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A Lei de Fenômenos Psíquicos (Traduzido): Para a ESTUDO SISTEMÁTICO DO HIPNOTISMO,  ESPIRITISMO, TERAPÊUTICA MENTAL
A Lei de Fenômenos Psíquicos (Traduzido): Para a ESTUDO SISTEMÁTICO DO HIPNOTISMO,  ESPIRITISMO, TERAPÊUTICA MENTAL
A Lei de Fenômenos Psíquicos (Traduzido): Para a ESTUDO SISTEMÁTICO DO HIPNOTISMO,  ESPIRITISMO, TERAPÊUTICA MENTAL
E-book494 páginas7 horas

A Lei de Fenômenos Psíquicos (Traduzido): Para a ESTUDO SISTEMÁTICO DO HIPNOTISMO,  ESPIRITISMO, TERAPÊUTICA MENTAL

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Sobre este e-book

O principal objetivo deste livro é ajudar a colocar a Psicologia no domínio das ciências exatas. Há muito tempo, é sentido pelos pensadores mais amáveis de nosso tempo que todas as manifestações psíquicas do intelecto humano, normais ou anormais, sejam elas designadas pelo nome de mesmerismo, hipnotismo, sonambulismo, transe, espiritismo, demonologia, milagre, terapêutica mental, gênio ou insanidade, estão de alguma forma relacionadas ; e, conseqüentemente, que eles devem ser referidos a algum princípio geral ou lei, que, uma vez entendido, simplificará e correlacionará toda a matéria, e possivelmente a removerá do domínio do sobrenatural.

Este livro explora todas as áreas do mundo metafísico, da filosofia primitiva ao hipnotismo e mesmerismo, clarividência, visões, até mesmo através de uma visão geral das práticas psicoterapêuticas daquele tempo. O fenômeno do espiritismo é coberto em todas as suas formas, incluindo o contato com o mundo espiritual, assim como histórias de casos de bruxaria, assombramentos e possessão.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de mai. de 2022
ISBN9791221336160
A Lei de Fenômenos Psíquicos (Traduzido): Para a ESTUDO SISTEMÁTICO DO HIPNOTISMO,  ESPIRITISMO, TERAPÊUTICA MENTAL

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    A Lei de Fenômenos Psíquicos (Traduzido) - Thomas Jay Hudson

    PREFÁCIO.

    Não espero que este livro se sobreponha a seus méritos literários; pois se ele é infundado em princípio, a felicidade da dicção não pode salvá-lo, e se a solidez da expressão não pode destruí-lo. Meu principal objetivo ao oferecê-lo ao público é ajudar a colocar a Psicologia no domínio das ciências exatas. Que isto nunca foi conseguido é devido ao fato de que nenhuma tentativa bem sucedida foi feita para formular uma hipótese de trabalho suficientemente abrangente para abranger todos os fenômenos psíquicos. No entanto, há muito tempo os pensadores mais amáveis de nosso tempo sentem que todas as manifestações psíquicas do intelecto humano, normais ou anormais, sejam elas designadas pelo nome de mesmerismo, hipnotismo, sonambulismo, transe, espiritismo, demonologia, milagre, terapêutica mental, genialidade ou insanidade, estão de alguma forma relacionadas; e, conseqüentemente, que eles devem ser referidos a algum princípio geral ou lei, que, uma vez entendido, simplificará e correlacionará toda a matéria, e possivelmente a removerá do domínio do sobrenatural. A Sociedade de Pesquisa Psíquica de Londres, cujas ramificações se estendem por todo o mundo civilizado, foi organizada com o propósito de fazer uma busca sistemática por essa lei. A Sociedade conta entre seus membros com muitos dos mais bem-aventurados cientistas que hoje vivem. Seus métodos de investigação são puramente científicos, e cuidadosos até o último grau, e seu campo abrange todos os fenômenos psíquicos. Ela já acumulou e verificou uma vasta gama de fatos do mais transcendente interesse e importância. Enquanto isso, um grande número dos cientistas mais abléticos da Europa e da América tem buscado investigações independentes sobre os fenômenos do hipnotismo. Eles também acumularam fatos e descobriram princípios de grande importância, especialmente no campo da terapêutica mental,-princípios que também lançam uma enxurrada de luz sobre o tema geral da Psicologia.

    Esta vasta gama de fatos, assim acumulados e verificados, e aguardando classificação e análise científica, parece justificar pelo menos um esforço tentativo para aplicar a eles os processos de indução, com o fim de que a lei fundamental dos fenômenos psíquicos possa ser descoberta.

    Nas páginas seguintes tentei tal classificação de fenômenos verificados, relatos dos quais encontro na literatura atual sobre o assunto; e tentei formular uma hipótese de trabalho para o estudo sistemático de todas as classes de fenômenos psíquicos. Observarei que aproveitei em grande parte o trabalho dos outros, em vez de me limitar às minhas próprias pesquisas experimentais. Fiz isto por duas razões: primeiro, para evitar a acusação de ter conduzido uma série de experimentos com o propósito de sustentar uma teoria própria de estimação; e segundo, porque sustento que um progresso substancial não pode ser feito na ciência até que se esteja pronto para dar o devido crédito à integridade humana, e para dar o devido peso ao testemunho humano.

    Em conclusão, desejo dizer que não reivindico nenhum crédito por este trabalho, exceto o que é devido a um desejo honesto de promover a verdade em seu próprio benefício. Acreditando sinceramente na exatidão de minha hipótese, não hesitei em segui-la até sua legítima conclusão em todos os campos em que entrei. Se ao final do livro pareceu que eu transgredi o campo proibido da discussão teológica, não foi com o propósito de sustentar nenhuma opinião preconcebida minha; longe disso. Foi porque fui irresistivelmente levado a minhas conclusões pelos termos de minha hipótese e pela lógica inflexível de sua aplicação. Não posso deixar de estar ciente de que minhas conclusões às vezes se opõem às opiniões pré-concebidas de outros. Mas ninguém que aceita minha hipótese como verdadeira será obrigado mais freqüentemente do que eu a renunciar a suas antigas convicções.

    T.J.H. WASHINGTON, D.C.

    21 de outubro de 1892.

    CONTEÚDO.

    PREFÁCIO.

    CAPÍTULO I. INTRODUTÓRIO.

    CAPÍTULO II. DUALIDADE E SUGESTÃO.

    CAPÍTULO III. RACIOCÍNIOS DAS DUAS MENTES DIFERENCIADAS.

    CAPÍTULO IV. MEMÓRIA PERFEITA DA MENTE SUBJETIVA.

    CAPÍTULO V. MEMÓRIA SUBJETIVA (continuação).

    CAPÍTULO VI. PERCEPÇÃO DAS LEIS FIXAS DA NATUREZA.

    CAPÍTULO VII. EFEITOS DA SUGESTÃO ADVERSA.

    CAPÍTULO VIII. HIPNOTISMO E MESMERISMO.

    CAPÍTULO IX. HIPNOTISMO E MESMERISMO (continuação).

    CAPÍTULO X. O HIPNOTISMO E A CRIMINALIDADE.

    CAPÍTULO XI. PSICO-TERAPÊUTICOS.

    CAPÍTULO XII. PSYCHO-THERAPEUTICS (continuação).

    CAPÍTULO XIII. UM NOVO SISTEMA DE TERAPÊUTICA MENTAL.

    CAPÍTULO XIV. UM NOVO SISTEMA DE TERAPÊUTICA MENTAL (continuação).

    CAPÍTULO XV. O FENÔMENO DO ESPIRITISMO.

    CAPÍTULO XVI. O FENOMENA DO ESPIRITISMO (continuação).

    CAPÍTULO XVII. O FENOMENA DO ESPIRITISMO (continuação).

    CAPÍTULO XVIII. O FENOMENA DO ESPIRITISMO (continuação).

    CAPÍTULO XIX. OS FENÔMENOS FÍSICOS DO ESPIRITISMO.

    CAPÍTULO XX. FANTASMAS DOS MORTOS.

    CAPÍTULO XXI. ANIMAÇÃO SUSPENSA E ENTERRO PREMATURO.

    CAPÍTULO XXII. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PRÁTICAS.

    CAPÍTULO XXIII. AS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS E A FILOSOFIA DE CRISTO.

    CAPÍTULO XXIV. AS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS DE CRISTO (continuação).

    CAPÍTULO XXV. A FILOSOFIA ESPIRITUAL DE CRISTO.

    CAPÍTULO XXVI. A MISSÃO DE CRISTO; RECOMPENSAS E PUNIÇÕES FUTURAS.

    CAPÍTULO XXVII. DEDUÇÕES DE VÁRIOS ATRIBUTOS DA ALMA.

    CAPÍTULO I.

    INTRODUTÓRIO.

    Necessidade de uma Hipótese de Trabalho - A Hipótese Newtoniana - A Teoria Atômica - Uma Hipótese Psicológica necessária - Teorias de Hipnotismo e Mesmerismo - Espiritismo -Terapêutica mental - Lei de Sugestão de Liébault -Dualidade da Mente -Uma Hipótese de Trabalho para a Psicologia formulada -Tres termos.

    O progresso SUBSTANCIAL em qualquer ciência é impossível na ausência de uma hipótese de trabalho que seja universal em sua aplicação aos fenômenos relativos à matéria. De fato, até que tal hipótese seja descoberta e formulada, nenhum assunto de investigação humana pode ser adequadamente considerado como estando dentro do domínio das ciências exatas. Assim, a astronomia, anterior à promulgação das Leis de Kepler e à formulação da hipótese newtoniana de gravitação, estava em estado de caos, e seus eleitores estavam irremediavelmente divididos por teorias conflitantes. Mas no momento em que Newton promulgou seu teorema, começou uma revolução que acabou envolvendo todo o mundo científico. A astronomia foi resgatada do domínio do empirismo, e se tornou uma ciência exata. O que a hipótese newtoniana fez pela astronomia, a teoria atômica fez pela química. Ela permite que uma pessoa hábil nessa ciência a pratique com uma certeza de resultados na exata proporção de seu conhecimento de seus princípios e de sua habilidade em aplicá-los ao trabalho em questão. Ele sabe que se conseguir combinar hidrogênio e oxigênio, na proporção de dois átomos do primeiro para um do segundo, a água será o resultado. Ele sabe que um átomo, ou parte, de oxigênio e um de carbono combinados sob o calor produzirão óxido carbônico,-um gás venenoso; que a adição de outro átomo, ou parte, de oxigênio produzirá anidrido carbônico (dióxido),-um gás inofensivo; e assim por diante em todo o vasto domínio das combinações químicas.

    O fato de que a correção literal de uma dada hipótese não é demonstrável exceto pelos resultados, não milita de forma alguma contra seu valor no domínio ao qual ela pertence. De fato, deixaria de ser uma hipótese no momento em que fosse demonstrada. O teorema de Newton não é demonstrável, exceto por seus resultados. Sua correspondência, porém, com todos os fatos conhecidos, a facilidade com que cálculos astronômicos podem ser feitos e a precisão com que cada resultado pode ser previsto, constituem uma demonstração suficiente de sua substancial correção para inspirar a confiança absoluta do mundo científico. Ninguém hesitaria em agir nas preocupações mais importantes da vida - não hesitaria em apostar sua própria existência nos cálculos com base na hipótese de Newton. No entanto, não são encontrados homens que negam ou duvidam de sua exatidão abstrata. Volumes foram escritos para desmenti-lo. Mas como ainda ninguém descobriu um fato ou testemunhou um fenômeno fora de seu domínio, o mundo se recusa a renunciar a suas convicções. Quando tal fato for descoberto, então, e não até então, surgirá a necessidade de revisar o Principia. É um ditado banal e verdadeiro que diz que um fato antagônico destruirá o valor da melhor teoria jamais desenvolvida.

    É igualmente impossível demonstrar a exatidão abstrata da teoria atômica. Um apelo à evidência encontrada em resultados uniformes é tudo o que é possível a quem daria uma razão para a fé que está nele. Ninguém jamais viu, sentiu, provou ou cheirou um átomo. Está além do alcance dos sentidos; nem é de todo provável que a ciência ou a habilidade seja capaz de fornecer instrumentos capazes de capacitar o homem a tomar conhecimento da unidade última da matéria. Ela existe para o homem apenas em hipótese. No entanto, o fato é que em toda a ampla gama da investigação humana não há uma generalização mais magnífica, nem uma mais útil à humanidade em seus resultados práticos, do que a teoria atômica. No entanto, há aqueles que duvidam de sua exatidão abstrata, e trabalham para refutar a existência do átomo. Se o objetivo final da ciência química fosse demonstrar a existência do átomo, ou aproveitá-lo e aproveitá-lo para os usos da humanidade, talvez valesse a pena estabelecer a fraternidade química, demonstrando sua inexistência. Se a prática da química com base na teoria fosse defeituosa em seus resultados práticos, ou falhasse na aplicação universal, seria então o dever dos cientistas descartá-la completamente, e buscar uma hipótese de trabalho melhor.

    O máximo que se pode dizer de qualquer hipótese científica é que, seja ou não verdade no abstrato, tudo acontece como se fosse verdade. Quando este teste de universalidade é aplicado, quando nenhum fato conhecido permanece inexplicado por ele, o mundo se justifica em supor que seja verdade, e em deduzir dele até mesmo as conclusões mais importantes. Se, ao contrário, existe um fato relativo à matéria em investigação que permanece fora do domínio da hipótese, ou que é inexplicável por ela, é prova indubitável de que a hipótese é insegura, falsa, e conseqüentemente inútil para todos os fins práticos de bom raciocínio. Assim, Sir Isaac Newton, depois de ter formulado seu teorema, a jogou de lado como inútil, por um tempo, ao fazer a descoberta de que a lua, em suas relações com a terra, aparentemente não se enquadrava nos termos de sua hipótese. Seus cálculos foram baseados na estimativa então aceita da extensão de um grau de latitude. Esta estimativa foi corrigida pelas cuidadosas medições de Picard, Newton revisou seus números, e descobriu que a suposta discrepância não existia. A última dúvida em sua mente tendo sido assim colocada em repouso, ele deu ao mundo um teorema que tornou possível um progresso substancial na ciência astronômica.

    No campo da investigação psicológica, nunca foi formulada uma hipótese de trabalho satisfatória. Ou seja, nenhuma teoria foi avançada que englobe todos os fenômenos psicológicos. Muitas teorias têm sido avançadas, é verdade, para explicar as várias classes de fenômenos que têm sido observados. Algumas delas são muito plausíveis e satisfatórias - para seus autores - quando aplicadas a uma determinada classe de fatos, mas fracassam completamente quando confrontadas com outra classe.

    Assim, os estudantes da ciência do hipnotismo estão, e desde os dias de Mesmer estão, irremediavelmente divididos em escolas que fazem guerra às teorias uns dos outros, e disputam a correção das observações dos fatos uns dos outros. A teoria de Mesmer das emanações fluídicas, que ele chamou de magnetismo animal, parecia explicar os fatos que ele observou, e ainda é considerada substancialmente verdadeira por muitos eleitores desta ciência. A teoria elétrica de John Bovee Dods - pulmões positivos e sangue negativo - era suficientemente plausível em sua época para atrair muitos seguidores, pois permitia uma explicação satisfatória de muitos fenômenos que estavam sob sua observação. A explicação fisiológica de Braid de certas classes dos fenômenos proporcionou, em seu tempo, muito conforto àqueles que acreditam que não há nada no homem que não possa ser pesado em equilíbrio ou esculpido com um bisturi. Em nossos dias encontramos a escola da Salpêtrière, que sustenta que o hipnotismo é uma doença do sistema nervoso, que seus fenômenos são explicáveis sobre princípios fisiológicos, que as sugestões do operador desempenham apenas um papel secundário em sua produção, e que só podem ser produzidas, ou estudadas com sucesso, em pessoas doentes. Por outro lado, a escola de hipnotizadores de Nancy defende que a ciência só pode ser estudada com lucro em pessoas perfeitamente saudáveis, e de um ponto de vista puramente psicológico , e que a sugestão é o fator determinante na produção de todos os fenômenos hipnóticos. Todas as três últimas escolas mencionadas concordam em ignorar a possibilidade de produzir os fenômenos mais elevados de hipnotismo, conhecidos como clarividência e transferência de pensamento, ou leitura da mente; enquanto os hipnotistas anteriores demonstraram ambos além da possibilidade de uma dúvida razoável. De fato, um comitê dos cientistas mais abléticos da Academia Real de Medicina da França, após uma investigação que se estendeu por um período de seis anos, relatou que havia demonstrado a existência de tais poderes na mente humana.

    Outra grande classe de fenômenos psicológicos, que tem sido produtiva de teorias mais conflitantes do que qualquer outra, e que desde tempos imemoriais tem intrigado e aterrorizado a humanidade, é por uma grande classe de pessoas encaminhadas para a agência direta dos espíritos dos mortos. Seria necessário um volume para catalogar as várias teorias que foram avançadas para explicar esta classe de fenômenos e, quando feito, não serviria a nenhum propósito útil. É seguro dizer, entretanto, que não há dois indivíduos, crentes ou não crentes na doutrina genérica do espiritismo, que concordem exatamente quanto à causa final dos fenômenos. A razão óbvia é que nenhuma duas pessoas tiveram exatamente a mesma experiência, ou observaram exatamente os mesmos fenômenos. Na ausência de uma hipótese de trabalho aplicável a toda a infinita variedade de fatos observados, segue-se que cada investigador deve tirar suas próprias conclusões a partir do campo limitado de sua própria experiência. E quando levamos em consideração o importante papel que a paixão e o preconceito sempre desempenham na mente dos homens quando se tenta resolver um problema não demonstrável, é fácil ver que é inevitável um desnorteamento de opiniões heterogêneas.

    Outra classe de fenômenos, sobre a qual prevalece uma infinita variedade de opiniões, pode ser mencionada sob o chefe geral da terapêutica mental. Sob este título genérico podem ser agrupadas as invocações dos deuses pelos sacerdotes egípcios; as fórmulas mágicas dos discípulos de Escula pius; o pó simpático de Paracelso; o toque do rei para a cura do bócio; as curas maravilhosas no túmulo do diácono Paris e em Lourdes; o poder milagroso suposto residir nas relíquias dos santos; as curas igualmente milagrosas de homens como Greatrakes, de Gassner e do Abade Príncipe de Hohenlohe; e o não menos maravilhoso poder de cura demonstrado pelos sistemas modernos conhecidos como cura da mente, cura da fé, ciência cristã, magnetismo animal e terapêutica sugestiva.

    Um fato, grávida de importância, diz respeito a todos esses sistemas; e é que as curas maravilhosas são realizadas constantemente através de suas agências. Para o observador casual, parece ser quase evidente que, subjacente a tudo isso, deve haver um princípio que, uma vez entendido, mostre que ele é idêntico quanto à causa e ao modo de operação. No entanto, encontramos tantas teorias conflitantes quanto existem sistemas, e tantas opiniões privadas quanto existem indivíduos que aceitam os fatos. Algumas das hipóteses gravemente apresentadas nos livros são tão bizarras a ponto de excitar apenas a piedade ou o ridículo dos judiciosos. Um exemplo notável é encontrado nesse sistema, cuja teoria básica é que a matéria não tem existência, que nada é real além da mente e que, conseqüentemente, doença e dor, sofrimento e morte, são meras alucinações de intelectos mórbidos. Existem outras teorias que, se não igualmente absurdas, provavelmente estão igualmente distantes da verdade; e cada uma trata as pessoas assim como as opiniões dos outros com aquele virulento contumamente que é o recurso sempre presente dele que forçaria seu próximo a aceitar seu próprio artigo de fé não demonstrável. No entanto, como antes observado, permanece o fato de que cada um desses sistemas produz alguns resultados maravilhosos na forma de cura de certas doenças.

    O que é verdadeiro dos fenômenos abraçados sob o chefe geral da terapêutica mental é também verdadeiro de toda a gama de fenômenos psicológicos; isto é, a falta de uma hipótese de trabalho que se aplique a todos os fatos que foram observados e autenticados.

    Nenhuma tentativa bem sucedida foi feita até agora para suprir essa necessidade; nem foi possível o sucesso até um período muito recente, pela simples razão de que antes da descoberta de certos fatos na ciência psicológica, o mundo científico estava sem os dados necessários a partir dos quais uma hipótese correta poderia ser formulada. As pesquisas do Professor Liébault no domínio do hipnotismo, secundadas pelas de seu aluno, Professor Bernheim, resultaram em descobertas que lançam uma enxurrada de luz sobre todo o campo da investigação psicológica. Sendo seu campo de observação confinado ao hipnotismo, e principalmente ao seu emprego como agente terapêutico, não é provável que nenhum desses eminentes cientistas tenha percebido a importância transcendente de sua principal descoberta, ou percebido que ela é aplicável a fenômenos psicológicos fora do domínio de seus estudos especiais. A descoberta é a seguinte: que os sujeitos hipnóticos são constantemente receptivos ao poder da sugestão; essa sugestão é o fator todo-potente na produção de todos os fenômenos hipnóticos. Esta proposição demonstrou ser verdadeira para além da possibilidade de uma dúvida razoável. Nos capítulos seguintes deste livro será mostrado que este fato fornece o elo que falta na cadeia de proposições necessárias para uma hipótese de trabalho completa para o sujeito em consideração.

    As proposições gerais aplicáveis a todas as fases dos fenômenos psicológicos são aqui apenas brevemente expostas, deixando as proposições menores, ou subsidiárias, necessárias para a elucidação de classes e subclasses particulares de fenômenos a serem declaradas sob suas respectivas cabeças.

    A primeira proposta diz respeito ao caráter duplo da organização mental do homem. Ou seja, o homem tem, ou parece ter, duas mentes, cada uma dotada de atributos e poderes separados e distintos; cada uma capaz, sob certas condições, de ação independente. Deve-se entender claramente no início que, com o propósito de chegar a uma conclusão correta, é uma questão de indiferença se consideramos que o homem é dotado de duas mentes distintas, ou que sua mente possui certos atributos e poderes sob algumas condições, e certos outros atributos e poderes sob outras condições. É suficiente saber que tudo acontece como se ele fosse dotado de uma organização mental dupla.

    Sob as regras do raciocínio correto, portanto, tenho o direito de assumir que A MAN TEM DUAS MENTEIRAS; e a suposição é assim expressa, em seus termos mais amplos, como a primeira proposição de minha hipótese. Por conveniência, designarei uma como a mente objetiva, e a outra como a mente subjetiva. Estes termos serão explicados de forma mais completa no momento apropriado.

    A SEGUNDA PROPOSTA É, QUE A MENTE SUBJETIVA É CONSTANTEMENTE AMENÁVEL DE CONTROLE PELA SUGESTÃO.

    A TERCEIRA PROPOSTA, OU SUBSIDIÁRIA, É QUE A MENTE SUBJETIVA É INCAPACÁVEL DE RAZÃO INDUCTIVA.

    CAPÍTULO II.

    DUALIDADE E SUGESTÃO.

    A Doutrina da Trindade do Homem - A Filosofia Grega -Os Pais Cristãos Primitivos - Filosofia Hermética -Suécia -Dualidade na Filosofia Moderna -Mentes Objetivo e Subjetivo -As suas Diferenças Distintas e Modos de Operação - A Mente Subjetiva uma Entidade Distinta -Ilustrações do Hipnotismo -Sugestão -Auto-Sugestão -Universidade da Lei de Sugestão.

    A idéia ampla de que o homem é dotado de uma organização mental dupla está longe de ser nova. A verdade essencial da proposta tem sido reconhecida por filósofos de todas as idades e nações do mundo civilizado. Que o homem é uma trindade, composta de corpo, alma e espírito, foi um princípio cardinal na fé de muitos antigos filósofos gregos, que assim reconheceram claramente o caráter dual da organização mental ou espiritual do homem. A idéia de Platão do homem terrestre era que ele é uma trindade de alma, alma-corpo e terra-corpo. O jargão místico dos filósofos hermetistas revela a mesma idéia geral. O sal, enxofre e mercúrio dos antigos alquimistas sem dúvida se refere ao homem como sendo composto de uma trindade de elementos. Os primeiros pais cristãos proclamaram com confiança a mesma doutrina, como é mostrado nos escritos de Clemente, Orígenes, Taciano e outros primeiros expoentes da doutrina cristã.

    De fato, pode-se assumir com segurança que a concepção desta verdade fundamental foi mais ou menos claramente definida na mente de todos os antigos filósofos, tanto cristãos como pagãos. É a base de sua concepção de Deus como Trindade em sua personalidade, modos de existência e manifestações tations,- uma concepção da qual Schelling diz: A filosofia da mitologia prova que uma trindade de potencialidades divinas é a raiz da qual cresceram as idéias religiosas de todas as nações de qualquer importância que são conhecidas por nós.

    Em tempos posteriores, o Swedenborg, acreditando ser divinamente inspirado, declarou que Há para cada homem um homem interno, um homem racional, e um homem externo, que é propriamente chamado o homem natural. Novamente, ele nos diz que há três naturezas, ou graus de vida, no homem - o natural, o espiritual e o celestial.

    Dos escritores modernos que aceitam a dupla teoria, o Professor Wigan, o Dr. Brown-Séquard e o Professor Proctor são exemplos notáveis. Vários fatos são citados por esses escritores, demonstrando o fato amplo da dualidade mental, embora sua teoria de causalidade, baseada na anatomia cerebral, não terá um momento de exame à luz dos fatos da ciência hipnótica.

    Em anos mais recentes[1] a doutrina da dualidade da mente está começando a ser mais claramente definida, e pode-se agora dizer que ela constitui um princípio cardinal na filosofia de muitos dos expoentes mais abléticos da nova psicologia.

    Milhares de exemplos podem ser citados para mostrar que em todos os tempos a verdade tem sido pouco reconhecida por homens de todas as raças civilizadas e em todas as condições de vida. De fato, pode ser seguramente baseado em cada homem de inteligência e refinamento que muitas vezes ele sentiu dentro de si uma inteligência e não o resultado da educação, uma percepção da verdade independente do testemunho de seus sentidos corporais.

    É natural supor que uma proposta, cuja correção substancial foi tão amplamente reconhecida, não só deve possuir uma base sólida de verdade, mas deve, se claramente compreendida, possuir um verdadeiro significado da maior importância para a humanidade.

    Até agora, no entanto, nenhuma tentativa bem sucedida foi feita para definir claramente a natureza dos dois elementos que constituem a mente dupla; nem foi reconhecido o fato de que as duas mentes possuem características distintivas. É um fato, entretanto, que a linha de demarcação entre os dois é claramente definida; que suas funções são essencialmente diferentes; que cada um é dotado de atributos e poderes separados e distintos; e que cada um é capaz, sob certas condições e limitações, de ação independente.

    Por carência de uma nomenclatura melhor, vou distinguir as duas designando uma como objetiva, e a outra como subjetiva. Ao fazer isso, as definições comumente recebidas das duas palavras serão ligeiramente modificadas e ampliadas; mas na medida em que elas quase expressam meu significado exato mais do que quaisquer outras que me ocorrem, prefiro usá-las do que tentar cunhar outras novas.

    Em termos gerais, a diferença entre as duas mentes do homem pode ser afirmada da seguinte forma: -

    A mente objetiva toma conhecimento do mundo objetivo. Seus meios de observação são os cinco sentidos físicos. É o resultado das necessidades físicas do homem. É seu guia em sua luta com seu ambiente material. Sua função mais elevada é a do raciocínio.

    A mente subjetiva toma conhecimento de seu meio ambiente por meio de sentidos físicos independentes. Ela percebe por intuição. É a sede das emoções, e o armazém da memória. Ela desempenha suas mais altas funções quando os sentidos objetivos estão em obediência. Em uma palavra, é essa inteligência que se manifesta num sujeito hipnótico quando ele está em estado de sonambulismo.

    Neste estado, muitas das proezas mais maravilhosas da mente subjetiva são realizadas. Ela vê sem o uso dos órgãos naturais da visão; e neste, como em muitos outros graus, ou graus, do estado hipnótico, pode ser feito, aparentemente, sair do corpo, e viajar para terras distantes e trazer de volta inteligência, muitas vezes do caráter mais exato e verdadeiro. Também tem o poder de ler os pensamentos dos outros, até os mínimos detalhes; ler o conteúdo de envelopes selados e de livros fechados. Em resumo, é a mente subjetiva que possui o que é popularmente designado como poder clarividente , e a capacidade de apreender os pensamentos dos outros sem a ajuda dos meios de comunicação ordinários e objetivos.

    Na verdade, aquilo que, por conveniência, escolhi designar como mente subjetiva, parece ser uma entidade separada e distinta; e a verdadeira diferença distintiva entre as duas mentes parece consistir no fato de que a mente objetiva é meramente a função do cérebro físico, enquanto a mente subjetiva é uma entidade distinta, possuindo poderes e funções independentes, tendo uma organização mental própria e sendo capaz de sustentar uma existência independente do corpo. Em outras palavras, ela é a alma. O leitor faria bem em ter esta distinção claramente em mente enquanto prosseguimos.

    Um dos mais importantes, assim como um dos mais marcantes pontos de diferença entre as duas mentes, relaciona-se com o tema da sugestão. É nisto que as pesquisas dos hipnotistas modernos nos dão a ajuda mais importante. Se concordamos com a escola de Paris em dar à sugestão um lugar secundário entre as causas dos fenômenos hipnóticos, ou com a escola de Nancy em atribuir todos os fenômenos à potencialidade da sugestão, não pode haver dúvida de que quando a sugestão é empregada ativa e inteligentemente, ela é sempre eficaz. As seguintes proposições, portanto, não serão contestadas por nenhum estudante inteligente de hipnotismo:-

    1. Que a mente objetiva, ou, digamos, o homem em sua condição normal, não é controlável, contra a razão, o conhecimento positivo, ou a evidência de seus sentidos, pelas sugestões de outro.

    2. Que a mente subjetiva, ou o homem no estado hipnótico, é inqualificável e constantemente receptivo ao poder da sugestão.

    Ou seja, a mente subjetiva aceita, sem hesitação ou dúvida, todas as afirmações que lhe são feitas, por mais absurdas ou incongruentes ou contrárias à experiência objetiva do indivíduo. Se for dito a um sujeito que ele é um cão, ele aceitará imediatamente a sugestão e, no limite da possibilidade física, agirá a parte sugerida. Se lhe for dito que ele é o Presidente dos Estados Unidos, ele agirá a parte com maravilhosa fidelidade à vida. Se lhe for dito que está na presença de anjos, ele será profundamente comovido com atos de devoção. Se for sugerida a presença de demônios, seu terror será instantâneo e doloroso de se ver. Ele pode ser lançado a um estado de intoxicação ao ser levado a beber um copo de água sob a impressão de que se trata de aguardente; ou pode ser restaurado à sobriedade pela administração de aguardente, sob o pretexto de um antídoto para a embriaguez. Se lhe for dito que ele está com febre alta, seu pulso se tornará rápido, seu rosto se enxaguará, e sua temperatura aumentará. Em resumo, ele pode ser obrigado a ver, ouvir, sentir, cheirar ou provar qualquer coisa, em obediência à sugestão. Ele pode ser elevado ao mais alto grau de exaltação mental ou física pelo mesmo poder, ou ser mergulhado por ele na condição letárgica ou cataléptica, simulando a morte.

    Estes são fatos fundamentais, conhecidos e reconhecidos por todos os estudantes da ciência do hipnotismo. Há outro princípio, porém, que deve ser mencionado neste contexto, que aparentemente não é tão bem compreendido pelos hipnotizadores em geral. Refiro-me ao fenômeno da auto-sugestão. O professor Bernheim e outros reconheceram sua existência e seu poder de modificar os resultados de experimentos em uma classe de fenômenos hipnóticos, mas aparentemente falharam em apreciar seu pleno significado. É, de fato, de importância coextensiva com o princípio geral, ou lei, da sugestão, e é uma parte essencial da mesma. Ela modifica todo fenômeno, e às vezes parece formar uma exceção à lei geral. Entendido corretamente, no entanto, será visto, não apenas para enfatizar essa lei, mas para harmonizar todos os fatos que formam aparentes exceções a ela.

    Sendo as duas mentes possuidoras de poderes e funções independentes, segue como corolário necessário que a mente subjetiva de um indivíduo é tão favorável ao controle de sua própria mente objetiva quanto à mente objetiva de outro. Isto nos parece verdadeiro de mil maneiras. Por exemplo, é bem conhecido que uma pessoa não pode ser hipnotizada contra sua vontade. Como a condição hipnótica é geralmente induzida pela sugestão do operador, seu fracasso se deve à auto-sugestão contrária do sujeito. Novamente, se o sujeito se submete a ser hipnotizado, mas resolve de antemão que não se submeterá a certos experimentos previstos, os experimentos certamente fracassarão. Um dos melhores sujeitos hipnóticos conhecidos pelo escritor nunca se permitiria ser colocado em uma posição diante de uma empresa da qual ele se encolheria em seu estado normal. Ele possuía uma dignidade de caráter notável, e era altamente sensível ao ridículo; e esta sensibilidade interveio em sua defesa, e tornou abortadas todas as tentativas de levá-lo a se colocar em uma atitude ridícula. Novamente, se um sujeito hipnótico é conscientemente oposto ao uso de bebida forte, nenhuma persuasão por parte do operador pode induzi-lo a violar seus princípios estabelecidos. E assim por diante, através de todas as fases variáveis dos fenômenos hipnóticos, a auto-sugestão desempenha seu papel sutil, muitas vezes confundindo o operador por resistência, onde ele esperava obediência passiva. Ela não milita contra a força da regra de que a sugestão é o poder de controle total que move a mente subjetiva. Pelo contrário, ela a confirma, demonstra sua precisão nunca falhada. Mostra, entretanto, que a sugestão mais forte deve sempre prevalecer. Demonstra, além disso, que o sujeito hipnótico não é o autômato passivo, irracional e irresponsável que os hipnotistas, antigos e modernos, acreditaram nele.

    Como este é um dos ramos mais importantes de todo o tema dos fenômenos psicológicos, ele será tratado de forma mais completa quando as diversas divisões do tema ao qual o princípio é aplicável forem atingidas. Entretanto, o estudante não deve por um momento perder de vista este fato fundamental, que a mente subjetiva está sempre receptiva ao poder de sugestão da mente objetiva, seja a do próprio indivíduo, seja a de outro que, por enquanto, assumiu o controle.

    PÉS:

    [1] Desde que o acima exposto foi escrito, surgiu a obra capaz e interessante de Du Prel, intitulada A Filosofia da Mística, na qual a teoria da dualidade é demonstrada além de qualquer dúvida por referência aos fenômenos dos sonhos.

    CAPÍTULO III.

    RACIOCÍNIOS DAS DUAS MENTES DIFERENCIADAS.

    A mente subjetiva incapaz de raciocínio indutivo - Processos sempre dedutivos ou silogísticos -Premissa o resultado da sugestão -Ilustrações por hipnotismo -Entrevista hipnótica com Sócrates -Relações de uma suposta premissa maior -Entrevista com um porco filosófico -O porco afirma a doutrina da reencarnação -Dogmatismo da inteligência subjetiva -Incapaz de argumentos controversos -Persistência em seguir uma linha de pensamento sugerida.

    UMA das distinções mais importantes entre as mentes objetivas e subjetivas diz respeito à função da razão. Que existe uma diferença radical em seus poderes e métodos de raciocínio é um fato que não foi notado por nenhum psicólogo que tenha escrito sobre o assunto. É, contudo, uma proposta que será prontamente admitida como sendo essencialmente verdadeira por todo observador quando sua atenção for chamada a ela. As proposições podem ser resumidas da seguinte forma: -

    1. A mente objetiva é capaz de raciocinar por todos os métodos,-indutivo e dedutivo, analítico e sintético.

    2. A mente subjetiva é incapaz de raciocinar de forma indutiva.

    Que se entenda aqui que esta proposição se refere aos poderes e funções da mente puramente subjetiva, tal como são demonstrados nas operações mentais de pessoas em estado de profundo hipnotismo, ou transe. Os prodigiosos feitos intelectuais das pessoas nessa condição têm sido uma fonte de espanto em todas as épocas; mas a peculiaridade marcante observada acima parece ter sido perdida de vista na admiração de as outras qualidades exibidas. Em outras palavras, nunca foi notado que seu raciocínio é sempre dedutivo, ou silogístico. A mente subjetiva nunca classifica uma série de fatos conhecidos, e razões deles até princípios gerais; mas, dado um princípio geral para começar, ela raciocinará dedutivamente a partir disso até todas as inferências legítimas, com uma cogência e poder maravilhosos. Colocar um homem de inteligência e cultivo no estado hipnótico, e dar-lhe uma premissa, digamos na forma de uma declaração de um princípio geral de filosofia, e não importa quais possam ter sido suas opiniões em sua condição normal, ele assumirá sem hesitação, em obediência ao poder da sugestão, a correção da proposição; e se lhe for dada a oportunidade de discutir a questão, procederá a deduzir daí os detalhes de todo um sistema de filosofia. Cada conclusão será tão clara e logicamente dedutível da premissa principal, e com tão plausível e consistente, que o ouvinte quase esquecerá que a premissa foi assumida. Para ilustrar:-

    Uma vez o escritor viu o Professor Carpenter, de Boston, colocar um jovem cavalheiro no estado hipnótico em uma reunião privada na cidade de Washington. A empresa era composta por senhoras e senhores altamente cultivados de todos os matizes de crença religiosa; e o próprio jovem - que será designado como C - era um cavalheiro culto, possuía um gosto decidido por estudos filosóficos, e era formado em uma faculdade de ponta. Em sua condição normal, ele era liberal em suas opiniões sobre assuntos religiosos e, embora sempre sem preconceitos e aberto à convicção, era um decidido descrente no espiritismo moderno. Conhecendo seu amor pelos clássicos e sua familiaridade com as obras dos filósofos gregos, o professor lhe perguntou como ele gostaria de ter uma entrevista pessoal com Sócrates.

    Eu deveria estimar como um grande privilégio, se Sócrates estivesse vivo, respondeu C.

    É verdade que Sócrates está morto, respondeu o professor; mas posso invocar seu espírito e apresentá-lo a ele. Lá está ele agora", exclamou o professor, apontando para um canto da sala.

    C olhou na direção indicada, e imediatamente se levantou, com um olhar do mais reverencial respeito retratado em seu semblante. O professor passou pelo cerimonial de uma apresentação formal, e C, quase sem palavras de vergonha, fez uma reverência profunda e ofereceu ao suposto espírito uma cadeira. Ao ser assegurado pelo professor que Sócrates estava disposto e ansioso para responder qualquer pergunta que lhe fosse feita, C imediatamente começou uma série de perguntas, hesitante e com evidente embaraço no início; mas, reunindo coragem enquanto prosseguia, catequizou o filósofo grego por mais de duas horas, interpretando as respostas para o professor à medida que as recebia. Suas perguntas abarcavam toda a cosmogonia do universo e uma ampla gama de filosofia espiritual. Elas eram notáveis por sua pertinência, e as respostas não foram menos notáveis por seu caráter claro e sentencioso, e foram formuladas na mais elegante e sublime dicção, como o próprio Sócrates poderia ser suposto empregar. Mas o mais notável de tudo foi o maravilhoso sistema de filosofia espiritual que evoluiu. Era tão claro, tão plausível e tão perfeitamente coerente consigo mesmo e com as conhecidas leis da natureza que a empresa se sentava enfeitiçada em tudo isso, cada um quase convencido, por enquanto, de que estava ouvindo uma voz do outro mundo. De fato, a impressão era tão profunda que alguns deles - não espíritas, mas membros da Igreja Cristã - anunciaram sua convicção de que C estava realmente conversando com o espírito de Sócrates ou com alguma inteligência igualmente elevada.

    Em reuniões posteriores foram convocados outros espíritos fingidos, entre eles alguns dos filósofos mais modernos, e um ou dois que não puderam ser dignos com esse título. Quando um espírito moderno foi invocado, toda a forma de C mudou. Ele estava mais à vontade, e a conversa de ambos os lados assumiu um tom puramente do século dezenove. Mas a filosofia era a mesma; nunca houve um lapso ou uma inconsistência. Com a introdução de cada novo espírito, houve uma mudança decidida de dicção e caráter e estilo geral de conversa, e cada um era sempre o mesmo, sempre que reintroduzido. Se as próprias pessoas tivessem estado presentes, suas peculiaridades distintivas não poderiam ter sido mais marcantes; mas se tudo o que foi dito pudesse ter sido impresso em um livro literalmente, teria formado um dos maiores e mais coerentes sistemas de filosofia espiritual jamais concebido pelo cérebro do homem, e sua única mancha teria sido a mudança freqüente do estilo de dicção.

    Não se deve esquecer que C não era um espírita, e que toda a inclinação de sua mente estava inclinada ao materialismo. Ele freqüentemente expressou o mais profundo assombro com as respostas que recebeu. Isto foi considerado como uma evidência de que as respostas não evoluíram de sua própria consciência interior. De fato, alguns dos presentes insistiram que ele devia estar falando com uma inteligência independente, caso contrário, suas respostas teriam coincidido com sua própria crença enquanto em sua condição normal. A resposta conclusiva a essa proposta é esta: Ele estava no estado subjetivo. Foi-lhe dito que ele estava falando cara a cara com um espírito desencarnado de inteligência superior. Ele acreditava na afirmação implicitamente, em obediência à lei da sugestão. Ele viu, ou pensou ter visto, um espírito desencarnado. A inferência, para ele, era irresistível que isto era uma demonstração da verdade do espiritismo; sendo assumido, o resto seguia como uma inferência natural. Ele estava, então, simplesmente raciocinando dedutivamente a partir de uma premissa principal assumida, impelido, por assim dizer, pela força irresistível de uma sugestão positiva. Seu raciocínio era perfeito, não havia uma falha; mas era puramente silogístico, desde princípios gerais até fatos particulares.

    Sem dúvida, dir-se-á que isto não prova que ele não estava de fato conversando com um espírito. É verdade; e se a conversa tivesse sido confinada a assuntos puramente filosóficos, seu caráter exaltado teria fornecido fundamentos plausíveis para uma crença de que ele estava realmente em comunhão com os habitantes de um mundo onde a inteligência pura reina suprema. Mas foram feitas perguntas de teste a um dos supostos espíritos, com o objetivo de determinar este ponto. Um deles foi perguntado onde ele morreu. Sua resposta foi: Em uma cidadezinha perto de Boston. O fato é que ele havia vivido em uma cidadezinha perto de Boston, e o sonâmbulo sabia disso. Mas ele morreu em uma terra estrangeira,- um fato que o sonâmbulo não conhecia. C foi posteriormente, quando em seu estado normal, informado do fracasso desta pergunta de teste, e ao mesmo tempo foi informado sobre os fatos relativos às circunstâncias da morte do cavalheiro cujo espírito foi invocado. Ele se divertiu com o fracasso, bem como com a credulidade daqueles que haviam acreditado que ele havia estado em conversa com espíritos; mas numa sessão subseqüente ele foi novamente informado de que o mesmo espírito estava presente, e ele imediatamente manifestou a mais profunda indignação por causa do

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