Suplemento Pernambuco #196: Ana C., nossa GIRL FROM RIO
De Jânio Santos, Hana Luzia, Luis E. Jordán e
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Suplemento Pernambuco #196 - Jânio Santos
CARTA DOS EDITORES
Nos 40 anos do lançamento de um livro de poesia que marcou, perturbou e fez tremer as bases do que tomávamos como poético - e como desejo -, duas poetas brasileiras lembram como suas vidas e seus versos foram também modificados com a leitura de A teus pés , de Ana Cristina Cesar (1952-1983), mais conhecida como Ana C. Stephanie Borges e Regina Azevedo fazem um mergulho íntimo na relação que elas têm com o livro e como é urgente rever os modos como até hoje a crítica literária brasileira lida com a poeta carioca. Talvez o fato de vivermos em tempos de excesso de compartilhamento sirva como uma oportunidade para abandonarmos ideias que foram associadas à literatura de Ana C., como o tom confessional
, provoca Stephanie. Mergulho, e, se procuro algo [na obra dela], talvez seja essa escuridão onde tudo fica às claras, ou o silêncio de certa hora da noite que tudo comunica. Como no poema ‘que desliza’: ‘Onde seus olhos estão/as lupas desistem’
, escreve Regina.
Pensando também em gestos de revisão, Thiago Soares faz uma leitura contemporânea de ensaios clássicos (e mais atuais do que nunca) publicados em uma nova edição de Sob o signo de Saturno, de Susan Sontag (1933-2004). No artigo da socióloga Mariana Chaguri, uma apresentação e discussão da atuação de mulheres mineiras na Revolução de 1930 - uma participação reconhecida pelos jornais da época e progressivamente apagada ao longo dos anos. O texto faz parte da nossa parceria com a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), na qual pesquisadoras e pesquisadores apresentam brevemente os estudos que vêm conduzindo.
Seguimos relendo a História com um evento que aconteceu em 1788, quando dois exemplares de um livro chegaram ao território brasileiro e esquentaram ainda mais as revoluções que surgiam em nome do estabelecimento de uma república (ou de repúblicas). Em um desvio para horizontes possíveis, importante destacar a entrevista com a artista indígena Rita Sales Daní, cofundadora do centro cultural Kayatibu, em que ela debate alguns desafios da produção e circulação da arte indígena no Brasil.
Uma boa leitura a todas e todos.
COLABORAM NESTA EDIÇÃO
Emanuela Siqueira, tradutora e doutoranda em Estudos Literários (UFPR); Heloisa Murgel Starling, historiadora, autora de Ser republicano no Brasil Colônia; Isabela Benassi, mestre em Literatura Comparada (USP); José Landim, mestrando em Literatura (PUC-Rio); Laura Erber, professora, autora de A retornada; Leonardo Nascimento, doutorando em Antropologia Social (UFRJ); Priscilla Campos, doutoranda em Literatura Hispano-Americana (USP); Rodrigo Garcia Lopes, poeta e tradutor, autor de O enigma das ondas; Thiago Soares, professor (UFPE), autor de Ninguém é perfeito e a vida é assim; Silviano Santiago, ensaísta, autor de Machado
EXPEDIENTE
Governo do Estado de Pernambuco
Governador
Paulo Henrique Saraiva Câmara
Vice-governadora
Luciana Barbosa de Oliveira Santos
Secretário da Casa Civil
José Francisco Cavalcanti Neto
Companhia editora de Pernambuco – CEPE
Presidente
Ricardo Leitão
Diretor de Produção e Edição
Ricardo Melo
Diretor Administrativo e Financeiro
Bráulio Meneses
Superintendente de produção editorial
Luiz Arrais
EDITOR
Schneider Carpeggiani
EDITOR ASSISTENTE
Carol Almeida e Igor Gomes
DIAGRAMAÇÃO E ARTE
Hana Luzia e Janio Santos
ESTAGIÁRIOS
Luis E. Jordán, Rafael Olinto e Vitor Fugita
TRATAMENTO DE IMAGEM
Agelson Soares e Sebastião Corrêa
REVISÃO
Dudley Barbosa e Maria Helena Pôrto
colunistas
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Supervisão de mídias digitais e UI/UX design
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UI/UX design
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Produção gráfica
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marketing E vendas
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Quando tesão é uma questão (de gênero)
Entre a sexualização do texto e a textualização do sexo, a língua se move
Laura Erber
vitor fugita
A língua não para de se mover, coisa de louco. A nossa se move quando chupa o caju e o cambucá, embora nem todo mundo conheça o gosto, a língua diz e sabe mais do que dizemos, nosso mel de melado, nosso prumo, nosso istmo, língua preguiçosa, crua, doce e braba. As alterações na língua, em toda língua, levam tempo até serem notadas a olho nu. Sinto informar, mas esta crônica não trata de linguagem neutra ou não binária. Talvez também fale disso, sem no entanto entrar no tema, sobre o qual não sou versada, sigo estudando. O tema do textículo
(obrigada, Macunaíma) é tesão. O tema também é sexualização do texto e textualização do sexo. Tesão e flexão de gênero.
Vítima é sempre palavra feminina, mesmo que o vitimado seja um homem. Por sua vez, o cônjuge (e sua variante conge
) é sempre palavra masculina, mesmo que se fale da mulher. A língua é simples e maravilhosa, é um escândalo de ordem e confusão. Outra coisa divertida são os substantivos epicenos. A vespa e o ornitorrinco.
Não sei vocês, mas até não muito tempo atrás eu costumava alternar A tesão e O tesão, tanto na fala, quanto por escrito, mais ou menos levianamente. Acompanhava-me uma duvidazinha sobre o que seria mais correto. Naturalmente, nada que tirasse o sono ou fizesse o desejo alucinar. Há quem titubeie de maneira semelhante a respeito de A personagem e O personagem. A personagem parece vir de livros meio velhos, ou seria um espectro circulando dentro de uma sala de aula vazia. Com tesão a coisa é mais complicada.
O Wikicionário informa, através de uma singela nota gramatical
sobre tesão: embora haja quem a use no feminino, no Brasil, é mais utilizada como masculino (única forma aceita por dicionários como o Houaiss); em Portugal, embora os dicionários a classifiquem como masculina, tem uso como feminina.
Os dicionários Aulete, Aurélio e Michaelis classificam o termo como substantivo masculino. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, registra tesão como substantivo comum de dois gêneros.
Assim de orelhada, a palavra talvez tivesse potencial pra ser só feminina, já que no português brasileiro, praticamente todos os nomes abstratos terminados em ão
são femininos. A emoção, a comoção, a excitação, a decepção, a frustração, a irritação, a sofreguidão. Palavra puxa palavra, a tesão.
Ocorre que de barba e bigode, o tesão fica certamente mais próximo do pau, o pênis, o pinto, ele mesmo, e mais distante daquilo que aflora no aparato sensitivo feminino. É difícil imaginar um Dom Casmurro ou o ilustre Conselheiro Aires sentindo uma tesão, mas pode-se cogitar que pelo menos uma vez tenham sentido o maior tesão. Machado era maravilhoso, inclusive nisso, criou os melhores personagens desvirilizados, homens tristes, sem tesão e pouco tesudos.
No português, o masculino é gênero prototípico, é o gênero genérico, o que não precisa ser marcado, às vezes chegando a fazer crer que o feminino seja produto de sua flexão. E as pirocas e vergas que se cuidem, pois piroco tem sido cada vez mais usado.
O tesão assim masculinizado faz pensar: terá sido um caso de resíduo semântico
? Ou o fato de que o tesão masculino (do homem, a pessoa) seja mais fisiologicamente explícito que a tesão feminina (da mulher, gente, nós mesmas) terá influenciado o surgimento do tesão? Tesão como sinônimo de ereção? Em todo caso, e sem nenhum grande argumento, preciso dizer que A tesão é palavra infinitamente mais tesuda que O tesão.
Será que no futuro teremos de lutar pela permanência de alguma ambiguidade ou confusãozinha, entre gênero sexual e gênero gramatical? Digo, lutar pela permanência de o clitóris, o útero, o seio, a verga?
Pesquisa rápida e aleatória sobre o tema revelou as seguintes predileções: Cecília Floresta, o tesão, Sérgio Sant’Anna, o tesão, Ana Cristina Cesar, a tesão, Hilda Hilst, o tesão,