Dança da Alma
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Dança da Alma - Letícia Desoppa
Nota do autor
Todos estamos em constante busca de algo, nos movimentando incansavelmente pela possibilidade da realização de um sonho. O fato é que esquecemos quem somos, nos preocupando demasiadamente com o que buscamos ser...
Nossa individualidade se soma às demais, constituindo a diversidade
. Por essa razão, agradeço a todos que me acompanham a dançar com a vida.
Dedico estas páginas a minha família e amigos queridos, aos professores, fundamentais em minha formação, esquecidos na primeira oportunidade pela sociedade.
Dedico um agradecimento especial a Célia Maria Groppo por ser uma excelente mulher; suas palavras de sabedoria inspiram a todos.
Eco
Buscava no tempo
No sabor do vento
Na luz de um pensamento
No crer o acreditar
Um breve incremento
A todos os momentos
Na dor um sentimento
No ver o despertar
Nas sombras o movimento
No luar um alento,
Na flor um sacramento
Para minha alma curar
Na vida um ornamento
Para o entendimento
Do ser e seu intento
No clamor o libertar
E eu sempre querendo
Não estar sempre sofrendo
E ser o sofrimento
Lapidando almas.
Dançarino
Todos encontram um jeito de fugir da alegria,
Limitando-se ao direito de viver de agonia.
Enquanto você chorava
Lembrando o que mudaria
De leve sua mão eu apertava
Enquanto os corpos dançavam, flutuando na harmonia,
Onde não se contavam os passos,
Onde não se cobrava a rima,
Seguia-se o doce embalo de um coração encantado
Com os sentimentos da vida.
Questão
Se tudo mudou
Negro é o seu destino,
Isolado em ilhas para se evitar.
Ao lidar com a dor de ser uma ironia
Que se desgastou com o passar da vida.
O que acabou?
O que foi destruído?
A ilusão ou o amor?
Tudo o que eu não tinha...
Jeito
Se o tempo
Está curto
E não
Resta
O que levar,
Esqueça
O mundo,
Leve um
Sorriso mudo
E uma palavra
Amiga.
Ponto
Flores aos que sentem dor
Ao ver um sonho enterrado,
Desafiado ao rancor
E abominado ao acaso.
Porque o olhar é o brilho,
A felicidade, a cor,
Sereno é o meu sorriso
O abrigo ao sofredor.
Psicose
Para andar
Contando passos
Com o inimigo
Em seu rastro,
Com medo de viver.
Renegar
O seu passado,
Princípios são ignorados
Pela sede do poder.
E enxergando-se
Espelhado
E em espelhos adornado
Sem nada conseguir ver.
Com um sorriso
De aço
Frio e afiado,
Pronto para te enfraquecer.
Dança
Porque as almas dançam em nossos olhares,
Cada passo insano decidindo a sorte.
Valsa compassada pela imensidão,
Torna aveludada a lamentação.
Seus dentes afiados,
Refletem a lua cheia
Apagada em espasmos
Na ansiedade da perda.
Olhar gelado
Pleno de escuridão
Questionando meus traços,
Propagando aflição.
Sendo condicionada a divagação,
Transformado no medo e na ilusão.
Fortemente encantado,
Quando contrariado na sistematização.
É extremo e julgado,
Amado com paixão,
Desejando-a em seus braços,
Não aceita redenção.
Atos
Fui cruel durante toda vida
Quando morri o céu guardou meu lugar,
A criança má
Que o pai surrou de cinta...
Enganei e joguei
Com o destino dos amigos,
Para acolher
E apoiar meus inimigos...
A verdade muda
É comparsa da culpa.
Equilíbrio
Contemplando o tempo
Lanço-me ao vento
Para viver no momento
Que se desintegra...
Planto juramentos
Colho o entendimento
No incerto o intento
Em um olhar que brilha...
Mantendo o sereno,
Por amplificar
No isolamento
O recomeçar...
Poema N° 2
Não tenho razão
Quero fazer sentido
Ou torno a ilusão
Um lugar de abrigo,
Guardo no coração
Meu olhar de menino
Livre da decepção
Do que tenho perdido,
Não busco a imensidão
Um ser evoluído
Luto com a escuridão
Para ter merecido,
Por brilho em seu olhar
Que me faz sentir vivo
E poder me instalar
Para sempre em seu sorriso.
Enquanto o chão me espera
Procurava um instante
Nas covas do meu olhar
Pra disfarçar o ímpeto
A vontade de pular...
Contemplava meus abismos
A voz que ele ecoava
Na vastidão de meu íntimo
Que a indiferença isola...