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A Ordem Dos Condes
A Ordem Dos Condes
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E-book531 páginas7 horas

A Ordem Dos Condes

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Sobre este e-book

Quando o semestre letivo começa na Universidade Estadual do Ceará, em Fortaleza, a jovem adolescente Lívia, de apenas 19 anos e recém chegada do interior de Pernambuco, conhece uma nova e animada turma de amigas e também de sedentos pretendentes. Mas a vida da moça dá uma virada quando ela conhece de forma inusitada o jovem Heidrun Bertoli, um tipico galã que provoca suspiros em todas as meninas do campus, mas que acaba sendo conquistado pela bela novata. Porém o jovem Heidrun na verdade é um assassino profissional altamente treinado, o qual, juntamente com sua irmã e seus pais, fazem parte da temida “Ordem dos Condes”, uma antiga organização de justiceiros que age no Brasil desde o período colonial. Apesar de implacavelmente caçada pelas autoridades, a “Ordem” atua como um poder paralelo julgando, condenando e punindo com as próprias mãos toda a espécie de criminosos que atuam no território nacional. Diante dessa realidade, o romance de Heidrun e Lívia está longe de ser um mar de rosas, pois um detalhe que a linda jovem oculta de seu amado junto com questões mal resolvidas do passado envolvendo a família de Heidrun, podem fazer com que a relação dos dois apaixonados se torne extremamente perigosa ao ponto de suas vidas ficarem em risco. Uma eletrizante aventura nas ruas da capital cearense envolvendo muita ação, romance e explorando uma controversa forma de fazer justiça ao velho estilo “olho por olho, dente por dente”.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de jan. de 2016
A Ordem Dos Condes

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    A Ordem Dos Condes - Luis Boto

    A ORDEM DOS CONDES

    Um Assassino, Uma Paixão

    Luis de Moura Boto

    Agradecimentos

    Primeiramente a Deus, que me deu a vida, inteligência e capacidade, e me dá força para continuar a caminhada em busca dos meus objetivos, e por ter me dado a inspiração e o conhecimento necessário das palavras para me expressar e criar com êxito mais este trabalho tão especial.

    Aos meus pais que me ensinaram tudo e a não temer desafios e a superar os obstáculos com humildade.

    À minha esposa e meus filhos, que sempre acreditam em mim e contribuem significativamente a conclusão desta obra.

    Manter o foco na obra em meio à correria do dia a dia foi a tarefa mais árdua, e que por isso mesmo torna A Ordem dos Condes não só mais uma obra literária, mas também uma gratificante vitória pessoal.

    Infelizmente há momentos em que a violência é a única maneira de assegurar a justiça social.

    T. S. Eliot

    Parte I – O clã Bertoli

    1

    A Delegacia do 3.º Distrito Policial de Fortaleza funciona num novíssimo e moderno prédio situado na Avenida Bezerra de Menezes, vizinho à antiga Estação Ferroviária Otávio Bonfim. Essa delegacia é comandada pelo delegado Geraldo Perches, uma autoridade de significativo destaque na Polícia Civil na capital cearense.

    O movimento é intenso nessa tarde em frente à delegacia, com uma grande quantidade de jornalistas, repórteres, policiais e curiosos, todos atentos à porta principal do prédio à espera da saída do maníaco Joseval Silva Calisto, vulgo Calunga, de apenas trinta anos, mas com um extenso currículo de crimes, sendo o último o estupro seguido de morte de uma menina de apenas nove anos de idade, ocorrido nos arredores do bairro Messejana, o que causou extrema revolta e clamor público e vem sendo acompanhado por todos desde a época do acontecido. O pedófilo estava foragido há mais de um mês, mas fora capturado pela Polícia Militar na semana anterior durante uma tentativa frustrada de fuga no município de Horizonte, a cerca de quarenta quilômetros da Capital. O crime hediondo tinha repercutido em toda a mídia local e regional, por isso um julgamento e uma condenação exemplar era ansiosamente esperada por toda população cearense.

    A aglomeração na frente da delegacia se deve ao fato de que foi noticiado na mídia em geral que nessa tarde o meliante será transferido para um presidio de segurança máxima em Pacatuba, na região metropolitana de Fortaleza.

    Os ânimos dos espectadores se exaltam quando a porta frontal da delegacia se abre e um grupo de oito policiais militares muito bem armados saem fazendo a escolta de Calunga, que aparece algemado com as mãos para frente caminhando entre os soldados de forma que ninguém consegue chegar perto dele. O malfeitor tem uma aparência repugnante, sem camisa e vestido apenas com uma calça jeans amarrotada e um par de tênis velho, detentor de tatuagens de figuras sinistras nas costas e em seus braços, e no seu rosto moreno e de barba rala sobressaem piercing´s no nariz, lábio inferior, sobrancelha e vários nas duas orelhas, além de ostentar uma cabeça raspada e uma cicatriz linear que inicia-se na testa e desce diagonalmente até o maxilar passando pelo seu olho esquerdo. Seu simples olhar era capaz de apavorar qualquer adulto, quanto mais a uma criança indefesa, do tipo da maioria de suas vítimas.

    ̶                   Criminoso! Desgraçado! – xingam os populares mais exaltados enquanto o homem caminha entre a multidão sob a guarda impenetrável dos policiais em direção à viatura, afinal todos queriam ver de perto a cara do criminoso que horrorizou a população com a frieza com que tirou a vida da pobre e indefesa menininha de apenas nove anos.

    ̶                   Saiam da frente! Saiam da frente! – ordenava um dos soldados.

    O alvoroço causado pelo caminho que a comitiva percorre da saída do prédio até o estacionamento só diminui quando Calunga é colocado pelos soldados na jaula da viatura Blazer da Polícia Militar, e com o fechamento da porta traseira o meliante finalmente se sente até mais seguro, pois era evidente em seu semblante o receio de ser linchado pela multidão.

    Rapidamente quatro dos oito soldados adentram na mesma viatura, o motorista dá a partida e logo o veículo já está em movimento passando lentamente pelos populares buscando ganhar a avenida. Os outros quatro soldados entram noutra viatura e saem logo em seguida fazendo a escolta da primeira. Apesar da balburdia da multidão pela saída do criminoso, rapidamente todos começam a se dispersar.

    Alguns repórteres que cobriam o evento avistam na entrada da delegacia o doutor Geraldo Perches, um senhor de idade mas com uma aparência jovial, apesar dos velhos óculos de grau, cabelos fartos e grisalhos e visivelmente tentando esconder uma barriga bem saliente. Ele é ninguém menos que o delegado titular da 3.ª DDP, que assistiu atentamente a saída de Calunga de sua delegacia. Imediatamente os jornalistas correm na direção dele já com o seus microfones em punho.

    ̶                   Doutor Perches! Por favor... – adianta-se um deles – Como o senhor descobriu que Calunga estava em Horizonte?

    ̶                   Ora, estávamos investigando há muito tempo. Não tinha como ele escapar! – responde o delegado com um tom ligeiramente arrogante.

    ̶                   Ele vai ficar em Pacatuba até o julgamento? – emenda outro jornalista.

    ̶                   Acredito que sim, afinal não vejo motivo para uma transferência. No entanto essa é uma decisão que cabe à Justiça.

    O delegado percebe que mais repórteres se aproximam e então ele se desvencilha de todos e adentra à delegacia sem dar mais uma palavra com ninguém.

    Enquanto isso as duas viaturas da Polícia seguem tranquilamente uma atrás da outra pela movimentada Avenida Domingos Olímpio. O prisioneiro mostra-se tranquilo dentro de sua pequena cela no porta malas da Blazer, resignado com o rumo que tomara o seu destino, afinal ele está ciente de que, caso não consiga fugir, passará o restante dos seus dias confinado numa penitenciária. De repente Calunga nota um pequeno embrulho de papel cor de vinho no cantinho de sua pequena jaula, quase imperceptível. Como suas mãos estão algemadas para frente, ele se arrasta até o referido canto e pega o tal embrulho, que na verdade se revela uma espécie de envelope do tamanho de um telegrama. Sem mais nada a fazer ele resolve verificar o que há dentro daquele envelope e percebe que o conteúdo é sólido e em formato circular. Em poucos segundos ele abre o invólucro e de súbito é tomado por grande surpresa: uma pequena medalha de latão prata de mais ou menos sete centímetros de diâmetro e com um desenho em alto relevo das letras O e C entrelaçadas dentro de um círculo.

    A estranha medalha está acompanhada de uma pequena etiqueta de papel também na cor vinho, na qual estava escrito em letras digitais Veredicto: Culpado. Nesse instante o semblante tranquilo e o olhar aterrador de Calunga dão lugar a um forte sentimento de medo, fazendo-o olhar pra um lado e outro como se estivesse procurando algo ou como se esconder de alguma forma, parecendo que sabe que algo está por acontecer.

    Pelo vidro da porta traseira da blazer e através das grades de sua pequena jaula, o prisioneiro observa que entre os vários veículos que trafegam na avenida, um em especial lhe chama a atenção: uma luxuosa caminhonete preta de duas cabines com os vidros totalmente escuros e sem placa de identificação, que se aproxima rapidamente da viatura que faz a escolta da principal. Com um semblante bastante nervoso ele tenta avistar o condutor daquela caminhonete, mas em vão. Dá para perceber apenas o vulto de um homem vestido de preto ao volante do veículo.

    A caminhonete emparelha ao lado da viatura que faz a escolta, o vidro do lado do motorista abre automaticamente e nesse instante surge ao volante um homem todo vestido com um uniforme negro e com um espesso colete a prova de balas, tendo ainda seu rosto totalmente coberto por um capuz na mesma cor da roupa e um ameaçador óculos verde escuro, do tipo dos que são usados pelo exército para operações noturnas.

    De repente o desconhecido saca uma imponente pistola Taurus munida de um silenciador na ponta do cano e sem pestanejar ele dispara dois tiros certeiros nos dois pneus do lado direito da viatura, que se descontrola e, apesar dos esforços do motorista, o veículo acaba cruzando a avenida de forma desenfreada e só vai parar com uma forte batida num miniposte de iluminação no canteiro central da via, ficando a viatura e seus quatro tripulantes totalmente inoperantes com relação àquela situação. Muitos populares correm em disparada pelas calçadas da via assustados com aquele repentino e espetacular acidente.

    Ao ver a audaciosa ação do condutor daquele misterioso veículo, Calunga parece entrar em pânico, ainda mais quando percebe que a caminhonete agora já se aproxima dele. Os militares na blazer principal não entendem o que houve com sua escolta.

    ̶                   O que diabos foi que o Monteiro viu? – indaga um dos soldados.

    ̶                   Não sei cara! Ele saiu desgovernado duma hora pra outra e bateu num poste lá atrás.  – responde o motorista.

    ̶                   Ei seu polícia! – intromete-se Calunga mostrando grande nervosismo – Aquela caminhonete ali atirou nos parceiros de vocês!

    ̶                   Como é? Atirou na viatura? – indaga outro militar com cara de que não estava acreditando na informação do prisioneiro.

    ̶                   Foi sim, brother! E agora tá vindo pra cá, tá ligado?

    ̶                   Estão vindo te resgatar, desgraçado? – sugere o militar, já engatilhando o seu rifle e se aprontando para o pior.

    ̶                   Antes fosse brother! Antes fosse! – responde Calunga com um olhar de quem parece estar pedindo ajuda aos policiais.

    Nesse instante a caminhonete aproxima-se da blazer de tal forma que quase chega a colar na traseira da viatura, e então o misterioso encapuzado aperta um dos inúmeros botões eletrônicos no suntuoso painel de seu veículo e imediatamente uma tela é ativada com a imagem da visão traseira do carro, como uma câmara de marcha ré, porém a câmara está acoplada na mira laser de um lançador de arpão automático acoplado na carroceria da caminhonete. O lançador está carregado com um moderno arpão com a ponta em forma de flecha, no entanto a arma está apontada para trás, o que nesse momento não faria sentindo algum sua utilização, uma vez que ela não estava apontada para a viatura.

    Os soldados já estão com seus rifles a postos para dispararem a qualquer sinal de ameaça do veículo intruso, tudo sob o olhar apavorado de Calunga, que mesmo vendo a tal caminhonete colada atrás de sua jaula, não tem outra coisa a fazer senão aguardar pelo desfecho daquela peleja.

    O misterioso encapuzado não hesita em sua ação e de repente ele faz uma manobra impressionante com a caminhonete: gira o volante violentamente para a esquerda, provocando um cavalo-de-pau de cento e oitenta graus no meio da avenida, deixando a traseira do seu veículo apontando para a traseira da viatura onde Calunga está aprisionado. Rapidamente ele utiliza a mira laser cuja imagem está no seu painel eletrônico e aponta para a porta traseira da viatura. Os ocupantes do veículo militar parecem não acreditar no que estão vendo.

    A mira alcança o centro da porta da Blazer e então o audacioso encapuzado aperta outro botão no painel e ouve-se o estrondo do canhão do lançador, que arremessa o arpão de forma certeira em direção à viatura. O cabo de aço acoplado ao arpão se desenrola suavemente até a ponta atingir e atravessar a porta traseira da Blazer, para o espanto geral de Calunga e dos militares. Em seguida a ponta do arpão, já dentro da jaula do prisioneiro, se abre e fica presa à parte interna da porta, daí o encapuzado aperta outro botão no painel e faz com que o desenrolar do cabo seja travado e assim os dois veículos ficam literalmente ligados um ao outro pelo cabo e o arpão.

    Todos na avenida observam boquiabertos aquela cena espetacular de dois carros em alta velocidade, sendo que um ligado ao outro por um cabo e estando o de trás em marcha ré. Com certeza não é uma coisa que se vê todo dia na capital cearense.

    O encapuzado então enfia o pé no freio de sua caminhonete e como a viatura não diminuiu sua velocidade, a consequência é inevitável: a porta traseira da viatura, na qual o arpão está preso, é violentamente arrancada, deixando Calunga exposto. Outro toque num botão do painel e o cabo do lançador de arpão é liberado definitivamente, abandonando a porta recém arrancada no meio da via. Em seguida vê-se outro espetacular cavalo-de-pau da caminhonete, dessa vez para o veículo ficar novamente de frente e seguir sua perseguição. Os militares e o prisioneiro ficam cada vez mais abismados com a audácia e a habilidade do condutor daquela caminhonete.

    ̶                   Ei meu irmão! E agora? – indaga Calunga já tomado pelo medo.

    ̶                   Te abaixa ai, homem! – avisa um dos militares já apontando seu rifle para a caminhonete que os persegue.

    O soldado dá um tiro, em seguida outro deles faz a mesma coisa. Os dois disparos acertam em cheio o para-brisa da caminhonete, mas em vão, os vidros são fortemente blindados. As pessoas na rua começam a correr com o barulho dos tiros saídos da viatura da Polícia perseguida por aquele misterioso e indestrutível carro preto.

    O encapuzado saca novamente sua Taurus, usa a abertura da janela do lado do motorista e, mesmo debaixo dos tiros dos soldados que ricocheteiam no para-brisa, ele mira tranquilamente no indefeso prisioneiro exposto no porta-malas aberto da Blazer. Então ele dispara três tiros certeiros, sem chances para Calunga, que com os três buracos no tórax acaba deitando-se vagarosamente enquanto sua vida se esvai.

    Sem mais nada a fazer, a caminhonete dá outro cavalo-de-pau, desta vez para cruzar de forma violenta a avenida e ir para a outra mão da via, só que em sentido contrário, fazendo outros carros que trafegam naquele instante se obrigarem a frear bruscamente para não baterem naquele veículo ensandecido, que sai em disparada em sua rota de fuga. Ao que tudo indica, sua missão fora cumprida.

    A viatura para no acostamento da avenida e rapidamente os quatro soldados saem e se dirigem para o porta-malas que servia de cárcere para Calunga, enquanto uma multidão de curiosos começa a se formar em torno do veículo para verem do que se trata. Um dos militares observa o meliante deitado e o sangue fluindo através dos buracos deixados pelos tiros que recebera. Eles parecem não acreditar no que acabaram de presenciar.

    ̶                   E agora, parceiros... O que vamos dizer pro Capitão?

    ̶                   A verdade, Oliveira. A verdade.

    Pouco tempo depois o local onde a viatura havia estacionado já está tomado por curiosos e pela equipe de perícia da Polícia Civil, que isolara a área utilizando fitas coloridas em preto e amarelo, bem como o veículo do Instituto Médico Legal, mais conhecido como rabecão, o qual já está pronto para levar o corpo de Calunga. A imprensa também já se faz presente e muitas são as perguntas que não querem calar e que os agentes da polícia evitam responder. Como era de se esperar, o delegado Geraldo Perches está presente no local e comanda as operações, no entanto seu semblante denota um grande desapontamento com o ocorrido, afinal ele não tinha capturado aquele criminoso para ser executado daquele jeito, mas sim esperava um julgamento que certamente o condenaria.

    ̶                   Delegado... Delegado! O senhor tem ideia de quem possa ter feito isso? – questiona um insistente repórter do Jornal do Dia.

    ̶                   Ainda não temos informações concretas.

    ̶                   Foi mesmo uma execução? – insiste o repórter.

    ̶                   É o que parece, não é? – replica ele novamente mostrando seu lado nada delicado.

    Nesse instante um dos assistentes do delegado chama a sua atenção:

    ̶                   Dr. Perches... Pode vir aqui um instante?

    O delegado então se afasta do repórter inconveniente e dirige-se rapidamente para o seu assistente, ultrapassando a área delimitada pelas fitas coloridas da equipe de perícia.

    ̶                   Diga Moreira.

    ̶                   Olhe senhor, isso aqui foi encontrado na mão de Calunga. Parece que ele morreu segurando essa peça.

    Moreira mostra um saco plástico padrão da perícia e dentro dele a pequena medalha que Calunga havia encontrado antes do ataque que culminou em sua morte. O delegado observa atentamente aquela pequena peça, a qual aparentemente não deveria significar nada, mas que na verdade explica tudo o que havia acontecido.

    ̶                   Isso é mesmo o que estou pensando, Dr. Perches? – indaga o assistente Moreira, curioso.

    ̶                   Sem dúvida, meu caro. Uma execução sumária, rápida, calculada e com assinatura. Infelizmente para nós e principalmente para Calunga, a Ordem dos Condes atacou de novo. – conclui o delegado mostrando certo desânimo em seu semblante.

    O corpo de Calunga é finalmente colocado num caixote e em seguida posto no freezer do rabecão para o transporte até o IML. O Dr. Perches e seu assistente apenas observam o traslado do infeliz, sabedores das consequências que aquela execução trará para as polícias civil e militar: a imprensa, a opinião pública e principalmente os defensores dos direitos humanos vão cair em cima e exigir explicações. Dias turbulentos estão por vir.

    2

    Passara-se pouco mais de um mês desde o dia em que o estranho encapuzado imprimiu aquela audaciosa ofensiva contra as viaturas da Polícia Militar para executar o criminoso Calunga. Durante esse tempo as investigações do Dr. Perches, delegado da Polícia Civil, não surtiram efeito e sua cabeça tem sido colocada a prêmio pelas autoridades, que querem descobrir a todo custo quem está por trás das ações dessa organização criminosa conhecida como Ordem dos Condes. A falta de respostas incomodou tanto à Secretaria de Segurança do Estado que o Ministério Público solicitou o apoio da Polícia Federal nas investigações, o que foi de pronto atendido.

    *  *  *

    A Universidade Estadual do Ceará, mais conhecida pela sua sigla UECE, foi criada em 1977 com o objetivo de atender às necessidades do desenvolvimento científico e tecnológico da capital cearense e região metropolitana e mais tarde passando também a atuar em outras localidades e estruturando-se numa rede multicampi, com faculdades em municípios como Crato, Juazeiro do Norte, Iguatu, Quixadá, Limoeiro do Norte, Crateús, dentre outros, tornando-se assim uma das maiores universidades do Estado.

    O principal campus dessa grandiosa instituição fica no bairro do Itaperí, em Fortaleza, na movimentada avenida Paranjana, a poucos quilômetros do Aeroporto Internacional Pinto Martins. O lugar é imenso, com uma exuberante paisagem recheada de uma vegetação rica em imensas castanholas e juazeiros que se espalham por todo o campus, o qual abarca toda a estrutura organizacional e administrativa da Universidade, além dos extensos blocos de salas de aula dos diversos cursos e os prédios dos laboratórios, auditórios, bibliotecas, praças de alimentação e restaurantes universitários.

    O novo semestre letivo ainda está na primeira semana de aula e para muitos universitários aquela bela e ensolarada manhã representa o seu primeiro dia na faculdade. Ainda faltam cerca de trinta minutos para as sete horas e o campus já está simplesmente fervilhando de funcionários, professores e alunos que chegam a todo o momento, uns através de coletivos lotados que param em frente à entrada principal, outros chegam de ônibus escolar que adentram ao campus, enquanto outros, mais abastados, chegam em veículos próprios, trazidos por alguém ou eles próprios dirigindo, situação essa que revela os universitários que teoricamente pertencem à uma classe mais elitizada.

    Em meio a todo aquele movimento, em frente ao bloco do curso de Administração composto de dezesseis salas de aula, sendo oito no térreo e oito no pavimento superior, estaciona uma bela caminhonete cabine dupla de cor preta e vidros igualmente escuros. Sem dúvida parece com o veículo que atacou as viaturas da Polícia, no entanto essa definitivamente é de um modelo diferente e não tem nada dos equipamentos bélicos que aquela tinha.

    Alguns alunos que conversam em grupos na entrada do bloco observam curiosos aquele misterioso veículo. Uma das portas traseiras da caminhonete se abre e de dentro sai uma bela jovem de cabelos loiros e olhos azuis, que alegre e sorridente acena sobressaltada para um grupo de quatro garotas sentadas num dos bancos de concreto ao lado da entrada do bloco.

    ̶                   Ei turma... tô podendo!

    As quatro colegas parecem não acreditar no que estão vendo e de imediato respondem com risadas em coro. Um rapaz que conversa num outro grupo bem próximo dali responde em voz alta para a recém-chegada:

    ̶                   Olha só a Lorena! Enricou, hem!

    Ela sorri com o comentário do rapaz e em seguida caminha elegantemente arrodeando a traseira do carro em direção à calçada, no entanto ela para antes de subir o batente e olha para a outra porta traseira do veículo, parecendo estar esperando por mais alguém. A porta se abre e outra jovem surge radiante para a vista de todos. Dessa vez todos os alunos que estavam conversando na entrada do bloco são obrigados a darem uma pausa para poderem ver e admirar a beleza e a formosura daquela linda e encantadora moça de cabelos negros, olhos castanhos que nem mel, a pele clara como a nuvem, mais ou menos um metro e setenta envoltos numa sensual blusa de malha fina que cobre sutilmente seus delicados seios e uma calça jeans colada que deixa à mostra toda a volúpia de suas formas, realçadas por um par de pernas de fazer babar qualquer marmanjo em sua fase mais madura, quanto mais a um bando de jovens universitários com hormônios a flor da pele. Mostrando-se bastante encabulada por ter chamado a atenção de todos, a moça dá um discreto sorriso para Lorena, quase que pedindo ajuda à companheira para quebrar aquele clima.

    ̶                   Vamos... tá com medo de quê? – indaga Lorena, ainda rindo da situação em que sua amiga se encontra.

    A linda jovem fecha a porta do carro e o motorista, cuja silhueta revela que também se trata de uma mulher, quase que instantaneamente arranca em direção ao caminho que leva à saída do campus. As duas companheiras agora avançam rumo ao banco onde se encontra o grupo de quatro garotas ao lado do bloco. Aos poucos os olhares curiosos e admirados vão se acostumando com a beleza arrebatadora da nova aluna, ao passo que ela vai se recompondo daquela sensação incomoda de estar sendo observada por todos.

    ̶                   E aí Lorena... desde quando você vem pra faculdade toda de motorista, hem? – indaga uma das meninas, uma bela morena de cabelos rastafári que parece ser a mais velha do grupo.

    ̶                   Tá maluca, amiga! – responde Lorena com um sorriso irônico – Eu estava era só de carona. A motorista é a mãe da minha amiga aqui. Aliás, deixa eu apresentar, né!

    ̶                   Demorou! – reclama uma outra garota do grupo, uma linda ruiva que chama mais a atenção por estar usando uma bota de gesso até o joelho que imobiliza seu pé esquerdo, fruto de uma fratura, com certeza.

    ̶                   Essa é Lívia, aquela minha amiga de Petrolina que eu falei pra vocês.

    ̶                   Prazer, gata! – responde a terceira do grupo, uma morena de pele clara tipicamente vestida ao estilo emo, que parece ser a mais nova da turma – Eu sou a Révia.

    ̶                   Muito prazer Révia. – responde Lívia dando suas primeiras palavras ao que parece ser o seu primeiro grupo de amigas naquele campus.

    ̶                   Estas são Eduarda e Brenda... – continua Lorena apontando para a morena de cabelos rastafári e para a ruiva com o pé engessado – E esta caladona aqui é a Clécia. – conclui apontando para a quarta integrante do grupo, outra loira, porém mais esbelta e mais alta que Lorena.

    ̶                   Que ótimo conhecer todas vocês. É a primeira vez que moro e estudo fora do meu Estado e pra mim é tudo novo. – afirma Lívia buscando já um pouco de interação com o grupo.

    De repente se aproximam dois rapazes, sendo que um deles era justamente o que fez o comentário com Lorena quando ela saiu da caminhonete, um moreno alto de cabelos encaracolados, barba rala e corpo do tipo sarado, enquanto o outro também é moreno e de cabelos lisos, porém é mais baixo e bem mais gordo que o seu companheiro. O primeiro é quem chama a atenção das meninas.

    ̶                   Olá turma... Parece que tem gente nova no pedaço!

    ̶                   E aí Vitor! – responde Eduarda – Aposto que só chegou aqui por causa da novata, né?

    ̶                   Que é isso, minha deusa! Já tá com ciúme? – indaga Vitor com um certo cinismo em seu olhar, enquanto Lívia deixa escapar um discreto sorriso, de certa forma se divertindo com a situação.

    ̶                   Lívia, esses são o Vitor e o Fernando. – afirma Lorena – Mas vou logo avisando, não deixe eles chegarem muito perto não, viu.

    ̶                   Que é isso gata? – intromete-se Fernando de imediato – Tá queimando o filme da gente?  Daqui a pouco vou achar que é ciúme mesmo!

    ̶                   Tá doido, cara? – revolta-se Lorena – Onde é que eu vou ter ciúmes de algum de vocês?

    Nesse instante todos riem do comentário de Lorena, mas Vitor não dá muita bola e acaba se aproximando da linda novata, encarando-a como se estivesse olhando para um prêmio que acabara de ganhar.

    ̶                   Então você se chama Lívia, não é?

    ̶                   É sim, e você se chama Vitor. – responde a jovem soltando um belo sorriso, que deixa o rapaz ainda mais deslumbrado.

    ̶                   Isso mesmo, gata! Tenho a impressão que a gente já está começando a se entender...

    ̶                   Acho que você está enganado. – responde ela – Não estou vendo nenhum entendimento aqui entre a gente.

    Nesse instante todos acabam soltando várias gargalhadas em coro e Vitor acaba ficando todo sem jeito com aquela situação. Lívia com certeza não esperava que mal chegasse à faculdade ela já seria assediada antes de entrar na sala de aula.

    ̶                   Vocês são umas traíras! – afirma Vitor, afastando-se do grupo junto com Fernando e dessa forma evitando um maior constrangimento por conta do fora que acabara de levar.

    Ignorando completamente o desapontamento dos dois galanteadores, o grupo agora formado por seis belas jovens deixa o banco de concreto e se dirige para a escada externa que leva ao pavimento superior do bloco de salas de aula do curso de Administração. Sem pressa, elas continuam uma alegre conversa e parecem não se incomodar em terem que caminhar mais lento para não deixarem Brenda para trás, que é obrigada a se locomover com a ajuda de um par de muletas por conta do pé lesionado.

    ̶                   Como você se machucou desse jeito? – pergunta Lívia curiosa enquanto iniciam a subida da larga escada.

    ̶                   Foi semana passada, num ensaio de dança. – responde Brenda sem conseguir esconder um certo desânimo em seu semblante.

    ̶                   Dança? Que tipo de dança? – insiste Lívia mostrando interesse no assunto.

    ̶                   De todos os tipos... Street, pop, clássica, balé e por aí vai.  – intromete-se Eduarda.

    ̶                   Todas nós somos dançarinas e fazemos parte do mesmo grupo de dança. – completa Révia ligeiramente eufórica.

    ̶                   Mas que legal, gente! – admira-se Lívia abrindo um largo sorriso – Eu também sou apaixonada por dança e lá em Petrolina também fiz parte de vários grupos.

    ̶                   Mas olha só! – interrompe Eduarda fazendo o grupo parar no meio da subida da escada – Nossa nova amiga também é dançarina?

    ̶                   Bom... Acho que sim, apesar de eu não ter ideia do nível em que vocês estão. – responde Lívia com certo entusiasmo.

    ̶                   Meninas, vocês estão pensando a mesma coisa que eu? – continua Eduarda se dirigindo para o restante do grupo.

    ̶                   Não estou entendendo! – afirma Clécia com um olhar areado.

    ̶                   Eu também não... – completa Lorena.

    ̶                   Gente, acorda! – repreende de forma acintosa a líder Eduarda – Na próxima semana vamos nos apresentar na festa dos calouros e a Brenda acabou de desfalcar nosso grupo por causa do pé, que vai passar mais de mês no molho. Se ligaram?

    ̶                   Ah tá! – concorda Lorena – E você está sugerindo que Lívia substitua a Brenda na apresentação, não é?

    ̶                   Demorou! – conclui a líder impaciente – Mas isso se as duas concordarem... O que você acha Brenda?

    ̶                   Ora... Fazer o quê, né? Não vou tirar essa droga de bota até a apresentação mesmo. – responde a jovem contundida, mostrando-se ainda mais desapontada com a sua situação.

    ̶                   E você Lívia... Apesar de estar chegando agora e a gente mal se conhecer, poderia fazer esse favor para nós? – insiste Eduarda – Os ensaios estão atrasados e a apresentação já é na próxima semana.

    ̶                   Seria um prazer ajudar, mas como eu disse, não sei o nível de dança que vocês praticam. De repente eu posso não corresponder ao que estão esperando e ao invés de ajudar, eu acabe atrapalhando vocês. – explica-se a novata.

    ̶                   Que nada menina! – intromete-se Lorena mostrando-se bastante empolgada – É uma coreografia bem simples, nada demais.

    ̶                   Está bem, vamos experimentar. – concorda a novata visivelmente entusiasmada.

    ̶                   Então está tudo arrumado. – continua a líder Eduarda – Após a aula combinamos o horário e o local do próximo ensaio.

    Todas concordam e finalmente o grupo termina a subida da escada que dá acesso ao pavimento superior do bloco, onde elas se encaminham para uma das salas em meio ao ainda intenso movimento de alunos que entram e saem das salas a todo o momento.

    3

    Não muito longe do curso de Administração, a poucos metros do bloco I, onde funciona o curso de Ciências Biológicas, passando pela passarela de acesso e atravessando o asfalto da pista de circulação que vem lá da entrada do campus, existe uma praça de alimentação que serve de suporte para o restaurante universitário, que fica logo ao lado da praça. Apesar de já passar das sete e trinta da manhã, a praça ainda está bastante movimentada com grande parte de seus bancos e mesas de concreto ocupadas por alunos que fazem a sua primeira refeição do dia. A todo o momento carros e motos de diversos modelos chegam trazendo mais alunos e estacionam numa área reservada próxima a praça de alimentação.

    Dentre o movimento de tantos veículos, não se pode deixar de notar um magnífico Chevrolet Camaro conversível de cor vermelha parar bem em frente à área de acesso à praça de alimentação. Um grupo de três rapazes que lancham numa das mesas de concreto notam a chegada daquele luxuoso carro e um deles, um cabeludo ao estilo ripe, acena com uma das mãos em direção ao veículo.

    Do Camaro desce primeiro a passageira, elegantemente segurando em uma das mãos um espesso caderno na cor rósea e uma discreta lapiseira, uma linda jovem de cabelos negros reluzentes, pele clara e olhos esverdeados, vestida com uma densa blusa de moletom cor de vinho e uma calça jeans colada à suas belas pernas, realçadas por um imponente par de botas cano longo. É inevitável tal beleza não ser notada, já que a beldade consegue atrair os olhares da maioria dos alunos ali presentes.

    O condutor do conversível é o típico galã filho de papaizinho, um jovem de quase um metro e noventa, pele tão alva quanto a da sua companheira, longos cabelos ondulados e numa cor castanha tão clara que quase chegam a ser loiros, vestido de forma bem descolada com um fino casaco de malha azul sobre uma camiseta regata branca, além de uma calça jeans bastante surrada e um par de tênis de grife, carregando ainda a tiracolo uma mochila esportiva. Ao retirar os óculos escuros do rosto, o jovem rapaz revela um estonteante par de olhos cinzentos que parecem hipnotizar qualquer um que se atreva a encará-los. Sua presença também não pode deixar de ser notada pelas belas alunas que se encontram na praça, que pareciam lhe comer com os olhos.

    O casal recém-chegado logo avista os acenos daquele pequeno grupo de jovens lá no meio da praça e de pronto definiram pra onde deveriam seguir. O jovem galã aperta um dos botões da chave do Camaro e de imediato ouve-se um bipe, seguido pelo elegante movimento da capota do veículo se fechando. Os dois então rapidamente seguem caminho de encontro aquele grupo de jovens, passando pelo meio da movimentada praça sob o olhar atento de todos num desfile de cerca de trinta metros. Os dois, no entanto, parecem não dar a mínima para os olhares dos outros alunos, pelo contrário, seguem tranquilamente seu caminho em direção ao grupo de amigos como se somente eles estivessem ali.

    ̶                   E aí, Heidrun! – saúda o jovem cabeludo estendendo a mão para o galã recém-chegado. – Tudo em cima?

    ̶                   Tudo né, Braga! – responde o recém-chegado apertando a mão de seu companheiro. – Tenho certeza que você arrepiou durante as férias... Estou errado?

    ̶                   Que é isso, meu irmão... Foi o maior tédio! – responde o desajeitado Braga, soltando um sorriso sarcástico.

    ̶                   E aí galera... Beleza? – cumprimenta a bela moça acenando para o grupo.

    ̶                   Como sempre, princesa! – responde de imediato um outro integrante do grupo, um sorridente rapaz musculoso e de pele negra, que ostenta uma brilhosa careca a qual parece ser motivo de orgulho.

    ̶                   Jamile, parece que você está mais linda que no semestre passado. Se Heidrun deixasse eu noivaria com você agora mesmo! – afirma com bastante convicção o terceiro integrante do grupo, um jovem alto e franzino, pele clara e cabelos lisos e compridos até o meio das costas, com uma feição típica de galanteador.

    ̶                   Não seja besta, Bernardo! – repreende de imediato a bela jovem – Isso não depende do meu irmão deixar ou não. A questão é se eu vou querer noivar com você ou não. E nesse momento eu não tenho a mínima intenção de fazer isso, tá bom?

    Gargalhada geral de todo o grupo que contrasta com a cara de mané de Bernardo, que parece não saber o que fazer tamanho o seu constrangimento com a resposta da moça.

    ̶                   Pô meu irmão! – interpela Braga, ainda rindo com a situação. – Não começaram nem as aulas direito e o cara já leva uma chibatada dessas!

    ̶                   Mas esse fora ele leva todo início de semestre. – afirma o careca, batendo nas costas de Bernardo.

    ̶                   Tem razão, Dirceu! – concorda Heidrun, também ainda se recuperando da gargalhada.

    Nesse instante duas lindas e sensuais garotas vindas do restaurante, sendo uma loira minimamente vestida com uma blusa bem decotada e uma mini saia, e a outra uma morena clara vestindo um coladíssimo vestido de coton bem curto. As duas passam bem próximo daquele alegre grupo e a morena encara Heidrun com um olhar de poucos amigos. A moça não se contém e um comentário é inevitável:

    ̶                   Seu tratante!

             Novamente o grupo solta uma gargalhada e quem fica com cara de mané agora é o jovem galã, que imediatamente busca contornar a situação:

    ̶                   Foi mal, Alice! Aconteceu um imprevisto e não pude...

    ̶                   Eu esperei até quase meia-noite! – interrompe a morena mostrando-se bastante contrariada, e em seguida dá uma rabanada para o rapaz e segue caminho com sua amiga.

             Novamente o grupo ri da cara de Heidrun, que dá uma risadinha como se não estivesse lá muito preocupado com a chateação da moça.

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