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Textos e Têxteis: questões de intermidialidade
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Textos e Têxteis: questões de intermidialidade
E-book155 páginas1 hora

Textos e Têxteis: questões de intermidialidade

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Sobre este e-book

Já se tornou lugar comum conceber o texto como um tecido. Textos e Têxteis: questões de intermidialidade compõe-se de um conjunto de cinco artigos que aproximam as relações entre as artes têxteis e a linguagem verbal. Com a crescente consciência da materialidade nas configuração midiáticas em suas dimensões práticas, artísticas e culturais, as artes que usam fibras, linhas e tecidos se destacam por mobilizarem a experiência sensível do aspecto háptico. Nesse sentido, este volume busca alinhavar reflexões que articulam as artes têxteis ao viés conceitual dos estudos da intermidialidade. Reconhecendo a materialidade têxtil a partir de conceitos e metodologias de base semiótica para pensar fenômenos visuais e literários, convidamos o leitor a apreciar essa experiência estética verbo-visual que se integra cada vez mais às poéticas do contemporâneo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento23 de nov. de 2021
ISBN9786586268218
Textos e Têxteis: questões de intermidialidade

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    Textos e Têxteis - Tradição Planalto

    capa_Texto_e_Texteis_1400px.jpg
    Erika Viviane Costa Vieira
    (Organização)

    Textos e têxteis:

    questões de intermidialidade

    1ª EDIÇÃO

    BELO HORIZONTE

    2021

    Elaborado por: Maurício Amormino Júnior — CRB6/2422

    Informação bibliográfica deste livro, conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

    Copyright © 2021

    Todos os direitos reservados. Este livro ou parte dele não pode ser

    reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita da Editora

    As ideias expressas nos textos são de responsabilidade de seus autores.

    Editor Executivo

    Ricardo S. Gonçalves

    Revisão

    Marina Baltazar Mattos

    Maria Elisa Rodrigues Moreira

    Desenho da Capa: Frivolité (2015)

    Natália Rezende Oliveira

    Conselho Editorial

    Dr. Alberto Giordano (CONICET/UNR)

    Dr.a Ana Carolina Vilela-Ardenghi (UFMT)

    Dr. André Tessaro Pelinser (UFRN)

    Dr.a Cláudia França (UFES)

    Dr.a Letícia Fernandes Malloy Diniz (UFRN)

    Dr.a Maria Alzira Leite (UniRitter)

    Dr.a Maria Elisa Rodrigues Moreira (UPM/UFMT)

    Dr.a Rosângela Fachel de Medeiros (UFPel)

    Produção

    Tradição Planalto Editora

    Agradeço às autoras dos textos, que gentilmente aceitaram participar da empreitada; à Professora Marcia Valle Arbex, pelo incentivo à publicação e pela supervisão do estágio pós-doutoral; à Marina Baltazar Mattos pela revisão e pelo diálogo frutífero em torno dos textos e têxteis; ao PosLit/FALE/UFMG, pelas portas e janelas sempre abertas, e aos(às) colegas do curso de Letras da UFVJM, pelo apoio no afastamento e calorosa acolhida no retorno.

    Para Otto e Júlio,

    pela alegre companhia na caminhada da vida.

    SUMÁRIO

    APRESENTAÇÃO

    Erika Viviane Costa Vieira

    TEXTURIZANDO SUPERFÍCIES:

    narrativa e sensibilidade tátil na obra de Anni Albers

    Natália Rezende

    DE NÓ EM NÓ:

    o tátil como articulador de imagem e som em um poema de Herberto Helder

    Mariana Pereira Guida

    TECER O TEXTO, ESCREVER O TÊXTIL:

    alguns fios na poesia brasileira contemporânea

    Marina Baltazar Mattos

    ENTRE TESSITURAS MIDIÁTICAS:

    linhas que fiam e tramam textos

    Lorena Camilo

    INTERMIDIALIDADE DOS TEXTOS E TÊXTEIS

    Erika Viviane Costa Vieira

    SOBRE AS AUTORAS

    APRESENTAÇÃO

    Erika Viviane Costa Vieira

    Esta proposta de publicação foi gestada durante um minicurso do Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários da Universidade Federal de Minas Gerais – o Pós.Lit –, denominado Intermidialidade: literatura e artes têxteis, ofertado no segundo semestre de 2020 de forma remota, dado o contexto de pandemia da Covid-19. O curso veio à tona por ocasião da minha pesquisa de estágio pós-doutoral, realizada no mesmo ano, que buscava compreender melhor a midialidade das artes têxteis. No curso de curta duração, a ideia era empreender estudos introdutórios sobre as artes têxteis em consonância com a literatura por meio de reflexões teóricas já consolidadas pelos estudos da intermidialidade.

    No ano em que permanecemos em casa, coincidentemente, a cena doméstica, os temas prosaicos e as artes do cotidiano ganharam mais evidência, pois descobrimos o alargamento do tempo e formas diversificadas de entretenimento. Nessas dinâmicas, novos olhares certamente se voltaram para o artesanato, e as artes feitas com linhas se revalorizaram.

    As pesquisas sobre intermidialidade se ocuparam, até recentemente, de importantes questões interartes, como a relação entre a literatura e as artes plásticas ou entre literatura e arquitetura, escultura, teatro, música, ópera, fotografia, cinema, audiovisual e quadrinhos. Preocuparam-se, ainda, com questões imagéticas da própria literatura, como a poesia concreta, ou, mais recentemente, com a poesia eletrônica, e a relação entre as mídias digitais e a literatura. Diante desse cenário, constatou-se um incômodo silêncio quando o assunto é arte têxtil. Talvez porque o têxtil, enquanto mídia, possa ter sido absorvido pelas artes visuais de maneira geral ou incluído na grande área das artes plásticas ou das artes multimidiáticas da contemporaneidade. Muitos artistas multimídia incorporaram o têxtil a suas obras, principalmente a partir do Modernismo, no início do século XX. Outrora, o têxtil se manteve mais próximo das artes decorativas e utilitaristas, o que o afastou dos salões e das exposições de Arte. Sendo assim, esta publicação dá um pequeno passo em direção à ampliação do campo de estudos da intermidialidade, ao reivindicar o espaço das artes têxteis em seu horizonte de investigações, principalmente por entender que esse campo das artes visuais vem despontando de forma promissora nos processos de artificação, como entendido por Shapiro e Heinich (2013)¹, e por suas modalidades material e sensorial.

    Um indicador do aumento de interesse pelas artes têxteis se reflete no número significativo de exposições destinadas a esse ramo da arte. Dentre as exposições mais recentes que demarcam esse lugar do têxtil no cenário atual, estão o FIBRA: I Bienal de Arte Têxtil Contemporânea, em Porto Alegre (2019), e o Transbordar: transgressões do bordado na arte (2020), com curadoria de Ana Paula Simioni, especialista em arte têxtil, no Sesc São Paulo. A pitoresca exposição no Museu Casa Kubitschek, em Belo Horizonte, denominada Bordando Memórias (2019), apresentou bordados inspirados nos jardins de Burle Marx por bordadeiras do Centro Cultural Pampulha. Tais mostras nos dão uma dimensão ainda maior do fenômeno: o artesanato que adentra os espaços institucionais de exposição de arte com expressões máximas de memória cotidiana e afetiva, como o bordado. Com a ocupação dos espaços institucionais de arte, compreendemos, de forma mais abrangente, a dimensão transformadora do olhar para a mídia têxtil.

    Quando falamos em arte têxtil, remetemos àquela obra que usa linhas, tecidos e tramas em geral, e que emprega alguma técnica, como costura, tricô, crochê, bordado, tapeçaria ou tear. Essas atividades, historicamente, sempre estiveram associadas ao artesanato e, portanto, foram subvalorizadas como prática intelectual. Ainda bastante associadas ao universo feminino, foram vistas como um trabalho menor em oposição às artes visuais acadêmicas, tais como a pintura e a escultura. A História da Arte nos mostra que o artesanato se concentra na execução, na técnica, distanciando-se, portanto, do trabalho autoral que está associado ao pensar e à intelectualidade. Soma-se a isso o fato de que são itens feitos para adornar a casa, aproximando-se de funções decorativas e utilitaristas. Consequentemente, muito pouco se teorizou sobre o uso de têxteis nas artes visuais ou sobre a transformação de sua materialidade em figuras de linguagem, de maneira que este volume, assim, busca fomentar tais reflexões.

    No que se refere à intermidialidade, empenhou-se em estreitar as relações entre o uso dos têxteis, dos fios e suas técnicas, com a literatura, de forma a aprofundar a teorização a respeito dessa materialidade como mídia. Na literatura, examinou-se o têxtil como topos –metáfora para tratar do tecer e do contar histórias – ou como base material para uma representação visual. A intermidialidade contribuiu para a teorização dos têxteis por entender que este campo do saber apresenta metodologia e conceitos apropriados para examinar um amplo escopo de fenômenos artísticos e culturais em situações de fronteira com a literatura e a poesia, por exemplo.

    Este volume agrega textos ensaísticos e artigos decorrentes de algumas considerações iniciais sobre a intermidialidade que contemplam as artes têxteis, suas técnicas e sua materialidade. Seja em contextos que servem como inspiração poética ou temática que perpassa enredos, narrativas, poemas, seja por meio de outras obras visuais, os têxteis podem, ainda, ocupar espaços de ilustração ou ornamento de publicações, ou mesmo figurar como obra artística contemporânea que se utiliza de linhas e tecidos como meios de expressão estética.

    Reflexões sobre processos de criação em arte têxtil compõem o texto de abertura, de autoria de Natália Rezende. Sua escrita centra-se na materialidade têxtil teorizada pela artista alemã Anni Albers (1899-1994). Tomando como base a experiência da artista com a tecelagem manual na Bauhaus e na América Latina, a autora revisa os escritos de Albers publicados nas obras On Weaving (1974) e Del Diseño (2019), ensaios e publicações no site The Josef and Anni Albers Foundation, além do catálogo da exposição Anni Albers, realizada em 1999, no museu Guggenheim (EUA). Sua contribuição é essencial para pensar o têxtil como um sofisticado material visual, dotado de singular complexidade.

    Em seguida, Mariana Pereira Guida apresenta uma leitura de um poema de Herberto Helder, tomando como princípio de articulação a imagem e o som na montagem de seu poema contínuo. Para isso, ela aborda a metáfora do nó sob a perspectiva das referências intermidiáticas descritas por Rajewsky (2012), articulando-se a aspectos da sensibilidade tátil do têxtil proposta por Albers (1974). Seu propósito é verificar em que medida o aspecto tátil do nó remete à vibração rítmica presente na metapoesia helderiana.

    Arquétipos que usam o têxtil e o fio como metáforas dos ciclos da vida são resgatados por Marina Baltazar Mattos e Lorena Camilo. A primeira trata das diversas versões de alguns mitos, como as Parcas (ou Moiras), Ariadne, Aracne, Filomela, Penélope e Ananse, que são retomadas como sintomas de inscrições poéticas na poesia e na arte contemporânea. A segunda autora revisita os mitos e os arquétipos do ato tecedor em diferentes mídias na tessitura de seu próprio ensaio.

    Por fim, o último texto de minha

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