Cenas londrinas
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Sobre este e-book
Virginia Woolf
VIRGINIA WOOLF (1882–1941) was one of the major literary figures of the twentieth century. An admired literary critic, she authored many essays, letters, journals, and short stories in addition to her groundbreaking novels, including Mrs. Dalloway, To The Lighthouse, and Orlando.
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Pré-visualização do livro
Cenas londrinas - Virginia Woolf
Tradução de
MYRIAM CAMPELLO
3ª edição
Rio de Janeiro, 2017
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Woolf, Virginia
W856c
Cenas londrinas [recurso eletrônico] / Virginia Woolf; tradução Myriam Campello. - 1. ed. - Rio de Janeiro: José Olympio, 2017.
recurso digital
Tradução de: The london scene
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN: 978-85-03-01325-3 (recurso eletrônico)
1. Ensaio inglês. 2. Livros eletrônicos. I. Campello, Myriam. II. Título.
17-41645
CDD: 824
CDU: 821.111-4
Copyright © Espólio de Virginia Woolf, 1975, 2017
Título original do inglês: THE LONDON SCENE
Este livro foi revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prévia autorização por escrito.
Reservam-se os direitos desta tradução à
EDITORA JOSÉ OLYMPIO LTDA.
Rua Argentina, 171 – 3º andar – São Cristóvão
20921-380 − Rio de Janeiro, RJ
Tel.: (21) 2585-2000
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ISBN 978-85-03-01325-3
Produzido no Brasil
2017
Sumário
A outra face de Virginia Woolf, por Ivo Barroso
As docas de Londres
Maré da Oxford Street
Casas de grandes homens
Abadias e catedrais
Esta é a Câmara dos Comuns
Retrato de uma londrina
A história de Cenas londrinas
Índice de pessoas e lugares
A outra face de Virginia Woolf
Ivo Barroso
Durante a Segunda Guerra Mundial, Virginia Woolf, que se refugiara dos bombardeios de Londres em Monk’s House, sua casa de campo em Rodmel, escreveu à sua amiga Ethel Smyth:
Que estranho é ser uma mulher do campo depois de tantos anos sendo uma londrina típica! É possível que esta seja a primeira vez em minha vida que não tenha um teto em Londres... Você nunca compartilhou de minha paixão por essa grande cidade. No entanto, em algum nicho estranho de minha mente sonhadora, ela é tudo quanto representa Chaucer, Shakespeare, Dickens. Eis o meu único patriotismo.
Essa paixão pela cidade, que Virginia mais de uma vez evoca em suas obras maiores, tornou-se patente pela descoberta neste ano de um relato (conto? crônica?) na biblioteca da Universidade de Sussex, no sul da Inglaterra, que viria completar a série de cinco outros relatos já publicados nos anos 1970 sob o título The London Scene [Cenas londrinas], mas que se tornou definitivamente uma obra rara pouco tempo depois de sua publicação. Escritas entre 1931 e 1932, as cinco narrativas descrevem minuciosamente os passeios de Virginia pelas docas do East Side, subindo o curso do rio para o sul, até a chegada ao cais de desembarque de Tilbury, em plena agitação de sua vida comercial. Em outro percurso, a partir da buliçosa Oxford Street e a extravagante variedade de seu comércio excessivamente popular, a caminhada segue e serpenteia pelos grandes edifícios da City e adjacências, e Virginia se detém a contemplar a magnificência da catedral de St. Paul e a austeridade da abadia de Westminster. Daí prossegue em busca das casas de escritores ilustres e termina com um passeio insólito pelas salas dos homens
da Câmara dos Comuns. O sexto relato — agora encontrado pela editora londrina Emma Cahill, que pretendia reeditar The London Scene — denomina-se Retrato de uma londrina e suspeita-se que sua exclusão dos primitivos cinco se deva ao fato de ser o único em que o protagonista é um personagem fictício. Informa mrs. Cahill: A personagem do conto é mrs. Crowe, uma londrina típica, homenagem da autora à vida cotidiana da mulher inglesa.
Talvez esse último relato represente uma espécie de contraponto ao tom excessivamente masculino que Virginia Woolf havia assumido nas descrições anteriores. Queremos dizer com isto — como se verá em seguida — que a visão inicial, inteiramente objetiva e quase fotográfica da autora, abre aqui um pequeno espaço para as suas introspecções e considerações de cunho social. Segundo Lúcia Miguel Pereira, uma de suas mais argutas analistas no Brasil,
há em Virginia Woolf uma crítica e uma romancista tão diversas, por vezes tão opostas entre si (...): uma é tão incisiva e lógica, como lírica e fluida a outra; aquela afirma, define, usa processos diretos, palavras precisas; esta sugere, esbate, avança sinuosamente por meio de frases algum tanto preciosas, irisadas, sutis (...) Com aquele [espírito racionalista] fez crítica, com esta [sensibilidade feminina] romances. Toda graça, às vezes até um pouco maneirosa, toda suavidade e meiguice se mostra na ficção; toda clareza, ousadia e penetração aparece nos