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Inovação e internacionalização de empresas: a dinâmica da relação em empresas brasileiras
Inovação e internacionalização de empresas: a dinâmica da relação em empresas brasileiras
Inovação e internacionalização de empresas: a dinâmica da relação em empresas brasileiras
E-book497 páginas5 horas

Inovação e internacionalização de empresas: a dinâmica da relação em empresas brasileiras

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Sobre este e-book

O presente trabalho avalia a existência de coevolução entre as estratégias de internacionalização (por meio das competências internas e externas de internacionalização) e o desempenho inovativo (produto e processo) em empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Focaliza, portanto, a análise da dinâmica evolucionista entre essas dimensões. Para tanto, derivou-se da revisão de literatura um modelo conceitual contemplando a visão de que a internacionalização e inovação nas empresas acontecem de forma evolucionista e dinâmica. Metodologicamente, o estudo caracteriza-se por ser qualitativo, utilizando a técnica de múltiplos casos. Como principal conclusão, tem-se que as empresas estudadas apresentaram um processo de coevolução entre inovação e internacionalização. Sugere-se, em termos de políticas públicas, fomentar tanto a internacionalização nas empresas, através de linhas de investimentos, garantindo o ingresso no mercado externo, como também para a inovação, uma vez que restou demonstrado na pesquisa que todas as empresas estudadas possuíam um diferencial inovador. Em termos de estratégias empresariais, verifica-se que a presença desses dois expedientes garante a permanência sustentável das empresas no mercado.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de dez. de 2021
ISBN9786525214535
Inovação e internacionalização de empresas: a dinâmica da relação em empresas brasileiras

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    Pré-visualização do livro

    Inovação e internacionalização de empresas - Polyana Ximenes

    capaExpedienteRostoCréditos

    Este trabalho é dedicado aos meus pais Clóvis Ximenes e Angélica Ximenes pelo amor incondicional e irrestrito de sempre.

    AGRADECIMENTOS

    À Deus razão de tudo.

    Aos meus pais Clóvis Ximenes e Angélica Ximenes pelo exemplo e amor inspiradores.

    À minha filha Helena por existir.

    Ao Eduardo pelo carinho.

    Aos meus irmãos Nestor Ximenes e Clóvis Jr. pelo amor e pela irmandade de uma vida.

    Ao meu orientador Professor Ednilson Cabral por suas valiosas orientações, características de um mestre de irrefutável conhecimento e de um ser humano na verdadeira acepção da palavra. Agradeço-lhe pela sua dedicação e amor ao que faz.

    Ao meu coorientador Prof. Samuel Façanha Câmara por estar presente em toda a minha vida acadêmica, exemplo profissional e pessoal a ser seguido, proporcionando-me grande crescimento.

    Ao Professor Roberto Pinto pelas imprescindíveis orientações, pelo exemplo de mestre e pelo exemplo de pessoa.

    Ao Professor Carlos Artur Sobreira Rocha por ter me apoiado durante tantos anos, com quem tenho construído minha trajetória profissional.

    Aos professores Afonso Lima e Mônica Tassigny por terem aceitado prontamente participarem da banca do meu trabalho e por suas valiosas ponderações.

    Ao Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação (ITIC) e todos àqueles que o compõem, por incentivar a minha vida acadêmica.

    Agradeço a oportunidade concedida pelo Programa de Pós-Graduação em Administração, da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), e a CAPES, pelo apoio financeiro concedido, durante a realização do curso, o que me permitiu maior dedicação às atividades de pesquisa.

    Agradeço à todas as empresas que participaram desse trabalho: IVIA, IFACTORY, CPQI e GREENMILE.

    Agradeço aos meus afilhados Henrique Ximenes e Eduardo Ximenes por tornarem a minha vida mais leve.

    Por fim, agradeço a todos os meus amigos e amigas e em especial Aline Barroso, Cristina Fontenele, Sônia Montenegro, Sarah Lages, Luanna Paula, Marcia Aragão, Sônia Paraíba e todos àqueles que contribuíram de forma direta e indireta para a concretização desse trabalho.

    XIMENES, Polyana Karina Mendes. A Dinâmica na Evolução da Relação Inovação e Internacionalização em Empresas Brasileiras de TI. 2017. 265 f. Tese (Doutorado em Administração de Empresas) – Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas (PPGA), Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Fortaleza, 2017.

    Perfil da autora: Doutora e Mestra em Administração de Empresas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE, 2010). Especialista em Gestão Estratégica e Finanças de Empresas pela Faculdade Aldemar Rosado (FAR, 2003). Graduação em Administração de Empresas pela Cesvale (2001).

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    PREFÁCIO

    Em tempos de globalização ganha maior importância entender que fatores podem interferir positivamente na capacidade das empresas ultrapassarem as fronteiras territoriais de seus respectivos países (mercado interno), expandindo seus negócios para outros mercados, ou seja, a capacidade de internacionalizar-se.

    Nesse sentido, identificar os fatores que são facilitadores de um bom desempenho internacional e como se dar o relacionamento entre eles é crucial para a sobrevivência empresarial.

    Outro fator relevante é entender que os clientes são transnacionais e buscam produtos inovadores onde quer que eles possam ser encontrados.

    Neste livro, Polyana Ximenes busca identificar a existência de uma coevolução entre as competências de internacionalização e o desenvolvimento inovativo das empresas brasileiras, com enfoque em uma nova abordagem que esclarece e compreende a dinâmica dessas relações. Trata-se, portanto, de estudo inédito e relevante que vem a preencher uma lacuna teórica existente.

    A importância do presente estudo reside no fato de que internacionalização e inovação foram analisadas de forma conjunta, dinâmica e cíclica, sendo considerados como componentes indispensáveis para as empresas internacionalizadas com pretensão de manutenção no mercado a partir das diferenciações competitivas.

    Desta forma, compreendo que a presente obra vem contribuir substancialmente para a melhoria da gestão das empresas brasileira que têm pretensão de se firmaram no mercado internacional, haja vista que realizou estudo considerando os fatores internacionalização e inovação a partir de seus relacionamentos conjuntos, os quais interagem e evoluem.

    Maria Sônia Paraíba

    SUMÁRIO

    Capa

    Folha de Rosto

    Créditos

    1. INTRODUÇÃO

    1.1 OBJETIVOS

    1.1.1 Objetivo geral

    1.1.2 Objetivos específicos

    1.2 JUSTIFICATIVA

    1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

    2. INOVAÇÃO COMO UM PROCESSO DINÂMICO

    2.1 EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE INOVAÇÃO

    3. INTERNACIONALIZAÇÃO COMO UM PROCESSO DINÂMICO

    3.1 A EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

    4. A DINÂMICA PRESENTE NA RELAÇÃO ENTRE INTERNACIONALIZAÇÃO E INOVAÇÃO: MODELO CONCEITUAL

    5. METODOLOGIA DA PESQUISA

    5.1 ANÁLISES DOS DADOS

    5.2 UTILIZAÇÕES DO SOFTWARE ATLAS TI

    6. RESULTADOS DA PESQUISA

    6.1 ANÁLISES INDIVIDUAIS DOS CASOS

    6.1.1 Análise descritiva da empresa IVIA Inovação e Tecnologia LTDA

    6.1.2 Análise descritiva da empresa Ifactory Solutions LTDA

    6.1.3 Análise descritiva da empresa CPQI LTDA

    6.1.4 Análise descritiva da empresa Greenmile Technologic

    6.2 ANÁLISES CONJUNTAS DOS CASOS

    7. CONCLUSÃO

    7.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS, LIMITAÇÕES E CONSIDERAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

    REFERÊNCIAS

    ANEXO A – RESULTADOS DAS ENTREVISTAS E DOS DOCUMENTOS PARA INOVAÇÃO

    ANEXO B – RESULTADOS DAS ENTREVISTAS E DOS DOCUMENTOS PARA INTERNACIONALIZAÇÃO

    ANEXO C – LISTA DOS RESULTADOS UTILIZADOS PARA ELABORAÇÃO DOS GRÁFICOS

    ANEXO D – INSTRUMENTO UTILIZADO PARA ENTREVISTA

    ANEXO E – RESULTADOS DAS MARCAÇÕES DAS ENTREVISTAS

    Landmarks

    Capa

    Folha de Rosto

    Página de Créditos

    Sumário

    Bibliografia

    1. INTRODUÇÃO

    Esta seção introdutória apresenta o contexto do estudo, a justificativa do tema, os objetivos, os pressupostos da pesquisa e a estrutura da tese.

    A literatura de negócios internacionais tem estudado a relação entre internacionalização de empresas e inovação a partir de ângulos diferentes, mas pouco se conhece sobre como as empresas conseguem transformar sua experiência de internacionalização em inovação, e vice-versa, ou seja, qual a influência das inovações sobre a internacionalização. Segundo Molero (1998), Pla-Barber e Alegre (2007), Roper e Love (2002) entre outros, existe uma relação positiva entre inovação e internacionalização originada principalmente do poder de mercado que essa inovação confere.

    A terminologia inovação embora, amplamente utilizada no meio acadêmico e empresarial, não possui uma conceituação relativamente consentânea, uma vez que as definições se preocupam mais em exemplificar o seu significado. No presente estudo utilizar-se-á como ponto de partida a conceituação clássica de Schumpeter (1997), cuja designação de inovação significa resumidamente a adoção de novos produtos e/ou processos organizacional, materiais e de mercado, assim como alterações relevantes nos produtos e/ou processos existentes.

    Para Oviatt e McDougall (1996) a inovação quando leva a criação de produto único e diferenciado possibilita à empresa a obtenção de vantagens competitivas no mercado doméstico e acrescenta um diferencial para entrada no mercado externo. Assim, Knight e Cavusgil (2004) sustentam que a inovação é um processo empresarial crítico para o desempenho das empresas em negócios internacionais.

    Esse fenômeno obriga as empresas a diminuírem suas margens de lucro como estratégia competitiva. No contexto desse ambiente as organizações internacionais precisam reduzir custos sem padronizar os seus produtos, já que muitos clientes demandam produtos inovadores e velocidade no atendimento das suas especificidades (PERROTTI, 2008).

    Adicionando à afirmação supracitada, acredita-se que a introdução e a difusão da inovação provocam aumentos de produtividade, modificando a posição competitiva das empresas, alterando a composição da demanda no mercado de trabalho e convulsionando a estrutura das firmas (SCHERER, 1970, p. 346-147).

    As iniciativas inovadoras realizadas por empresas internacionalizadas, geralmente acontecem em países industrializados. No entanto, alguns países em desenvolvimento têm aumentado as suas iniciativas inovadoras, a partir das suas empresas multinacionais. China, Índia e Brasil lideram esse grupo (BOECHE, 2005).

    Relacionando especificamente as empresas pertencentes ao mercado brasileiro, verifica-se que estas costumam internacionalizar as suas atividades após terem bastante experiência no mercado doméstico. Esse fenômeno decorre da concepção da administração de muitas das empresas brasileiras terem como objetivo inicial apenas o mercado nacional (BORINI et al., 2013; KOVACS; DEMORAES; DE OLIVEIRA, 2007).

    Este fato deve-se por ser o Brasil um país que possui muitas oportunidades para um elevado aumento no volume de negócios, uma vez que atualmente é um dos mercados em expansão, por excelência, e é visto como uma das maiores economias emergentes, além de todas as vantagens a nível econômico, o Brasil possui também mão-de-obra abundante e uma vasta extensão de novos mercados, ainda por explorar (BORINI et al., 2013).

    No contraponto a essa entrada tardia das empresas brasileiras no cenário internacional situa-se a inovação atuando como catalisador nesse processo de ingresso nos mercados externos (TEIXEIRA, 2014; WIDMIER; BROUTHERS; BEAMISH, 2008). No entanto, a essa premissa base desses estudos de que a inovação funciona como mola propulsora da internacionalização das empresas, verifica-se uma escassez de estudos de fundamentos conclusivos às relações dessa influência, necessitando de comprovações científicas.

    A partir desse contexto em que a inovação influência a internacionalização das empresas, percebe-se mudanças na conjuntura dos negócios, tendo a mutação para um mercado global, resultando no desenvolvimento de um cliente transnacional, isto é, esse cliente pode estar em qualquer lugar do mundo, buscando o mesmo tipo de atendimento onde quer que ele esteja (PERROTTI, 2008).

    Nessa transformação a inovação tem desempenhado um papel fundamental. Dessa forma, internacionalização e inovação constituem tendências fundamentais na era da globalização. A era industrial baseada na transformação de matérias-primas em produtos acabados ficou para trás para entrar na idade da sociedade criativa baseada no conhecimento, em que as organizações devem continuamente quebrar barreiras mentais e físicas, a fim de aprender, inovar e internacionalizar. A inovação e a internacionalização implicam novidade ou novas ações, pontos de vista, atividades ou comportamentos desenvolvidos pelas organizações (CHIVA; GHAURI; ALEGRE, 2013).

    A literatura em geral oferece uma compreensão incompleta de como os diferentes tipos de internacionalização apoiam o desenvolvimento da inovação de produto ou de processo ou vice-versa (BONAGLIA; GOLDSTEIN; MATTHEWS, 2007). Nesse sentido coaduna-se que empresas inovadoras obtêm vantagens competitivas que lhes oferecem a possibilidade de concorrer em diferentes mercados (FILIPESCU et al., 2013; LÓPEZ; GARCIA, 2005). Adicionalmente, as empresas inovadoras são estimuladas a entrar nos mercados estrangeiros para elevar a taxa de difusão das inovações e com isso aumentar o volume das vendas e o retorno sobre o investimento no desenvolvimento da inovação (ROGERS, 1983; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2005).

    Em relação ao que é proposto pela teoria de negócios internacionais verifica-se que enquanto algumas teorias de negócios internacionais focam principalmente no tipo de internacionalização onde primeiro a empresa adquire as competências necessárias no mercado interno para depois internacionalizar as suas atividades (internacionalização de dentro para fora), (DUNNING, 1980, 2003a, 2003b). Outras teorias focam em demonstrar empresas que utilizam outro tipo de estratégia, pois devido ao fato de desfrutarem de vantagens tecnológicas ou produto/processo inovador, conseguem acessar o mercado exterior e só depois desenvolvem competências, por meio de parcerias colaborativas.

    Nessa conjuntura os resultados dessas estratégias têm implicações importantes para as empresas que objetivam ingressar ou aumentar sua atuação internacional. A integração geográfica, a velocidade da informação e dos transportes e o enfraquecimento das barreiras domésticas protecionistas, transformaram as empresas em organizações globais, com alianças e parceiros em todos os locais do mundo (BASU, 2000).

    A despeito da integração das economias mundiais propiciarem às empresas certo grau de abertura, no que diz respeito às facilidades proporcionadas pela internet e o acesso à informação, ainda subsiste uma estrutura de obstáculos enfrentados por elas (ETEMAD, 2004).

    Como forma de minimizar as barreiras encontradas as empresas têm adotado processos de internacionalização, sendo verificados como uma tendência mundial, como meio de alcançar a expansão dos seus negócios e da sua participação no mercado, independentemente do seu tamanho (TEIXEIRA et al., 2008). Assim, partindo de uma base nacional, as empresas distribuem suas atividades de comercialização, produção e pesquisa e desenvolvimento (P&D) de produtos em várias regiões do mundo.

    Em pesquisas acerca de negócios internacionais, a internacionalização tem sido a questão chave do objeto de muitos estudos. Por vezes, tem sido definida como a travessia das fronteiras nacionais no processo de crescimento. Há, no entanto, diferenças significativas entre o crescimento interno (nacional) e a internacionalização (BUCKLEY, 1993; BUCKLEY; CASSON, 1998). Estudos recentes defendem a colocação da dinâmica, inovação e internacionalização, como o coração das estratégias utilizadas pelas empresas (GHAURI; PARK, 2012; LIU; GHAURI; SINKOVICS, 2010; MEYER et al., 2009). O envolvimento crescente das empresas em atividades internacionais é hoje uma das mais visíveis respostas para as mudanças constantes no ambiente global.

    Nos últimos anos, as investigações sobre inovação e internacionalização têm unido estes dois conceitos, mas isso tem sido feito por uma busca de causalidade linear e unidirecional entre eles (ALEGRE; CHIVA, 2008; MOLERO, 1998), onde um conceito causa outro, mas o seguinte não tem efeito sobre o primeiro. Ao tomar os conceitos sob esta perspectiva, os autores estão tendo uma visão de mundo determinista, em que os fenômenos acontecem numa cadeia de eventos seguintes, um após o outro e não de forma dinâmica e cíclica.

    Além disso, e dado que algumas pesquisas (HITT et al., 1997; KOBRIN, 1991; KOTABE, 1990) concluem que um construto causa o outro, enquanto outros estudos (KUROKAWA; IWOTA; ROBERTS, 2007; NONAKA; TAKEUCHI, 1995) encontram o oposto, os pesquisadores continuam avaliando a relação entre esses fenômenos de maneira estática. Visto dessa forma, um estudo acerca da relação entre inovação e internacionalização em sua evolução dinâmica poderia ser considerado contraditório. No entanto, uma nova abordagem é necessária para esclarecer e compreender a dinâmica dessas relações.

    Parte-se então do pressuposto de que os fenômenos podem apresentar mútua causalidade, ou seja, um podendo ser a causa do outro, fazendo com que cada um haja reciprocamente. Este processo, é reconhecido em suas várias formas como mútuo, de causalidade circular, de relação de dependência mútua, de ação ou de influência de causa e efeito. Maruyama (1963) considera sistemas de causalidade mútua aqueles cujos elementos influenciam uns aos outros, de forma simultânea ou alternada.

    Consequentemente, esses conceitos exigem um deslocamento da causalidade linear, reducionista e determinista, para a adoção de um novo paradigma, mais complexo e holístico. Em suma, uma mudança de paradigma, a partir de linhas para círculos. Este novo paradigma é baseado em um mundo visualizado a partir de características epistemológicas e crenças ontológicas como o holismo e causalidade mútua (ANDERSON, 1999; DENT; POWLEY, 2004; SIMON, 1996; TSOUKAS, 1998) justificando o aparecimento de uma nova abordagem científica.

    Dentro deste novo e complexo paradigma, sugere-se que o conceito de sistemas complexos, um tópico essencial dentro dessa literatura (SIMON, 1996), pode ser um ponto de partida útil para a compreensão da maneira em que a inovação e a internacionalização interajam e evoluam, uma vez que salienta a importância da causalidade mútua e interconexões.

    Assim, os sistemas complexos e a teoria evolucionista podem subsidiar o entendimento das relações entre os dois conceitos supramencionados (MILHAS; HUBERMAN, 1994). Ao fazer uma abordagem teórica (HOUCHIN; MACLEAN, 2005; TSOUKAS, 1998), enfatizando o comportamento ou características de sistemas complexos e evolucionistas, proporcionam, portanto, considerar-se que a inovação e a internacionalização constituem um sistema complexo e estes são compostos de elementos heterogêneos que se relacionam entre si e com o meio envolvente (ANDERSON, 1999; SIMON, 1996).

    A sua complexidade reside na sua diversidade, como eles são feitos de vários elementos interligados. Chiva, Grandio e Alegre (2010) afirmam que dentro de um ambiente, os sistemas complexos podem ser submetidos a mudanças generativas que envolvem e modificam aspectos do núcleo organizacional para a criação de uma nova realidade (JANTSCH, 1980).

    Dessa forma, o link entre a inovação e a internacionalização embora apresente um forte arcabouço teórico de embasamento, precisa ser redimensionado. A teoria evolucionista da firma (NELSON; WINTER, 1982; ROSENBERG, 1993) tem deixado novas descobertas, (CANTWELL, 1989; KOGUT; ZANDER, 1993) em cada ambiente e atividades desenvolvidas pelas empresas, existindo uma ligação para com a inovação a ser desenvolvida e difundida.

    São raras as pesquisas com propostas que investiguem a ocorrência de estratégias de internacionalização de empresas a partir da aquisição de competências internas e externas. Na presente pesquisa serão analisadas as estratégias de internacionalização (por meio do desenvolvimento de competências internas e externas) e sua relação com a inovação de forma dinâmica, objetivando a identificação de uma possível coevolução entre esses dois elementos. Especificamente, em relação ao produto e/ou processo inovativo das empresas de tecnologia da informação e comunicação (TIC) brasileiras.

    Essa perspectiva persegue o argumento de como esse desenvolvimento de competências ambidestras de internacionalização (desenvolvimento de competências de internacionalização internas e externas) podem coevoluir com as inovações de produtos e/ou de processos. Ressaltando que a estratégia para a internacionalização das empresas na presente pesquisa, foi considerada por meio da aquisição de competências internas e/ou externas adquiridas pelas firmas (PRANGE; BRUYAKA, 2016).

    Diante desses dois expedientes: internacionalização e inovação, muito pesquisadas de forma isolada, não sendo até agora estudados de forma conjunta, dinâmica e cíclica, sendo considerados como componentes indispensáveis para as empresas internacionalizadas com pretensão de manutenção no mercado a partir das diferenciações competitivas, faz-se premente desenvolver pesquisas com esse propósito.

    Além disso, não foi estabelecido como essas relações ocorrem, como elas interagem e como mensurar os benefícios que elas trazem para as organizações e, como esses benefícios auferidos foram diretamente influenciados por essas relações. Frente à problemática apresentada pretende-se apresentar uma contribuição ao seguinte questionamento: Como os processos de internacionalização e de inovação evoluem nas empresas de TIC no nordeste brasileiro?

    1.1 OBJETIVOS

    1.1.1 Objetivo geral

    Identificar a existência da coevolução entre as competências de internacionalização e o desempenho inovativo das empresas de TIC no nordeste brasileiro.

    1.1.2 Objetivos específicos

    1. descrever a evolução das competências de internacionalização nas empresas de TIC no nordeste brasileiro;

    2. descrever os desempenhos de inovação nas empresas de TIC no nordeste brasileiro;

    3. caracterizar os mecanismos de coevolução entre as competências de internacionalização e os desempenhos de inovação nas empresas de TIC no nordeste brasileiro.

    1.2 JUSTIFICATIVA

    A literatura sobre a internacionalização das empresas já é bastante pesquisada, no entanto quando se trata de países em desenvolvimento, essa literatura ainda está sendo solidificada (RAMAMURTI, 2004) e há a necessidade de um melhor entendimento desses mercados devido à sua importância (CAVUSGIL; DELIGONUL; YAPRAK, 2005). Quando o objeto de estudo se volta para internacionalização de empresas brasileiras, aliadas à influência da inovação nesse processo, depara-se com a necessidade de pesquisas e o desenvolvimento de cenários adequados à realidade existente.

    As empresas atuais, em particular, operam em ambientes que mudam rapidamente, que se apresentam hipercompetitivos e turbulentos, onde as preferências dos clientes são voláteis e a tecnologia está continuamente transformando mercados (GALAN; GONZALEZ-BENITO; ZUNIGA-VINCENTE, 2009). Neste contexto, essas organizações requerem investimentos constantes em suas rotinas, entre as quais, destacam-se a inovação e a internacionalização. Com estas ações, conseguem sobreviver no mercado doméstico e podem conquistar novos mercados.

    Situando esses dois grandes temas dentro da perspectiva atual, tem-se a globalização da competição colocando o comércio internacional no contexto das economias da maioria dos países minimamente industrializados. Uma vez que as empresas que não estão presentes no contexto internacional continuam tendo que competir com concorrentes externos (KOVACS; DEMORAES; DE OLIVEIRA, 2007). Como componente indispensável para garantir diferencial competitivo em estratégias internacionalistas para as firmas, impõe-se a inovação (PORTER, 1992).

    Segundo Perrotti (2008) a inovação tem grande impacto na competitividade das firmas. A despeito de conceitos e exemplificações dos seus benefícios, a inovação ainda não é amplamente compreendida, as definições não são concessórias e não existe ainda uma conexão comprovada entre inovação e internacionalização de empresas. Uma vez que o entendimento acerca de um conceito pacífico do que seja inovação ainda não foi determinado, mesmo porque essa área de estudo do tema arrolado é muito contemporânea, quando comparada com outras áreas que ainda subsistem muitas lacunas teóricas, mesmo com vários séculos de estudo.

    De acordo com o relatório da Associação Nacional de P&D das Empresas Inovadoras (ANPEI), (2004) a inovação precisa ser lançada e introduzida nos produtos, processos e sistemas das organizações. A disseminação da inovação beneficiará amplamente a sociedade, contribuindo para o aumento da produtividade das empresas. Nesse mesmo estudo foi demonstrado que os recursos investidos em P&D são bastante tímidos no Brasil, concentrando-se em alguns setores da economia que requerem esse tipo de investimento de forma mais intensa.

    A escassez de investimentos em inovação no país são reflexos da falta de conhecimento do mercado e da ausência de lideranças empresariais que apostem na inovação como a forma mais eficaz de obter rentabilidade para a indústria (ANPEI, 2004), sendo a inovação um fator determinante para assegurar a competitividade das empresas, uma vez que os ganhos são essenciais nos cenários competitivos globalizados.

    Complementando o raciocínio supracitado, verifica-se que a internacionalização é considerada por vários autores (BILKEY; TESAR, 1977; PRASHANTHAM, 2005) como um tipo de inovação e, portanto, o conhecimento também desempenha um papel vital. Na verdade, Prashantham (2005) afirma que o conhecimento está no cerne da sabedoria concebida na internacionalização, o que é consistente com a noção de que a internacionalização representa uma inovação pela empresa. Esse processo de internacionalização também pode ser entendido como um amadurecimento por parte da organização (PETERSEN; PEDERSEN; LYLES, 2008). Este argumento é suportado pela internacionalização a partir da visão de processos (JOHANSON; VAHLNE, 1977, 1990) e a necessidade de completar lacunas inovadoras percebidas nos mercados estrangeiros (PETERSEN; PEDERSEN; LYLES, 2008).

    A partir desta perspectiva, a internacionalização é vista como um processo de acumulação de conhecimento (LING-YEE, 2004), onde a aprendizagem altera a maneira como as empresas irão interpretar o mundo. De acordo com De Clercq, Sapienza e Crijns (2005), a internacionalização e adoção da inovação na empresa, são produtos de um esforço de aprendizagem intensiva, no entanto os autores não descrevem como acontece essa dinâmica de aprendizagem e implementação.

    Grande parte da investigação sobre a ocorrência do processo de internacionalização por meio de competências e do desempenho inovativo nas empresas, não reconhecem que essas atividades acontecem de forma simultânea e dinâmica (FORSGREN, 2002; GOMES; RAMASWAMY, 1999; HITT; HOSKISSON; KIM, 1997; SULLIVAN, 1994). Na verdade, tem sido consentido, que a internacionalização crie novos conhecimentos, encorajando as empresas a inovar, no entanto, essa afirmação não foi comprovada empiricamente (PITTIGLIO; SICA; VILLA, 2009; WAGNER, 1995).

    Nesse sentido, Tsoukas (1998, p. 293) afirma que as ciências estabeleceram historicamente o tom em relação à investigação intelectual. Dessa forma, parece haver uma vontade humana em procurar entender a natureza de uma organização como uma entidade unificada, corroborando o pensamento que está sendo construído até agora da relação coevolucionária entre internacionalização e inovação nas empresas.

    A nova abordagem científica conhecida como a teoria da complexidade, que se concentra principalmente em sistemas complexos, tem testemunhado explosões recorrentes de interesse desde o último século no sentido de compreender o funcionamento das organizações e os fenômenos atinentes às mesmas (ANDERSON, 1999; DOUGHERTY; DUNNE, 2011; SIMON, 1996).

    Com base nas interações e interdependências sugeridas pela literatura existente, postula-se que a causalidade mútua ou circular poderia explicar a relação entre inovação e internacionalização. Considera-se que os dois conceitos analisados neste trabalho constituem um sistema complexo, pois eles são perpetrados por elementos heterogêneos – inovação e internacionalização – Que parecem serem inter-relacionados entre si e com o meio envolvente. Estes conceitos ou elementos parecem ser parcialmente ligados uns aos outros, de modo que o comportamento de qualquer um deles é afetado pelo comportamento do outro.

    Tendo como base teórica as proposições da economia evolucionista, pretende-se avançar no entendimento de como a inovação e a internacionalização interagem e evoluem, dada a premissa de que esses dois conceitos apresentam causalidade mútua e interconexões (FREEMAN; BOOKER, 1984; NELSON; WINTER, 1982; SOBRERO, 1996; TEECE; PISANO; SHUEN, 1997).

    A abordagem evolucionista de corte neo-schumpteriano introduziu o aspecto dinâmico necessário ao debate sobre a firma. Deseja-se ressaltar com isso que algumas capacidades da firma, como a aprendizagem e o relacionamento com outras empresas, assumem um papel central na manutenção da vantagem competitiva de longo prazo (BRONZO; HONORIO, 2005; TEECE; PISANO; SHUEN, 1997).

    Para a abordagem evolucionista, as empresas possuem um conjunto de capacidades e de competências que, ao longo do tempo, modificam-se, tanto em razão de seus próprios esforços na solução de problemas, quanto em função de eventos aleatórios ou inesperados que impulsionam o seu processo de mudança. Dessa forma utilizar-se-á do desempenho inovativo para mensurar a evolução do processo de inovação e como este coevolui com o processo de internacionalização mensurado por meio das competências (internas e externas) de internacionalização.

    Assim estará a identificação da lacuna teórica, no que diz respeito à dinâmica existente entre a inovação e a internacionalização nas empresas, tendo como foco uma abordagem vivaz e lançando mão da utilização da teoria evolucionista e dos pressupostos teóricos dos neo-schumpterianos, para exemplificar o ineditismo e a originalidade deste estudo que repousam nessa relação ativa existente.

    Destarte, as teorias funcionam como elementos simplificadores da realidade, preservando alguns conceitos e distorcendo outros (PERROW, 1986, p. 219-256), sendo necessários estudos mais aprofundados para o conhecimento de alguns fenômenos, como também para conhecimentos acerca de duas áreas do conhecimento concomitantemente. O estudo em questão é extremamente pertinente, porque o investimento em novos mercados tem-se tornado uma solução vantajosa para alguns países, que estão a atravessar uma enorme crise econômica. Como cada vez mais se considera a internacionalização como a grande solução para a saída desta mesma crise.

    A despeito de já existirem estudos voltados às características das empresas inovadoras no cenário nacional, ainda não foram realizadas pesquisas significativas sobre as relações de coevolução entre inovação e internacionalização existentes nas empresas brasileiras internacionalizadas.

    Proposições iniciais

    A instabilidade e as mudanças no mercado doméstico têm atingido todas as organizações. Com o objetivo de superar as adversidades vivenciadas e prosperar num ambiente cada vez mais globalizado e competitivo, considerando a continentalidade do Brasil, a alta carga tributária e as disfunções da burocracia existentes nas instituições governamentais, a procura por um mercado exterior é uma questão de sobrevivência, obrigando as empresas brasileiras a procurarem o mercado internacional para garantirem a sua manutenção mercadológica.

    Diante do contexto e da escassez de estudos no Brasil relacionados ao tema desta pesquisa, algumas proposições iniciais serão aqui lançadas, sendo nas análises metodológicas posteriormente testadas. Conquanto, outros aprendizados emergirão nas análises dos dados coletados, enriquecendo mais o trabalho.

    Proposição 1

    O desempenho inovativo evolui ao longo do tempo nas empresas de TIC.

    Proposição 2

    Há uma relação de influência positiva e mútua entre as competências de internacionalização e o desempenho inovativo nas empresas de TIC.

    Proposição 3

    As empresas de TIC desenvolvem competências para a internacionalização que evoluem ao longo do tempo.

    Proposição 4

    As empresas que desenvolvem estratégias de internacionalização com aquisição de competências, tanto internas como externas, em relação ao mercado doméstico, coevoluem com seus desempenhos inovativos.

    1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

    Esta pesquisa está dividida em sete seções e suas subseções, além desta primeira e introdutória. A segunda seção apresenta as principais teorias clássicas desenvolvidas sobre o tema inovação, além da visão da inovação como um processo dinâmico. Nessa mesma seção estão consideradas as abordagens recentes para o tema que tratam das novas dimensões da inovação.

    A terceira seção apresenta as principais teorias clássicas desenvolvidas sobre o tema internacionalização, tratando desde o caso das multinacionais, como também o caso das born globals. As abordagens econômicas e comportamentais presentes também serão citadas. Aqui, além das teorias clássicas, também será considerado a internacionalização como um processo dinâmico.

    A quarta seção descreve o modelo conceitual apresentado durante o estudo que versa sobre a relação da inovação e da internacionalização das empresas como um processo dinâmico, sendo abordado como um constructo elaborado durante a realização das pesquisas nos estudos multicasos realizados.

    A quinta seção descreve os aspectos metodológicos considerados para o desenvolvimento da pesquisa e descrevem em

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