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Celebrar o Dia do Senhor - Vol. IV: Subsídios Bíblicos - ANO C
Celebrar o Dia do Senhor - Vol. IV: Subsídios Bíblicos - ANO C
Celebrar o Dia do Senhor - Vol. IV: Subsídios Bíblicos - ANO C
E-book319 páginas7 horas

Celebrar o Dia do Senhor - Vol. IV: Subsídios Bíblicos - ANO C

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Sobre este e-book

A obra de Francisco Taborda e J. Konings contém orientações para o aprofundamento das leituras bíblicas da liturgia dominical e festiva no ano C do ciclo trienal, com o intuito de ajudar a preparação da celebração e da homilia, bem como eventuais comentários que integram a celebração. A liturgia do ano C tem como norte o Evangelho de Lucas, que nos apresenta o caminho do Cristo e de sua comunidade.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de dez. de 2021
ISBN9786555624090
Celebrar o Dia do Senhor - Vol. IV: Subsídios Bíblicos - ANO C

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    Celebrar o Dia do Senhor - Vol. IV - Francisco Taborda

    ABREVIATURAS DOS LIVROS DA BÍBLIA

    1º DOMINGO DO ADVENTO

    Vossa salvação chegou

    Jr 33,14-16

    Sl 24(25),4bc-5ab.8-9.10+14 (R. 1)

    1Ts 3,12–4,2

    Lc 21,25-28.34-36

    Como todos os anos, o Advento é marcado pela espera do encontro com o Salvador. No primeiro domingo do Advento, a perspectiva da primeira vinda do Salvador une-se à perspectiva da segunda vinda, no fim dos tempos, concebida como plenitude da salvação. Nos segundo e terceiro domingos, celebraremos a espera da primeira vinda, e o quarto domingo coloca no centro a virgem Maria, trazendo no seio o Salvador.

    Neste primeiro domingo, reina um tom de discreta alegria, cheia de esperança. A 1ª leitura (Jr 33,14-16) evoca a expectativa do povo de Judá e Jerusalém para o fim do exílio babilônico, quando a cidade deverá ser reconstruída. Isso será um sinal da fidelidade de Deus. Jeremias anuncia que a cidade receberá um novo nome, e esse novo nome inclui uma promessa: O Senhor, nossa justiça. Justiça, quando ela vem do Senhor, significa que tudo estará bom para todos. Essa esperança é sublinhada pelo salmo responsorial (Sl 24): Senhor, a vós elevo minha alma.

    A 2ª leitura acentua o dinamismo inspirado por essa esperança: Fazei progressos ainda maiores (1Ts 4,1). Não podemos nos contentar com o grau de santidade que cremos ter. Deus quer nos estabelecer num grau de santidade sem defeito (v. 13). Paulo fala em amor entre vós e para todos. A expressão para todos não se contenta com o particularismo, com o amor individualista destinado só às pessoas que achamos interessantes. Assim como Jerusalém, depois do exílio, não poderia ser reconstruída sem a solidariedade de toda a comunidade, pequenos e grandes (1ª leitura), também não poderia a nossa nova comunidade em Cristo. A piedade individual não basta. Precisamos de um amor comunitário e uma justiça verdadeiramente social.

    O Evangelho apresenta o assim chamado Sermão Apocalíptico ou Sermão do Fim, segundo Lucas (evangelista do ano), que nos ensina a ler os sinais dos tempos, para estarmos sempre preparados para o encontro com o Senhor: Vossa salvação chegou (Lc 21,28).

    Muitas pessoas ficam com medo quando se fala do fim dos tempos, como se diz. Porém, a ideia do fim, que não é o fim do tempo, mas o tempo do Fim, o tempo definitivo, não deve paralisar o cristão. Pelo contrário, deve torná-lo inventivo, desinstalá-lo. Quem acha que já não precisa mudar mais nada em sua vida, este sim colocou um ponto final atrás de sua vida, mas isso não é bem cristão.

    Por exemplo, alguém pode achar que está praticando razoavelmente bem os deveres para com sua família, quanto à educação; para com seus empregados, quanto aos salários; para com sua esposa, quanto ao carinho e fidelidade; e até para com a Igreja, quanto às celebrações e as contribuições. Porém, satisfeito assim com sua vida particular, talvez esteja cego para aquilo que é preciso mudar no mundo, que é para todos. Talvez esteja cego para as necessárias mudanças na estrutura da sociedade, a fim de que seja promovida a justiça para o bem de todos, contrariamente às estruturas atuais, que muitas vezes impedem isso. Tal pessoa deve crescer muito ainda!

    A justiça de Deus não é uma cobrança de faltas, mas, pura e simplesmente, o bem que Deus deseja, e ser justo é colaborar com isso em alegria e perseverança.

    Se Deus é capaz de transformar um monte de ruínas, como era Jerusalém no tempo do exílio babilônico, numa cidade nova, com o nome de O Senhor, nossa justiça, e se o Messias é enviado para cumprir essa promessa, então o povo do Messias, do Cristo – povo que somos nós –, deve encarnar essa justiça em nossa vida e em nossa sociedade. E essa justiça não é meramente a justiça legal ou comercial, mas a busca daquilo que é melhor para todos e mais nos faz realizar nossa vocação a sermos imagem e semelhança de Deus, que é bom para com todos e deixa sua chuva descer e seu sol brilhar sobre todos (cf. Mt 5,45).

    Há uma mútua correspondência entre a promessa de salvação e a exigência ética para a nossa vida. Isso está muito bem expresso na oração do dia (coleta), que evoca o ardente desejo de ver o Reino, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos junto dele na comunidade dos justos. Não que as nossas boas obras constituam em si mesmas o bem que Deus quer, mas elas fazem parte de seu projeto, elas são nossas notas em sua partitura!

    Lembrando as libertações do antigo povo de Israel – da escravidão do Egito e do cativeiro na Babilônia – Jesus exclama: Vossa libertação está próxima (Lc 21,28). Não podemos ficar olhando para o céu como os apóstolos quando Jesus foi elevado às alturas (At 1,11). Devemos arregaçar as mangas, para fazer com que Jesus, na sua vinda final (2ª leitura), possa reconhecer entre nós o projeto de seu Pai: O Senhor, nossa justiça (1ª leitura). Para que ele possa constatar que fazemos, aqui e agora, aquilo que Deus deseja do fundo do seu coração: a sua justiça.

    O evangelista do ano, Lucas, como seu mestre Paulo, vê a libertação e a salvação no quadro da humanidade universal. Como veremos mais claramente nos próximos domingos, Lucas acentua que a salvação é para todos. Assim, desde o início do novo ano litúrgico, importa ter presente essa visão universal, esse cuidado para que ninguém fique excluído do alegre anúncio por causa de sua origem, raça, classe social ou seja o que for. Estamos a serviço do único Senhor, aquele que merece o nome de O Senhor, nossa justiça.

    2º DOMINGO DO ADVENTO

    Preparar a vinda do Senhor

    Br 5,1-9

    Sl 125(126),1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R. 3)

    Fl 1,4-6.8-11

    Lc 3,1-6

    O tom fundamental deste domingo é dado pela 2ª leitura (Fl 1,4-6.8-11). A Carta aos Filipenses nos ensina a esperar, com o coração puro e irrepreensível, o Senhor que vem. Isso vale para a primeira vinda do Cristo Messias (sua vinda histórica), que comemoramos de modo especial no Advento (= vinda) e no Natal, e vale igualmente para a sua segunda vinda, que transcende a história humana e que leva à plenitude a obra iniciada. Desde o início, a carta mostra a meta: que aquilo que fizermos seja válido para sempre, à luz da eternidade. O desejo do Apóstolo é: Assim ficareis puros e sem defeito para o dia de Cristo, cheios do fruto da justiça que nos vem por Jesus Cristo (Fl 1,10-11). Será que isso não é irreal? Para os critérios humanos talvez sim, mas para Deus não. A revelação que nos é oferecida em Jesus Cristo significa exatamente isto: Deus nos mostra caminhos que nosso imediatismo humano não enxerga. Para nos ajudar a enxergar esses caminhos, veio Jesus como revelador.

    A 1ª leitura (Br 5,1-9) é uma imagem utópica do povo de Deus, simbolizado por Jerusalém. O profeta Baruc, discípulo de Jeremias, anuncia a volta dos exilados do Oriente, da Babilônia. Levados como cativos, voltam como príncipes! Como na segunda leitura de domingo passado, também nesta leitura de hoje, a cidade destruída será reconstruída e receberá um nome novo, que traduz o dom de Deus: Paz da Justiça e Glória da Piedade. A justiça é o que agrada a Deus, e a piedade é o respeito que se tem por ele. Esses títulos são a marca de Deus na reconstrução de Jerusalém e na renovação do povo. Esse nome novo se refere em primeiro lugar a um fato histórico, ocorrido em 538 a.C.: a volta do exílio babilônico e o início da reconstrução da cidade de Jerusalém. Mas esse nome se refere, também, a uma realidade que se estende até hoje: Deus cuida incansavelmente dos seus fiéis e sempre lhes dá novo alento.

    O salmo responsorial (Sl 125) ecoa a gratidão do povo pelas maravilhas que Deus fez com ele. Resume a experiência do desterro nesta imagem eloquente: Chorando de tristeza sairão, espalhando suas sementes; cantando de alegria voltarão, carregando os seus feixes (Sl 125,6).

    Em consonância com essa experiência de renovação do povo, o Evangelho (Lc 3,1-6) apresenta a aparição histórica de Jesus no meio de Israel, em termos que lembram essa volta do exílio babilônico e a restauração de Israel evocados pela profecia na 1ª leitura. Tomado do cap. 3 de Lucas, o texto do Evangelho de hoje abre a nova fase na trajetória da Jesus, depois do Evangelho da Infância, Lc 1–2. Para marcar esse novo momento, o texto evoca solenemente o contexto histórico, com a lista dos potentados que governam a região onde Jesus desenvolverá sua missão. Porém, antes de falar da atuação de Jesus, o evangelista dirige o olhar para o precursor, João Batista. Este retoma as palavras do profeta Isaías, anunciando a volta dos exilados da Babilônia, seis séculos antes. De fato, seis séculos depois, no tempo do imperador Tibério César, essas palavras ganharam nova atualidade, com a vinda do Cristo. E elas continuam atuais para nós hoje.

    É preciso abrir um caminho pelo deserto para o Senhor, que traz os exilados de volta. Esses exilados são agora todos os que se deixam conduzir por Cristo para a sua nova cidade. Isso implica conversão – a volta para Deus que deve acontecer sempre. Não basta Deus se voltar misericordiosamente para nós. É preciso também que nós nos voltemos para ele. Por isso celebramos, a cada ano, o Advento, a Vinda: para ir ao encontro do Senhor que vem até nós, em Jesus de Nazaré e na memória viva dele na comunidade de seus fiéis. A volta dos exilados é apresentada como uma multidão guiada por Deus mesmo para voltar para sua terra de Israel. Mas segundo Lucas, no Evangelho de hoje, o sentido pleno dessa volta, proclamada pelo Batista e conduzida por Jesus Cristo, ultrapassará a perspectiva, ainda nacional, do profeta Isaías: Todos, toda a humanidade verá a salvação que vem de Deus (Lc 3,6).

    3º DOMINGO DO ADVENTO

    Alegrai-vos sempre no Senhor

    Sf 3,14-18a

    Is 12,2-3.4bcd.5-6(R. 6)

    Fl 4,4-7

    Lc 3,10-18

    No 1º domingo deste Advento, fomos confrontados com a perspectiva do Fim e, no 2º domingo, exortados à conversão, para desobstruirmos o caminho de chegada do Senhor. Hoje, no 3º domingo, o tom é de alegria, porque o Senhor vem. E esse Senhor é tanto Deus, que se dá a conhecer através dos profetas no Antigo Testamento, quanto Jesus Cristo, seu Filho, que revela Deus no meio de nós, desde o seu nascimento, que vamos comemorar dentro de poucos dias. E, com Jesus, chega até nós o reinado de Deus, que transforma a nossa vida. Por isso, é hoje o Domingo da Alegria, no meio do tempo do Advento.

    Depois do anúncio de chegarmos às alegrias da salvação (oração do dia), a 1ª leitura (Sf 3,14-18a) nos envolve no canto de alegria por Sião, do profeta Sofonias. Alegria pela presença do Deus Salvador: Não temas, Sião, não desanimes: o Senhor está no meio de ti como valente guerreiro que te salva (Sf 3,16-17). Pensamento sublinhado pelo texto de Is 12,2-6, que serve como salmo responsorial, uma aclamação à salvação que vem de Deus: É grande em vosso meio o Deus Santo de Israel (v. 6).

    Essa alegria deve transformar nossa vida, ensina a Carta aos Filipenses (2ª leitura, Fl 4,4-7). Não pelas alegrias superficiais de um mundo dominado, muitas vezes, pelo egoísmo, mas pela alegria que reflete, em nossos rostos e em nossos gestos, a proximidade do Senhor (aqui, Jesus, esperado na parusia). Que a nossa bondade (ou amabilidade, como traduz a Bíblia da CNBB) seja conhecida por todos. Por todos: não uma amabilidade que cessa onde termina nosso parentesco, nosso círculo de interesses ou classe social, mas que contagie todas as pessoas (Fl 4,5), mesmo aquelas que não vemos, mas que recebem nossa bondade anônima na casa comum do nosso mundo: os benefícios de nossa justiça social, de nossa dedicação no serviço, de nosso amor à verdade. Então nossa vida, em simplicidade e ação de graças, conhecerá a paz de Deus que ultrapassa todo conhecimento (Fl 4,7).

    Essa transformação de nossa vida em alegre testemunho da proximidade do Senhor é o tema do Evangelho (Lc 3,10-18): a pregação de João Batista para as diversas classes do povo. Pois conversão não é apenas arrependimento e compunção. A compunção serve para a transformação da nossa vida, tornando possível a participação do Reino de Deus que Jesus vem trazer até nós. A meta da conversão é essa transformação, que não depende de grandes peripécias externas. Não depende de um novo imperador no Império Romano, no tempo de Paulo e dos filipenses, nem de uma revolução mundial! Cresce a partir das coisas simples do dia a dia. Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem, e quem tiver comida faça de modo semelhante (Lc 3,11). João Batista, homem da classe sacerdotal de Jerusalém e conhecedor do mundo, não pede que os cobradores de imposto larguem seu serviço (com a consequência de que outros assumiriam). Podem continuar seu serviço, que, pelo menos teoricamente, deveria resultar em benefício para todos. Para eles, a conversão significa: não cobreis mais do que o estabelecido (v. 13). Do mesmo modo, os soldados devem se contentar com seu soldo e não explorar o povo (v. 14). Mesmo essas orientações aparentemente moderadas soam tão revolucionárias que o povo pensa que João Batista talvez seja o Messias! Não, João não é o Messias, mas ele orienta a expectativa do povo para aquele que batiza com Espírito Santo e com fogo: com a força vivificadora de Deus e com o fogo que purifica os metais para brilhar mais e servir melhor.

    O papa Francisco fez da alegria do Evangelho o tema de sua encíclica Evangelii Gaudium. A alegria torna nosso espírito mais adequado à chegada de Cristo. Ao mundo entristecido por sofrimentos de diversos tipos, mas também pela insatisfação dos desejos egoístas continuamente fomentados, o papa anuncia: A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria (Evangelii Gaudium, n. 1).

    4º DOMINGO DO ADVENTO

    Eis que venho

    Mq 5,1-4(2-5a)

    Sl 79(80),2ac+3b.15-16.18+19 (R. 4)

    Hb 10,5-10

    Lc 1,39-45

    A1ª leitura de hoje (Mq 5,1-4), propondo o tema do pastor de Israel, abre a nossa mente para as diversas realidades que constituem o sentido pleno desse texto. De Belém, o povoado de Davi, a antiga raiz dos reis de Judá, deve surgir um pastor que conduza e defenda o povo de Israel. Naquele tempo, os pastores eram quem conduzia os rebanhos no meio dos perigos da estepe e do sertão, enfrentando ladrões e animais de rapina, arriscando sua vida pelas ovelhas, que constituíam a riqueza vital do povo. Por isso, pastor era o título do rei, por exemplo, de Davi, que encontramos na Bíblia como jovem pastor – pastor mirim! –, cuidando do rebanho de seu pai Jessé e enfrentando o gigante filisteu Golias. Mas o Pastor por excelência era o próprio Deus, como nos ensina o salmo responsorial (Sl 79).

    A 2ª leitura (Hb 10,5-10) evoca a disponibilidade do profeta para responder ao chamado de Deus, como vemos também no

    Sl 39(40),7-9, que nesse texto é aplicado a Jesus Cristo. Nesse tema do chamado, da vocação, podemos inserir toda uma série de chamados que a Bíblia guardou na memória: Moisés, Samuel, Isaías, Jeremias... Jesus realiza em plenitude o mistério do chamado de Deus, oferecendo seu próprio corpo para fazer a vontade do Pai e, assim, salvar seus irmãos e suas irmãs, na humanidade inteira, como o Pastor que dá sua vida pelas ovelhas (cf. Jo 10,11). O nascimento de Jesus é o primeiro momento do dom da sua vida. O presépio do nascimento em Belém é da mesma madeira que a cruz do Gólgota (ambos os lugares ficam na proximidade de Jerusalém).

    Dessa mesma disponibilidade ou obediência de Jesus participa, segundo o Evangelho, a sua mãe, Maria (Lc 1,39-45). Tendo saído de Nazaré, ela se dirige à casa do sacerdote Zacarias e Isabel, os pais de João Batista, lá em Ain-Karim, a Fonte da Vinha, perto de Jerusalém. Isabel saúda Maria como a mais bendita entre as mulheres, e bendito é também o fruto de teu ventre (Lc 1,42). Isso porque Maria é aquela que creu, que confiou na palavra do anjo e, assim, se tornou mãe do Salvador (1,44). E essa fé de Maria não foi pouca coisa, se imaginamos sua pequenez e o estado humilde em que se encontrava, como ela diz no Magnificat, que é a sua resposta à saudação de Isabel (Lc 1,48).

    Essa é a atmosfera alvissareira que a liturgia cria para que, dentro de alguns dias, acolhamos em nosso meio esse novo Pastor de Israel e do mundo inteiro.

    Muitos dentre nós nunca viram um pastor de ovelhas ou sequer um boiadeiro conduzindo a tropa, mas conhecem a experiência de serem como ovelhas que não têm pastor, por causa da confusão política, por causa do descaso da sociedade e, inclusive, por causa das mensagens religiosas desnorteadoras espalhadas por porta-vozes suspeitos. Mas sabemos também que Deus suscita novos pastores, que conduzem o rebanho com o espírito de Cristo. Não são necessariamente dignitários civil ou eclesiasticamente reconhecidos como tais. Podem ser mulheres, homens, jovens até, pessoas simples, que conduzem o povo com seu exemplo e com a força efetiva de sua dedicação, no escondido de uma comunidade humilde, assim como a humilde moça de Nazaré se tornou a mais bendita entre as mulheres.

    Porque Deus, por meio de seus chamados, conduz misteriosamente o povo, cabe colocarmo-nos à disposição para uma participação ativa nesse mistério. Ora, o chamado e vocacionado por excelência é o próprio Cristo. A vocação cristã não é uma subserviência sob o comando de Cristo, mas uma participação na sua vocação. Não somos apenas chamados por Cristo, mas também com Cristo. Participamos na mesma vocação de Cristo, para assumirmos com ele o pastoreio do mundo. Sua causa é a nossa. Tal é o mistério da vocação do Rebento de Belém de Éfrata (cf. 1ª leitura), aquele que apascentará Israel e o mundo inteiro com a força de Deus, que agora conhecemos como a força do amor, da qual nós também participamos. Então, ele estenderá seu poder até os confins da terra e ele mesmo será a Paz (Mq 5,3-4).

    NATAL DO SENHOR

    Como Deus preparou o nascimento do Messias

    Is 62,1-5

    Sl 88(89),4-5.16-17.27.29 (R. 2a)

    At 13,16-17.22-25

    Mt 1,1-25 ou 1,18-25

    Antes de celebrar o Natal, e para que o celebremos no espírito da tradição de nossa fé e não segundo os interesses mundanos, é bom fazer uma parada e desintoxicar-nos da agitação em que vivemos, para permitir que o mistério do Natal realmente chegue até nós e acolhamos a renovação que a vinda de Cristo significa.

    Para desfrutar toda a alegria de uma celebração, é preciso estar concentrado, assim como os jogadores de futebol fazem um retiro antes do campeonato. Por isso, as grandes festas litúrgicas são preparadas com um dia de vigília. Antigamente, isso implicava jejum e abstinência, meios excelentes para a concentração, mas que hoje talvez não sejam praticáveis para a maioria das pessoas. Procuremos pelo menos substituir esses meios por uma limpeza mental do consumismo, do nervosismo e das outras formas de poluição mental. Em vez de percorrer as lojas, procuremos concentrar nosso coração (pensamento e sentimento) em Cristo, que se torna presente em nossa humanidade por meio da rica liturgia da Vigília de Natal. Porém, como de manhã se celebra a missa ferial do dia 24 de dezembro

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