John Holloway: Regime de Acumulação Integral e o debate sobre como mudar o mundo sem tomar o poder
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Sobre este e-book
Diego Marques
Historiador, Sociólogo, Professor do Instituto Federal Goiano; organizador da obra 'Educação em Foco', entre outras obras.
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John Holloway - Diego Marques
INTRODUÇÃO
John Holloway ganhou visibilidade internacional e entre vários movimentos sociais devido à sua obra Mudar o mundo sem tomar o poder: significado da revolução hoje que se baseia numa tese fundamental, a saber a questão da transformação social na atualidade não passa pela tomada do poder do estado. Tal tese foi tanto bem recebida por alguns movimentos sociais quanto bastante criticada por inúmeros outros, expressando assim as divergências existentes entre os grupos que lutam contra o capitalismo.
Apesar das inúmeras polêmicas sobre seu trabalho foram poucas as análises que se debruçaram sobre seu conteúdo, na medida em que uns reproduziam acriticamente seus postulados, enquanto que outros o criticavam baseados em leis e fórmulas revolucionárias
.
Neste trabalho pretendemos realizar uma análise de alguns de seus pontos cruciais e das consequências políticas de suas afirmações, assim baseando-se na totalidade e historicidade da realidade social pretendemos ir a fundo à questão levantada, tentando descobrir as raízes reais que movem esse debate, Holloway e seus críticos. Nesse sentido, achamos que se faz necessário não somente analisarmos as mensagens que reproduzem, mas entendermos as condições sociais que possibilitaram a emergência desse debate.
A DINÂMICA DA LUTA DE CLASSES NO REGIME DE ACUMULAÇÃO INTEGRAL
A produção intelectual de John Holloway se inicia em fins da década de 70 quando este, juntamente com Sol Piccioto, produz os trabalhos Capital, Crisis and the State
e The State and capital: a marxist debate
dando forma ao denominado marxismo aberto
(open marxism
) caracterizado pela tentativa de abrir ou ampliar as categorias marxistas com a ideia de que nós temos que abrir as categorias para entender, e é necessário entender as categorias como categorias antagônicas e categorias abertas
(HOLLOWAY, 2009, p. 6). Portanto, os primeiros escritos de Holloway se dão numa época de transição nas formas de acumulação da sociedade capitalista, portanto, para se compreender tal proposta se faz necessário nos remetermos às condições sociais que estão por detrás de suas análises.
A periodização se apresenta como uma das melhores formas de compreendermos as determinações específicas que se apresentam com o desenvolvimento contraditório da realidade. A conceituação dos períodos históricos diferenciados por quais passou e passa o capitalismo em seu desenvolvimento se apresenta como um importante avanço teórico na perspectiva do materialismo histórico; um dos passos fundamentais para esse avanço foi dado na obra O capitalismo na era da acumulação integral, Viana (2009a). O movimento histórico da luta de classes se expressa nas lutas entre capitalistas e trabalhadores, motor propulsor nas transformações de cada novo regime de acumulação.
Cada regime de acumulação expressa uma transformação histórica na forma de organização das relações sociais capitalistas, embora tais transformações não atinjam a essência do modo de produção capitalista, é evidente as mutações que na relação de dominação capital-trabalho o capital tenha de realizar, especialmente com o processo crescente de declínio da taxa