A Ferida Exposta.
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Poesia para você
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A Ferida Exposta. - Gabriela Zablith Zablith
Antes de mais nada seja bem vindo, primeiramente gostaria de te agradecer leitor que se dispôs a ler essas poesias, contos e crônicas. É muito importante para mim obrigada por existir, segundo para minha avó que sempre me incentivou, que sempre estará no meu coração onde quer que esteja, minha família e minha mãe...Este livro é dividido nos seguintes temas Vida, Amor, Sexo e Morte com poesias,crônicas e contos sobre eles..Espero que goste e boa leitura..
Vida
Infância.
O quanto a inocência se faz presente, não sabemos o valoroso significado do brincar quando nós tornamos adultos, pois ser criança é ser autêntica, falar o que pensa, sem tanto medo de interpretações alheias ou do constante agradar, no mundo da fantasia onde tudo é possível nada é impossível, tive uma boa infância correndo entre as árvores com os pés descalços, onde a vista ficava inundada com a natureza num condomínio fechado bem arborizado, brincando de dona da rua, policia e ladrão, gato mia, na minha época risos havia menos internet e mais brincar, como era gostoso brincar, conseguir imaginar uma história apenas provida de bonecas na mão, tenho boas lembranças, um lar com muito amor, uma família amorosa, com risos, conversas entre a lareira, comilança durante os almoços ou jantares em família. Ser criança em se deixar mergulhar na imaginação do brincar, de casinha, de fazer comida imaginária com flores e plantas, de ser dona de restaurante, de locadora , de puxar o cobertor pelas escadas, essa era a adrenalina, pegar bichos para enlouquecer meu pai para depois cuidar,cachorro, gato, peixe.Brincar tanto que chega a hora dormir por exaustão, acordar animada para brincar de novo com meus irmãos, no caso uma irmã e um irmão, de brincar, de bater, de apanhar, o mais importante amar sem saber da onde apenas sentir no coração um amor tão vasto quanto a imensidão das estrelas.
Adolescência .
Ainda brincava de boneca, mas ao ver os meninos do outro lado da rua escondíamos no armário, agora as brincadeiras haviam evoluído para salada mista e verdade ou desafio, tudo o que eu queria, era ser aceita, como isso era importante, parecia que o único momento que existia era aquele, ser aceita era a coisa mas importante, adivinha não era cansei de escutar que eu era feia, apesar de me descobrir bonita ao me tornar adulta, o meu sofrimento foi não ter sido chamada para dançar nas festas de 15 anos, eu e uma amiga ficávamos sentadas aguardando o nunca chegar porque nunca fomos chamadas, fui beijar a primeira vez com dezoito anos pois tudo que ouvia era que fulana ou ciclana não prestava, só porque tinha beijado alguém ou qualquer motivo que os meninos encontravam para vomitar seu machismo, pois tudo era motivo, logo fui perdendo algo que demorei um bom tempo para encontrar depois minha autenticidade, descobri também lá durante esta fase meu primeiro orgasmo ao descer meus dedos no meu clitóris, meu primeiro contato com meu próprio prazer, meu primeiro beijo, numa balada se fosse definir com uma palavra intensidade misturado com excitação, beijou minhas bochechas deslizou os lábios até encaixar sua boca na minha e eu perder a noção de tempo e espaço tudo que meu corpo era prazer, se tornou um breve momento de realidade paralela, para depois por ironia apesar de ter beijado um cara só naquela noite ser acusada de ter ficado com sete, a adolescência definitivamente não foi tão gostosa quanto a infância, sofri muito bullying, o tempo todo ressaltaram o quanto era inadequada por não ser popular, logo foram momentos trancada na minha torre pessoal feito Rapunzel me escondendo por escutar e dar ouvidos o quanto eu era feia.
Adulta.
Uma criança mulher, às vezes ainda me sinto muito imatura, como uma eterna Peter pan no corpo de uma mulher adulta, descobrir que tudo na adolescência se tornaram preocupações tolas perto das cobranças e desafios de se crescer, me descobrir mulher também foi uma questão afinal ao longo da minha vida, aprendi a me relacionar de forma mais saudável com minha sexualidade, descobrir o próprio prazer quando se é mulher é quase uma revolução quando quase nunca mostram isso nos filmes, nós mulheres somos repreendidas na nossa educação sobre masturbação feminina, logo descobrir o próprio prazer se torna algo precioso numa sociedade que tudo o que fazemos e falamos pode ser mal interpretado, se usa roupas curtas é um convite para uma justificativa de algo injustificável, se falamos algo mais ousado somos vistas como mulher que não presta, enfim ser adulto em si ser humano já é um desafio quando se é mulher é muito mais desafiante definitivamente, a cobrança com o físico, com a beleza é constante, como pode ou não se comportar, assim é um desafio ser adulta e ainda mulher, mas nunca me senti tão questionadora, tão fascinada em autoconhecimento, sou aquela que adora provar coisas novas, novos alimentos, descobrir talentos dos quais não sabia que tinha, me descobri intensa, amei, namorei, sofri muito, quase morri algumas vezes de tanta dor, mas viver definitivamente é uma grande aventura.
Parafuso retorcido.
Me sinto às vezes como um parafuso retorcido de esperança, mas as minhas falhas são como flechas em meu coração, queria um pouco mais de leveza, meus pés já estão cansados de tanto tentar, será que alguém me escuta me lê?Será que meu grito ecoa a dor de minhas entranhas ao fracassar novamente?Se tudo o que faço é tentar queria ao menos conseguir,conseguir meu lugar no mundo do sonhar onde é possível me destacar e encontrar meu lugar no mundo, podendo me sentir pertencendo a ele, como um abraço gostoso de quem se ama,um lugar no universo do escrever..
Cascas de laranja e flores mortas..
Me sentia como as cascas de laranja que se despedaçaram quando você partiu, havia morrido como flores mortas pelo menos a parte que sonhava com o nosso futuro e fiquei ali com uma saudades visceral nas mãos aos lados das cascas de laranja e flores mortas que deixou para trás..
Uma grande amiga.
Nos momentos mais difíceis da minha vida tive uma grande amiga, da qual pude vomitar minhas dores, ao fazer sentia um alívio tão extenso quanto as estrelas no céu, ela me deu um ombro para chorar.Onde apoiava meus dedos, colocava minha cabeça a divagar sobre minha própria existência, logo se fazia presente, bastava eu por uma lapiseira nas mãos em contato com um papel de meu caderno, para a magia dela acontecer.As palavras se juntavam como imãs, quando vi nós tornamos unha e carne, já não conseguia mas viver sem ela.Ah minha amiga escrita, é de ti que estou falando, espero que nossa amizade dure pela eternidade adentro dessa minha pequena existência.Pois é através de você que consigo por minhas entranhas da autoexpressão para fora, mesmo assim continua aqui, sempre me pertenceu e eu sempre te pertenci e espero que seja assim até a hora que possa fechar os olhos e partir.
Devorar.
Devora minhas certezas, vira dúvidas, das quais, eu fujo, corro como Alice atrás de seu coelho branco. Sussurre no meu ouvido que não sou capaz, diga que não tenho futuro e estou perdendo meu tempo. Mostre-me o monstro do medo que me sinto como uma criança indefesa. Então eu peço, eu imploro, deixe-me aqui para escrever.
Bagunça
Tudo está uma bagunça, roupas espalhadas no armário, cobertores envoltos em minhas coxas grossas, minhas cachorras pela cama ao meu redor, meu casaco, meias pelo chão, papéis de possíveis poesias amassadas e jogadas, tudo uma grande bagunça dentro e fora de eu mesma.
Grito
Posso gritar? Será que vou parecer louca se quiser gritar? Pleno século vinte e um, ainda querem decidir quem pode amar quem?Mesmo não tendo nada a ver com a história?Ainda querem opinar. Destilando sua ignorância para quem quiser ver e ouvir. Digo Não. Todos merecemos ser respeitados e amados, tudo é amor, homem com homem, mulher com mulher, hetero, bissexual, lgbtqi+, tudo é amor, tudo ecooa amor. Então porque o amor não pode ser aceito? respeitado?. Porque as pessoas jogam lixo na rua? Por que tanta poluição?Porque destroem a Amazônia, não podemos fazer nada, nem dizer nada? Machucar tantos animais em prol da ignorância humana, sejamos amor, sejamos um grito de amor, onde este barulho seja apenas amor, menos violência, ódio e ignorância.
Dentro
Às vezes tenho vontade de fazer morada dentro de mim mesma, pois é dali que florescem as ideias, como flores na primavera de dentro para fora.Neste lugar não sou julgada ou analisada, apenas me expresso como um café.
Fome
Eu tinha fome, fome de quê? Minha mente teimosa falava, eu respondia para mim mesma, de ser independente, morar sozinha, de ter sucesso e encontrar um lugar que possa finalmente chamar de meu.
Gotas de café no papel.
Não tive intenção, mas derramei gotas de café no papel velho do meu caderno de poesia, a culpa me consome.Minha mente teimosa me disse que eu poderia estar tão distraída, minha mente continuava me atormentando com a culpa, mas pensei para compensar. Ah, são apenas algumas gotas de café no papel, pare de falar e me deixe em paz, tomando meu café enquanto começo a escrever.
A espera eterna.
Às vezes vivemos para esperar, que o futuro será melhor, na fila do mercado, a pizza chegar, o ônibus passa, o café esfriar. Ah, vivemos para ter esperança de que as coisas vão melhorar, a ansiedade me consumido com a promessa de um futuro melhor. Mas tudo o que temos é aquele presente que esperamos gastar.
Cigarros e café