Quem te coloca no armário?
De Darc Silva
()
Sobre este e-book
Relacionado a Quem te coloca no armário?
Ebooks relacionados
Ipê "DO" amarelo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDiário de Carol Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMenino da Verdade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA pior mãe do mundo: Uma Biografia não Autorizada de Todos Nós Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEntre flores, filhos e viagens Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJessica Rainbow e a magia por trás do espetáculo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAlguém Mudei, Não sei Quem Fui Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Menina Que Não Sabia Que Podia Sonhar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasInstantes De Minha Infância Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAntes tarde que depois Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPerfeitamente inadequado Nota: 4 de 5 estrelas4/5Cary O Menino Que Gostava De Desenhar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDa Consciência à Realidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos Para Crianças Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Vereda Entre Eucaliptos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm pequeno tratado de brinquedos para meninos quietos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFundo do Poço, o lugar mais visitado do mundo: Notas de viagem Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Vida Em Seus Próprios Termos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCada Roçar Temeroso de Olhos ou Peles Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCoisas De Criança Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDimensões de um segredo: Volume 1 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDepois daquelas férias Nota: 5 de 5 estrelas5/5Na dúvida, escolha ser feliz Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO quarto de um mundo inteiro e outras crônicas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Teia Dos Sonhos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCão Guia: Anjo De Patas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Voo Da Coruja Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNovo Tom Para A Poesia E Alguns Contos Da Vida Real Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNo avesso dos olhos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFaça Suas Apostas Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Avaliações de Quem te coloca no armário?
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Quem te coloca no armário? - Darc Silva
EU
CAPÍTULO I
Quem te colocou no armário?
Algum dia já passou por sua cabeça essa pergunta?
As nuvens formavam figuras no céu que a imaginação de uma criança sonhadora permitia subir lá nas alturas. Cada movimento do vento alterava a imagem, aumentando a vontade das respostas. O que estava por trás de todas as coisas, por que a terra gira e continua tudo mexendo, ao mesmo tempo, tudo parece no mesmo lugar?
Com exceção das nuvens, parecia que nada mudava naquela cidadezinha pacata. Mas a pequena indagava e exigia respostas. Olhando para o céu, cada bichinho imaginário parecia brincar de aparecer e ao mesmo tempo de se esconder. Aquela tarde parecia diferente: a criança deitada no alpendre de sua casa, no chão, cimento frio, talvez para refrescar um pouco a cuca
viajava a cada alteração das nuvens que desapareciam. O vento soprava levando-as, tão leves... parecendo algodão doce... e a vontade de obter respostas, sem saber ao menos como fazer as perguntas.
Como uma criança pode querer entender o que sente, sem ter condições para expressar seus devaneios, suas inquietações, seus medos?
O que pode trazer inquietação se, no mundo infantil, tudo parece ser um parque de diversão, uma eterna
alegria, uma descoberta a cada dia, e tudo resumindo em brincadeiras...
No entanto, nestas brincadeiras inocentes, quando na hora de escolher os nomes fictícios para adentrar na fantasia, era absurdamente difícil para a criança se sentir à vontade para dizer que a personagem que gostaria de interpretar não tinha nome de menina. Poderia ser Cláudio, Carlos, João, Ricardo, qualquer nome masculino seria aceitável, menos nomes femininos. O choque acontecia nesses momentos. Porém como eram todas crianças, apesar de algumas reclamações, todas acabavam aceitando a amiguinha ser chamada por nome de menino. Quando isso acontecia, não tinha choro, ninguém emburrava. Somente alegria, pois parecia ser tudo verdadeiro nas brincadeiras fantasiosas. Poderia ser quem ela era, tudo parecia ter sentido. Tudo era perfeito, poderia ser quem ela era...
Mas quem era ela?
Essa pergunta, talvez inconsciente, a intrigava muito. Queria muito as respostas, mas quem poderia responder? Quem?
Por tantas vezes se sentia fora do mundo, deslocada, sem entender e se era somente ela que sentia assim. Tamanha inocência trazia também muitas incertezas, dúvidas que alimentavam uma ansiedade, uma insatisfação íntima. Quanto mais procurava compreender o que sentia, mais o medo invadia sua mente infantil e, ao mesmo tempo, muito adulta para sua idade.
Se falasse com um adulto, talvez poderia ser interpretada de maneira equivocada, já que parecia estar fazendo algo errado apenas por querer ser outra pessoa nas brincadeiras de casinha. O que pensariam? Iria obter a resposta certa? Qual seria a reação? Medo, muito medo... parecia estar lutando contra uma força desconhecida.
Será que eu era a única criança que passava por aqueles conflitos?
Sempre ouvia dizer que roupas de menina eram saias, vestidos, blusas. Nada de short, calças, que eram roupas de menino. Assim, a criança passava todas as tardes algum dissabor após o banho. Queria sempre vestir short, não gostava de saias nem de vestidos. Era uma tortura, era como se aquelas roupas tivessem um peso difícil de carregar. O que custava deixar a criança ser criança e escolher o que queria vestir? Nesses momentos via o olhar da mãezinha, que parecia compreender e cedia, deixando-a escolher. Como era costureira fazia sempre roupas como a criança gostava de vestir.
Quem foi que determinou isso como lei, que roupas de meninas precisam ser diferentes? O que tem demais em deixar que cada um viva da maneira que se sinta bem, aceitando que cada um tem direito de escolher o que acha mais adequado para si? Por exemplo, cada um deveria se vestir do jeito que achasse melhor. Muitas perguntas sem respostas.
Como deixar os sentimentos desalinhados daquela maneira? Ela não se sentia confortável brincando como uma menina. Bonecas não eram bem-vindas, a não ser que aceitassem que ela fosse o pai. O que tinha de mais gostar de brincar como um menino? Na verdade, não queria ser menino. Queria ser ela mesma, só que tendo o direito de sentir como