrá-lo das acusações secundárias, preparando-se para o passo seguinte que era o de comprar um pequeno hotel na Riviera Francesa, onde viveria tranquilo pelo resto de sua vida, com dinheiro suficiente para fazer o que quisesse.

    Não tinha pressa. O dinheiro estava guardado e o hotel não seria vendido para outro. Esperava apenas o melhor momento para dar o fora do país. Assim, o recebimento daquelas miniaturas tornou-se um hábito e uma diversão para ele. Todas estavam sendo cuidadosamente embaladas para acompanharem-no em sua viagem.

    Naquele sábado, pela manhã, quando o carteiro passou, Morgan correu até a caixa de correspondência apanhá-la. Entre tantas coisas, encontrou um pacote maior, mas feito com o mesmo papel e endereçado com a mesma letra.

    Ficou curioso, porque ali poderia haver algo mais que apenas uma miniatura ou, então, seria uma miniatura especial, considerando-se o tamanho do pacote.

    Levou-o para seu escritório e com uma tesoura cortou rapidamente os cordões que amarravam firmemente o pacote, abrindo-o. Para sua surpresa e deleite, dentro havia uma magnífica miniatura em escala de uma formidável Ferrari Testarossa junto com um bilhete.

    Curioso, julgou que descobriria, afinal, quem o estava brindando com tão desejados presentes. Abriu o envelope com mãos apressadas e trêmulas. Retirou o pequeno pedaço de papel colorido. Antes de abri-lo, cheirou-o. Cheirava a perfume de mulher. Sorriu e desdobrou-o.

    Morgan,

    Seu filho da mãe! Meu pai, John Sanders, se matou por sua causa, seu ladrão bastardo. Espero que tenha gostado do presente. Só espero que ele não parta seu maldito coração em mil pedaços.

    Ficou atônito, olhando o pedaço de papel e a miniatura. Então percebeu a pequena lâmpada no interior do brinquedo, piscando. Intrigado, levantou-a para olhar. Havia um mostrador digital nele ao lado daquela lâmpada.

    — Cinco... Quatro... Três... Dois... Um... — foi lendo ele, imóvel, sem entender o que estava acontecendo.

    O C-14 é um explosivo com um poder de destruição incrível e muito cruel. Não apenas provoca concussão pelo deslocamento de ar como libera um potencial de energia elevadíssimo, um calor intenso. Foi muito utilizado no Vietnã e em ações terroristas porque, mesmo que não matasse com o impacto, o calor calcinava suas vítimas. Em um raio razoável ao redor de petardo, tudo ardia e se partia.

    A polícia, mais tarde, quando o incêndio foi debelado, julgou ter encontrado pedaços do corpo de Morgan Hart espalhados por todos os cantos do cômodo onde ocorrera a explosão e onde ele se encontrava.

    Ninguém entendeu o que tinha acontecido. O fogo apagou todas as pistas. A hipótese de que ele tentava montar uma bomba e explodira com ela não foi descartada e sua morte se resume atualmente numa pasta no fundo de um arquivo do Primeiro Distrito Policial da Cidade de Nova Iorque.

    * * *

    As coisas nunca foram fáceis no Harlen e vinham se tornando cada vez mais difíceis. As gangues de rua impunham uma sinistra lei após o escurecer e quem fosse pego nas ruas, se não fosse membro da gangue que dominava aquele território, estava morto.

    O tráfico de drogas tornava-se a profissão do momento. Todos queriam trabalhar nos pontos de venda, não apenas para garantir o seu suprimento diário como para ostentar uma espécie de status dentro daquele mundo perigoso.

    Como empregado do tráfico, tinha arma, munição e respeito. Enquanto isso, os cidadãos honestos tinham de trancar portas e janelas e viver reclusos em suas casas, pois a qualquer hora do dia ou da noite eles apareciam, os viciados e vagabundos, desesperados atrás de dinheiro ou de algo que pudesse ser transformado em dinheiro para garantir-lhes a dose do vício.

    Monna Silverston fazia um curso de modelo e em seis meses estaria formada. Alguns empresários já haviam manifestado interesse por ela, pois tinha um perfil adequado para as passarelas e para as câmaras.

    Seus cabelos eram compridos e ondulados. Seus olhos eram incrivelmente verdes, fruto de uma excitante mistura entre pai italiano e mãe negra. Seu grande sonho era sair dali, mudar-se, ter uma vida diferente, cercada de gente bonita e sem sobressaltos.

    Quando desceu do ônibus e viu Steve e sua gangue, soube que seria importunada. Eles sempre faziam isso, mas jamais a haviam tocado antes. Naquela noite, porém, os Hard Boys, membros de uma das gangues mais temidas do Harlen, estavam procurando diversão. Steve, naquela noite, queria algo novo também. E Monna desceu do ônibus como um presente caído dos céus.

    — Monna! — chamou ele.

    Ela apressou o passo, tentando evitar qualquer contato com eles.

    Steve fez um sinal de cabeça para os amigos que se apressaram e correram pela rua para barrar a passagem da garota. Ela tentou atravessar a rua. Eles a detiveram. O líder da gangue deixou o carro onde estava, um conversível de luxo, e caminhou na direção dela. Ela detestava todos eles e sempre procurara evitá-los.

    O chefe da gangue chegou perto dela, medindo-a dos pés à cabeça. Ela vestia uma calça comprida colante, revelando as formas perfeitas de seu corpo. Uma blusa de algodão, solta sobre os seios sem sutiã, completava o visual despojado, mas extremamente adequado para seu perfil.

    — Steve, deixe-me passar! Mande seus ratos de esgoto saírem da minha frente.

    Inesperadamente ele a esbofeteou.

    — Quem pensa que é? — indagou ele com o dedo espetado no nariz dela, fazendo-a recuar até a parede. — Acha-se muito gostosa? Acha que é melhor do que nós? Ponha-se no seu lugar. Você não passa de uma negrinha metida querendo viver no mundo dos brancos. Não percebeu isso? Aposto como anda dando para todos eles, tentando conseguir um empreguinho. Isso você pode obter aqui, com o velho Steve — disse ele, esfregando a pélvis nos quadris dela.

    Enojada, ela reagiu instintivamente. Seu joelho subiu e entrou por entre as pernas do delinquente, que gemeu e dobrou os joelhos, quase se agachando diante dela. Ela ensaiou fugir, mas braços fortes a seguraram. Ela ficou trêmula, enquanto Steve recuperava o fôlego, olhando-a furiosamente, as mãos massageando os testículos doloridos pela joelhada.

    — Cadela maldita! — rosnou ele, furioso, aproximando-se da jovem.

    — Deixem-me ir! — pediu ela, mas calou-se quando ele a esmurrou com força no queixo.

    Monna sentiu um estalo na mandíbula e uma dor lancinante quando o osso do maxilar se partiu com o golpe. Os rapazes continuaram segurando-a. Steve tirou uma faca e cortou a blusa dela, desnudando-lhe os seios.

    — Pode ser um bom prato, rapazes — disse ele. — Levem-na para o carro.

    Nas janelas e portas da rua poderia haver alguns olhos curiosos observando, mas ninguém se revelou, ninguém foi em socorro dela ou chamou a polícia. O conversível foi seguido por outros carros até um prédio abandonado, onde a gangue tinha seu refúgio. Quando Monna foi levada para dentro, já tinham cortado suas roupas. Ela estava nua. O corpo jovem e virgem foi tocado, beijado e lambido pelos membros da gangue, até ser jogado em um colchão velho diante de Steve.

    Ele havia terminado de cheirar cocaína algumas carreiras naquele momento. Ficou olhando o corpo da garota, que parecia se mover diante dele numa dança estranha, excitante e convidativa.

    Ele se despiu e violentou-a. Quando terminou, levantou-se e gritou para os outros:

    — É de vocês, rapazes!

    Monna estava desmaiada e isso foi sua sorte. Caso contrário não teria resistido às barbaridades que cometeram em seu corpo, humilhando-a de todas as maneiras. Desenhos macabros foram traçados a ponta da faca em sua pele. Seus mamilos foram extirpados. Jogaram o jogo da velha em sua face direita. Espetaram um osso de galinha como brinco em sua orelha. Sexualmente, não lhe respeitaram nada. Monna foi um objeto nas mãos da quadrilha.

    — Vamos jogá-la no rio! — sugeriu um deles, quando a festa terminou e eles se desinteressaram.

    — Sim, joguem-na no rio! — determinou Steve e um grupo deles se apressou em atendê-lo.

    * * *

    A área do Sexto Distrito Policial da Cidade de Nova Iorque abrange a pior zona da cidade, localizada entre os bairros do Bronx e do Harlen, onde a ação das quadrilhas de droga e das gangues de rua tornou a vida dos policias um constante tormento. Muitas vezes, membros importantes daquele mundo de crime eram apanhados e levados para o Distrito para, no mesmo dia, serem libertados por invasões que pareciam autênticas guerras. Por isso, para o Sexto Distrito eram mandados apenas os policiais mais truculentos, mais duros, mais espertos ou, então, os envolvidos em algum problema. O Sexto Distrito era o cemitério dos tiras.

    Rusty Brown descobriu isso quando um tiro de AR-15 quase lhe arrancou o braço e ele teve de passar uma boa temporada no hospital, correndo o risco de perdê-lo.

    Recuperou-se lentamente. Quando o médico o liberou para o trabalho, Rusty havia recuperado boa parte dos movimentos do braço, mas ainda era obrigado a fazer fisioterapia.

    — Vou lhe dizer o que quero que faça, Rusty. Está vendo aquele armário ali?

    — Crimes insolúveis?

    — Esse mesmo. O prefeito pediu ao comissário da polícia um trabalho especial sobre esses crimes. Uma estação de tevê fez uma reportagem mostrando isso, fustigando a inoperância da polícia. Em todos os Distritos isso está sendo feito. Você vai pegar aquilo, passar para o computador e investigar nossos crimes insolúveis. Se precisar de ajuda, o computador vai estar interligado com os outros. Terá toda ajuda que precisar.

    Rusty Brown reclinou-se em sua cadeira, retirou o cigarro da boca e encarou o seu capitão e chefe do distrito.

    — Capitão, estou na polícia há quinze anos e sempre trabalhei nas ruas. Não pode fazer isso comigo... — foi dizendo ele.

    Sem que ele percebesse, o capitão havia apanhado um furador de papel na mesa. Inesperadamente, jogou-o na direção do braço direito do policial, o mesmo que quase fora arrancado pelo tiro.

    Os reflexos ainda estavam péssimos. O furador bateu no peito de Rusty, que olhou atônito para o capitão.

    — Imaginemos que você estivesse na rua e de seu reflexo dependesse a sua vida ou a de seu parceiro. O que teria acontecido, Rusty?

    O policial quis responder, quis protestar e argumentar. Era um homem acostumado ao perigo, não à rotina e à burocracia. Doía-lhe, no entanto, reconhecer que ainda não estava preparado para voltar totalmente à ativa. Poderia morrer se falhasse. Poderia provocar a morte de alguém, inclusive.

    — Entendeu o que eu quis dizer, Rusty? Sei que é um cara durão, meu caro. Talvez o melhor policial que eu tenho nesta droga de Distrito, mas você tem que reconhecer que não está preparado ainda para voltar. Sei que anda dando duro nos exercícios e não esperava outra coisa. Em breve estará de volta. Até lá, vai ser muito útil se conseguir fazer alguma coisa com esse maldito arquivo. Sei que tem um computador em sua casa e que gosta de brincar com isso. Não tenho ninguém melhor que você. Além disso, com seu faro, talvez encontre algumas respostas em tudo isso e possamos tranquilizar o comissário para ele fazer sua média com o prefeito. Está bem?

    — Ok, capitão! Você me convenceu! — falou Rusty, aceitando a dolorosa realidade.

    Era um semi-inválido ainda e precisava fazer alguma coisa para justificar seu salário. O médico dizia que ele podia voltar ao trabalho, mas não ao trabalho de verdade. Estava sendo transformado num simples operador de computador. Apenas por esse detalhe é que o trabalho que teria que fazer não seria um tormento. Estaria com o computador e poderia fazer muita coisa com ele, acelerando a busca por algumas respostas. Estava convicto de que, caso encontrasse algumas naquele monte de papel, poderia negociar com o capitão sua

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