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Quem te coloca no armário?
Quem te coloca no armário?
Quem te coloca no armário?
E-book85 páginas56 minutos

Quem te coloca no armário?

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Sobre este e-book

Em uma cidade pacata, avistei uma menina descalça, correndo, cantando, quieta, pensando (estaria sonhando ou questionando?). Tentei invadir o mundo da garota, nesse mundo vi dois horizontes, dois opostos em que cada um representava o seu ser: de um lado, uma criança introvertida, introspectiva, retraída, acanhada... Do outro lado, a mesma criança, só que saltitante, reluzente, gritando, soltando pipas, como quem quisesse alcançar o céu de alguma forma... Cantava alto, gargalhava. Penso que no mundo de "Du", fantasia e realidade se misturam, fantasmas e poesias brigam e brincam, pintando a paisagem da vida com cores diversas...
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de mar. de 2021
ISBN9786558592266
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    Quem te coloca no armário? - Darc Silva

    EU

    CAPÍTULO I

    Quem te colocou no armário?

    Algum dia já passou por sua cabeça essa pergunta?

    As nuvens formavam figuras no céu que a imaginação de uma criança sonhadora permitia subir lá nas alturas. Cada movimento do vento alterava a imagem, aumentando a vontade das respostas. O que estava por trás de todas as coisas, por que a terra gira e continua tudo mexendo, ao mesmo tempo, tudo parece no mesmo lugar?

    Com exceção das nuvens, parecia que nada mudava naquela cidadezinha pacata. Mas a pequena indagava e exigia respostas. Olhando para o céu, cada bichinho imaginário parecia brincar de aparecer e ao mesmo tempo de se esconder. Aquela tarde parecia diferente: a criança deitada no alpendre de sua casa, no chão, cimento frio, talvez para refrescar um pouco a cuca viajava a cada alteração das nuvens que desapareciam. O vento soprava levando-as, tão leves... parecendo algodão doce... e a vontade de obter respostas, sem saber ao menos como fazer as perguntas.

    Como uma criança pode querer entender o que sente, sem ter condições para expressar seus devaneios, suas inquietações, seus medos?

    O que pode trazer inquietação se, no mundo infantil, tudo parece ser um parque de diversão, uma eterna alegria, uma descoberta a cada dia, e tudo resumindo em brincadeiras...

    No entanto, nestas brincadeiras inocentes, quando na hora de escolher os nomes fictícios para adentrar na fantasia, era absurdamente difícil para a criança se sentir à vontade para dizer que a personagem que gostaria de interpretar não tinha nome de menina. Poderia ser Cláudio, Carlos, João, Ricardo, qualquer nome masculino seria aceitável, menos nomes femininos. O choque acontecia nesses momentos. Porém como eram todas crianças, apesar de algumas reclamações, todas acabavam aceitando a amiguinha ser chamada por nome de menino. Quando isso acontecia, não tinha choro, ninguém emburrava. Somente alegria, pois parecia ser tudo verdadeiro nas brincadeiras fantasiosas. Poderia ser quem ela era, tudo parecia ter sentido. Tudo era perfeito, poderia ser quem ela era...

    Mas quem era ela?

    Essa pergunta, talvez inconsciente, a intrigava muito. Queria muito as respostas, mas quem poderia responder? Quem?

    Por tantas vezes se sentia fora do mundo, deslocada, sem entender e se era somente ela que sentia assim. Tamanha inocência trazia também muitas incertezas, dúvidas que alimentavam uma ansiedade, uma insatisfação íntima. Quanto mais procurava compreender o que sentia, mais o medo invadia sua mente infantil e, ao mesmo tempo, muito adulta para sua idade.

    Se falasse com um adulto, talvez poderia ser interpretada de maneira equivocada, já que parecia estar fazendo algo errado apenas por querer ser outra pessoa nas brincadeiras de casinha. O que pensariam? Iria obter a resposta certa? Qual seria a reação? Medo, muito medo... parecia estar lutando contra uma força desconhecida.

    Será que eu era a única criança que passava por aqueles conflitos?

    Sempre ouvia dizer que roupas de menina eram saias, vestidos, blusas. Nada de short, calças, que eram roupas de menino. Assim, a criança passava todas as tardes algum dissabor após o banho. Queria sempre vestir short, não gostava de saias nem de vestidos. Era uma tortura, era como se aquelas roupas tivessem um peso difícil de carregar. O que custava deixar a criança ser criança e escolher o que queria vestir? Nesses momentos via o olhar da mãezinha, que parecia compreender e cedia, deixando-a escolher. Como era costureira fazia sempre roupas como a criança gostava de vestir.

    Quem foi que determinou isso como lei, que roupas de meninas precisam ser diferentes? O que tem demais em deixar que cada um viva da maneira que se sinta bem, aceitando que cada um tem direito de escolher o que acha mais adequado para si? Por exemplo, cada um deveria se vestir do jeito que achasse melhor. Muitas perguntas sem respostas.

    Como deixar os sentimentos desalinhados daquela maneira? Ela não se sentia confortável brincando como uma menina. Bonecas não eram bem-vindas, a não ser que aceitassem que ela fosse o pai. O que tinha de mais gostar de brincar como um menino? Na verdade, não queria ser menino. Queria ser ela mesma, só que tendo o direito de sentir como

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