O prazer da produção científica — Diretrizes para elaboração de trabalhos acadêmicos: Diretrizes para a elaboração de trabalhos acadêmicos
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Sobre este e-book
O livro é essencialmente prática e pode ser usado por estudantes em todos os níveis de ensino, do ensino médio à pós-graduação.
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- Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tema por vezes áridos para muitos estudantes, acadêmicos e pesquisadores iniciantes o autor, em linguagem quase poética e com exemplos que fluem no decorrer das páginas guia o leitor a desenvolver o prazer pela arte da produção científica. Àqueles aos quais o título soar irônico o autor ressalta que a falta de prazer em relação a produção cientifica está mais ligada ao ambiente, a compulsoriedade, obrigação de se fazer um trabalho que ao trabalho em si.
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O prazer da produção científica — Diretrizes para elaboração de trabalhos acadêmicos - Israel Belo de Azevedo
© Israel Belo de Azevedo 2021
Todos os direitos reservados por
EDITORA PRAZER DA PALAVRA
É proibida a reprodução por quaisquer meios.
FICHA CATALOGRÁFICA
AZEVEDO, Israel Belo de, 1952-
O prazer da produção científica; diretrizes para a elaboração de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, Editora Prazer da Palavra, 2021.
1ª Edição Digital
1. Metodologia do Trabalho Científico. 2. Trabalhos Científicos. 3. Projetos de Pesquisa. I. Título
ISBN: 978-65-89202-76-9
CDD 001.42
PROJETO EDITORIAL
Coordenação Editorial
Israel Belo de Azevedo
Capa e Editoração
Leila Simões
EDITORA PRAZER DA PALAVRA
Rio de Janeiro
2021
www.prazerdapalavra.com.br
Notas de gratidão
Agradeço em particular ao professor e amigo Darci Dusilek (1943-2007), com quem me iniciei no prazer da produção científica, havendo tido a alegria de presenciar a publicação de seu importante A Arte da Investigação Criadora.
Agradeço também aos professores Almir de Souza Maia, Davi Ferreira Barros e Rinalva Cassiano Silva, todos, à época (1945-2020) da produção da primeira edição deste livro, dirigentes da Universidade Metodista de Piracicaba (SP), pelo apoio e estímulo.
Agradeço ainda a todos os alunos com quem aprendi (e tenho aprendido) o que aqui está sistematizado, nas seguintes instituições de ensino:
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1982).
Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (1976-1986, 2000-2009), no Rio de Janeiro.
Seminário Teológico Batista Mineiro (1987-1990), em Belo Horizonte.
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (1980-1981).
Universidade Federal do Rio de Janeiro (1983).
Universidade Gama Filho (1981-1986, 1997-2000).
Universidade Metodista de Piracicaba (1991-1996).
Universidade do Grande Rio (1977-1979), então Associação Fluminense de Ensino, em Duque de Caxias.
Sumário
Notas preliminares
Princípios Gerais
Resenhas e Revisões Bibliográficas
Abertura Inacabada à Natureza do Pesquisar
Projetos de Pesquisa
Monografias, Dissertações e Teses
Artigos para Publicações Científicas
Tirando o Máximo do Computador
Manual Sucinto de Redação de Textos Científicos
Prazer de Pesquisar?
Para Escrever um Livro
Exemplos
Páginas de Modelos
Modelo 1: Folha de rosto de resenha
Modelo 2: Folha de rosto de projeto de pesquisa
Modelo 3: Capa
Modelo 4: Folha de rosto
Modelo 5: Folha-de-aprovação
Modelo 6: Epígrafe — opcional
Modelo 7: Sumário
Modelo 8: Lista de tabelas
Modelo 9: Resumo
Modelo 10: Página de texto
Modelo 11: Páginas de texto
Modelo 12: Tabela
Modelo 13: Referências bibliográficas
Referências Bibliográficas
Guia de Referência Rápida
Índice de assuntos tratados
ìndice Remissivo
Lista de quadros
1. Roteiro para a elaboração de uma resenha
2. Roteiro para a elaboração de uma revisão bibliográfica
3. Elementos constitutivos de um projeto de pesquisa
4. Elementos constitutivos de um texto científico
5. Resumo das normas para notas bibliográficas
6. Resumo das normas para referências bibliográficas
7. Referência bibliográfica de teses
8. Referências bibliográficas de artigos de revistas
9. Referências bibliográficas de colaborações em anais
10. Referências bibliográficas de capítulos em obras coletivas (livros e enciclopédias)
11. Referências bibliográficas de documentos eletrônicos (artigos)
Notas preliminares
1 -As diretrizes apresentadas neste livro visam facilitar o procedimento para a elaboração de trabalhos científicos. Elas foram preparadas na pressuposição de que a sua ausência dificulta o trabalho do estudante, transtorna a tarefa dos professores, complica a guarda (catalogação e armazenagem) dos textos e estorva a disseminação da informação, dada a disparidade de regras, materiais e formatos resultantes.
Elas não devem ser tomadas como uma camisa de força
, mas como um conjunto de contornos indicativos a serem seguidos. Evidentemente, não privilegiam todos os elementos que normatizam a produção de um texto dessa natureza, pelo que são bem-vindas quaisquer sugestões, as quais poderão ser enviadas por e-mail ao endereço
2 - Os trabalhos científicos mais comuns são os seguintes:
resenhas
revisões bibliográficas
projetos de pesquisa
monografias
dissertações
teses
A resenha é um resumo crítico de um determinado livro. Geralmente é requerida como tarefa intermediária complementar a uma disciplina de curso ou é solicitada como artigo para divulgação em publicações periódicas especializadas.
A revisão bibliográfica discute as contribuições de vários autores a um tema específico. Em geral é preparada logo após a conclusão do projeto de pesquisa e poderá figurar como um capítulo do trabalho final.
O projeto de pesquisa é o planejamento da pesquisa propriamente dito, dele constando elementos como delimitação, fontes, metodologia, cronograma, entre outros. É solicitado como a primeira etapa de qualquer pesquisa a ser desenvolvida.
A monografia é o relat(óri)o de uma pesquisa, geralmente escrita como tarefa final de uma disciplina.
A dissertação é o relat(óri)o de uma pesquisa desenvolvida num programa de mestrado.
A tese é o relat(óri)o de uma pesquisa desenvolvida num programa de doutorado.
3 - As diretrizes aqui expostas pretendem indicar, passo a passo, os procedimentos a serem seguidos na produção de cada um desses trabalhos. Não pretendem discutir a metodologia científica propriamente dita, cujos paradigmas são fundamentais na pesquisa e para os quais é possível dispor de outros recursos.
A preocupação aqui é tão somente com a produção, pressupondo-se que os aspectos teóricos já terão sido resolvidos à hora da comunicação dos dados.
Para uma discussão acerca da natureza da pesquisa e dos seus procedimentos, remetemos para os autores que nos têm sido particularmente úteis, entre muitos outros, já que a bibliografia disponível é vasta.
Sugestões bibliográficas
BLALOCK Jr., H.M. Introdução à pesquisa social. Trad. Elisa L. Caillaux. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues (org.). Pesquisa participante. 4ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1984.
BRUYNE, Paul de, HERMANN, Jacques, SCHOUTIGETE, Marc de. Dinâmica da pesquisa em ciências sociais. 2ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982.
BUNGE, Mario. Epistemologia. Trad. Cláudio Navarra. São Paulo: EDUSP/T.A.Queiroz, 1980.
DAY, Robert, GASTEL, Barbara, How to write and publish a scientific paper. 6nd ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.
DEMO, Pedro. Pesquisa científica em ciências sociais. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1995.
DUSILEK, Darci. A arte da investigação criadora. 8ª ed. Rio Janeiro: Juerp, 1990.
ESPÍRITO SANTO, Alexandre do. Delineamento de metodologia científica. São Paulo: Loyola, 1992.
FAZENDA, Ivani. Metodologia da pesquisa educacional. 12ª ed. São Paulo: Cortez, 2010.
FLICK, Uwe. Introdução à pesquisa qualitativa. São Paulo: Bookman, 2008.
FOUCAULT, Michel. Arqueologia do saber. Petrópolis: Vozes, 1971.
GIL, Antonio. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2010.
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar. 7ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.
HABERMAS, Jurgen. Conhecimento e interesse. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
JAPIASSU, Hilton. O mito da neutralidade científica. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1975.
LÖWY, Michael. Ideologia e ciência social: elementos para uma análise marxista. São Paulo: Cortez, 1985.
MANN, Peter. Métodos de investigação social. Trad. Octavio Alves Velho. 3ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
MOLES, Abraham. A criação científica. Trad. Gita K. Ginsburg. São Paulo: Edusp/Perspectiva, 1971.
MOURA CASTRO, Claudio. A prática da pesquisa. São Paulo: Pearson/Prentice Hall, 2006.
POPPER, Karl. Conhecimento objetivo. Trad. Milton Amado. São Paulo: EDUSP/Itatiaia, 1975.
RICOUER, Paul. Interpretação e ideologias. Organização e tradução de Hilton Japiassu. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.
SCHAFF, Adam. História e verdade. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1978.
SCHRADER, Achim. Introdução à pesquisa social empírica. Trad. de Manfredo Berger. Porto Alegre: Globo, 1974.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23ª ed. São Paulo: Cortez, 2007.
THIOLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1986.
TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1992.
Capítulo 1 - Princípios Gerais1
PRINCÍPIOS GERAIS
Características essenciais
A beleza de estilo, a graça, a harmonia e o ritmo adequado dependem da simplicidade.
PLATÃO
Seja qual for a natureza de um trabalho científico, ele precisa preencher algumas características para ser considerado como tal. Assim, um estudo é realmente científico quando:
Discute ideias e fatos relevantes relacionados a um determinado assunto a partir de um marco teórico bem fundamentado;
O assunto tratado é reconhecível e claro, tanto para o autor quanto para os leitores;
Tem alguma utilidade, seja para a ciência, seja para a comunidade;
Demonstra, por parte do autor, o domínio do assunto escolhido e capacidade de sistematização, recriação e crítica do material coletado;
Diz algo que ainda não foi dito;
Indica com clareza os procedimentos utilizados, especialmente as hipóteses (que devem ser específicas, plausíveis, relacionadas com uma teoria e conter referências empíricas) com que se trabalhou na pesquisa;
Fornece elementos que permitam verificar, para aceitar ou contestar, as conclusões a que chegou;
Documenta com rigor os dados fornecidos, de modo a permitir a clara identificação das fontes utilizadas;
A comunicação dos dados é organizada de modo lógico, seja dedutiva, seja indutivamente;
É redigido de modo gramaticalmente correto, estilisticamente agradável, fraseologicamente claro e terminologicamente preciso.
Princípios de comunicação
Na produção de um texto científico, devem ser seguidos princípios que lhe confiram clareza, concisão, coerência, correção e precisão. Esses princípios são desenvolvidos mais adiante no Capítulo 8, Manual sucinto de redação de textos científicos
. O que se tem agora é uma síntese.
Compromissos básicos
Entre os princípios da boa comunicação, devem ser buscados alguns abaixo indicados (sem qualquer hierarquia):
1. Clareza. O texto deve ser escrito para ser entendido, a dificuldade do leitor pode estar na compreensão do assunto, nunca na obscuridade do raciocínio do autor. Um pensamento claro gera um texto claro, escrito segundo a ordem natural do pensamento e das regras gramaticais.
2. Concisão. O texto deve dizer o máximo no menor número possível de palavras. Um autor seguro do que quer dizer não se perde em meio às suas palavras, que são um meio de dizer e não um fim. Para isso, o autor deve usar frases curtas e parágrafos breves.
3. Correção. O texto deve estar grafado corretamente, pontuado adequadamente e ter as suas concordâncias regidas conforme as regras.
4. Encadeamento. Tanto as frases como os parágrafos e os capítulos (ou partes) devem estar encadeados de modo lógico e harmônico. É recomendável também que os capítulos (ou partes) guardem alguma simetria na sua estrutura e dimensão.
5. Consistência. O texto deve usar os verbos nos mesmos tempos, preferencialmente na voz ativa, e os pronomes nas mesmas pessoas. Para se referir a si enquanto pesquisador, o autor deve escolher um tratamento: eu, nós, o pesquisador, -se, e ficar nele ao longo do trabalho.
6. Contundência. O texto deve ir direto ao assunto, sem circunlóquios, e fazer as afirmações de forma forte, não só para criar impacto, mas para marcar bem as suas posições.
7. Precisão. O texto deve buscar usar as palavras e conceitos nos seus sentidos universalmente aceitos ou definidos a priori. A ambiguidade não concorre para a compreensão; a exatidão dos termos é indispensável na comunicação científica.
8. Originalidade. Original não é o texto que dá cambalhotas (na cabeça do leitor), mas tão somente aquele redigido de modo autônomo, agradável e criativo. Autônomo é o texto que não depende em demasia das fontes utilizadas, mas procura reescrever de modo independente as ideias tomadas por empréstimo. Agradável é o texto escrito de modo a despertar o interesse do leitor, e criativo é o texto capaz de dizer as coisas, até as já sabidas, a partir de perspectiva nova. Ser original é evitar o recurso fácil das frases feitas, dos lugares comuns e dos jargões profissionais.
9. Correção política. O texto deve dar atenção à noção do politicamente correto
, no uso de conceitos e palavras, para evitar o emprego de expressões de conotação etnocêntrica, especialmente as de cunho sexista e racista.
10. Fidelidade. O texto deve ser escrito segundo parâmetros éticos, com absoluto respeito ao objeto de estudo, às fontes empregadas e aos leitores. Evidentemente ainda, os textos citados não podem ser usados para dizer aquilo que seus autores não quiseram. O texto usado pode e deve ser interpretado, mas não distorcido. Por isto, todas as elipses e todas as interpolações devem ser indicadas.
Dez conselhos práticos
Escreva frases breves e parágrafos curtos. Diga o que quiser no menor espaço que conseguir. Não alongue as frases com o uso abusivo de gerúndios e conjunções imprecisas (como o qual
e cujo
).
Você terá menos chances de parecer complicado.
Encadeie as frases e os parágrafos logicamente, com cada frase ou parágrafo desembocando naturalmente no que vem a seguir.
Você terá menos chance de parecer ter composto uma colcha de retalhos.
Evite apelar para generalizações (como a maioria acha
, todos sabem
).
Você terá menos chance de parecer superficial.
Evite repetir palavras, especialmente verbos e substantivos. Use sinônimos.
Você terá menos chance de parecer possuir um vocabulário pobre.
Evite modismos linguísticos (como em nível de
, colocação
, Gadotti vai dizer que
, etc.).
Você terá menos chance de parecer um deslumbrado com o jargão universitário.
Evite as redundâncias (como, p. ex., os alunos são a razão de ser da Escola Prof. Pegado
). Cada frase deve ser produto de uma reflexão.
Você terá menos chance de parecer apressado.
Abstenha-se de superlativos, aumentativos, diminutivos e adjetivos em demasia.
Você terá menos chance de parecer pernóstico.
Faça poucas citações diretas: opte por reescrevê-las, creditando as informações e ideais aos seus autores.
Você terá menos chance de ser tido como um mero compilador.
Use as notas de rodapé para definições e informações que, embora sucessivas, acabam truncando por demais o texto.
Você terá menos chance de parecer óbvio.
Lembre-se que você está escrevendo para um leitor real.
Não vale a pena escrever para não ser lido.
Dez mandamentos da produção científica
» 1
Não cobiçarás o tema do teu próximo, porque a grama do jardim do teu vizinho não é mais verde.
» 2
Não pesquisarás o que está apenas na tua cabeça, a menos que o estudo seja precisamente sobre ela.
» 3
Não investigarás tema sem fonte, porque a tua tarefa é fazer os dois se comunicarem.
» 4
Não te perderás em meio à falta ou ao excesso de planejamento, a menos que a tua genialidade te permita prescindir dele.
» 5
Não desprezarás a rotina, porque ela pode te liberar para o exercício da criatividade.
» 6
Não menosprezarás as normas, a menos que pretendas transformá-las.
» 7
Não te julgarás incompetente, porque não o és, até prova em contrário.
» 8
Não escreverás uma obra-prima, a menos que já estejas maduro para produzi-la.
» 9
Não farás uma colcha de retalhos, porque és capaz de um trabalho verdadeiramente intelectual.
» 10
Não ignorarás os teus leitores, a menos que te aches mais importante do que eles.
Sugestões bibliográficas
CIPRO NETO, Pasquale. Inculta & bela.