Dor & Amor
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Dor & Amor - R. C. Zímmerl'
Dor & Amor
3
R. C. Zímmerl’
R. C. Zímmerl’
Dor &
Amor
1ª Edição
São Paulo
4
Dor & Amor
Edição do Autor
2009
Prefácio
Sempre fui um apaixonado pela vida e, embora
reconheça a grande benção que é a morte, que, por mais
profunda a escura que seja a prisão, sempre nos liberta,
que dá fim a tiranos e déspotas, por mais poderosos que
sejam, que permite a renovação da vida, a distribuição
das oportunidades e bens e que valoriza ainda mais o
pequeno tempo que passamos por este mundo, não
posso deixar de sentir angústia ante ao que sucede a
esta limpeza
. Se não houver nada além será uma
grande lástima que tantas pessoas maravilhosas, as
pessoas a quem amei e outras que jamais tive o
privilégio de conhecer, se percam para sempre nas
brumas do tempo. Mas se houver algo, almejo que a
Misericórdia Divina seja profusa de modo a que todos nós
possamos um dia estar juntos "no Eliseu Eterno, onde a
Morte termine".
5
R. C. Zímmerl’
ÍNDICE
Acenderei
09
Suicídio
10
Mulher
13
Quem Sabe...
15
Versinho
15
À Natureza
16
A Vida
17
Menina Morena
18
O Sol Eterno
19
À
20
Vaidade
21
Do Positivo ao Negativo
22
Saudades
23
À Derlene
24
Meu Sonho és Tu
25
O Outro Lado da Carta
26
Lembrança
27
O Homem
28
Caminhos à Noite
29
A Morte
30
Meu Senhor
32
Ode à Morte
34
6
Dor & Amor
O Futuro
36
Filho Meu
37
Estrofe
40
Carrossel
40
Clamor
41
Natália
42
Prudência
43
O quê?
44
Ambíguo
45
Ciência
46
Poesia
47
Consciência
48
É...
49
Cacofonia e Outros
50
O Chat
51
Vede
52
Funérea Era
54
Ahhh!
58
Poesia Erótica
60
O Foguete
62
A Essência da Criatividade
64
TeleMundo
66
O Trem de Ferro
69
Elegia A Meu Pai
70
O Ataúde
73
Animaal
76
O que eu Quero
77
Comentários do Autor sobre as Poesias
78
7
R. C. Zímmerl’
8
Dor & Amor
São Paulo, 25 de outubro de 1987 A.D.
ACENDEREI
Ascenderei à luz acesa
no reduto dos imortais,
onde brilham mil estrelas
ao olhar dos animais.
Acenderei a eterna noite
com o fulgor das paixões,
com a grandeza das maravilhas
entre rugidos de leões.
Acenderei a luz da cova
no brado do amanhecer;
da noite, tirânica era,
nas forças do Eterno Ser.
Acenderei a luz do fosso
com o fulgor da última aurora.
9
R. C. Zímmerl’
e gritos de horror esperam
todo aquele que se vai embora.
São Paulo, 29 de agosto de 1988 A.D.
Suicídio
I
Vejo arrastar-se nas sombras
o triste escárnio do ser,
o feral cofre das obras
daquele que vai morrer.
O monstro que traz a dor
e a agonia da funérea sorte,
quem cala os sons do amor,
aquele cujo nome é Morte.
A dama das vestes sombrias,
do beijo de rubor gelado,
a qual possuir querias,
ó infame, atormentado.
Em desespero aparente
a vida a ela se entrega
e o réprobo , eternamente,
sob o lodo ela carrega.
Na infinita vastidão
10
Dor & Amor
este infeliz ela escraviza
e em eterno mar de solidão
o pobre ser ela martiriza.
II
O gesto insano que pôs termo a vida
só tormentos trouxe pela eternidade:
apagou da mente a infância querida,
lembrou desesperos, cruel maldade!
Ei-la, a mente, afundada em trevas
recordando o triunfo do letal ato.
Teu nome a Deus em oração elevas
Suplicando o fim deste infausto fato.
Ouvis os mortos! Invisível mão...
Apalpar as trevas, tateando tatos.
Tocar de leve, ubíqua lesão...
Lembrar ao ser os cruéis atos.
Vêem, teus olhos, com tétrico horror
o teu corpo só, pútrido, inerme
e o teu coração a pulsar de dor
na pequenez do imundo verme.
III
Trocaste uma vida cheia de amores
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R. C. Zímmerl’
por um lugar sombrio, fétido e mau.
Um deserto triste, de fogo sem cores,
de um frio eterno, de fogo glacial.
Beijes agora a tua musa escarnada,
já que a abraçaste ao findar a vida!
Embarques nessa nau temida
e rume por tão vil jornada,
ao lado desta terrível Nada
.
E vãmente busques tua paz perdida
pois ceifaste-a ao deixar a diária lida,
pelas desgraças de tua mente iludida!
IV
Pobre réprobo, que dolorosa agonia...
Praticastes em ti mesmo o terrível mal!
Não vereis mais a arte, o canto, a poesia;
vivereis para sempre um tormento infernal.
V
Porém não julguemos a perda sofrida:
cabe-nos a oração e a reflexão
sobre aquele que abreviou sua vida
para sofrer