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Filha de Nyx
Filha de Nyx
Filha de Nyx
E-book109 páginas1 hora

Filha de Nyx

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Sobre este e-book

Megan Miller é uma jovem de 19 anos que passa por muitas perdas durante sua vida: perde seus pais ainda muito nova e vai morar com seus avós, e pouco tempo depois, perde também seus avós em um acidente de carro. Desde então, ela passa a viver sozinha em uma casa no interior da cidade. Nunca foi de interagir muito com as pessoas e vive sempre quieta, em seu mundo particular e acredita ser apenas um ser humano comum. Para descobrir quem realmente é, Megan se envolve em muitas desventuras no mundo dos deuses gregos e precisa aprender tudo sobre si e sobre os outros. Confusa quanto suas próprias memórias, novos acontecimentos fazem com que ela busque autoconhecimento e aceitação.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento30 de mai. de 2022
ISBN9786525414966
Filha de Nyx

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    Pré-visualização do livro

    Filha de Nyx - Juliana Bebber Moreira

    Prefácio

    Sentia medo, um frio diferente tomava conta do meu corpo enquanto eu me concentrava apenas em tentar encontrar-me em meio à massa disforme e escura que me envolvia, um tremor percorreu a terra e um estrondo mais alto que mil trovões ressoou a minha volta. Eu estava sozinha. Sozinha e perdida, pois havia deixado tudo para trás, troquei meu conforto pela segurança dos demais, abri mão de mim para salvar aqueles que amo, e agora estou perdida. Perdida e sozinha em um mundo que não conheço e em breve sem as memórias que me tranquilizam e me lembram do motivo que me fez vir para cá...

    Oh, não... Acho que começou... Não consigo me lembrar... De onde vim? Que lugar é esse? Em que parte do tempo estou? Vamos, não se esqueça... Lembre-se daquela noite... Não se esqueça, por favor... O que... Que luz estranha é essa? Para onde estou indo? Não consigo voltar... Se não consigo me lembrar de quem fui, como vou saber quem sou e quem serei? O que será daqueles que abandonei? Quem são essas pessoas? Quem sou eu? Preciso me lembrar daquela noite... Aquela noite.

    Capítulo 1

    Ano 1.514 a.C., cidade de Atenas (Grécia)

    Já era tarde da noite, chovia muito lá fora, uma tempestade de raios e trovões nas redondezas. Uma família de camponeses formada por pai, mãe e duas filhas estava tentando se abrigar da forte chuva dentro de sua cabana simples e cheia de goteiras. Um bebê chorava desesperado, sua irmã tentando, inutilmente, niná-la, enquanto seus pais procuravam um jeito de acabar com as goteiras (ou pelo menos parte delas).

    — Mamãe, não consigo acalmar a Hemera! – exclamou a garota de cabelos negros como a noite, segurando sua pequena irmã em seus braços e tentando acalmá-la.

    — Querida, não chore! – disse a mãe da família, colocando mais um balde embaixo de mais uma goteira e pegando, em seus braços aconchegantes, a pequena criança já roxa de tanto chorar de fome.

    — Nyx, eles nos acharam! Eles estão aqui! – O pai entra correndo em casa, pegando espadas, arcos e outras armas, na tentativa de defender sua família do que estava por vir.

    — Como? Érebu, temos que tirar as crianças daqui! – Nyx falava apressada e desesperada. Como proteger suas crianças da ira de um deus?

    — O alçapão! Rápido! Eles estão chegando! – Nyx conduziu as duas até um alçapão secreto, construído para ser um abrigo em caso de tornados.

    — Mamãe, eu não quero ficar aqui! Quero sair e lutar! Não vou deixar vocês sozinhos! – reclamou a menina.

    — Victoria, fique aqui! Fique e cuide da sua irmã! – Nyx colocou a criança confortavelmente ajeitada, alimentada e adormecida no abrigo e sinalizou para a outra entrar também.

    — Não! É a mim que eles querem! Não é justo! – protestou Victoria.

    — Nyx! Rápido! – Érebu gritava lá de fora, olhando para o céu nublado e chuvoso, raios e mais raios caíam por toda parte fazendo clarões se espalharem pela aldeia, revelando a verdadeira face do medo.

    — Fique aqui! – implorou mais uma vez Nyx, empurrando Victoria para dentro do alçapão e o trancando antes que ela levantasse da curta queda a qual fora acometida.

    — NÃO, MAMÃE! – Ela batia, empurrava, esmurrava, chorava e gritava. Não queria ficar parada esperando pelo pior. Seus pais eram deuses, disso ela sabia, mas seriam capazes de lutar contra um exército de seres como eles? Disso duvidava. Sabia também que sua maldição estava por vir, sentia que de alguma forma, não sairia impune de seu nascimento. A criança adormecida gemeu e se remexeu, mas continuava serena, dormindo alheia ao caos. Victoria tomou em seus braços o corpo pequeno e frágil de sua irmãzinha, ninou-a delicadamente. – Acalme-se Hemy, tudo vai ficar bem, eu prometo! Papai e mamãe logo voltarão e vão cuidar de nós...

    ***

    Um grito agudo e pesado de dor ressoou nos ouvidos da menina Victoria, que ajeitou sua irmãzinha entre as palhas e procurou algo para abrir o alçapão. Os gritos ficavam cada vez mais altos e constantes, ela já estava ficando desesperada! Não importava para onde olhava, nada via que pudesse lhe ser útil para arrombar a porta do alçapão que a impedia de ajudar seus pais.

    Suspirou aliviada ao ver que, do lado da porta, havia um pé de cabra que parecia ter sido deixado ali de propósito. Foi até ele e, com cuidado, porém rapidamente, abriu a porta, certificando-se de que sua irmã estava dormindo e ficaria segura ali, trancou novamente a porta, pegou uma espada que era grande demais para seu tamanho e correu na direção dos gritos.

    A cena que viu ficaria marcada para sempre em sua memória, não importando quantas vidas vivesse. Seu pai, de joelhos com a cabeça abaixada, as mãos e os pés atados por cordas douradas que lhe feriam os punhos e tornozelos, uma mordaça que o impedia de gritar, sangue a sua volta, o cabelo molhado de chuva, suor e sangue, chorando compulsivamente.

    — Pai! – A menina correu em sua direção. Érebu mal levantou a cabeça, não porque não se importava, mas porque estava impossibilitado pela dor e pelo pesar. Cortando as cordas e tirando a mordaça delicadamente, a menina conseguiu livrar seu pai da terrível dor que o acometera. Já impotente, caiu aos pés da filha, inconsciente. Victoria não tinha escolha, cabia a ela agora salvar sua mãe. Os gritos agonizantes dela vinham dos fundos da cabana e foi para lá que a menina seguiu.

    Ao chegar, viu sua mãe ser torturada por criaturas estranhas. Dois troncos grudados nas costas, um par de pernas, quatro braços e duas cabeças. Ela não fazia ideia do que eram aqueles bichos, mas não os temia! A única coisa que realmente queria era salvar sua mãe daquelas coisas.

    — Soltem minha mãe! – gritou decepando as duas cabeças do monstro que a torturava. Não imaginava que seria capaz de matar, mas fora, descobrindo, nesse momento, que por sua família ela era capaz de qualquer coisa.

    — Victoria, vá para dentro... Makhais... São muitos... – Sua mãe conseguiu murmurar, engasgando com o próprio sangue, porém, tentando convencer a filha de que estava bem.

    — Não, estou cansada de me esconder! – Mais daqueles monstros estranhos surgiram do chão, seguindo cautelosamente, mas de forma ameaçadora até a menina. – Podem me levar, façam o que quiserem comigo, mas não culpem meus pais por se amarem! Perdoe-os, eu assumo a culpa! – Ela jogou a espada no chão, estendendo os braços, enquanto os monstros se aproximavam dela com sorrisos macabros e expressando vitória em seus olhos.

    — Não... Minha filha! É a minha filha... – Nyx, num ato desesperado, tentou segurá-la pela barra do vestido, mas foi em vão.

    — Adeus, mamãe. Adeus, papai – sussurrou a garota, enquanto uma luz estranha e amedrontadora envolvia seu corpo frágil, e seus sentidos foram lenta e gradativamente anestesiados.

    — Victoria... – Esta foi a última coisa que ouviu de sua mãe, antes de ser transportada para outro mundo, novamente; então, mais uma vez, para o início de suas incontáveis mortes, reencarnações, amores e desamores. Abandonando família, lar e sua vida... Seguindo por um caminho desconhecido, sombrio e solitário... As únicas certezas que possuía eram as de que morreria, nunca mais veria seus pais, sua irmã e o amor de sua vida, porém, ela sabia que salvara a vida daqueles que lhe deram a sua. Salvara seus pais e era isso que importava. Esse é o começo das incansáveis aventuras de Victoria... Filha de Nyx!

    Capítulo 2

    Dias atuais – EUA, Barrow – Alasca

    Meu nome é Megan Miller, tenho 19 anos, agora são exatamente 5h30min de uma manhã longa e tediosa de terça-feira do mês de janeiro, em que estou me arrumando para ir ao inferno (ou faculdade, como muitos chamam), se bem que me arrumar é uma forma de expressão, uma vez que só coloco uma roupa confortável, um moletom grande, faço um coque alto e de qualquer jeito no meu indomável, gigante e ondulado cabelo preto.

    Bem, vamos a um breve resumo da minha vida: moro em um chalé bem no interior da cidade Barrow, a maior e mais fria, chuvosa e úmida cidade do Alasca, rodeado por uma floresta gigantesca. Amo esse lugar, é

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