Motô de Buzu
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Motô de Buzu - Sandoval Barboza dos Santos
SANDOVAL BARBOZA DOS SANTOS
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente a DEUS pela inteligência e inspiração, à minha família, em especial Marcia Barboza por todo o apoio e incentivo e aos amigos pela colaboração para a concretização deste trabalho! É de suma importância a contribuição de todos na elaboração desta obra literária.
PRÓLOGO
O livro narra a história de Pacheco, um motorista que morava no interior da Bahia e veio para a capital baiana em busca de um emprego numa empresa de ônibus, recém instalada na cidade e que estava admitindo muitos motoristas. As condições impostas para disputar uma vaga na referida empresa, causou a desistência dele pelo emprego, mas ele conseguiu a tão sonhada colocação em outra empresa. Os altos e baixos desta aventura, assim como os bastidores da vida profissional de um motorista de ônibus, serão retratados nas páginas a seguir, com muito humor e irreverência.
Boa leitura!
CAPÍTULO 1
- Atenção! Os motoristas que irão entregar a Carteira para avaliação, organizam-se deste lado.
Assim falou o funcionário de uma empresa de ônibus em Salvador e indicou o lado direito a seguir. As palavrinhas mágicas soadas ao vento, causaram o maior alvoroço entre os mais de mil homens que ali se encontravam. Empurrões, puxões, xingamentos, atropelos e muito desespero. Carteiras voavam das mãos, vestes eram rasgadas, gritos ecoavam e, todos, queriam chegar ao portão em primeiro lugar, mesmo diante do pedido de calma, proferido pelo funcionário, que diante do caos ali estabelecido resolveu fechar o portão e não atender ninguém. Eram por volta das dez horas, o sol forte castigava aqueles homens, que estavam ali desde as primeiras horas da manhã, na esperança de conseguir um emprego. Entre eles estava Pacheco, que havia se deslocado do interior do estado, para trabalhar dirigindo ônibus, pois buscava oportunidade melhor que trabalhar como caminhoneiro. Não participou da bagunça, apenas observou o comportamento daqueles homens e não conseguiu entender como profissionais que trabalhariam com Atendimento ao Público, agiam daquela maneira. Sem esperar qual seria o desfecho final, deixou o local. Saiu andando pensativo e desolado! Chegou a imaginar que jamais conseguiria aquele emprego, pois não tinha coragem de enfrentar aquele processo de avaliação profissional. Mal sabia que conseguiria o emprego sem precisar passar por toda aquela experiência desastrosa.
Enquanto caminhava pensativo, Pacheco lembrava do que acabara de presenciar. Um verdadeiro festival de descompostura humana. Ainda sentia o cheiro acre do suor e do hálito impregnado de álcool ou nicotina. Decidiu seguir por um atalho do caminho que teria que percorrer até em casa. Foi essa escolha que lhe causou uma grande surpresa! Deparou-se com a garagem de outra empresa, que estampava no portão, um cartaz informando que a mesma precisava de motoristas. Ele se dirigiu a portaria em busca de informação sobre como participar do processo seletivo e o Agente de Portaria solicitou a Carteira de Trabalho e Carteira Nacional de Habilitação, logo em seguida informou que o resultado da análise seria divulgado no dia seguinte. A esperança renasceu para Pacheco, que veio em busca da oportunidade de emprego em uma empresa, recém-chegada à cidade, que estava admitindo muitos motoristas, mas ele encontrou essa oportunidade numa empresa já estabilizada e sem precisar ser um gladiador na disputa pela vaga. Seguiu para casa radiante, apesar da sujeição à análise da carteira, ele acreditava que conseguiria o tão sonhado emprego. Caminhava e pensava que não precisou participar daquele festival de horrores. O dia seguinte prometia!
Depois de uma noite mal dormida, foi difícil conciliar o sono, então, o novo dia amanheceu com promissores raios de Sol. Pacheco estava confiante na aprovação e consequentemente, no prosseguimento do processo seletivo, tão almejado. Há mais de dez anos ele trabalhou em uma empresa de ônibus da capital, mas era tudo diferente, não haviam muitas empresas no sistema e nem os sindicatos, patronal e de empregados, que agora regiam as normas trabalhistas. Com esses pensamentos povoando a mente, ele se dirigiu à empresa, caminhando cerca de dois quilômetros, pois a condição financeira não era boa e precisava economizar o que fosse possível, afinal uma família esperava-o com o providencial sustento. Pai de seis filhos, e com a responsabilidade individual de mantê-los, uma vez que a esposa só cuidava da casa. Chegou na empresa, meia hora antes do horário programado. Casualmente, juntou- se aos demais colegas que já se encontravam ali. Aos poucos foi se ambientando sobre aquela empresa. Alguns falavam bem, outros consideravam a mesma rígida demais na operacionalidade e comportamento dos funcionários. Ficou sabendo que a categoria agora era denominada de Rodoviários
, das conquistas e vantagens que haviam conquistado durante o tempo que ficou fora do sistema. Finalmente chegou o grande momento, seria anunciado o nome dos aprovados, como esperado, ele foi aprovado. Feliz com o desfecho, mas preocupado com o que ouviu nas conversas entre os candidatos, onde todos comentavam as dificuldades dos testes realizados no processo seletivo. Todos traziam um livro de sinais de trânsito, a maioria debaixo do braço. Apesar da experiência profissional que todos diziam ter, Pacheco não entendia o porquê da leitura dos referidos livros. Dali em diante tudo transcorreu dentro da normalidade, todas as etapas foram realizadas com êxito. Após a última etapa, que foi uma entrevista com o diretor da empresa, o qual reprovava os candidatos dos signos de Aquário e Peixes, estavam todos esperando a entrega da relação dos documentos exigidos para a admissão, quando um dos candidatos comentou que não podia demorar, pois iria colocar o nome na lista para trabalhar no final de semana em uma determinada empresa de ônibus. Pacheco ouvindo o comentário quis logo saber se qualquer um poderia trabalhar e o candidato respondeu que sim. Então ele foi e conseguiu, porém só trabalhou no domingo, pois no sábado, sem conhecimento das regras, ficou a ver navios. A semana começou trazendo a esperança de dias melhores. Documentação entregue, treinamento realizado, só faltava receber o fardamento e trabalhar. Mas não foi bem assim. Ao invés de receberem o fardamento, foram informados de que novos documentos teriam que ser entregues, para obtê-los ele precisou ir até o último empregador, no interior. Ainda bem que ele trabalhou no final de semana e ganhou dinheiro suficiente. A solicitação foi atendida, mas nada de contratação, a cada dia que passava o sonho parecia mais distante.
Depois de mais de uma semana de angústia, o motivo da demora na contratação veio à tona. Seis motoristas se tornaram aptos para a admissão, mas no momento de concluir o processo, dois deles, que apresentaram a última experiência profissional como motoristas carreteiros, na verdade trabalharam em uma empresa de ônibus que estava à beira da falência e os profissionais remanescentes da mesma não eram aceitos pelas outras empresas. Então esquentaram
a carteira, para conseguirem um novo emprego. Descobertos, tentaram negar, um deles desistiu sem nada revelar, mas o outro, questionado por policiais, abriu o jogo para conseguir a vaga, por conta disso oito motoristas que foram admitidos anteriormente na mesma condição, foram demitidos e juraram se vingar do traidor, mas nada aconteceu. Enfim, Pacheco sentiu em suas mãos o tão sonhado fardamento, assim como conheceu a escala de trabalho, saiu radiante! Conseguiu algo que julgava muito difícil: ser um Motorista de Ônibus! Ao chegar em casa, onde um familiar o hospedou, contou com euforia toda a sua conquista, entretanto, ficou apreensivo, pois todos se mostraram preocupados porque ele iria trabalhar em um bairro com alto índice de violência. Como iria trabalhar pela tarde, ele foi fazer uma viagem de reconhecimento na linha que trabalharia, pela manhã. Ao conversar com um motorista e informar que