A ERA DA RECONSTRUÇÃO: Somos uma raça cósmica rumo ao espaço
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A ERA DA RECONSTRUÇÃO - Joacir Pezente
Prólogo
O livro faz uma análise da organização social da raça humana, historicamente determinada tão somente pelo fluxo natural dos acontecimentos e da mudança de rumo causada pelo conhecimento científico e pelo desenvolvimento tecnológico, que culminou na definição de uma diretriz a ser seguida pela raça humana, inspirada pelo surgimento de uma consciência cósmica que convictamente assume a natureza como fonte basilar de todo o conhecimento.
Desvendar os segredos da natureza, compreender e controlar seus mecanismos de funcionamento, revela nossa tendência de seguir os passos do criador. Nesta caminhada implacável rumo ao inexorável destino, fazemos com que os limites da impossibilidade recuem, à medida que a capacidade de realização cresce com o estado da técnica.
Entrar na era espacial, aventando a possibilidade de contato com civilizações mais evoluídas, requer apresentar-se como raça única, regida sob a égide de um único representante global.
A era da reconstrução trata principalmente da complexidade deste momento em que a humanidade decide reorganizar-se à revelia dos governos, num movimento que questiona os comportamentos individuais e coletivos, não raramente egoístas, em prol de um modelo universal que prioriza a dignidade do ser humano e congrega todo o potencial humano para o desenvolvimento de suas capacidades criativas e cognitivas.
O despertar da consciência cósmica leva a humanidade a refletir sobre a pluralidade de modelos de desenvolvimento social em curso no planeta e faz perceber que o mundo clama por dignidade. Retumba em todos os cantos do planeta a incoerência dos modelos sociais estabelecidos, absolutamente incompatíveis com o conceito de racionalidade e com uma visão cósmica da raça humana.
De modo sucinto, o livro é um projeto de reorganização social planetária da raça humana, que trata desde as mudanças comportamentais dos indivíduos, a flexibilização dos grupos sociais quanto à ordem política, étnica, religiosa e territorial e dos governos, numa reestruturação político-social representativa, agregando desde a menor organização social, o indivíduo e a família, até grupos gradativamente maiores, culminando na representação de um governo global.
Então sim, a humanidade estava pronta para avançar pelo espaço na busca de novos mundos e de outras civilizações, senão na busca de sua própria origem.
Um longo caminho de milênios de evolução foi percorrido pela humanidade até alcançar a era espacial.
Desde o início, cativa em seu planeta, a humanidade observou as estrelas e na impossibilidade de alcançá-las, criou mitos capazes de conduzi-la para além da imaginação, muitas vezes ultrapassando os limites da ponderabilidade, porém suficientes para dar-lhes satisfatória, embora temporária interpretação.
Limitada em conhecimentos, porém sempre impelida pela curiosidade, buscou entender a natureza a sua volta.
Nesta busca doutrinária, de complexidade raramente compreensível, somente a imaginação foi capaz de atender aos anseios natos da racionalidade e da inteligência, como alavanca propulsora da criatividade e geradora mestra de toda a evolução.
Conquanto ainda sem ter determinado uma diretriz norteadora de seu destino, a transcendentalidade de sua consciência cósmica, embora tenha permanecido aparentemente dormente por milênios, demandava subliminarmente o rumo de sua caminhada, mesmo em meio ao viés sinuoso de suas interpretações erráticas.
Na caminhada implacável rumo ao inexorável destino, norteada inicialmente apenas pela observação dos fenômenos da natureza, a humanidade fundamentou, além dos mitos, os princípios básicos do conhecimento científico. Princípios estes que após serem crivados pela experimentação foram formando a base da ciência.
E foi somente após o entendimento dos princípios fundamentais da ciência, consubstanciados na observação da natureza e de seus fenômenos e corroborados pela experimentação, que a humanidade iniciou efetivamente seu domínio sobre o planeta e pode construir o alicerce do saber, de onde erige todos os seus conhecimentos.
Foi como encontrar o fio da meada. A partir daí bastou um lapso de apenas três séculos para conseguir desprender-se da superfície do planeta e entrar na era espacial.
O domínio da ciência e a disseminação do saber pelo ensino coletivo conduziram ao aprimoramento das tecnologias nas várias áreas do conhecimento, permitindo a produção de máquinas, equipamentos e ferramentas com grau crescente de capacidade, velocidade e precisão.
Com o apoio das máquinas automáticas operou-se uma expansão explosiva de descobrimentos científicos, com impacto imediato no desenvolvimento tecnológico.
Este mecanismo em cadeia evoluiu rapidamente para sistemas complexos de automação, com elevado fator de segurança operacional, permitindo a análise e o controle instantâneos dos processos, ampliando os campos de pesquisa e contribuindo para um aumento veloz da potencialidade humana em todos os seus empreendimentos.
A ampliação do conhecimento científico e dos recursos tecnológicos permitiu um avanço significativo na perscrutação do espaço e ao descortinar a magnitude do universo, fez transparecer a insignificância da terra e mesmo do sistema solar no contexto cósmico, aguçando ainda mais o fascínio pelos céus e fazendo surgir sofisticados instrumentos de observação e naves, que permitiram romper os grilhões do cativeiro.
O intervalo de tempo decorrido entre os primeiros vôos aéreos, próximos à superfície do planeta e o lançamento de satélites orbitais foi muito curto.
Enquanto pequenas e grandes aeronaves deslocavam-se pela atmosfera entre vários pontos do globo, os primeiros satélites eram colocados em órbita planetária, com a função principal de auxiliar as comunicações e fazer o monitoramento da superfície terrestre e do espaço próximo.
Com a contribuição dos satélites de comunicação, em poucas décadas o volume de informações, antes restrito a poucos manuscritos inacessíveis à maioria das populações, saltou para um turbilhão de informações, que passaram a ser veiculadas de modo instantâneo, dando início a um processo irreversível de globalização.
Uma enorme quantidade de artefatos de uso individual e coletivo para armazenamento e acesso às mais diversas fontes de informações, criados pelas novas tecnologias, impactaram o cotidiano das pessoas de todas as classes sociais, alterando drasticamente suas rotinas para um ritmo frenético nunca dantes ocorrido.
Embora o impacto de uma avalanche repentina de informações, a mente humana mostrou-se capaz e preparada para absorvê-las e dirimi-las.
O desenvolvimento tecnológico causou grandes modificações comportamentais nas populações e flexibilizou os pensamentos na aceitação das possibilidades de realização de feitos até então restritos ao círculo das mentes científicas.
Os limites da impossibilidade recuavam à medida que a capacidade de realização crescia com o estado da técnica.
Algumas décadas se passaram desde a realização dos primeiros vôos aéreos próximos à superfície, até ser atingido o domínio da tecnologia dos materiais, dos combustíveis e dos sistemas de controle, que permitissem viagens seguras de ida e volta ao espaço.
Mesmo superadas as dificuldades tecnológicas, vencer a força de atração gravitacional da terra, através de nossa densa atmosfera, exigia potentes propulsores e demandava enorme quantidade de combustível.
A tecnologia dos combustíveis, ainda incipiente e bastante precária apresentava baixo grau de eficiência de conversão, requerendo grandes quantidades de combustível para uma ida e volta ao espaço próximo, tornando os propulsores extremamente grandes e pesados.
Os tanques de combustível dos foguetes propulsores eram bem maiores e muito mais pesados do que a carga útil transportada, representada pelas cápsulas e pelas pequenas naves de transporte.
Nesta fase inicial de lançamentos de satélites e cápsulas espaciais ao espaço próximo, os enormes tanques de combustível, após serem descarregados nos segundos iniciais do lançamento, eram descartados no próprio espaço e retornavam a terra em queda livre, desintegrando-se na queda, ou caindo nos oceanos.
Mesmo após o desenvolvimento de naves reutilizáveis, este sistema de descarte dos tanques de combustível persistiu por várias décadas, como única alternativa possível para o estado da técnica.
Vários incidentes ocorreram durante a fase de lançamentos de satélites não tripulados, enquanto buscava-se a confiabilidade necessária para lançar naves tripuladas ao espaço.
Mas embora todas as adversidades, a exploração do espaço seguiu inexorável, tanto com lançamentos de satélites orbitais para uso doméstico, para a monitoração e análise da superfície do planeta e para auxílio às telecomunicações, quanto com lançamentos de sondas espaciais enviadas para exploração de outros mundos no sistema solar e mesmo fora dele.
Mesmo sem grandes reservas de combustível, as sondas espaciais aproveitavam-se dos campos gravitacionais dos planetas em seu curso, para ganhar impulso e seguir viagem por rotas remotamente controladas, pelo sistema solar afora e para além dele.
Embora a lentidão com que se moviam através da imensidão do espaço, várias sondas permaneceram enviando preciosas informações, mesmo após ultrapassar os limites de nosso sistema estelar e seguir errantes espaço afora.
Telescópios gigantescos instalados no solo, ou orbitando o planeta, perscrutavam os confins do universo, despejando cabedais de informações nos centros de pesquisa, para o delírio dos cientistas e pesquisadores.
Na impossibilidade de depurar todas as informações recebidas, procedia-se a uma análise seletiva dos padrões de maior interesse, de acordo com os objetivos de cada missão, previamente determinados.
Mesmo assim, continuavam os lançamentos de novos artefatos de análise e observação, aprimorados em recursos e na diversidade de parâmetros de pesquisa, na medida em que se aprimoravam os sensores e os instrumentos, pela integração de novos conhecimentos das ciências que surgiam em vertiginoso avanço.
Na mesma velocidade com que o aprimoramento das tecnologias gerava novos recursos para a exploração científica, encurtava o tempo de obsolescência tanto de produtos, quanto dos equipamentos de análise e de produção.
Em alguns casos, o curto tempo decorrido entre o lançamento e a obsolescência de um produto, não permitia a absorção de seu custo, criando um impasse econômico, provocando a superposição de tecnologias nos centros de pesquisa e o conseqüente salto de gerações na produção de alguns produtos.
Em conseqüência desta logística, vários produtos tecnológicos jamais chegaram ao mercado de consumo, pois enquanto aguardavam seu predecessor gerar o retorno financeiro requerido, outra tecnologia o superava, criando um produto melhor, com menor custo e maior eficiência.
Também os processos de fabricação e de produção compactavam-se no tempo, tornando obsoletas fábricas caríssimas com poucos anos de operação.
Como conseqüência desta inviabilidade econômica, os pesquisadores condicionavam as pesquisas às técnicas