Siderar, considerar: Migrantes, formas de vida
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Siderar, considerar - Marielle Macé
AUTORA
APRESENTAÇÃO
PENSAR ENTRE BORDAS E FRONTEIRAS
Marcelo Jacques de Moraes
No prefácio ao dossiê intitulado Nous [Nós], que coordenou recentemente para a revista Critique, Marielle Macé sublinha a importância de discutir o sentido do apelo a esse pronome político
em nosso mundo atravessado pelo problema histórico e filosófico das identidades coletivas
. Em seu próprio artigo, que abre o volume, ela especula sobre o que, em última instância, é possível nomear em torno de um nós
: um nós
, diz ela, não é decididamente a palavra final
, mas, antes, o nome de uma causa, de uma luta, de uma tarefa, mais do que o de um pertencimento ou identidade
. Portanto, um nós
não é apenas um somatório de sujeitos individuais que configurariam um conjunto mais ou menos pacificado e assim separado da multidão, mas um horizonte de construção de uma vida comum passível de ser compartilhada por diferentes formas de vida
divididas e em conflito, e que permite que estas, reciprocamente, se qualifiquem e assim se constituam – ou melhor, lutem para se constituir – como sujeito coletivo
:
Não há virtude mecânica do nós, nós vale apenas aquilo que vale a causa que ele põe diante de si mesmo. Talvez então ele só valha lançado com fervor (com ira e alegria) em verdadeiras aventuras de emancipação. Ao dizer nós, digo o que mais me importa, aquilo por que estou pronto ou pronta para lutar: aquilo que preciso defender ou acusar para preservar meu amor pela vida.
Talvez essa seja uma das questões primordiais entre as que vêm sendo tratadas nos livros de Macé.
Em Siderar, considerar, seu último livro, lançado na França em 2017, não é outra coisa que está em jogo. Transitando como sempre entre a literatura, a poesia, a filosofia e as ciências sociais, Macé reflete aqui, com base na experiência francesa cada vez mais intensa de coabitação cotidiana com migrantes e refugiados oriundos da África, da Ásia e dos países do Leste Europeu, sobre as possibilidades de se engajar hoje na causa
, na luta
, na tarefa
em torno do projeto de uma vida comum a partir da qual um nós
possa, incessantemente, se arriscar, se relançar.
Para tanto, Marielle Macé reivindica uma atenção
e um cuidado
vigilantes em relação a essas formas de vida
que são vividas como que provisoriamente, como que à espera – à beira, na borda – de um futuro que não chega. Um cuidado sobretudo em relação a essas vidas que nos parecem invivíveis
, a essas vidas que,
vividas sob condições de imensa indigência, imensa destruição, imensa precariedade, têm […] de ser vividas, pois cada uma delas é atravessada em primeira pessoa, e todas devem encontrar os recursos e as possibilidades de reformar um cotidiano: de preservar, experimentar, erguer, melhorar, tentar, chorar, sonhar até um cotidiano: essa vida, esse vivo que se arrisca na situação política que lhe é imposta.
A exigência da autora é a de passar da sideração
– que, diante da tenacidade
ou da obstinação
dessas bordas, nos deixa medusados, petrificados, enclausurados
, confinando-nos na borda de nosso próprio presente
– à consideração
, que nos permite lidar com a potência própria à vulnerabilidade
dessas vidas tão absolutamente vivas
quanto as nossas e, por isso mesmo, rigorosamente iguais
às nossas, da mesma maneira insubstituíveis
. E, assim, pleitear um futuro.
Para nós
que, do lado de baixo do Equador, também nos encontramos (ainda que de outro modo, talvez ainda mais cruel) submetidos ao explosivo contato com as bordas e fronteiras internas e externas de um país historicamente marcado pela mais