Mediação Psicopedagógica: Autismo Método Dias-Presotti
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Sobre este e-book
Aos pais, professores, psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais que têm sob sua responsabilidade crianças com o Transtorno do Espectro Autista, o Método Dias-Presotti oferece novas ferramentas e estratégias para oportunizar um caminho positivo para o processo de aprendizagem da criança com TEA. As ações aqui implementadas proporcionam renovadas possibilidades e um novo olhar sobre como a pessoa com autismo aprende e se desenvolve, levando-a a melhores prognósticos.
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- Nota: 5 de 5 estrelas5/5O melhor livri sobre autismo que já li na atualidade. Um novo método eficaz.
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Mediação Psicopedagógica - Maria de Lourdes Dias Rodrigues
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO PSICOPEDAGOGIA
Dedico este trabalho aos meus amados pais (in memoriam). Apesar da pouca convivência, me deixaram ensinamentos eternos!
Agradecimentos
Minha vida é uma eterna via de mão dupla, muitos sonhos e algumas utopias. Alguns realizados e outros simplesmente sonhados. Uma existência encantada pela essência, pelos risos e pelos gestos simples. Gratidão eterna a todas as pessoas com autismo, que me ensinaram, que dividiram comigo sorrisos e lágrimas ao longo dessa caminhada. Às mães dessas pessoas, seres humanos inigualáveis na força e na persistência, minha eterna gratidão e admiração.
Agradeço aos meus filhos, por acreditarem nos meus sonhos; ao meu marido, pelo carinho, troca e compreensão por essa jornada que, às vezes, nem eu consigo compreender. Aos meus queridos e companheiros irmãos.
Agradeço a minha amiga Andréa, companheira nesse caminho de descobertas, trabalho e vida.
Aos tantos amigos e amigas que me ajudaram a manter viva a chama de um trabalho respeitoso e afável. Em especial, as minhas grandes aliadas e companheiras de profissão e estudo, Samantha e Joana. Eu sempre estou aprendendo com vocês.
Gratidão eterna a minha querida professora Lêda Magalhães de Freitas, mais que uma orientadora: um ser humano de força inigualável. Obrigada por ter acreditado neste projeto e em mim. Obrigada por ter me guiado neste caminho.
Gratidão a minha querida amiga Jackeline, companheira desde o primeiro momento. A minha amada Diretora Kelly, ser humano incrível, sempre inspiradora.
Ana Paula e Fábio, amigos e companheiros de jornada, obrigada pelo cuidado e zelo. Vocês fazem a diferença!
Aos meus companheiros de jornada que caminham comigo neste mundo tão complexo do autismo. Caminho cheio de desafios, desafios que são transformados em metas.
Gratidão aos meus queridos irmãos, que muito fizeram por mim ao longo da minha existência.
Gratidão a todos!
A consciência se reflete na palavra como o sol em uma gota de água. A palavra está para a consciência como o pequeno mundo está para o grande mundo, como a célula viva está para o organismo, como átomo para o cosmo. Ela é o pequeno mundo da consciência.
A palavra consciente é o microcosmo da consciência humana.
(Vigotski)
PREFÁCIO
Ao ouvir uma melodia que faz teu coração pulsar mais forte e perder o compasso, que te faz verter lágrimas silenciosas que inundam tua face e teu coração, que te faz viajar no tempo e no espaço, estamos falando de música ou de física? É arte ou ciência?
Um músico não precisa entender de física para compor ou tocar, ele precisa ter sensibilidade! Da mesma forma, um físico não precisa entender de música para aplicar as leis da ondulatória, ele precisa ter conhecimento técnico do assunto. No entanto, é inegável que é a combinação desses dois olhares que nos permite explorar novas visões e abordagens de um tema que desafia nosso conhecimento.
Assim é esta obra: o resultado da combinação de ciência e arte, de mente e coração. Por isso, ela lança um novo olhar sobre o autismo, permitindo que novos conhecimentos ganhem vida e convertam-se em uma prática amorosa e com resultados transformadores.
A Prof.ª Lourdes Dias toma a teoria histórico-cultural como base norteadora do processo de mediação e busca novos caminhos para legitimar a participação da pessoa com autismo no processo de ensino e aprendizagem.
Mediante os estudos de casos apresentados nesta obra, é alentador acompanhar o amor sendo colocado em prática, é tocante acompanhar a Prof.ª Lourdes na celebração de cada avanço vivido pelas crianças e suas famílias, é inevitável não se emocionar com os resultados e, ao mesmo tempo, nutrir a curiosidade científica alimentada por uma fundamentação teórica embasada.
Neste livro, a pesquisadora apresenta dois estudos de caso que consistem no acompanhamento de duas crianças com autismo por cerca de dois anos. O relato registra os resultados da aplicação do Método Dias-Presotti. Esse método é um programa clínico-educacional com uma prática predominantemente psicopedagógica. Focada em dar sentido à palavra, essa técnica preconiza fazer uma imersão no universo da pessoa com autismo para ali buscar seus maiores interesses, com base nos quais se inicia o processo ensino-aprendizagem. Basicamente, o método é constituído de 12 dispositivos que criam uma ponte para alcançar a pessoa com autismo e, então, mediar o seu processo de aprendizagem.
Cada dispositivo do processo de aprendizagem conta com uma conceituação teórica e uma descrição prática que se inspiraram tanto nos ensinamentos de pesquisadores clássicos do mundo psicopedagógico, como L. Vygotsky, quanto na longa experiência profissional da autora.
É uma obra imperdível para estudantes, profissionais e familiares de pessoas com autismo que querem entender os caminhos ainda pouco conhecidos do processo de aprendizagem no universo do TEA. Será útil, também, aos que buscam inspiração para desbravar novas possibilidades no desenvolvimento da pessoa com autismo, porque creem que essa pessoa pode, sim, aprimorar seu poder de comunicação com o mundo que a cerca para, com isso, ampliar suas condições de assumir o mais que merecido papel de sujeito histórico que lhe cabe.
Prof.ª Kátia Godinho
Pedagoga, bióloga e especialista em
Estratégias Pedagógicas no TEA
LISTA DE SIGLAS
Sumário
INTRODUÇÃO
Capítulo 1
O ESPECTRO AUTISTA E A APRENDIZAGEM
Capítulo 2
APRENDIZAGEM DE PESSOAS COM AUTISMO NA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL
Capítulo 3
O CONCEITO DE MEDIAÇÃO NA PERSPECTIVA
DE VIGOTSKI
Capítulo 4
AUTISMO E O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM A PARTIR DA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL
4.1 Precursores da linguagem e a abordagem histórico-cultural
4.2 Precursores de linguagem: Vigotski e a aprendizagem da pessoa
com autismo
Capítulo 5
ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.1 Fase 1 – Múltiplos olhares sobre os estudantes ٦٥
5.1.1 Olhar educacional
5.1.2 Olhar familiar
5.1.3 Olhar psicopedagógico
5.1.3.1 Período de atendimento
5.1.3.2 Planejamento do trabalho
5.2 Fase 2 – Mediação psicopedagógica
5.2.1 Considerações sobre a organização do processo de mediação
5.2.2 Principais dispositivos da mediação psicopedagógica
5.2.2.1 Busca pelo vínculo de interação e avaliação das potencialidades
5.2.2.2 Elaboração do programa de ensino individualizado
5.2.2.3 Aumento do contato de olhar para os objetos e o tempo de espera
5.2.2.4 Aprender a apontar e a seguir o apontar do outro
5.2.2.5 Fazer contato de olhar com a terapeuta
5.2.2.6 A triangulação do contato de olhar
5.2.2.7 Imitação
5.2.2.8 Retirada da coterapeuta
5.2.2.9 Vencendo a ecolalia
5.2.2.10 Aumentando o repertório de linguagem
5.2.2.11 Verbos e ações
5.3 Fase 3 – Plano de Trabalho
5.4 Resultados da mediação psicopedagógica por meio dos
relatórios escolares
Capítulo 6
REFLEXÕES
REFERÊNCIAS
ÍNDICE REMISSIVO
INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é preocupante pelo gradativo aumento de sua incidência e, por esse motivo, tem sido amplamente estudado. Ainda assim, esse é um campo que demanda muita investigação, principalmente no que tange aos processos de ensino e aprendizagem da pessoa com autismo.
Em consulta à literatura especializada, é possível verificar os principais desafios enfrentados pela pessoa com autismo, entre eles, dificuldade na atenção compartilhada, na capacidade de referenciação social, na teoria da mente, nos jogos simbólicos, na fala, na aquisição de regras sociais e na autoconsciência (FIORE-CORREIA; LAMPREIA, 2012). Esses prejuízos podem interferir de forma singular no processo de aprendizagem, tornando-o um desafio, justamente pelas questões centrais da sintomatologia, na complexidade em que se apresenta a forma de interação social, comunicação e compreensão do universo que o cerca.
Outro aspecto importante é a heterogeneidade dentro do espectro, significando que não há um perfil definido, ou seja, uma pessoa pode ter grandes limitações nas áreas de comunicação, linguagem, interação e alterações graves de comportamento, enquanto, em outras, os sintomas podem se apresentar de forma branda, não acarretando grandes barreiras para a aprendizagem e o convívio social. Verifica-se que a condição da deficiência não está relacionada somente às questões de origem orgânica, mas aos impedimentos, ligados diretamente às barreiras impostas no processo de interação, devido às atitudes das pessoas conforme assinala a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (BRASIL, 2011).
Vigotski (2011) já havia alertado a sociedade sobre esse aspecto em seus estudos sobre Defectologia no século XX. Ainda assim, mesmo diante das legislações e dos aportes teóricos, convive-se com uma sociedade excludente que fala sobre inclusão, por ela ainda não se ter concretizado. Portanto, esse conceito de deficiência deve ser ressignificado no contexto educacional, uma vez que a criança, com diagnóstico ou não, necessita ter um papel ativo para se desenvolver individual e coletivamente (ORRÚ, 2012, 2016).
Assim, tornam-se urgentes mediações que proponham novos caminhos, vislumbrando novas possibilidades para o desenvolvimento da pessoa com autismo, como sujeito histórico. O arcabouço teórico da abordagem histórico-cultural oferece condições de rever o processo de ensino-aprendizagem da pessoa com autismo por outra vertente. Para Vigotski (2010), a aprendizagem promove o desenvolvimento, sendo impulsionadora dos processos psicológicos tipicamente humanos, considerando não só as funções elementares de base biológica, mas, também, a influência do processo de mediação para a formação das funções superiores. Portanto, conforme afirma Oliveira (2006), para Vigotski o bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento.
O processo de aprendizagem de pessoas com Transtorno do Espectro Autista tem por base uma prática de mediação psicopedagógica que leva em conta o fato de que as interações sociais recíprocas são sumamente importantes para todo o desenvolvimento infantil. Assim, a mediação, que segue uma linha desenvolvimentista