Eco-arte com crianças
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Sobre este e-book
Eco-arte com crianças é um registro de criações poéticas que contribuem para a preservação do planeta. É, ainda, um rico material onde a brincadeira ao ar livre e as relações – humanas e com o meio ambiente – têm lugar especial.
Seis diretrizes, que poderiam ser consideradas um manifesto artístico, guiam a publicação. Para cada uma delas, uma série de experiências que conectam a infância à natureza, a arte à ciência, a ecologia ao cotidiano curioso e encantado. Vozes e ações das crianças estão presentes em cada página através de diálogos e imagens, mas principalmente através de uma escuta sensível.
Publicado no Brasil pelo Centro de Pesquisa e Documentação Pedagógica da Ateliê Carambola Escola de Educação Infantil, em 2015, o livro agora ganha uma versão em e-book – o que o torna ainda mais precioso no sentido de alcançar todos os pátios, praças, casas, creches e escolas por aí.
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Pré-visualização do livro
Eco-arte com crianças - Anna Marie Holm
Sumário
Prefácio à edição brasileira
Prefácio à edição dinamarquesa
Nós construímos espaço para a brincadeira, para a poesia
O tapete de argila
Barro dissolvido
Carvão no papelão
Imagens flutuantes
Caixa corpo
Aerodesenhos
Nós trabalhamos ao ar livre e utilizamos a energia da própria natureza
O vento também quer brincar
Armadilha para o ar da floresta
A pintura do vento
Mágica na água da chuva
Cabides de vento
O vento sabe ler
Caçadores de sol
Buracos vivos
Nós utilizamos materiais usados
Cobertores de jornal
Rolos de jornais
Encaixe as peças
Caixas de papelão e jornais no quintal
Máquina de desenho
Olho mágico
Folhas secas e Jørgen & Lars
Nós utilizamos materiais não convencionais
Um pouco de tudo na loja do campo
Lápis de argila
Exposição de papel manteiga usado
Desenhos invisíveis na neve
A roda da sorte artística
Colagem corporal
Galhos falantes e água da chuva
O que estamos pensando?
Nós utilizamos aquilo que está bem ao nosso redor
Caixas de papelão com areia
As meias de vento
A arte do equilíbrio
A arte do equilíbrio com caixas de papelão
A arte do equilíbrio com galhos
A arte do equilíbrio com latas
A arte do equilíbrio com cabides
Nós deixamos o local sem nenhum rastro de destruição
Tubos de papelão no bosque
Um passeio com sacolas de papel usadas
Caixas velhas com buracos
Cobertores velhos
Papelão sobre folhas
Passeando com jornais
A arte do equilíbrio no limite e velhos achados
Arte como ação
Sobre a autora
Créditos
PREFÁCIO
À EDIÇÃO BRASILEIRA
Sobre os mundos possíveis
- Olha lá embaixo. As coisas estão pequenas porque elas são de mentira. Quando o avião ficar perto do chão, as coisas se transformame ficam de verdade.
- É? E nós somos de verdade ou de mentira quando
estamos aqui em cima?
- Nós somos de verdade. A gente só seria de mentira
se estivesse voando em um pássaro azul.
Enquanto lia a tradução desta terceira obra de Anna Marie que chega para o público brasileiro, me distraía com a conversa de duas meninas que viajavam na poltrona da frente. Elas, talvez com 5 ou 6 anos, discutiam sobre o mundo de verdade e o mundo de mentira. A conversa se estendia enquanto uma explicava para a outra que árvores de verdade são grandes, cheirosas e fazem sombra. Uma delas, por sua vez, interpelava com perguntas curiosas, afirmando que coisas pequenas, como as formigas e as borboletas, não poderiam ser de mentira. No fim, as duas pareciam concordar e concluir que elas poderiam decidir sobre quando as coisas são de verdade e quando as coisas são de mentira.
A minha felicidade por presenciar esta cena com Eco-Arte para crianças em mãos justifica as escolhas que fiz para a escrita deste prefácio, a começar por destacar uma qualidade singular de Anna Marie em acolher o universo das crianças. Cada pequena história desta obra não diz apenas sobre arte – natureza – crianças, fala sobre a postura de um adulto interessado nas poéticas dos meninos e meninas, que se aventuram em descobrir modos de transformar as materialidades, os espaços e o tempo. Conseguir evidenciar os mundos invisíveis das crianças através de generosas palavras e imagens me faz lembrar do que Calvino, em seu livro Mundo Escrito e Mundo Não Escrito
, aborda sobre a fronteira entre o que é possível transformar em palavras e o que não é, justificando então que escrevemos para que o mundo não escrito possa exprimir-se por meio de nós
.
Seja pela disponibilidade em inventar palavras com as crianças, seja pela opção de utilizar frases curtas despreocupadas com os cânones da narrativa, Anna Marie parece comungar da ideia de que nós, adultos, podemos estar mais atentos e abertos para os modos como as crianças reinventam o mundo. Além disso, acaba por nos sugerir uma maneira emotiva de narrar, algo que me deixa profundamente emocionado ao ler e ver suas pequenas histórias com os meninos e meninas.
O leitor mais atento poderá perceber que Anna Marie está nos convidando a refletir sobre os meios pelos quais estamos educando para a arte, mas também para a conexão com o mundo. Seu jeito peculiar de propor algo para as crianças é aquele que - buscando o sentido etimológico da palavra - chamaria de religião, do latim, religare. A artista parece querer religar as crianças com a natureza, colocando-as diante da responsabilidade de estabelecer novos modos de estar e relacionar-se com o nosso entorno.
A potente ideia de mundo com a qual ela parece compartilhar se assemelha à que Melich indica