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As Cores Do Sexo
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E-book322 páginas5 horas

As Cores Do Sexo

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Resenha - As Cores do Sexo Por Júlio Martorano* Na edição de 24 de janeiro de 2016 o jornal Folha de São Paulo publicou, em seu caderno “cotidiano”, uma reportagem que tratava da aceitação da união estável para casais de 3 ou mais pessoas. Certamente algo impensável nos anos 1970. A reportagem traz à superfície duas questões bastante atuais que estão intimamente entrelaçadas: o amor além do sexo e a ética nos relacionamentos afetivos. É um pouco do que também nos traz A. R. Holliday em seu livro As cores do sexo - um homem, uma mulher e todas as cores do sexo , publicado em 2015 pela AGBooks. Embora o título possa sugerir uma história picante, recheada de sexo explicitamente descrito - e assim é que se passa de fato - trata-se de uma história de amor, permeada pelas dúvidas e conquistas comuns a qualquer pessoa. O leitor que não se engane: certamente, em algumas passagens do livro, aparecerão aqueles comichões no meio das pernas, um tesão causado pela descrição das experiências, mas o livro conta uma história de amor que tem o sexo como fio condutor. E, nas palavras do autor, sexo de qualidade, aquele praticado de forma intensa, demorada e sem escrúpulos. Narrada na primeira pessoa o personagem do livro, um garoto de classe média que se vê entrando na adolescência em meados da década de 1970. Uma época particularmente conturbada no Brasil onde, após uma explosão de liberdade sexual que tomou a juventude no final dos anos 1950 até meados dos anos 1960, passava por uma retração, talvez até em função do momento político conturbado. Mas não é essa a razão exposta pelo personagem. Vivia ele numa família onde as conversas sobre relacionamentos afetivos ficavam escondidos debaixo do tapete, em especial se o assunto fosse sexo. Daí começam as aventuras de um adolescente em direção à maturidade e a descoberta das angústias, dos prazeres e das apreensões da vida sexual. A lida com os fluidos do amor e do sexo, as formas de amar, os estratagemas sexuais, a perda da virgindade e as dúvidas sobre a gravidez foram, além do aprendizado que o personagem teve na prática, também objeto de estudo. Não tendo apoio na família, ele buscou nos livros e nos especialistas algumas das respostas às suas angústias. Embora já dito que a descrição é bastante detalhada, o leitor não encontrará nada diferente do que se pode ver nos dias atuais em matéria de relacionamento sexual: oral, anal, bondage, dentre outras modalidades praticadas pelo personagem. E é neste turbilhão de relações sexuais que encontramos uma história de um amor interrompido pelos mal-entendidos da vida, pela oposição familiar, pela timidez pós-adolescente e pelos casamentos que o personagem do livro e seu amor passam. No caso do personagem, um casamento pobre, onde as relações humanas, incluindo aí as sexuais, ficam em terceiro plano e eram pautadas, principalmente, por um jogo de interesses individuais. E não seria essa uma marca contundente da pós-modernidade? Não seria essa uma das características do amor líquido identificada por Zygmunt Bauman? Pois fica evidente a fragilidade das relações de parentesco e a força que as afinidades eletivas apresentam. Por isso mesmo é que se trata de um livro que coloca a ética como pano de fundo e com um julgamento moral bem definido. Uma moral judaico-cristã onde as relações de parentesco, seja com o irmão, com os pais e, principalmente, com a esposa, devem tomar uma dimensão de “não-liquidez”, o que aprofunda o sofrimento do personagem. Nesta moral, onde a ideia de culpa tem um papel central, o personagem não aceita a “liquidez” das relações. Seu triunfo se dá quando, mesmo com a saúde fragilizada, com sua vida pontificada por um prazo de validade e com a carreira profissional interrompida em sua ascensão, ele encontra naquele amor interrompido uma nova motivação para buscar ser feliz. É quando o personagem recupera seu amor próprio. No mais, fica nítido na narrativa que, como nas vidas de todos nós, a do nosso personagem tamb
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de fev. de 2016
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    As Cores Do Sexo - A. R. Holliday

    Resenha - As Cores do Sexo

    Por Júlio Martorano*

    Na edição de 24 de janeiro de 2016 o jornal Folha de São Paulo publicou, em seu caderno cotidiano, uma reportagem que tratava da aceitação da união estável para casais de 3 ou mais pessoas. Certamente algo impensável nos anos 1970. A reportagem traz à superfície duas questões bastante atuais que estão intimamente entrelaçadas: o amor além do sexo e a ética nos relacionamentos afetivos.

    É um pouco do que também nos traz A. R. Holliday em seu livro As cores do sexo - um homem, uma mulher e todas as cores do sexo, publicado em 2015 pela AGBooks. Embora o título possa sugerir uma história picante, recheada de sexo explicitamente descrito - e assim é que se passa de fato - trata-se de uma história de amor, permeada pelas dúvidas e conquistas comuns a qualquer pessoa. O leitor que não se engane: certamente, em algumas passagens do livro, aparecerão aqueles comichões no meio das pernas, um tesão causado pela descrição das experiências, mas o livro conta uma história de amor que tem o sexo como fio condutor. E, nas palavras do autor, sexo de qualidade, aquele praticado de forma intensa, demorada e sem escrúpulos.

    Narrada na primeira pessoa o personagem do livro, um garoto de classe média que se vê entrando na adolescência em meados da década de 1970. Uma época particularmente conturbada no Brasil onde, após uma explosão de liberdade sexual que tomou a juventude no final dos anos 1950 até meados dos anos 1960, passava por uma retração, talvez até em função do momento político conturbado. Mas não é essa a razão exposta pelo personagem. Vivia ele numa família onde as conversas sobre relacionamentos afetivos ficavam escondidos debaixo do tapete, em especial se o assunto fosse sexo.

    Daí começam as aventuras de um adolescente em direção à maturidade e a descoberta das angústias, dos prazeres e das apreensões da vida sexual. A lida com os fluidos do amor e do sexo, as formas de amar, os estratagemas sexuais, a perda da virgindade e as dúvidas sobre a gravidez foram, além do aprendizado que o personagem teve na prática, também objeto de estudo. Não tendo apoio na família, ele buscou nos livros e nos especialistas algumas das respostas às suas angústias. Embora já dito que a descrição é bastante detalhada, o leitor não encontrará nada diferente do que se pode ver nos dias atuais em matéria de relacionamento sexual: oral, anal, bondage, dentre outras modalidades praticadas pelo personagem.

    E é neste turbilhão de relações sexuais que encontramos uma história de um amor interrompido pelos mal-entendidos da vida, pela oposição familiar, pela timidez pós-adolescente e pelos casamentos que o personagem do livro e seu amor passam. No caso do personagem, um casamento pobre, onde as relações humanas, incluindo aí as sexuais, ficam em terceiro plano e eram pautadas, principalmente, por um jogo de interesses individuais. E não seria essa uma marca contundente da pós-modernidade? Não seria essa uma das características do amor líquido identificada por Zygmunt Bauman? Pois fica evidente a fragilidade das relações de parentesco e a força que as afinidades eletivas apresentam.

    Por isso mesmo é que se trata de um livro que coloca a ética como pano de fundo e com um julgamento moral bem definido. Uma moral judaico-cristã onde as relações de parentesco, seja com o irmão, com os pais e, principalmente, com a esposa, devem tomar uma dimensão de não-liquidez, o que aprofunda o sofrimento do personagem. Nesta moral, onde a ideia de culpa tem um papel central, o personagem não aceita a liquidez das relações. Seu triunfo se dá quando, mesmo com a saúde fragilizada, com sua vida pontificada por um prazo de validade e com a carreira profissional interrompida em sua ascensão, ele encontra naquele amor interrompido uma nova motivação para buscar ser feliz. É quando o personagem recupera seu amor próprio. No mais, fica nítido na narrativa que, como nas vidas de todos nós, a do nosso personagem também passa pelos momentos de euforia e satisfação e, logo em seguida, de tristeza, desespero e angústia, a ponto de, por 2 ocasiões, ter chegado a bater à porta do suicídio.

    Neste contexto Holliday nos faz pensar sobre a felicidade além do sexo. Até mesmo sem ele. É possível? Tanto faz. O que importa é que é uma leitura gostosa, agradável, daquelas que o leitor não quer parar e ainda pede mais. Será que teremos mais?

    *Júlio Martorano é engenheiro e sociólogo e ministrou a disciplina sobre sociologia, política e ética.

    Prefácio

    O ser humano é um animal social, vive em comunidades e isso o torna naturalmente segregador, tudo aquilo não é igual, deve ser segregado, infelizmente começamos muito cedo a identificar o que nos é igual, quando abrimos os olhos pela primeira vez e vemos nossa família, quando crescemos ouvindo as bases morais, religiosas e até psicológica de nossas famílias.

    Antes que possamos perceber, nós deixamos a nossa casa, ganhamos o mundo onde prevalece a diversidade, etnias, costumes e preferencias diferentes das nossas nos assustam e preferimos nos aproximar de quem mais se assemelha a nós, nasce assim a segregação, o preconceito, que como a história já nos mostrou, pode levar a níveis extremos de maldade. Embora não exista um único ser humano igual a outro neste mundo, ainda que gerados pelos mesmos pais, ainda que gêmeos univitelinos, somos todos preconceituosos, sem exceção, alguns por etnia, outros por religião, outros por xenofobia, enfim, motivos e justificativas não faltam para cada um de nós mostrarmos alguma intolerância.

    Esta obra foi especialmente escrita, para que o leitor venha a medir o seu próprio grau de preconceito, à medida que a história se desenvolve, o tema escolhido foi o sexo, por ser uma experiência comum a todos os seres humanos, por cada um de nós termos as suas próprias preferencias, mas, nunca as divulgar, pois, se o fizermos, ficaremos expostos a mesma segregação que costumamos aplicar aos outros.

    Os seres humanos têm em mente uma escala entre o certo e o errado, o puro e o impuro, onde o puro é representado pelo branco e o impuro pelo preto, e assim tratamos, nesta mesma escala, tudo o que se refere a nossa vida, amor, sexo, moral, religião e etc. Todos nós nascemos do sexo, nosso nascimento é o puro, o branco do sexo, mas, o assunto sexo, está inserido nesta escala em tons de cinza, ele é sempre um assunto cinzento, e os tons vão ficando mais escuros na medida do que eventualmente possamos praticar, mas, afinal, quem já não teve dúvida sobre o amor? Se havia encontrado a pessoa certa? Se a pessoa escolhida realmente estava pronta para viver a vida toda ao seu lado, independente do que a vida pudesse ter reservado a você? Quem já não teve dúvida sobre o sexo? O que e como poderia praticar com a parceira? O que poderia ser aceitável para ambos? O que você poderia contar, pedir e ceder para sua parceira que pudesse ser considerado normal? Quem já não teve dúvida sobre como se comportar, frente a uma oportunidade de levar a melhor? As dúvidas são uma constante em nossas vidas e a vida não tem manual para consultarmos, nem seguro nenhum que teremos algum sucesso, mesmo que façamos as melhores escolhas possíveis.

    Este é um romance fictício que traz a pauta estas dúvidas e o confronto entre responsabilidade, moral, amor e sexo, palavras diferentes, com definições bem distintas, mas, que comumente se confundem nas críticas populares.

    Este romance não é indicado a menores de dezoito anos, pois, contém descrições detalhadas de atos sexuais e palavreado de baixo calão, também não é indicado a pessoas de qualquer idade que se julguem totalmente seguras de seus atos, ainda que limitados, no que tange aos temas abordados.

    O autor não tem a menor pretensão de ensinar nada a ninguém, somente trazer ao debate temas que embora pareçam de conhecimento de todos e de fácil compreensão, são muito pouco discutidos, mesmo com as pessoas mais íntimas e em geral não são ensinados nem em escolas, nem pelas famílias.

    A vida é uma aventura que tem que ser vivida, nela chegamos sem pedir, nela caminhamos sem uma rota definida, sempre procurando encontrar o nosso caminho e dela partimos, geralmente quando não desejávamos. A única coisa certa na vida é que uma vez que nela chegamos, um dia teremos que partir, portanto, o que fazemos entre o momento que chegamos e o momento que partimos é o que nos irá definir e geralmente o que nós iremos descobrir, pois, embora pensemos nos conhecer e muitas vezes façamos discursos maravilhosos, são os obstáculos que a vida nos proporciona que irão nos mostrar como nos posicionamos quanto a responsabilidade, moral, amor e sexo.

    Somos o que somos, mas, muitas vezes nos falta conhecer o que realmente somos, sabermos do que realmente somos capazes, quais são os nossos limites, quem é nosso verdadeiro amor, o que somos capazes de fazer por nosso verdadeiro amor.

    A chegada

    Alguém havia feito sexo com certeza e por isso eu estava ali, em uma manhã de sexta-feira bem na hora do rush, mas, eu não fazia ideia de que seria sexo, na verdade eu não fazia ideia de nada, não enxergava direito, não tinha dentes, não falava, enfim, eu havia acabado de chegar e a julgar pelo número de pessoas que me rodeavam me chamando de neném e fazendo caretas o mundo não parecia um lugar muito promissor.

    Os anos que seguiram também não se mostraram promissores, eu era a única criança em um mundo de adultos, era solitário e recluso na minha casa, não fazia qualquer interação com outras crianças, pois, era o primeiro da minha geração e todos os dias pareciam iguais. Sem interagir com mais ninguém, sendo expulso da sala toda vez que assunto fosse mais adulto ou fossem contadas piadas mais pesadas, não podendo brincar na rua, eu fui blindado de tudo que a minha família c onsiderava perigoso, temeroso e impróprio, o que obviamente incluía sexo.

    Somente no meu sexto ano de vida, com o meu ingresso na escola é que eu fui interagir com outras pessoas da minha idade. Embora eu não tivesse parâmetros para avaliar, eu logo percebi que era muito inocente em relação aos meus novos amigos, pois, me surpreendia ao ouvi-los falarem palavrões e não entendia muitas das piadas que eles contavam. Com o passar do tempo eu fui cometendo gafes incríveis, certa vez eu não entendi uma piada, fui o único a não rir, então, me perguntaram se eu não sabia o que era trepar, eu respondi que era óbvio que eu sabia, era sinônimo de subir, todos riram da minha cara, em outra ocasião, já sabendo de minha total inocência, me perguntaram em uma roda de amigos se eu sabia o que era uma aranha e eu saí explicando o que sabia sobre os aracnídeos, o que chegou a causar um verdadeiro frouxo de riso a todo o grupo.

    Eu me sentia humilhado e achava compreensível que todos fossem mais espertos do que eu, afinal, todos brincavam na rua, todos tinham contato com crianças maiores o que lhes davam uma certa malícia, eu era isolado do mundo, tinha todos os brinquedos que o dinheiro podia comprar, mas, não tinha interação humana, ao menos não com gente da minha idade.

    Desde que eu aprendi a ler, um mundo novo se abriu, haviam muitos livros na minha casa, eu lia, pesquisava, me antecipava aos professores e em pouco tempo, eu era um dos melhores alunos da classe, assim eu me tornei também um cara odiado pelos colegas e como não existiam manuais de práticas esportivas, práticas sexuais ou de malandragem eram nesses tópicos que o grupo se afirmava sobre as minhas notas, a minha total falta de malícia e a minha pouca habilidade no futebol.

    Nos anos que seguiram eu aprendi muito com os amigos de escola, aprendi que se eu não tirasse mais do que sete nas provas, eu não virava alvo dos demais, aprendi a jogar e a gostar do futebol, aprendi a me calar quando eles falavam o que sabiam sobre sexo. Descobri que muitas famílias conversavam com seus filhos sobre sexo, mas, na minha casa o assunto era proibido e eu não me sentia à vontade para perguntar nada.

    Meu primeiro contato com uma imagem feminina, como seria de se esperar, se deu através de uma enciclopédia nova que meu pai me deu, eu fiz uma pesquisa em sexo. A pesquisa finalmente rendeu alguma coisa, informações técnicas, que de nada me serviam no linguajar do pessoal da escola, imagino que eles se divertiriam imensamente se eu utilizasse aquele dialeto técnico. Minha pesquisa também me levou a um dos volumes da enciclopédia onde haviam desenhos detalhados dos corpos masculino e feminino, assim eu fiz meu primeiro contato visual com o desenho de uma buceta.

    Até os meus dez anos, as únicas atividades externas que eu tive, além da escola, era as aulas de natação e os treinos de basquete, mas, em ambos os casos, a minha família me levava até o treino e me trazia no final, eu só tinha contato com os colegas na piscina ou na quadra.

    Quando eu tinha dez anos, minha família passou a frequentar um clube de campo e o meu universo voltou a se expandir. Eu passei a conviver com muito mais gente da minha idade e gente maior, obviamente eu evitava entrar em alguns assuntos, para não falar bobagem, mas, quando era necessário, eu usava o que havia aprendido na escola, também o que eu ouvia e aprendia no clube eu utilizava na escola. Desta forma eu não parecia idiota no clube e dava a impressão que eu havia evoluído muito aos amigos da escola. Foi no clube também que eu comecei a refinar minha intimidade com a bola.

    A verdade era que em todo este tempo, todos os meus amigos se mostravam espertos, todos sabiam de tudo, mas, ninguém nem conversava com mulher nenhuma. As meninas eram umas chatas que prestavam atenção às aulas, eram sérias e nem jogavam futebol. Foi aos meus onze anos que uma colega de escola nos convidou pela primeira vez para ir a um bailinho que ela faria no aniversário dela. Foi um pânico geral, até aqueles que se achavam mais experientes se mostraram muito nervosos e totalmente inseguros. No final, foi necessário que a mãe da aniversariante formasse pares e fizesse a dança da vassoura para que começasse a dança. Aquilo foi com certeza o momento mais erótico que todos naquele grupo estavam vivendo, independente do que sabiam ou falavam. O contato com um corpo do sexo oposto, rostos colados, o cheiro do perfume, tudo remetia a um desejo até então desconhecido.

    Houve uma mudança geral no comportamento de toda a galera, todos os aniversários passaram a ter bailinho, prestar atenção nas músicas da parada e ter os discos originais, ter as melhores roupas da moda. A gente contava nos dedos o tempo que levaria para chegar o próximo evento, mas, tudo era novo e não tinha mais aquele papo de experiente, todos ficavam em silêncio, tentando aprender com as experiências vividas pelos outros e aos que sempre falaram muito, cabia agora o ônus de provar na prática sua experiência.

    Ninguém queria ouvir um não ao tirar uma menina para dançar, se fosse rejeitado na frente de todos seria um suicídio social, assim, até a metade da festa os meninos ficavam de um lado e as meninas do outro, em algum momento uma menina perguntava se ninguém iria dançar. Eu aprendi que esta era a deixa, quando uma menina perguntava se ninguém iria dançar era por que elas esperavam dançar, então, eu tomava a frente e dizia que sim e perguntava quem queria dançar, desta forma eu estava convidando não a uma, mas, a todas as meninas, o que diminuía muito o risco de ser rejeitado, além de estar sendo simpático. Sempre dava certo, sempre tinha uma que topava e aí os outros iam atrás.

    A minha tática deu certo muitas vezes e lá estava eu sentindo aquele corpo tocar o meu, aqueles seios encostando em mim, aquele rosto encostado no meu, aquele cheiro de perfume, tudo aquilo me excitava muito. O problema era que nenhuma tática por mais brilhante que fosse, podia ser repetida para sempre, depois de alguns bailinhos começaram a acontecer à formação de pares, as meninas tinham seus preferidos e os meninos as suas preferidas, eu sabia que não tinha atrativos e tinha certeza que não era lá o preferido de ninguém.

    No auge daqueles dias, no ponto alto da excitação, eu muitas vezes recorria ao meu livro, aquele com a imagem do corpo feminino, a minha única imagem de uma buceta e duas tetas, desenhadas é verdade, mas, eu sentia desejo daquele contato visual. Uma noite eu estava deitado, me sentia estranho àquelas imagens do livro não me saiam da cabeça, tão pouco os momentos vividos com as meninas nas danças, eu não conseguia dormir, senti meu pinto endurecer, aquilo era novo, eu me virei, deitei sobre o meu pinto e comecei a raspá-lo na cama, eu não sabia o motivo, apenas sentia uma vontade incontrolável de fazer aquilo, foram momentos de êxtase e repentinamente meu corpo sentiu como se recebesse uma intensa descarga elétrica, eu suava e sentia o meu batimento cardíaco nos ouvidos. Passado este momento eu senti um violento desânimo, meu corpo esfriou rapidamente e só então eu senti minha cueca, meu pijama e a cama molhados. Eu obviamente havia ejaculado pela primeira vez, mas, não tive muito tempo para pensar a respeito, passei a noite pensando como justificar as marcas na minha roupa, o jeito foi chegar à cozinha sem ser notado e derrubar um copo de leite no colo na manhã seguinte, quanto à roupa de cama, restou torcer para que ninguém notasse. Depois daquela noite, eu sentia todas as noites o desejo de repetir aquilo, mas, com muita força de vontade, eu evitava que aquilo se repetisse.

    Os bailinhos continuaram, sem poder fazer uso da minha antiga tática, eu passei a dançar uma ou outra dança no final das festas, eu tirava aquelas que não tinham dançado, mais uma vez minimizando o risco de uma rejeição. James, o meu melhor amigo foi o primeiro da turma a oficialmente assumir um namoro, isso fez dele um herói na frente de todos do grupo, esta era uma confirmação natural, ele era um dos tido como experiente no grupo desde o começo. Como eu fosse seu melhor amigo e nós estudássemos juntos, eu tinha o privilégio de ouvir suas novas experiências com riqueza de detalhes e foi assim que ele descreveu o seu primeiro beijo de língua. Ele ia descrevendo, o abraço, o contato dos lábios e finalmente o encontro das línguas, tudo de uma forma empolgante, mas, eu ia imaginando como poderia ser prazeroso engolir saliva de outro ser humano? Muito mais eu que era nojento para comer, como eu poderia tocar com a minha língua na língua de uma mulher que eu nem sabia o que tinha comido? Por alguns instantes eu me sentia feliz por não ser o protagonista daquela história.

    Aquela conversa me rendeu muito mais do que eu esperava, porque ao se abrir, ele contava sobre o que ele sentia com o contato feminino e ia batendo com o que eu sentia também, foi nessa conversa que eu concluí com certeza que havia gozado naquela noite, mas, obviamente eu não falei nada, eu me envergonhava de ter tido dúvida a respeito. Agora eu sabia que era normal sentir o que eu sentia e que os meninos se masturbavam, mas, aquilo ainda difícil para mim, pois, muitas vezes eu ouvia os adultos se chamarem ofensivamente de punheteiro, muitos colegas de clube diziam que punheta era só para os incompetentes que não tinham mulher, a masturbação era condenada pela igreja e eu continuava procurando me abster daquilo, pois, tinha certeza que a minha família me condenaria se imaginasse que me passava pela cabeça bater uma simples punheta.

    Ser amigo do James, o primeiro namorado oficial da escola me rendia algum bônus, ele queria mais um casal para ir ao cinema ou a uma lanchonete e a namorada dele dava uma força com as meninas. Em pouco tempo James me colocou na cara do gol, um bailinho onde uma das meninas, Eileen aguardava apenas que eu a pedisse em namoro. Eu quase estraguei tudo, cheguei na festa nervoso, resisti a me aproximar da menina, demorei para tirá-la para dançar, ela foi forçada a dar bolo em outros três e não tirava os olhos de mim, mas, me faltava coragem para decidir a parada. Depois de algum tempo James me chamou e pediu que eu tomasse uma atitude, afinal, já estava tudo arranjado. Eu não queria deixar o James nem a namorada dele em uma saia justa, resolvi decidir aquele negócio, embora eu achasse que não estava pronto para aquilo. Eu a tirei Eileen para dançar, escolhi bem as palavras, dei um beijo no rosto dela e a pedi em namoro. Por um segundo eu pensei que aquilo tudo havia sido um grande erro, então, ela parou de dançar, se afastou, segurou a minha cabeça e me beijou, foi um selinho demorado e eu não sabia se deveria passar daquilo, mas, foi o suficiente para me deixar com o pinto duro e sem graça. No resto da noite nós ficamos sentados, conversando, trocamos mais uns beijos, mas, nenhum de língua, eu estava tão ansioso quanto temerário por aquele tipo de beijo.

    Obviamente eu não falei nada sobre este relacionamento na minha casa, as poucas manifestações que eu ouvia em casa sobre sexo e sobre relacionamentos eram tão negativas que às vezes eu me perguntava como é que eu tinha nascido. Na escola, contudo, a coisa ficou feia, se o James virou herói por ser o primeiro a namorar, comigo foi muito diferente, talvez por minha total inocência no quesito mulher, o grupo não aceitava o meu namoro. Eu passei a ser alvo de gozações, de críticas e a sofrer violência nas brincadeiras do intervalo e nos rachas de futebol, qualquer coisa que pudesse me humilhar, principalmente na frente das meninas.

    Eu cheguei a sair uma única vez em casal, com o James, fomos a uma lanchonete, ele e a namorada estavam afinados e ficaram longos minutos grudados em beijos, já eu Eileen ficamos conversando, eu escolhi mal o lugar que sentei e fiquei envergonhado de me reposicionar para beijá-la. Quando o lanche chegou, eu aproveitei o momento para ajeitar a minha posição, mas, o lanche dela tinha tanta coisa que eu não comia, que depois de comermos eu não tinha a menor vontade de dar nem um selinho nela.

    Aquele passeio acabou sendo um fiasco e eu tinha a certeza que ela tinha saído daquilo bem desapontada comigo, mas, no fim de semana tinha um bailinho e eu esperava recompensá-la. Eu acordei animado naquele sábado, passei o dia ansioso, no final da tarde eu vesti a minha melhor roupa, caprichei no penteado, exagerei no perfume, escovei os dentes umas três vezes e fui para festa. Aquela foi a melhor noite que eu vivi na minha vida até aquele dia, foi o único baile que eu dancei todas as músicas troquei diversos beijos nos intervalos e no final do baile, no meio da pista eu troquei o meu primeiro beijo de língua na frente de todos. Aquela noite foi difícil de dormir, o tesão era grande demais, eu lembrava de cada sensação que havia experimentado naquele baile e tinha uma vontade incrível de bater uma punheta, mas, ainda achava que aquilo era errado, me lembrava que estava na minha casa com a minha família e procurava desviar a minha atenção.

    Tudo o que é bom acaba cedo, eu estava começando a gostar daquilo, mas, se o grupo masculino me pressionava, o grupo feminino pressionava a Eileen que resolveu colocar um fim em nosso namoro. Eu não entendia o motivo, eu nunca fui ameaça ao grupo masculino, eu era inocente demais para eles, não era bom nos esportes, não tinha pai rico, nem era bonito, era um cara discreto do tipo comum, também a Eileen era discreta e do tipo comum, não havia motivo para que todos resolvessem que nós não tínhamos o direito de namorar.

    Depois que nós terminamos, com apenas duas semanas, ficou muito difícil encará-la, mais difícil ainda era encarar aos amigos e amigas e sentir a felicidade deles. Como era possível que uma pessoa tão comum pudesse causar tanto incomodo a tanta gente que se achava tão superior? Eu não fui mais aos bailinhos daquele ano, me afastei de tudo o que era possível, inclusive das atividades esportivas da escola, me limitei a estudar e ponto.

    Novidades

    Um novo ano entrou, eu cheguei aos treze anos, o fato de já ter namorado e experimentado um beijo de língua não me faziam me sentir mais experiente nem mais seguro, na realidade eu me sentia cada vez mais distante de um novo relacionamento, eu sempre fui gordinho, motivo forte do bullying dos colegas de escola no ano anterior, mas, depois que eu terminara o meu namoro, eu só vinha engordando mais e mais.

    Eu iniciei o ano escolar decidido a colocar uma pedra sobre o passado, reconquistar o meu lugar como um menino comum, esquecer tudo o que passara, mas, a escola estava muito diferente. Três colegas voltaram das férias com sexo na bagagem, eram aqueles que mais entendiam do assunto desde que eu entrara na escola. Parece que a proximidade das meninas nos bailinhos trouxera a eles tanto tesão como havia trazido a mim, mas, bastou que eles se abrissem com suas famílias e seus pais os levaram na zona, para viverem sua primeira experiência.

    O assunto era só buceta, teta, como as tetas eram macias, como era gostoso chupar uma teta, como era gostoso colocar o pinto em uma buceta, enfim, eles tinham muito para contar e fazer inveja para o resto do grupo. Eu ouvia aquilo e tinha a certeza que eles agora estavam um ano luz na minha frente, imaginava como a minha vida poderia ser melhor se a minha família fosse outra, mas, eu tinha que me conformar com a minha condição. Não eram só os meninos que estavam diferentes, as meninas também estavam diferentes, os peitos estavam maiores, algumas estavam usando sutiã e algumas até estavam usando maquiagem.

    O primeiro bailinho do ano foi bem agitado, eu nem ousei tentar dançar, mas, novos namoros surgiram neste baile, parece que as meninas davam preferência para os mais experientes que eram também os mais safados e ousados. Este primeiro bailinho transformou o colégio em um caldeirão fervente, começou uma verdadeira briga para se definir o macho alfa do grupo, um se dizia o mais bonito, outro o mais rico, já outro o mais forte, enfim, cada um lutava com as armas que tinha e isso era terrível para aqueles que como eu eram vistos como pessoas comuns, pois, de uma forma ou de outra nós acabávamos como alvo, principalmente eu, que já incomodara a todos no ano anterior e que neste ano havia até perdido o meu lugar na fila, pois, todos haviam crescido alguns centímetros, menos eu, eu agora era uma bolinha, baixinho e gordinho.

    O problema era que eu sabia ter ao menos um atributo que eles não tinham, desde o início das avaliações na escola, eu reduzira as minhas notas propositadamente, para ser aceito pelo grupo, mas, frente a todos estarem me tratando mal de qualquer forma, eu fui buscar notas maiores, passei a me destacar e acabei ficando bem com as meninas que pediam minha ajuda para estudar e concluírem os seus trabalhos. Em troca da minha ajuda, elas me cediam uma dança nos bailinhos.

    Assim eu fui me levando até quase o meio do ano, mas, a um mês do encerramento das aulas, ia acontecer mais um bailinho e para este eu não fui convidado. James, na condição de meu melhor amigo chamou Erin, a dona da festa e quis saber o motivo de eu não ser convidado, a resposta de Erin foi: ... – ele é feio, gordo e nojento, nem sei como a Eileen foi namorar ele, ele só serve para fazer trabalho para gente, mas, dançar com ele é um preço muito alto.... James bem que se esforçou para me apresentar uma desculpa convincente, mas, eu havia escutado a conversa entre eles e aquilo tinha sido à coisa mais cruel que eu já tinha ouvido ao meu respeito.

    Depois deste episódio eu me afastei de todas as atividades extraescolares, passei a me concentrar no clube, onde eu era muito melhor tratado e passei a frequentar o futebol. No grupo do futebol eu também sofria, pois, no time ao qual a minha faixa etária permitia que eu participasse, eu era o mais novo, todos lá tinham de dois a três anos mais do que eu, todos já tinham vivido ao menos uma experiência sexual e mais uma vez eu era o mais inocente do grupo, mas, eu não era mais o cabação de antigamente, ouvia aprendia, não falava, aceitava as brincadeiras e nunca reclamava.

    Quando o segundo semestre iniciou, aquela escola continuava um caldeirão, as meninas

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