Aprendizagem Emocional: Desvendando o Mundo da Emoções e Sentimentos
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Aprendizagem Emocional - Lesan Cardoso
INTRODUÇÃO
O presente trabalho engloba um debate sobre Aprendizagem Emocional, uma questão da Psicologia. Vincula-se na necessidade do homem moderno. Abordamos o tema com um senso histórico e filosófico, buscando articular a abordagem numa linha ética, política e principalmente educativa.
Os estudos realizados sobre a questão da Inteligência Emocional são recentes. Nas últimas duas décadas pudemos observar o desenvolvimento e crescimento desse tema em todo mundo. O tema da Inteligência Emocional surgiu nos EUA no início dos anos 90, difundido pelo psicólogo americano Daniel Goleman (1995). Depois de anos de pesquisa Goleman pode afirmar de maneira plausível a importância do papel das emoções no desenvolvimento do homem atual. Em seus estudos, Goleman direciona seus escritos para o meio empresarial, ou seja, para as empresas. Discute a importância das emoções para aumentar a produtividade nos diversos campos das diferentes empresas. Goleman tem um alvo principal, que é o de aumentar a lucratividade das empresas, num tempo em que estamos assistindo a mercantilização das emoções.
Cremos que a ação de Goleman é meio precipitada de juntar os dois termos: inteligência e emoção, isso vamos discutir no desenvolvimento desse trabalho. Creio que o tema mais apropriado para tal designação desse estudo será Aprendizagem Emocional, que a partir daqui vamos começar a utilizá-lo. Mesmo assim, Goleman desenvolve um estudo sobre as emoções, que é uma parte da natureza humana que por muito tempo tinha sido deixada de lado e ignorada. E que a compreensão desse fato é uma necessidade que apresentamos para que a Aprendizagem Emocional seja reconhecida como uma importante expressão da condição humana e no auxílio do desenvolvimento humano.
A inteligência e as emoções não são uma unidade, pois:
(...) A inteligência e a afetividade são complementares e convergem na unidade da personalidade, mas podem conhecer ritmos diferentes de crescimento e crises com valor diferente e com implicações mútuas, mas sem se confundirem. (OLIVEIRA, 2001, p. 80).
Depois do trabalho de Daniel Goleman, Inteligência Emocional, começam a surgir no mundo outros autores discutindo sobre esse tema. Na França vamos encontrar Joan De Claire e Jonh Gotman, que publicam os seus estudos relacionados com a Inteligência Emocional, que escrevem para a família francesa, tentando conceituar a importância da Inteligência Emocional na formação da personalidade dos filhos.
No Brasil vamos encontrar o professor da USP, Celso Antunes (2000), que escreveu A importância da Inteligência Emocional na nova construção do Eu
. No seu livro, ele trata de debater maneiras que devemos adotar para potencializar a nossa inteligência intrapessoal e interpessoal.
Nos tempos atuais o crescimento da importância da investigação sobre as emoções, em todos os campos da atividade humana, é grandioso. As preocupações para a construção de métodos e técnicas para que a Inteligência Emocional possa ser trabalhada em todas as áreas do conhecimento aumentou consideravelmente nos últimos anos.
As discussões de Rollo May (1978), relacionadas a questões como a depressão, a sexualidade, a inferioridade, a hostilidade, a solidão, o vazio existencial, a construção histórica de sentimentos coletivos negativos e a compreensão do mal-estar social presente em diversos países, foi de suma importância para a realização deste trabalho.
Podemos perceber a angústia do homem pós-moderno, nas palavras de May (1978):
(...) O riso é uma fuga à ansiedade e ao vazio. (...) Esse riso, que muitas vezes se manifesta num gargalhar rouco, talvez tenha a função de um simples alívio de tensão, como o álcool ou o estímulo sexual; mas, como o sexo ou a bebida, quando procurado por motivos escapistas, deixa a pessoa tão solitária e distante de si mesma como antes. Alguns risos, naturalmente, são de natureza vingativa. Há a risada de triunfo, cujo sinal característico é nada ter a ver com o sorriso. Pode-se rir, portanto, de ira ou de fúria. (MAY, 1978, p. 52).
May (1978) discute que o homem está desorientado e que necessita encontrar novamente a sua verdadeira identidade. Segundo ele, o homem nem consegue explicar a origem de sua alegria ou tristeza.
O debate que relaciona a afetividade e a inteligência já tinha sido abordado por outros autores. Freud (1856-1939) já havia dito que a inteligência é emocional. Piaget (1896-1980) também apresentou algumas discussões sobre a inteligência e a afetividade.
A Inteligência Emocional é fruto da chamada crise da pós-modernidade e nasce da necessidade que o homem encontra no campo emocional, a fim de orientar-se para um caminho melhor para o seu bom desenvolvimento pessoal e emocional. Cremos que é necessário fazermos algumas considerações sobre a modernidade e a pós-modernidade.
Anderson (1999) apresenta que na passagem da modernidade para a pós-modernidade existem definições bastante diferenciadas. O modernismo nasce, com os primeiros desenvolvimentos científicos e se fortalece com as descobertas tecnológicas do princípio do século (avião, rádio, carro). Sendo elitista, o modernismo visa o interesse das classes superiores, legitimando-se dentro de um capitalismo de consumo da sociedade pré-industrial. O pós-modernismo tem início com o avanço e o fortalecimento do capitalismo, criando uma profunda crise ideológica e racional em algumas sociedades ocidentais e orientais, acompanhado de novas descobertas como a televisão, o cinema, a fotografia, o vídeo, etc.
Esses acontecimentos modernistas e pós-modernistas alteraram o modo de vida do ser humano de todas as partes do globo terrestre, modificando seus costumes e hábitos culturais e até individuais, influenciando uma nova fase do desenvolvimento social dos diversos países, abalando o homem individualmente, principalmente no campo emocional.
Agora na contemporaneidade, com o grande desenvolvimento tecnológico e com o desenvolvimento frenético da internet e das redes sociais, esse avanço
acaba abalando o homem emocionalmente ainda mais, o que já era uma posição pós-moderna, aumentando neste um carecimento de carinho e atenção, portanto, aumentando sua solidão. Esse desenvolvimento tecnológico (celulares, tabletes, fibra ótica) força o homem a buscar um novo sentido e um novo significado de vida, causando nele um aumento do vazio-existencial que era outra característica do homem na pós-modernidade que agora se intensificou bruscamente nos tempos atuais.
Na sua obra Educação e Emancipação, Adorno (1995) aponta e discute principalmente da necessidade de criar nos tempos de hoje uma educação e voltada para a emancipação. Portanto, a educação deve estar voltada para a elaboração de um modelo de democracia no qual o indivíduo compreenda-se como sujeito da transformação histórica e do processo político. Fazendo com que o indivíduo perceba as determinações que são colocadas a ele do exterior, ou seja, do meio social. E o exterior também determina alguns aspectos dos nossos sentimentos e emoções, além de modificá-los e de influenciar na nossa educação emocional e no nosso desenvolvimento em geral.
A Aprendizagem Emocional que propomos é a de contribuir para a emancipação do homem. Segundo Nunes (2003), a educação emancipatória deve produzir autonomia crítica, cultural e simbólica e carece libertar o indivíduo de toda alienação e submissão, capacitando-o para ser autônomo através do esclarecimento dos processos materiais, culturais e políticos.
Tentando seguir o conselho de Heller (1978) que afirma que no mundo atual a filosofia precisa ser retomada e a razão deve se tornar novamente o sujeito do conhecimento de uma maneira mais radical; propomos este trabalho e esse debate sobre as emoções, para fazer na prática essa retomada da discussão da razão que Heller convida-nos a realizar, como um instrumento para a uma nova reelaboração do pensamento da filosofia.
Para uma melhor educação do homem no mundo atual, para que tenha uma educação realmente emancipatória e para diminuir a alienação emocional das massas, cremos que pode ser encontrada uma resposta com a emancipação da educação intelectual, social e emocional do indivíduo, no qual o aluno participe na elaboração da seleção de conteúdo para a sua formação cultural. Segundo Adorno (1995), numa democracia que funcione, ele afirma que esse é o caminho. E relacionando este projeto de pesquisa com as suas teses, percebo que este projeto é um instrumento para a emancipação emocional e pessoal do homem e da educação.
Na escola a competição, além de influenciar o desenvolvimento emocional negativamente, também pode ser encarada como violência psicológica se for tratada como tal. Para os objetivos da educação atual, cremos que um deles é o de evitar a individualidade e a competição, para que os indivíduos tenham um melhor desenvolvimento emocional e sentimental. A educação atual deve criar maneiras para formar homens com uma consciência verdadeira que promova o desenvolvimento emocional e cultural do ser humano. A Aprendizagem Emocional deve ser utilizada como um instrumento para a emancipação da sociedade.
Oliveira (2001) afirma que para a execução de uma boa educação, é necessário considerar o desenvolvimento humano no todo e sem divisões.
Efetivamente, a pessoa é una e indivisível em si e no seu funcionamento, e por isso é impossível pensar que uma das dimensões mais importantes do sujeito, como é o conhecimento ou o pensamento, possam acontecer defasada de outra dimensão da personalidade igualmente importante, que é a afetividade e a motivação, e ambas interdependentes com a dimensão social. (OLIVEIRA, 2001, p. 20).
É necessário esse debate e temos de elucidar uma reflexão sobre os desafios emocionais que a sociedade enfrenta e terá de enfrentar em um futuro próximo. Uma grande contradição do desenvolvimento emocional do homem refere-se ao grande desenvolvimento tecnológico que a humanidade alcançou e ainda está caminhando. Esse grande avanço científico do homem causa uma radical mudança da sociedade. Pois, é de se notar que certas mudanças beneficiam a alguns e não beneficiam a todos e é aí que se encontram os mais sérios problemas.
Nosso texto pretende fazer uma profunda reflexão sobre o desenvolvimento emocional do homem. Schaff (1995), nos apresenta algumas teses de que o homem terá que buscar um novo significado de vida, uma vez que, segundo ele, a diminuição do trabalho manual irá diminuindo gradativamente cada vez mais. Esse fator afetará o estilo de vida e os valores do homem moderno.
O desenvolvimento da internet, dos meios de comunicação e da microeletrônica colabora para o avanço da democracia mundial, permitindo maior fluxo de informações e mais acesso a conhecimentos científicos e de fatos sociais e políticos. Só que o significado de vida do homem moderno foi brutalmente redirecionado e influenciado negativamente com tantos avanços científicos e tecnológicos.
O nosso objetivo com essa discussão não é o de dar uma resposta ou algumas fórmulas para o desenvolvimento emocional do homem moderno. Queremos mostrar que novos caminhos são necessários aos problemas ligados a estas questões. Mas apresentamos algumas sugestões.
Além de abalar o modo econômico da sociedade, as novas revoluções científicas, irão afetar cada vez mais a formação emocional, social, política e cultural da sociedade como a conhecemos.
Entre todos os autores mencionados nos estudos relacionados com a Inteligência Emocional, os realizados por Daniel Goleman são os que merecem um maior destaque. Depois de diversas leituras sobre o tema, nosso interesse ficou ainda maior quando pudemos perceber que a Inteligência Emocional, com algumas mudanças, pode ser uma arma eficaz para a educação. No primeiro momento eu pensava em utilizá-la para amenizar os problemas de alunos que apresentavam uma formação emocional precária. Hoje percebo que com um bom trabalho nas escolas relacionado com o desenvolvimento das emoções e construção de sentimentos, pode auxiliar na construção de uma sociedade melhor, menos solitária, menos violenta e mais feliz.
A nossa motivação pessoal foi fortalecida, quando na pesquisa de campo pudemos constatar que a carência que uma