Superando Situações-Limites da Educação do Campo:: A Elaboração de Planos de Estudos Emancipatórios
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Superando Situações-Limites da Educação do Campo: - Giselda Mesch Ferreira da Silva
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
Oferto, com todo o meu amor, às pessoas que me são muito caras: meu esposo, Valtair da Silva e meus filhos, Dionathan e Lucas Mesch, fontes inesgotáveis de calor e vida.
AGRADECIMENTOS
A todos e todas que, de uma maneira ou de outra, contribuíram na construção desta obra.
Aos profissionais da Escola Dom Fernando, pela acolhida e respeito durante a minha curta estada no educandário.
Aos profissionais da Escola Rui Barbosa, onde exerço a função de orientadora educacional da EJA, pela paciência da minha ausência, bem como pelo estímulo e apreço que demonstram pela minha pessoa.
À memória de meu velho e amado pai, Alipio Ferreira, analfabeto das letras, mas cheio de conhecimento do mundo, o primeiro a me mostrar, na prática, o ensinamento freireano de que a leitura do mundo precede a leitura da palavra
(FREIRE, 1989, p.11).
À minha querida mãe, Gecy Mesch, que, mesmo nas fugas que seu cérebro faz devido à doença que lhe acomete, tenho certeza que ora por mim e me entrega aos cuidados do Pai.
E, em especial, a Deus, meu amigo, confidente, fortaleza e calmaria, sempre comigo dando-me força, saúde e sabedoria, meu muito obrigada.
MENSAGEM
Credo do Educador
Creio na Educação, porque humaniza, busca o novo,
é geradora de conflito, preparando para a vida.
Creio na Educação, porque acredito no homem e na mulher como sujeitos de suas
histórias, capazes de construir sempre novas relações.
Creio na educação que, quando libertadora,
é caminho de transformação,
para a construção de uma nova sociedade.
Creio na Educação que promove e socializa, que educa criticamente e
democraticamente, levando o ser humano a conhecer a si mesmo e ao outro.
Creio na Educação Básica do Campo, porque recupera e propõe a luta, a cultura, o trabalho, a vida e a dignidade dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo.
Creio na Educação, porque sempre terei o que aprender e o que ensinar.
Creio na Educação como um processo permanente e dialético que acompanha o ser humano em toda a sua existência.
(Adaptado do IV CEDEC, 1995)
A Escola
Escola é o lugar que se faz amigos.
Não se trata só de prédios, salas, quadros,
Programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente.
Gente que trabalha, que estuda
Que se alegra, se conhece, se estima.
O Diretor é gente,
O coordenador é gente,
O professor é gente,
O aluno é gente,
Cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
Na medida em que cada um se comporte
Como colega, amigo, irmão.
Nada de ilha cercada de gente por todos os lados
Nada de conviver com as pessoas e depois,
Descobrir que não tem amizade a ninguém.
Nada de ser como tijolo que forma a parede, Indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
É também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem,
É conviver, é se amarrar nela
!
Ora é lógico, numa escola assim vai ser fácil
estudar, trabalhar, crescer,
fazer amigos, educar-se,
ser feliz!
(Educadora Anônima)
O ato de liberdade mais sublime e revolucionário do homem,
transformado em sujeito social, é emitir a crítica, propor soluções e
responsabilizar-se pelas consequências de ambas as ações.
(Paulo Freire)
PREFÁCIO
Apresentar um livro é uma tarefa muito importante. Externaliza e evidencia a confiança de quem nos designa tal empreitada. Dessa forma, é uma distinção que nos é concedida pelo seu autor, no caso desta obra, de sua autora. É com imensa honra que aceitei a incumbência de apresentar o livro da Giselda Mesch Ferreira da Silva, mestre em Educação pela Universidade Federal do Pampa/Unipampa, campus Jaguarão.
O presente livro resulta de um processo de pesquisa-ação desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom Fernando Mendes Tarragó, situada no município de Uruguaiana/RS, espaço de trabalho da pesquisadora.
Nesta obra os Planos de Estudos são elencados como instrumentos imprescindíveis à concretização de uma educação comprometida com os trabalhadores do campo. Esse conhecimento resulta de uma pesquisa que emerge da realidade material concreta e da sensibilidade de seus sujeitos em diagnosticar limites e possibilidades desses instrumentos na implementação da proposta Política Pedagógica da escola. Traz, também, um componente novo, que é o entrelaçamento do fazer cotidiano da prática e a apropriação dessa prática numa dimensão crítica reflexiva que culmina na produção de novas sínteses de compreensão do que a escola faz. Isso permite projetar o fazer educativo da escola, para construção de possibilidades para além de uma mera instrumentalização dos seus sujeitos.
Na construção metodológica da pesquisa, chama a atenção o caráter coletivo da produção do conhecimento acerca dos Planos de Estudos da Escola. A temática investigada, bem como o caminho percorrido representam duas importantes contribuições para se pensar a edificação de uma escola do campo envolta em práticas emancipatórias. A contribuição não se limita à produção de conhecimentos acerca da importância dos planos de estudos na materialização de um projeto educativo, mas estende-se à construção de uma metodologia de pesquisa capaz de orientar e inspirar outras experiências de pesquisa a partir do chão da escola.
Dessa forma, a autora embrenha-se no fazer cotidiano da escola e de seus sujeitos para inovar na construção de um conhecimento que brota de uma realidade concreta. Destaca a imprescindibilidade de um educador comprometido a buscar a utopia da escola emancipadora dos sentidos humanos. De inspiração freiriana, a autora busca nos diálogos dos discentes a materialização de um importante instrumento de pesquisa. A criatividade na elaboração e opção pelos diálogos de pesquisa evidenciam a perspectiva e a concepção de vida e de mundo que a produz. Ainda, a ideia de diálogos dos discentes dá sentido de construção coletiva e de movimento que constrói o conhecimento, a partir da realidade dos sujeitos envolvidos. Eu diria que esta pesquisa é, sem dúvida, uma grande e singular contribuição para este trabalho.
Foi guiada pela rigorosidade do método da pesquisa e pela sensibilidade humana que a autora vai coordenando a construção do conhecimento acerca da Escola do Campo. Este livro representa uma importante e necessária contribuição para pensarmos e projetarmos uma educação do campo e da classe trabalhadora fundamentada numa prática emancipatória dos sentidos humanos.
Silvana Maria Gritti
Doutora em Educação
Professora associada da Universidade Federal do Pampa - campus Jaguarão.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Sumário
1
INTRODUÇÃO 17
2
AMBIENTALIZAÇÃO 21
3
DEMARCANDO O CAMINHO 23
3.1 CAMINHO TRAÇADO PELA PESQUISADORA 24
3.2 O CONTEXTO DA PESQUISA 28
3.3 PLANOS DE ESTUDO E OBJETIVOS DA PESQUISA 33
3.3.1 Planos de Estudos: aspectos relevantes 33
3.3.2 Objetivo Geral e Específicos da Pesquisa 37
4
A EDUCAÇÃO DO CAMPO NA CONJUNTURA ATUAL 39
4.1 EDUCAÇÃO DO CAMPO, CONQUISTAS LEGAIS 41
4.2 EDUCAÇÃO DO CAMPO, INCLUSÃO OU EXCLUSÃO? 46
5
ESCOLA NO CAMPO OU ESCOLA DO CAMPO? 51
5.1 TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO COMO DIREITO 51
5.2 EDUCAÇÃO DO CAMPO: