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Só uma Canção
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E-book63 páginas47 minutos

Só uma Canção

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Sobre este e-book

E se a música desaparecesse por completo do mundo, de forma inexplicável? Quais seriam as atitudes dos seres humanos?
Quais seriam as consequências em suas vidas?
Em um futuro distópico, as feridas, as dores e o contraditório de uma humanidade em silêncio, tomada pela tecnologia e pela frieza.
Um único homem a se lembrar da música e um rapaz em sua busca. Uma reflexão sobre a vida, a morte, a beleza, o sofrimento, o desconhecido e os limites humanos.

Até onde vai nosso livre arbítrio?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de out. de 2021
ISBN9786500296143
Só uma Canção

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    Só uma Canção - Marcelo Reis

    PARTE I

    Um domingo de outono. Dia triste para a família Moreira. Choravam a morte de seu membro mais antigo - Antônio Vitrúvio, carinhosamente apelidado de Bisa.

    A alcunha veio da abreviatura de bisavô. Seu único bisneto – Davi – desde pequeno a utilizava para chamá-lo. Acabou pegando no meio familiar, virando um codinome sentimental entre os parentes.

    Bisa morreu tranquilo. Sentiu algumas dores no peito, na sexta-feira, e foi hospitalizado. Passou dois dias no leito do hospital e partiu em pleno sono. O coração, já cansado pelo tempo, parou de bater após 98 anos de trabalho.

    Era querido, não só pelos familiares, mas também pela vizinhança e amigos. Sim. Jamais deixara de ter amigos. Os antigos, aos poucos se foram, mas o hábito de fazer novas amizades lhe era constante. Transitava no meio de jovens, velhos, pobres e ricos. Um verdadeiro sujeito popular.

    Contador de histórias, homem de memória privilegiada, deixava todos ansiosos em saber de suas aventuras e lembranças. Tinha ótima saúde e sempre foi lúcido, atualizado e ativo.

    Em seu testamento pediu para ser cremado e ter as cinzas espalhadas pelas areias do Posto 6, em Copacabana, bairro onde nasceu, foi criado e viveu boa parte da vida. Sua neta Heloísa e seu bisneto Davi, mesmo tristes, fizeram sua vontade prevalecer.

    A Copacabana de 2118 se apresentava bem diferente daquela onde Bisa nasceu em 25 de abril de 2020, em meio à uma pandemia mundial que assolava o planeta.

    O bairro cosmopolita e cartão postal do Rio de Janeiro mundo afora, agora era um local abandonado, que carregava apenas lembranças dos tempos de glória. Virara uma espécie de Las Vegas decadente, frequentada por pessoas sem rumo e em busca das facilidades de drogas, sexo, jogo ou qualquer outra atividade ilícita. Tornou-se um imenso labirinto do submundo.

    Muitos dos grandes prédios construídos a partir de 1930 estavam em ruínas e ocupados por todo tipo de gente, desde os antigos e raros donos das propriedades até os atuais usurpadores e invasores.

    Arranha céus gigantescos pareciam terminar nas nuvens e faziam parte da paisagem atual. Estavam lotados de letreiros luminosos e, na sua maioria, tinham finalidades comerciais.

    O bairro, antes claro e conhecido pelo sol presente, agora era de aspecto cinza, fruto da quantidade de poluição que recebia.

    A praia da Princesinha do Mar foi tomada por barracas de povos nômades, vindos de diversas partes do mundo. Eles preenchiam suas areias, fazendo da extensão de seus 4 quilômetros uma Torre de Babel, sem regras, sem higiene adequada e permeada de gente que não acreditava mais na vida.

    A violência constante passava despercebida pela chamada Polícia Unificada Nacional. Corrupta e ligada ao crime, só intervia em casos que chamavam a atenção da mídia.

    Havia poucos moradores do século anterior no bairro. Bisa foi um dos últimos deles. Seu brilho era tamanho, que nunca fora assaltado ou perturbado. Dos maiores marginais aos drogados, das prostitutas aos cafetões, da polícia aos procurados, todos o respeitavam.

    Manteve-se como único morador original remanescente do imenso Edifício Igrejinha, localizado na Avenida Atlântica, entre as ruas Francisco Sá e Julio de Castilhos, convivendo pacificamente com os sem-teto que se apossaram dos outros apartamentos.

    Recebia visitas regulares e, apesar de toda periculosidade ao seu redor, seus convidados jamais deixaram de entrar nesta Zona Proibida da cidade. Tinham uma Carta Branca, quando falavam o nome de Antônio Vitrúvio, que recebeu para homenagear o pai (Carlos Antônio) e a obra de Leonardo Da Vinci – O Homem de Vitrúvio.

    Seu principal visitante era o bisneto – Davi Freitas Moreira. O jovem de vinte e três anos contava os dias para os encontros com o bisavô, os quais faziam parte da sua rotina semanal. Conversavam sobre temas ligados ao passado, presente e futuro, como grandes amigos, apesar da diferença de gerações.

    O que mais chamava a atenção de Davi era a história a respeito da MÚSICA - palavra considerada maldita e retirada do vocabulário mundial, por ter

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