A polaquinha
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A polaquinha - Dalton Trevisan
Obras do autor
234
33 contos escolhidos
Abismo de rosas
Ah, é?
O anão e a ninfeta
Arara bêbada
Capitu sou eu
Cemitério de elefantes
Chorinho brejeiro
Contos eróticos
Crimes de paixão
Desastres de amor
Desgracida
Dinorá
Em busca de Curitiba perdida
Essas malditas mulheres
A faca no coração
Guerra conjugal
Lincha tarado
Macho não ganha flor
O maníaco do olho verde
Meu querido assassino
Mistérios de Curitiba
Morte na praça
Novelas nada exemplares
Pão e sangue
O pássaro de cinco asas
Pico na veia
A polaquinha
O rei da terra
Rita Ritinha Ritona
A trombeta do anjo vingador
O vampiro de Curitiba
Violetas e Pavões
Virgem louca, loucos beijos
9ª edição
2013
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
T739p
Trevisan, Dalton, 1925-
A polaquinha [recurso eletrônico] / Dalton Trevisan. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Record, 2020.
recurso digital
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-65-5587-092-3 (recurso eletrônico)
1. Ficção brasileira. 2. Livros eletrônicos. I. Título.
Copyright © 1985 by Dalton Trevisan
20-65121
CDD: 869.3
CDU: 82-3(81)
Leandra Felix da Cruz Candido - Bibliotecária - CRB-7/6135
Copyright © 1985 by Dalton Trevisan
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Direitos exclusivos desta edição reservados pela
DISTRIBUIDORA RECORD DE SERVIÇOS DE IMPRENSA S.A.
Rua Argentina 171 – Rio de Janeiro, RJ – 20921-380 – Tel.: 2585-2000
Produzido no Brasil
ISBN 978-65-5587-092-3
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Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
1
Bobinha, de mim já não falo. Me enxugava no banheiro. Puxa, que susto.
— Está nascendo cabelo...
Um por um, tentei arrancar — doía muito. Confessei a medo para minha irmã.
— Lá embaixo.
Ela me acalmou:
— Sua tonta, é assim mesmo.
Quando veio a primeira vez, bem me apavorei.
— Estou sangrando. Acho que vou morrer.
Correndo a toda hora ao banheiro.
— Estou me esvaindo...
De novo, minha irmã:
— Agora você sabe. O que é moça. Daqui a um mês. Todo mês.
Me ensinou a usar toalhinha, ainda o tempo da toalhinha. Esquecida horas no banheiro, lavando, lavando. Para a mãe não ver.
O seio aflorando, o biquinho doendo — de sete novenas fiz promessa.
— Meu Deus, me acuda. Se aperto o biquinho, sai leite?
O primeiro namorado, sabe o quê? Ah, o beijo único na boca. Já era pecado: duas línguas na boca. Me abraçava, eu tremia de gozo. Tanto medo: duro, grande, furando a calça. O tempo das primeiras calças justas. Ele descia reto: o começo ali no umbigo? Como adivinhar que se dobrava para cima?
Os dois de pé, na varanda, naquelas tardes fagueiras. Qual era o versinho antigo? À sombra das bananeiras, agarradinhos, debaixo dos laranjais. Pelos cantos, a sua terceira mão, na escola noturna. Oh, João.
Passamos o domingo na praia. Galinha com farofa, a descoberta do mar, o rosto em fogo do sol. De volta, no ônibus, minha mãe dormia ao lado. Começamos a nos beijar ali no escuro.
— É um jogo — eu disse. — O que faço em você, faz em mim.
Morria de vontade que me pegasse no seio. Qual seria a sensação? Primeiro um beijinho no nariz. Alisei o queixo, a penugem do braço. Abri-lhe a camisa, achei um cabelo crespo no peito. Um olho nele, outro na mãe dormindo. Se ela acorda, já pensou?
— Cuidado, menina. Eu faço o mesmo.
Ele mal desconfiava, só o que eu pedia. Fechei o olho — foi uma gritaria por dentro. Queria mais, da mãe esqueci, fiquei perdida. Ele se afastou, respirando fundo:
— Vamos parar. Não aguento mais. Com falta de ar.
Altão, magro, só osso. Bronquite asmática — não podia ficar nervoso, entrava em crise. Quase morria, máscara de oxigênio e tudo.
Um dia foi lá em casa. Fazia frio, decerto junho. Em férias, eu ainda na cama.
— Pula daí, menina.
— Ai, que gelo.
— Não seja preguiçosa.
— Deite você comigo.
Quase meio-dia. Lá embaixo a mãe se dividia entre a cozinha e o tanque de roupa. Minha irmãzinha brincava na outra cama.
Daí o João deitou. Chateada, a bruxinha negra saiu, com a garota pela mão. De repente o silêncio — não, o rádio ligado, quem era mesmo que cantava? E tinha sol — uma réstia amarela no tapete xadrez. Mil pontinhos de luz bulindo ali no ar. A porta aberta, eu enxergava o corredor, meu quarto era o último — se alguém subisse a escada.
Eu no pijama de pelúcia. Ele, calça de lã e japona marrom. Começou a me abraçar e beijar. Afastou o lençol, já debaixo das cobertas — corpo a corpo. Ficou excitado. Uma bolina — então se dizia bolina — tão gostosa. Tirou para fora, era a primeira vez. Não cheguei a ver. Me fez pegar: grande, todo se mexia. Com medo, mas queria — como é que podia caber? Não, agora me lembro, o pijama azul de seda com bolinha. No meio das pernas, aquele volume palpitando. Pediu que me virasse. Baixou a calça do pijama, entre as coxas — tão quente, me queimou a pele, até hoje a cicatriz. Eu queria, mas ele só encostava.
— Um dia eu faço. Se a gente casar.
— Não, amor. Depois a gente. Agora. Eu quero. Sim.
Acho que fiz muito escândalo, devo ter gemido, quem sabe gritado. O João se assustou, ficou com medo. Se minha mãe sobe a escada, já viu? Eu xinguei, decepcionada e furiosa. Ele à tarde estava com outra calça.
2
Daí fiquei meio louca. Fizemos mais vezes. Ali no quarto. Aquelas férias todas. O jogo enervante, no mais bom interrompido. A mãe não desconfiou, ainda com as panelas, sempre batendo roupa. Minha irmã mais