Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Pedagogia da Autonomia (Edição especial)
Pedagogia da Autonomia (Edição especial)
Pedagogia da Autonomia (Edição especial)
E-book181 páginas3 horas

Pedagogia da Autonomia (Edição especial)

Nota: 5 de 5 estrelas

5/5

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Pedagogia da autonomia, uma das obras mais importantes de Paulo Freire, agora em edição especial.
 
Pedagogia da autonomia, publicado em 1996, reafirma o profundo compromisso ético de Paulo Freire na defesa da existência digna. Neste seu último livro publicado em vida, o educador aprofunda sua teoria-ética de uma vida voltada para a liberdade, a verdade e a autenticidade dos sujeitos, contra a lógica do capital. A partir do amor revolucionário e do rigor crítico, reflete sobre o que o ato de ensinar exige de educadores e educandos.
*
 
Em 1963, em Angicos, interior do Rio Grande do Norte, trezentos trabalhadores rurais foram alfabetizados em apenas 40 horas, pelo método proposto por Paulo Freire. Esse foi o resultado do projeto-piloto do que seria o Programa Nacional de Alfabetização do governo de João Goulart, presidente que viria a ser deposto em março de 1964. Em outubro desse mesmo ano, Freire deixou o Brasil para proteger a própria vida. Apenas voltou a visitar o país em 1979, com a abertura democrática.
 
Ao longo de sua história, Paulo Freire recebeu mais de cem títulos de doutor honoris causa, de diversas universidades nacionais e estrangeiras, além de inúmeros prêmios, como Educação para a Paz, da Unesco, e Ordem do Mérito Cultural, do governo brasileiro. Integra o International Adult and Continuing Education Hall of Fame e o Reading Hall of Fame.
 
*
"Gosto de ser homem, de ser gente, porque não está dado como certo, inequívoco, irrevogável que sou ou serei decente, que testemunharei sempre gestos puros, que sou e que serei justo, que respeitarei os outros, que não mentirei escondendo o seu valor porque a inveja de sua presença no mundo me incomoda e me enraivece. Gosto de ser homem, de ser gente, porque sei que a minha passagem pelo mundo não é predeterminada, preestabelecida. Que o meu 'destino' não é um dado, mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir. Gosto de ser gente porque a história em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibilidades, e não de determinismo. Daí que insista tanto na problematização do futuro e recuse sua inexorabilidade."
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de set. de 2021
ISBN9786555480337
Pedagogia da Autonomia (Edição especial)

Leia mais títulos de Paulo Freire

Relacionado a Pedagogia da Autonomia (Edição especial)

Ebooks relacionados

Métodos e Materiais de Ensino para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Pedagogia da Autonomia (Edição especial)

Nota: 5 de 5 estrelas
5/5

2 avaliações0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Pedagogia da Autonomia (Edição especial) - Paulo Freire

    Copyright © Editora Villa das Letras

    Direitos de edição da obra em língua portuguesa no Brasil adquiridos pela Editora Paz e Terra. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação etc., sem a permissão do detentor do copyright.

    Projeto gráfico de capa e miolo: Patricia Chmielewski

    Ilustração: Shiko Chico

    Editora Paz e Terra Ltda.

    Rua Argentina, 171 – Rio de Janeiro – 20921-380 – Tel: (21) 2585-2000.

    www.record.com.br

    Seja um leitor preferencial Record.

    Cadastre-se em www.record.com.br e receba informações

    sobre nossos lançamentos e nossas promoções.

    Atendimento e venda direta ao leitor:

    sac@record.com.br

    Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

    CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

    SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    Freire, Paulo, 1921-1997

    F934p

    Pedagogia da autonomia [recurso eletrônico] : saberes necessários à prática

    educativa / Paulo Freire. - 1. ed. - São Paulo : Paz e Terra, 2021.

    recurso digital

    Formato: epub

    Requisitos do sistema: adobe digital editions

    Modo de acesso: world wide web

    ISBN 978-65-5548-033-7 (recurso eletrônico)

    1. Prática de ensino. 2. Professores - Formação. 3. Livros eletrônicos. I. Título.

    21-72834

    CDD: 370.71

    CDU: 37.026

    Camila Donis Hartmann - Bibliotecária - CRB-7/6472

    Produzido no Brasil

    2021

    A Ana Maria, minha mulher, com alegria e amor.

    Paulo Freire

    A Fernando Gasparian, a cujo gosto da rebeldia e a cuja disponibilidade à luta pela liberdade e pela democracia muito devemos.

    Paulo Freire

    À memória de Admardo Serafim de Oliveira.

    Paulo Freire

    A João Francisco de Souza, intelectual cujo respeito ao saber de senso comum jamais o fez um basista e cujo acatamento à rigorosidade científica jamais o tornou um elitista, e a Inês de Souza, sua companheira e amiga, com admiração de

    Paulo Freire

    A Eliete Santiago, em cuja prática docente ensinar jamais foi transferência de conhecimento feita pela educadora aos alunos. Ao contrário, para ela, ensinar é uma aventura criadora.

    Paulo Freire

    Aos educandos e educandas, às educadoras e educadores do Projeto Axé, de Salvador da Bahia, na pessoa de seu incansável animador Cesare de La Roca, com minha profunda admiração.

    Paulo Freire

    Angela Antunes Ciseski, Moacir Gadotti, Paulo Roberto Padilha e Sônia Couto, do Instituto Paulo Freire, com meus agradecimentos pelo excelente trabalho de organização dos capítulos desta Pedagogia da autonomia.

    Paulo Freire

    Gostaria igualmente de agradecer a Christine Röhrig e à equipe de produção e revisão da Paz e Terra a dedicação com relação não só a este, como a outros livros meus.

    Paulo Freire

    Sumário

    NOTA DA EDITORA

    PRIMEIRAS PALAVRAS

    1. PRÁTICA DOCENTE: PRIMEIRA REFLEXÃO

    1.1 Ensinar exige rigorosidade metódica

    1.2 Ensinar exige pesquisa

    1.3 Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos

    1.4 Ensinar exige criticidade

    1.5 Ensinar exige estética e ética

    1.6 Ensinar exige a corporificação das palavras pelo exemplo

    1.7 Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação

    1.8 Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática

    1.9 Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural

    2. ENSINAR NÃO É TRANSFERIR CONHECIMENTO

    2.1 ensinar exige consciência do inacabamento

    2.2 Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado

    2.3 Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando

    2.4 Ensinar exige bom senso

    2.5 Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores

    2.6 Ensinar exige apreensão da realidade

    2.7 Ensinar exige alegria e esperança

    2.8 Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível

    2.9 Ensinar exige curiosidade

    3. ENSINAR É UMA ESPECIFICIDADE HUMANA

    3.1 Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade

    3.2 Ensinar exige comprometimento

    3.3 Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo

    3.4 Ensinar exige liberdade e autoridade

    3.5 Ensinar exige tomada consciente de decisões

    3.6 Ensinar exige saber escutar

    3.7 Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica

    3.8 Ensinar exige disponibilidade para o diálogo

    3.9 Ensinar exige querer bem aos educandos

    Nota da editora

    O centenário de Paulo Freire é um marco na história do Brasil. Há 100 anos nascia o brasileiro que escreveria a terceira obra de ciências sociais e humanas mais citada no mundo inteiro, se tornaria um dos filósofos mais relevantes do século XX e o Patrono da Educação Brasileira.

    Paulo Freire tem seu nome muito presente em nosso debate político atual. Sua imagem está devidamente difundida em pôsteres, muros, adesivos e camisetas – porém, o que dizer sobre suas obras? Têm sido igualmente lidas e repercutidas? Seu legado em livros é gigante, em todos os aspectos, são mais de trinta títulos, cada um, a seu modo, relevante e necessário. Se todo brasileiro que admira Paulo Freire, que sabe de sua importância e que veste sua camisa, lesse seus livros e espalhasse suas palavras, será que estaríamos vivendo tempos tão obscurantistas no país?

    É com a certeza de que as palavras de Paulo têm o poder de nos fazer melhores, mais humanos, ao mesmo tempo mais críticos e também mais empáticos, que a Paz e Terra preparou esta edição especial. Pedagogia da autonomia é um livro conciso, de poucas páginas e muitas lições. Aqui Paulo Freire defende o pensar, louva a liberdade, prega a amorosidade, exalta a autenticidade. Ensina cada um a Ser Mais.

    Talvez por ter sido o último livro de Paulo Freire publicado em vida, Pedagogia da autonomia é uma espécie de síntese de suas ideias. Só mesmo a maturidade para fazer com que se chegue cirurgicamente ao ponto de maneira tão direta, simples e contundente. É de extrema generosidade a escrita desta obra ser tão acessível, com frases que soam como um abraço que acolhe e também como um chamamento à ação que inflama. Nós nos sentimos ao mesmo tempo acolhidos e também atiçados por essa narrativa, que ora é poética, ora é política, e o tempo todo é transformadora.

    O impacto de certas frases é tamanho que o projeto gráfico desenvolvido se propôs justamente a tornar as palavras de Paulo as grandes protagonistas desta edição especial. Em alguns momentos no livro, frases importantes ganharam destaque, para que, deslocadas do texto, gerem reflexão. E há também páginas especiais que podem ser retiradas para se tornarem cartazes a exibir as ideias de Paulo para além do livro. A intenção é mesmo fazer com que elas extrapolem sua obra, projetem sua escrita.

    Se os tempos andam duros, implacáveis, façamos com que ecoe esta obra-prima em prol de uma existência digna, justa. Ler Pedagogia da autonomia é quase como ser embalado, acariciado, pela lucidez de Paulo Freire. É como se estivéssemos junto de Paulo, ouvindo sua voz. Nita Freire bem definiu essa sensação: Quanto mais nos aprofundamos na leitura deste livro, mais percebemos que Paulo se fez texto! O seu bem-querer pelos seres humanos, a gentidade de seu eu pessoa/eu educador e a sua fé na educação estão vivamente presentes.

    Paulo Freire está aqui presente, vivo, vivíssimo. Que sua permanência por meio da escrita se mantenha firme, perene. Assim ganhamos todos, cada um de nós, sujeitos da história. A obra de Paulo Freire é para todos.

    PRIMEIRAS

    PALAVRAS

    A questão da formação docente ao lado da reflexão sobre a prática educativo-progressiva em favor da autonomia do ser dos educandos é a temática central em torno de que gira este texto. Temática a que se incorpora a análise de saberes fundamentais àquela prática e aos quais espero que o leitor crítico acrescente alguns que me tenham escapado ou cuja importância não tenha percebido.

    Devo esclarecer aos prováveis leitores e leitoras o seguinte: na medida mesma em que esta vem sendo uma temática sempre presente às minhas preocupações de educador, alguns dos aspectos aqui discutidos não têm sido estranhos a análises feitas em livros meus anteriores. Não creio, porém, que a retomada de problemas entre um livro e outro e no corpo de um mesmo livro enfade o leitor. Sobretudo quando a retomada do tema não é pura repetição do que já foi dito. No meu caso pessoal, retomar um assunto ou tema tem que ver principalmente com a marca oral de minha escrita. Mas tem que ver também com a relevância que o tema de que falo e a que volto tem no conjunto de objetos a que direciono minha curiosidade. Tem que ver também com a relação que certa matéria tem com outras que vêm emergindo no desenvolvimento de minha reflexão. É neste sentido, por exemplo, que me aproximo de novo da questão da inconclusão do ser humano, de sua inserção num permanente movimento de procura, que rediscuto a curiosidade ingênua e a crítica, virando epistemológica. É nesse sentido que reinsisto em que formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas, e por que não dizer também da quase obstinação com que falo de meu interesse por tudo o que diz respeito aos homens e às mulheres, assunto de que saio e a que volto com o gosto de quem a ele se dá pela primeira vez. Daí a crítica permanentemente presente em mim à malvadez neoliberal, ao cinismo de sua ideologia fatalista e à sua recusa inflexível ao sonho e à utopia.

    Daí o tom de raiva, legítima raiva, que envolve o meu discurso quando me refiro às injustiças a que são submetidos os esfarrapados do mundo. Daí o meu nenhum interesse de, não importa que ordem, assumir um ar de observador imparcial, objetivo, seguro, dos fatos e dos acontecimentos. Em tempo algum pude ser um observador acinzentadamente imparcial, o que, porém, jamais me afastou de uma posição rigorosamente ética. Quem observa o faz de um certo ponto de vista, o que não situa o observador em erro. O erro na verdade não é ter um certo ponto de vista, mas absolutizá-lo e desconhecer que, mesmo do acerto de seu ponto de vista, é possível que a razão ética nem sempre esteja com ele.

    O meu ponto de vista é o dos condenados da Terra, o dos excluídos. Não aceito, porém, em nome de nada, ações terroristas, pois que delas resultam a morte de inocentes e a insegurança de seres humanos. O terrorismo nega o que venho chamando de ética universal do ser humano. Estou com os árabes na luta por seus direitos, mas não pude aceitar a malvadez do ato terrorista nas Olimpíadas de Munique.

    Gostaria, por outro lado,

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1