Advogados Além do Direito

De Marcos Demian

O livro Advogados além do Direito aborda um assunto que muitas vezes é indevidamente esquecido nas faculdades de Direito, mas que deveria ser uma das prioridades, especialmente para aqueles que optam pela advocacia como profissão. A competitividade exige cada vez mais que os advogados não limitem suas habilidades ao campo jurídico e que possuam maior conhecimento sobre estratégia, mercado, desenvolvimento pessoal e marketing.

Esses temas nem sempre são aqueles que os advogados estão habituados a pesquisar, portanto a abordagem do livro não veio em formato de manual, e sim de uma maneira acessível, com a estória de um escritório de Direito que necessitava reconquistar seu espaço no mercado.

Com esse estilo de abordagem inovador, o livro auxilia o aprimoramento dos advogados, tornando-os hábeis e mais bem preparados para a atuação com seus clientes.

Advogados além do Direito: uma proposta original, otimista, divertida e útil para os leitores.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Appris
• Data de lançamento: 18 de mar. de 2020
• ISBN: 9788547320904

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Editora Appris Ltda.

1ª Edição - Copyright© 2018 dos autores

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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO SOCIOLOGIA DO DIREITO

Oração à Santa Edwiges

Ó Santa Edwiges, Vós que fostes na terra amparo dos pobres e desvalidos e socorro dos endividados, no Céu, onde gozais o eterno prêmio da caridade que praticastes, confiante Vô-lo peço, sede a minha advogada, para que de Deus eu obtenha a graça (PEDIDO) e por fim a graça da Salvação eterna.

Amém!

A meus pais, irmãos, esposa e filhos.

APRESENTAÇÃO

Ser um grande advogado é o sonho de muitos que iniciam a carreira jurídica. Para isso, é indispensável o estudo contínuo, tanto para aprimorar o conhecimento como para seguir atualizado frente às frequentes mudanças legais.

Acontece que todo brilhantismo de um advogado somente poderá ser aferido se ele conseguir posicionar-se no mercado e conquistar os seus clientes. Essa pode ser uma tarefa difícil caso o jurista não busque desenvolver suas habilidades pessoais, especialmente aquelas que tratam do relacionamento com o público.

Elaborar uma tese, convencer o juiz e vencer um processo podem ser tarefas que os advogados alcancem com seus conhecimentos técnicos, porém, antes disso, é preciso elaborar um planejamento, conquistar o cliente e, assim, vencer os concorrentes.

Esse é o propósito do livro. A narrativa gira em torno de um escritório de advocacia que passa por um momento de turbulência no mercado; assim, o filho do proprietário debruça-se em tentar solucionar a questão, quando seu amigo de infância propõe uma semana de aulas sobre marketing. Na saga, alguns dos integrantes do escritório concordam com a alternativa, mas nem todos estão de acordo. Superadas as contrariedades iniciais, o curso é realizado e novas perspectivas começam a aparecer.

PREFÁCIO

O universo que envolve o Direito como um negócio é bem complexo. O estudante ainda na faculdade não tem a mínima ideia do que lhe espera na profissão. Não basta ser um apaixonado pela advocacia e ter talento no trato com as leis é necessário ir além do Direito.

Sempre me preocupei muito com esse tema, acreditava que não podia errar. Não tinha em minha família qualquer amparo profissional ou espelho na advocacia, apenas muita vontade de um dia ter um escritório de sucesso e poder viver bem como advogado.

Assim que comecei a encontrar o caminho para conquistar os clientes na advocacia juntamente ao Magistério, minha outra paixão, comecei a divulgar e ensinar aos colegas e alunos os atalhos para o sucesso no negócio jurídico. Não tenho formação acadêmica nesta área (marketing), mas a vida profissional no direito me deu a experiência, aprendi errando, caindo, levantando e corrigindo as falhas, caminho árduo, demorado, mas o único que estava a disposição à época.

Provavelmente influenciei muitos colegas e alunos com minhas histórias e conhecimentos e, como tudo nesta vida um dia volta, recebi um presente do Dr. Marcos Demian quando me convidou para prefaciar o seu livro, o que faço aqui com o maior prazer, pois se trata de uma leitura leve e extremamente agradável que traz um conteúdo fantástico para quem pretende ter sucesso na advocacia.

O verdadeiro aprendizado está enraizado em fazer com que o aprendiz viva o ensinamento e possa tirar dele o melhor proveito, por isso os bons professores levam a teoria ao universo da prática exemplificando cada conceito. Sem dúvida alguma o construtivismo é a melhor ferramenta de assimilação.

O livro Advogado Além do Direito é construtivismo puro, uma verdadeira aula de Marketing Jurídico e Pessoal, que soma conceitos e técnicas práticas a uma bela e divertida Estória, o leitor aprende sem perceber exatamente que se trata de algo muito sério e que pode mudar sua vida profissional.

A técnica utilizada pelo autor, mesclando a teoria com a estória e entretenimento atua diretamente no subconsciente do leitor, fazendo com que este entre na estória e torça pelo sucesso dos personagens, vibre em cada capítulo e aprenda muito com isso, pois ocorre um caminho inverso, subconsciente para consciente, sendo que o caminho clássico do aprendizado dos manuais técnicos trilha o caminho do consciente para subconsciente e nesse trajeto muita coisa se perde.

Este é o livro que gostaria de ter lido quando comecei o primeiro escritório, mas também seria de grande valia em outros momentos passados da vida profissional somando no crescimento. Na verdade, confesso que ainda hoje aprendi muito com esta leitura.

O autor foi muito feliz ao contemplar esta obra e não tenho dúvida que será uma ferramenta valiosa para quem verdadeiramente quer ter sucesso na advocacia.

Boa leitura.

Rogério Martir

Sumário

O taxista

A volta da viagem

O administrador

A notícia

As aulas

O segundo dia

Dormientibus non succurrit jus

4º Dia 

Últimas lições

Referências

1

O taxista

Se você não tem uma ideia simples e diferenciadora para impulsionar sua empresa ou sua marca, é melhor que tenha um ótimo preço.

– Jack Trout

Naquele final de maio, a bela cidade de Aracaju iria sediar o 8º Encontro Nacional de Direito Civil. Seria um rápido evento de três dias, mas o assunto interessava muito ao escritório Arantes Alencar. O proprietário da banca, Dr. Osvaldo Arantes Alencar, escolheu seu próprio filho para presenciar o acontecimento que teria grandes palestrantes. César, o filho do advogado, estava prestes a completar 21 anos e faltava apenas um semestre para concluir o curso de Direito.

Os olhos castanhos do rapaz ficaram encantados com a vista aérea da cidade. Logo após o pouso, o jovem pegou seu celular para chamar o Uber, entretanto, percebeu que estava sem bateria. Sem opção e decepcionado consigo mesmo por não ter lembrado-se de carregar o aparelho, saiu procurando por um táxi. Estava um pouco perdido e acabou chegando à área de embarque, onde avistou um homem de terno e gravata fechando a porta de um táxi para uma senhora. Imaginou que estivessem juntos, mas, na realidade, tratava-se do próprio taxista, que passou a falar ao celular enquanto se preparava para entrar em seu veículo:

— Sra. Fátima, não poderei atendê-la pessoalmente, pois estou um pouco distante, mas em dois minutos meu filho lhe ligará para combinarem.

Após uma breve pausa, o taxista concluiu a conversa:

— Sim, ele conhece o lugar de sempre. Até logo e obrigado!

Quando o jovem chegou perto, escutou apenas essa parte da conversa, que o taxista estava finalizando. Ao perceber a presença do rapaz, cordialmente o dono do carro perguntou:

— Nenhuma bagagem maior, senhor?

O jovem rapidamente avaliou a situação e concluiu que o taxista era muito simpático e atencioso, o que julgou fazer parte de uma simples tática para ludibriá-lo e cobrar um valor acima do correto, mas toda essa atenção não seria suficiente para enganá-lo, afinal, sabia qual a distância do aeroporto até o hotel e, assim, imaginava a faixa de preço que pagaria.

O escritório estava passando por um momento financeiro um pouco delicado, o que justificava o medo de César em gastar muito com a corrida de táxi. A viagem só foi possível por causa da promoção da companhia aérea. O hotel, apesar de chamar Classe A, não fazia muito jus ao nome, afinal era apenas uma simples pousada.

— Só estou com esta pequena mesmo, quanto é a corrida até o hotel Classe A, no Centro?

— O famoso hotel Classe A, chegaremos rapidamente! – exclamou o taxista antes de informar a estimativa de preço para o rapaz.

Como o valor estava de acordo com o que o jovem calculara, entrou no carro, mas não demonstrou qualquer simpatia, apenas se sentiu um pouco feliz por saber que pagaria o preço justo, que, aliás, sempre soube que faria, pois caso o taxista cobrasse valor desproporcional, simplesmente procuraria outro.

Incrível como aquele táxi brilhava por fora e era confortável por dentro. Em geral, tais veículos costumam ser bem organizados, mas aquele conseguia superar qualquer outro que já tivesse visto; quase perguntou para o dono como que fazia para o carro ficar tão reluzente. Era possível ver que não era um veículo totalmente novo, deveria ter três ou quatro anos, mesmo assim estava impecável. O táxi poderia fazer inveja a um carro novo em exposição.

Durante seus breves pensamentos, percebeu que o taxista consultou rapidamente uma lista que tinha alguns nomes de clientes com algumas características anotadas. Com o papel na mão fez mais uma ligação, que, dessa vez, foi totalmente escutada pelo então curioso passageiro.

— Filho, a Sra. Fátima está na Treze de Julho, não posso atendê-la, pois estou no aeroporto. Já terminou sua última corrida?

O jovem concluiu que a resposta foi positiva, pois o taxista fez as seguintes recomendações:

— Então, tudo bem, ligue para ela e confirme que vai atendê-la. O número está aí na lista, é a Fátima Santana.

Curiosamente, percebeu que o motorista alertou que a tal senhora Santana só bebia refrigerante light. Essa conversa foi muito rápida, mas muitas coisas passaram pela cabeça do jovem. Olhou o relógio e percebeu que chegaria ao Encontro em cima da hora, mas, como já estava vestido para a ocasião, não deveria se atrasar.

Além da preocupação com o horário, o que mais o afligia era a possibilidade de ser enganado pelo motorista, pois, em sua opinião, esse tipo de profissional não gozava de uma boa reputação. No mesmo momento, lembrou de uma pesquisa que dizia que 80% da população não confiava nos advogados. Quanto a isso, acreditava ser um absurdo, sempre acompanhou o esforço do pai, advogado há vários anos, e conferiu pessoalmente que era um jurista exemplar e um dos homens mais honestos do planeta.

Certamente seu pai era um modelo de advogado, que se empolgava mais com as vitórias em si do que com as consequentes recompensas financeiras. Da mesma forma, quando perdia algum litígio, quase sempre se sentia tão ou mais decepcionado do que o próprio cliente.

Sobre os taxistas, seguramente não poderia dizer o mesmo. Pensou, então, que uma pesquisa deveria ser feita avaliando a honestidade de taxistas e não de advogados. Ao terminar a ligação, o motorista aumentou um pouco o volume do som, que tocava uma belíssima música instrumental, e abriu uma portinha embutida perto do câmbio do veículo. Logo em seguida, perguntou se o cliente gostaria de alguma bebida.

Era uma pequena geladeira, mas tinha espaço suficiente para três ou quatro tipos de refrigerante, água e até uns bombons no cantinho. César aceitou a água, mas, assim que terminou de beber o primeiro gole, quase engasgou, pois concluiu que deveria gastar relevantemente mais do que o motorista havia informado. Falou baixinho:

— Que taxista desonesto, deve cobrar uma fortuna pela água.

— Pois não, senhor? – disse o taxista.

— Não, nada não, só comentei que eu estava mesmo com muita sede. É bom que o senhor faz um troco a mais com balas, chocolates e refrigerantes.

O taxista sorriu e disse que já estava tudo incluído no valor da corrida. César ficou um pouco incrédulo e, assim, quase não prestou atenção ou, ao menos, não entendeu ao certo quando o motorista perguntou se ele também era um homem de negócios.

— Como assim? Negócios? Não, não, quer dizer, não administro nada, vou ser advogado.

— Desculpe, deveria ter notado que é um homem da lei. É que gosto muito de conversar com executivos, quase