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Formas de pensar o desenho
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Formas de pensar o desenho
E-book254 páginas2 horas

Formas de pensar o desenho

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Sobre este e-book

Em 1988, foi publicada pela primeira vez Formas de pensar o desenho, obra de Edith Derdyk, que se tornou clássico de referência nos estudos sobre o universo gráfico infantil. A Panda Educação lança agora uma nova edição, revisada e ampliada, onde a autora compartilha sua experiência de mais de trinta anos como artista e educadora, em um texto propositivo e reflexivo que ressignifica as conexões entre arte e educação, com base na observação sensível dos desenhos produzidos pelas crianças.

Derdyk parte de uma visão geral dos percursos do desenho que nasce da ótica do adulto e de sua paisagem cultural. A relação entre o grafismo e o gesto, a linha e o papel, o corpo e o movimento da mão são alguns dos caminhos que a autora trilha para lançar novo olhar sobre as linguagens expressivas da infância. Ao longo das páginas, aborda questões presentes no cotidiano dos professores, como a imitação e a cópia, a fala, a escrita, a observação, a memória e a imaginação.

Em seguida, a autora oferece ao educador uma primeira aproximação à produção artística em diferentes momentos da história, e apresenta, assim, distintas maneiras de pensar o desenho. Artistas de diferentes gerações e países, de Leonardo da Vinci, Picasso e Van Gogh a Paul Klee e Regina Silveira, ganham breves biografias intercaladas com a análise crítica e contextual de seus traços e linhas. A nova edição inclui um capítulo inédito para reverenciar a linha expandida para além do papel e lápis, com base nos trabalhos de quatro artistas contemporâneos: Eva Hesse, Walter de Maria, José Resende e Chiharu Shiota.

O livro é finalizado com algumas propostas práticas e exercícios de interpretação experienciados, reformulados e revisitados pela autora ao longo de três décadas de trabalho – uma oportunidade para os professores leitores vivenciarem novas formas de pensar o desenho. Destinado ao público interessado em compreender o pensamento da criança e a visão do artista expressos por meio da linguagem gráfica, Formas de pensar o desenho é um convite para a exploração de uma linguagem que atravessa a história, que está presente em todas as áreas do conhecimento e que tem o poder de construir formas sensíveis e subjetivas do pensar.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de dez. de 2020
ISBN9786588457009
Formas de pensar o desenho

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    Formas de pensar o desenho - Edith Derdyk

    capa.png

    Agradecimentos especialíssimos a Ciça Fittipaldi, que indicou o caminho do livro nos idos da década de 1980; Valdemar Vello, o editor que acreditou no livro em 1987; Nana Albano, que generosamente escreveu o prefácio da primeira edição; Josiane Pareja, que iluminou o caminho para a edição que aqui se apresenta; e equipe da Panda Educação, que deu o contorno para o livro. A todos os pais que nos cederam os desenhos feitos por suas crianças e a todas as pessoas que, de alguma forma, colaboraram para a concretização deste livro.

    Sumário

    Prefácio I, por Ana Angélica Albano Moreira

    Prefácio II – Um certo dia, um encontro certo, por Ciça Fittipaldi

    Introdução

    VIVÊNCIAS

    Ponto de partida

    A vivência na formação do professor

    Interdisciplinaridade

    CONCEITOS E PRÉ-CONCEITOS

    O desenho é uma especialidade?

    As definições de desenho

    O DESENHO DAS CRIANÇAS

    Retomada do processo de aquisição da linguagem gráfica

    O grafismo e o gesto

    O corpo é a ponta do lápis

    A sugestão do gesto

    Percursos no espaço

    O primeiro círculo: Olha eu aí!

    O desenho, a fala e a escrita

    Imitação e cópia

    Memória, observação e imaginação

    Do caos à ordem, do mágico ao conceito

    BREVE PASSEIO NO TEMPO

    Como a linha brinca com seus papéis

    O desenho em Leonardo da Vinci: linguagem para a arte, a ciência, a técnica

    O desenho em Ingres e Delacroix: o gesto clássico e o gesto romântico em busca de utopias

    O desenho em Van Gogh: a multiplicidade e o grafismo energético

    O desenho em Paul Klee: o passeio poético da linha

    O desenho em Steinberg: o verbal e o lúdico

    O desenho em Iberê Camargo: a linha que grita

    O desenho em Amilcar de Castro: a precisão despojada do devaneio

    O desenho em Regina Silveira: as projeções matemáticas do imaginário – por uma razão insana

    O desenho em Artur Barrio: cadernos e escrituras

    O desenho em Eva Hesse, José Resende, Walter De Maria e Chiharu Shiota: a linha expandida

    PROPOSIÇÕES E EXPERIMENTAÇÕES

    O fazer individual e o fazer da história

    Referências bibliográficas

    Créditos das imagens

    A autora

    PREFÁCIO I

    Conheci Edith por meio de seus desenhos, me instigando a procurar novas formas de desenhar – um convite a brincar com a linha, explorar texturas, reinventar velhas fotografias.

    Nunca esqueci esses desenhos guardados em cadernos nem a impressão que me causaram. Revendo-os hoje, passados mais de dez anos, ainda me parecem novidade.

    Depois vieram as sombras brincando de teatro, sugerindo mil possibilidades de criação.

    Então conheci Edith pessoalmente, e a cada desenho, novo encontro, a cada encontro, novo desenho...

    Formas de pensar o desenho surge agora reafirmando as questões que Edith já apresentava em seus trabalhos. E é como ouvir a voz do desenho: Tenho o gosto pelo branco, pelo preto, pela linha elegante, pelo rabisco impulsivo, pelo gesto preciso, pelo atrito da ponta do lápis no papel.... É Edith falando a fala do desenho.

    A proposta é clara: pensar o desenho de uma maneira que possa elevar a criança. E o desenvolvimento do texto colabora de forma significativa para o entendimento do ato de desenhar como atividade inteligente e sensível.

    Formas de pensar o desenho constitui importante contribuição para os educadores interessados em compreender o pensamento da criança e a visão do artista expressos por meio da linguagem gráfica.

    Focalizando o desenho infantil, Edith aborda questões presentes no cotidiano dos professores, como a imitação e a cópia, a fala, a escrita, a observação, a memória e a imaginação. O capítulo Breve passeio no tempo nos oferece oportunidade de conhecer a obra e o pensamento de artistas como KLEE, Picasso, Van Gogh e Steinberg, além de nos colocar em contato com os representantes da nossa novíssima geração, como Tacus, Ana Talil, Gal Oppido e outros, tornando atual a informação dos leitores.

    Existem ainda exercícios de interpretação para quem quiser se aventurar no prazer de desenhar.

    Formas de pensar o desenho é um trabalho que busca desvendar o ato de desenhar da criança e do artista como intimidade de quem conhece bem o caminho.

    Ana Angélica Albano MOREIRA

    1988 (primeira edição)

    PREFÁCIO II

    Um certo dia, um encontro certo

    Conheci os desenhos antes de conhecer Edith.

    Fui impactada pela veemência dos personagens enfileirados em passagem pelo muro do Sesc Pompeia, em São Paulo. Divaguei, sonhei histórias, nas esfumaçadas sombras no teatro Lira Paulistana... Lá se iam os anos 1980. Eu, também desenhista, ilustradora, presumia algumas influências tão amadas na minha prática, em comum com aquela experiência gráfica desenvolta, fluente e crítica.

    Ela era namorada do amigo da amiga! E, na Vila Madalena da época, que foi pouco a pouco se povoando de artistas, nos encontramos para logo formar um vínculo: alugamos duas casinhas contíguas num terreno de fundos e instalamos nossos ateliês.

    Vivíamos um momento que eu achava crucial para as nossas trajetórias como jovens artistas: afirmação. Depois percebi que esse é o momento sempre, o instante eterno, restaurado em cada segundo/molécula do dia a dia. Era uma afirmação construída por dúvidas, questões, sinais reticentes e principalmente por vírgulas, vagas para os acréscimos. Eram também tempos políticos difíceis em que nos recusávamos à paralisia da censura, aderindo, com bom humor, ao entusiasmo pelo ato criador.

    Assim, nas chegadas e saídas, nos intervalos para um café, residiam trocas de tudo: opiniões, leituras, referências de arte, de artista, autor, poeta, músico, histórias de índios, imagens, artigos de revista, de como passar o café, como fazer caxiri na aldeia, citações, o próximo grupo de estudos, o próximo projeto, um outro possível, os cadernos dela, minhas folhas de papel de seda soltas, o filme do festival, a exposição dela por montar...

    Eu havia chegado recentemente de Brasília e via a incrível facilidade dela ao mover-se na complexa cena urbana paulistana, ao participar do movimento de música independente, realizando as capas, em conjunto com Gal Oppido, para o grupo Rumo e imprimindo uma marca visual inexplicavelmente firme e flexível, também inesquecível; ilustrando, trabalhando com projetos de arte e educação em museus e instituições culturais diversas; atuando em escolas, eventos culturais, tecendo e estendendo suas redes relacionais. E, contraponto, na adversidade, pela pequena extensão e porosidade do sistema de arte da época, a sua capacidade de se recuperar diante dos impedimentos, movida pela filosofia, pelo senso crítico, pela noção de beleza, pela crença nos caminhos da criação, na afirmação da única certeza imutável, a da mudança constante. Eu via nos seus movimentos experimentais uma multiplicidade em constante circulação. Dos anos 1980 em diante: isca de polícia.

    Salto no tempo. Estamos agora segurando este livro aberto em nossas mãos. São muitos livros num só, muitas vozes que vêm de diferentes caminhos e bifurcações da mesma busca e aventura do conhecimento: vozes de artistas, arquitetos, linguistas, filósofos, literatos, poetas, músicos, entrelaçando-se com o pensamento da autora, profundamente enraizado na experiência vivida, no corpo a corpo imbuído de subjetividades do ato de desenhar, na imersão no processo criador e na partilha do sensível, como educadora.

    A primeira versão deste livro, do final daquela década de 1980, e agora aqui ao meu lado, já tinha essa polifonia como estrutura cuidadosamente articulada para cuidar do alargamento das extensões dos sentidos do ver, fazer e pensar o desenho, buscando elevar todos os envolvidos nos processos da arte e da educação, professores, crianças e jovens, por um viver mais dilatado, compreensivo e íntegro.

    O livro traçou, desde então, uma trilha de mais de duas décadas de usos de seus instrumentais, conceituais e imagéticos, evocadores de percepções que podem ampliar o imaginário e os repertórios de conhecimento, que são libertadores.

    Então, passados esses 25 anos, tenho agora a alegria e o orgulho de verificar o quanto valeram aqueles anos de juventude e ousadia. De constatar que as propostas de Edith, atualizadas, confirmam a sua prática rizomática, conectiva, participativa, inclusiva e principalmente movida por aquela mesma curiosidade acerca do mundo e dos seres.

    Motivos que me levaram, naqueles idos de 1980, a apresentá-la ao primeiro editor deste texto sedutor e transformador.

    Num certo dia, um encontro certo.

    Ciça Fittipaldi

    2010 (segunda edição)

    INTRODUÇÃO

    Sempre desenhei.

    Frequentei o ateliê de Paulina Rabinovich, dos oito aos vinte anos. A passagem por seu ateliê foi fundamental para minha formação artística e profissional. Dos 16 aos vinte anos fui assistente de Paulina, trabalhando com crianças de um ano e meio até pré-adolescentes. No Instituto de Arte e Decoração (IADÊ), cursei o colegial forrado de aulas de desenho. Tive o privilégio de ter professores como Luiz Paulo BARAVELLI, Carlos Fajardo e José Resende, que abriram as primeiras portas da conceituação da linguagem, somando à minha vivência anterior, baseada na intuição, experimentação e cultivo da sensibilidade.

    Depois disso, o caminho de muitos: curso universitário. Frequentei a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), onde obtive licenciatura em Artes Plásticas (1980). Conheci professores-artistas e pesquisadores: Mário Ishikawa, Maria Augusta Guta Oliveira, Regina Silveira, Julio Plaza, Ubirajara Ribeiro, Donato Chiarella, Evandro Carlos Jardim. No decorrer, frequentei intensamente a Biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), onde pude acessar textos sobre desenho escritos por Flávio MOTTA, Mário de ANDRADE, Vilanova Artigas e conhecer a produção de Saul Steinberg e Paul Klee, determinantes na construção do meu pensamento sobre desenho.

    E após tudo isso? Desenhar, desenhar sem parar: exposições, projetos gráficos, ilustrações, livros infantis. Paralelamente, fui professora de Artes em diversas escolas, ministrei cursos em instituições (FAAP, Museu de Arte Contemporânea – MAC) e espaços independentes, aulas particulares para crianças e adultos.

    Percebo que toda a fundamentação e alicerce que asseguram a minha relação de paixão com o desenho e com a arte estão diretamente vinculados à vivência inicial no ateliê de Paulina Rabinovich que, por sorte do destino, pude frequentar desde muito cedo. Era um espaço experimental, um lugar para fazer arte, coisa rara na época. A memória é vivamente nítida das tardes intensas no ateliê: desenhar, dançar (expressão corporal), pintar o corpo, cantar, confeccionar máscaras, construir objetos com madeira, barro e outros materiais, cenários, teatro. Por lá passaram artistas como Naum Alves de Souza e Luís Antonio Martinez Corrêa que compartilhavam suas experiências. A raiz do gosto de desenhar provém dessa infância não adormecida, um dos segredos brilhantes do trabalho realizado intensamente por Paulina. Agradeço imensamente meus pais por terem tido a escuta dos meus desejos.

    A nova edição de Formas de pensar o desenho, aqui revisada e ampliada, pretende somar e atualizar experiências que brotaram de meu percurso como artista e educadora desde 1988, quando o livro foi inicialmente lançado. Esta edição surge como um convite para pensarmos o desenho de maneira a elevar o arco das potências da linguagem expressiva na infância, esse estado atemporal que nos acompanha a vida inteira, preservando o tom da curiosidade e encantamento pelo mundo.

    Durante essas três décadas, da primeira edição de 1988 a 2020, ocorreram transformações estruturais em todos os vetores

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