Kuanna
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Kuanna - Luciano Nunes
Luciano Nunes
Ao apreciar uma imagem amaldiçoada e criar um vínculo emotivo pela mesma, o nosso subconsciente faz um registro, guardando esse sentimento irreal, acabando com isso por fragilizar a nossa alma, que se torna vulnerável e suscetível a várias influências negativas e até mesmo a uma possessão
.
Ritual Oculto da Magia Astral
Sumário
Prólogo 7
Capítulo 1 9
Capítulo 2 13
Capítulo 3 18
Capítulo 4 22
Capítulo 5 26
Capítulo 6 30
Capítulo 7 35
Capítulo 8 42
Capítulo 9 46
Capítulo 10 50
Capítulo 11 53
Capítulo 12 56
Capítulo 13 61
Capítulo 14 66
Capítulo 15 73
Capítulo 16 77
Capítulo 17 81
Capítulo 18 87
Capítulo 19 94
Capítulo 20 98
Capítulo 21 103
Capítulo 22 114
Capítulo 23 133
Capítulo 24 137
Capítulo 25 147
Capítulo 26 158
Capítulo 27 167
Capítulo 28 174
Capítulo 29 181
Capítulo 30 191
Capítulo 31 195
Capítulo 32 200
Prólogo
O grito ecoou por toda casa, a sensação de terror encruada naquele lamento era assustadora. Ainda tremendo, Maia levantou-se com os olhos arregalados e o coração batendo forte, sonolento, procurava se conectar com a realidade ao seu redor e descobrir de onde partiu aquele suplício, na escuridão do quarto, passou a mão do outro lado da cama para acordar a esposa, lembrou-se que ela não estava presente, ainda não se acostumava com a falta dela à noite, principalmente depois de anos convivendo com a presença dela ao seu lado, de repente um calafrio lhe percorreu o corpo ao lembrar-se dos filhos nos outros quartos, pelo grito que ouvira algo aconteceu e não poderia perder tempo com lembranças, vestido apenas com um short de dormir, devido ao calor intenso daquela madrugada, calçou as sandálias e ascendeu à luz do quarto para pegar os seus óculos que se encontrava em cima do criado mudo, invadiu o corredor escuro em direção ao quarto do filho, percebeu que a porta estava semiaberta, e a luz fraca de um abajur clareava uma parte do corredor, ainda ansioso entrou no quarto do garoto que se encontrava dormindo, nada de anormal foi visto no local, o ventilador de teto estava ligado deixando o quarto mais frio, a janela estava fechada e o seu filho encoberto em um lençol fino, parecia mergulhado em um sono profundo. Sentiu um alívio ao encontrá-lo bem, mas quando pensava estar tudo calmo, ouviu o segundo grito vindo do quarto da filha, tomado pelo desespero partiu correndo pelo corredor para descobrir o que estava acontecendo com ela, invadiu o quarto de vez encontrando-a ajoelhada na cama, soluçando e chorando sem parar, a menina não parava de apontar para o canto do quarto.
- Ali papai, se escondeu ali atrás – disse a garota em pânico.
Ainda confuso com tudo o que estava acontecendo, Maia notou que a janela estava aberta e o cobertor da filha se encontrava no chão.
- Acalme-se meu amor, você estava sonhando – disse o pai se aproximando dela.
- Não estava não papai, ela ficou olhando eu dormir, puxou minha coberta e correu para lá – insistia a menina em prantos.
Procurando acabar com todo aquele mal entendido, Maia virou-se para o canto do quarto e dirigiu-se em direção a uma poltrona perto da janela, queria mostrar para a filha que tudo não passou de apenas um pesadelo, com um empurrão afastou a poltrona da parede, o que ele presenciou o fez cair em seguida de costas, aquela imagem que o encarava naquele canto não fazia sentido, sentado no chão Maia tentava andar para trás não querendo acreditar naquela cena.
- Isso não é real, não é possível – gritava Maia com os mesmos olhos arregalados de quando acordara.
Capítulo 1
A mudança para a casa 11 na Rua das Figueiras trouxe a expectativa de um futuro melhor para toda a família, Eveline mostrava-se irradiante com a localização e o espaço de cada ambiente do novo lar, a nova casa estava situada em um bairro residencial, aonde imperava o silêncio e a tranquilidade, além de possuir uma vizinhança reservada, era incomum encontrá-los caminhando ou conversando pela rua, o lugar era perfeito para quem gostava de tranquilidade e silêncio.
O imóvel possuía dois pavimentos, o térreo e o primeiro andar, no térreo encontravam-se duas salas amplas já decoradas, com lindos quadros abstratos e enormes janelas de vidro com cortinas de seda, sendo áreas bastante ventiladas, a sala de estar era o primeiro ambiente ao se entrar na casa, dando com isso as boas vindas ao imóvel, a cozinha em estilo americano era composta por vários armários embutidos de madeira em mogno e tendo como destaque um enorme balcão de mármore preta, além de uma mesa central com seis cadeiras de madeira maciça, interligada à cozinha estavam o banheiro e a área de serviço. Entre as duas salas encontrava-se outro ambiente pequeno que poderia ser usado como escritório ou quarto para empregadas, colado com esse ambiente passava uma escada toda trabalhada em madeira de Angelim e que dava acesso ao segundo andar, que se iniciava com um grande corredor revestido com carpete nas cores marfim, tendo em suas laterais quatro quartos com suítes e dispostos dois de cada lado, o corredor terminava com uma porta de duas bandas enorme de vidro que dava acesso a uma varanda, do local visualizava-se não só à frente da casa, aonde se encontrava uma enorme área com jardim e garagem, como também parte da rua e dos imóveis vizinhos. O tamanho da casa, a disposição dos ambientes e a quantidade de quartos superou a expectativa da família, contudo o que mais agradou a Maia foi o galpão localizado ao fundo da casa, tendo seu acesso pelas laterais do imóvel e pela área de serviço situada perto da cozinha, era um espaço ideal para o seu trabalho, como era artista plástico, ele sempre pensou em ter um local exclusivo para pintar e expor os seus quadros, o galpão ocupava quase todo o fundo da casa, sendo separado dela por uma área gramada de uns dez metros, todo o galpão era coberto externamente com telhas de cerâmica, sendo a parte interna do teto coberta com forro de PVC, possuía apenas a porta de entrada e uma janela de vidro na frente. Maia imaginara encontrar o espaço limpo, já que estava a alguns meses sem alugar, mas ficou surpreso, pois o lugar estava bastante sujo, com muitos materiais velhos e lixos espalhados por todos os lados, daria um trabalho enorme para limpar e deixar tudo organizado.
Os dois filhos de Maia e Eveline, assim que conheceram a nova casa, não perderam tempo e partiram para o jardim da frente pensando em se divertir, com uma caixa cheia de brinquedos, sentaram no gramado para brincar, Lucas tinha nove anos era hiperativo, sempre procurando algo para fazer, não conseguia ficar parado um minuto, o que deixava a mãe louca de preocupação, já que no passado, o garoto fraturou o braço e a perna com suas traquinagens, já Brisa sua filha mais velha, tinha dez anos, não dava muito trabalho aos pais, era uma menina calma porém muito comunicativa e desde nova herdara o gosto do pai pelas obras de artes, principalmente as que se referiam a imagens de telas e quadros.
Apesar do entusiasmo causado pelo novo lar, Eveline estava ansiosa, pois passaria a dar plantão à noite no hospital da cidade e teria que deixar as crianças sobre o cuidado de Maia, sabia que isso cedo ou tarde aconteceria e confiava no seu marido, além do mais essa era uma oportunidade de se destacar na sua profissão de enfermeira. Com a chegada da mobília a família se concentrou na arrumação e decoração da casa. Maia largou por último às caixas com os seus materiais de trabalho, tinha primeiro que dar um jeito naquela bagunça do galpão, mas deixaria isso para outro dia, como já era tarde e as crianças já estavam dormindo, aproveitaria o fim daquela noite agradável para beber um vinho com Eveline e relaxar do dia cansativo que tivera. Em cima do balcão da cozinha, Maia pegou as duas taças e abriu o Chandon Réserve Brut que tinha comprado para brindar uma vida nova a partir daquele momento.
- É a realização de um sonho – disse Eveline sentando-se no sofá e pegando uma taça.
- A casa é maravilhosa e muito confortável – comentou Maia enchendo a sua taça e a da esposa com vinho.
Já passara de uma hora da madrugada quando a garrafa de vinho secou e o casal resolveu ir descansar, pois o dia seguinte seria agitado, Eveline ia aproveitar a manhã para matricular os filhos em uma escola na cidade e se preparar para começar a dar plantão no hospital, já Maia estava ansioso para iniciar a arrumação daquele galpão, ele sabia que sua profissão muitas vezes não era valorizada, mas ele amava o que fazia, desde criança gostava de fazer desenhos e pinturas, chegando a ganhar muitos concursos desde a época da escola, já era conhecido e admirado em muitas exposições, tendo vários quadros vendidos, mas sentia a necessidade de ter um espaço mais amplo e apropriado, já que as maiorias de suas telas foram feitas dentro de casa em salas adaptadas e agora com aquele galpão imenso, ele poderia não só criar várias telas, como também fazer exposições do seu trabalho no local. Deitado com a esposa, Maia demorou a dormir, imaginando como ficaria aquele espaço do galpão depois que estivesse do seu jeito, já era madrugada quando conseguiu enfim adormecer.
Capítulo 2
Maia acordou assustado com um barulho forte perto da janela, olhou para o lado e não encontrou Eveline, lembrou que ela sairia mais cedo com as crianças, olhando o relógio notara que dormiu além do normal, já passara das dez horas da manhã, em seu quarto uma cortina enorme na janela, revestida com blackout, deixava o quarto totalmente escuro, Maia gostava de utilizar uma cortina transparente e acordar com a claridade do dia, mas sua esposa detestava ser incomodada pelo sol da manhã. Levantando-se da cama, se aproximou da janela, afastando as cortinas e abrindo-as, clareando todo o ambiente, o clarão o incomodou momentaneamente, fazendo-o fechar e abrir os olhos várias vezes, tentando encontrar de onde partiu o barulho que lhe acordou, Maia encostou-se à janela verificando a rua, notou que o lugar estava deserto e descobriu que não tinha nada do lado de fora, muito menos alguém na frente de sua casa, o que lhe fez esquecer-se daquele assunto, ainda sentia um pouco de dor de cabeça do vinho que tomara na noite anterior, descendo as escadas sentiu um cheiro agradável que se espalhava por todo o ambiente, sabia que sua esposa adorava perfumes, mas aquele aroma ainda não tinha sentido. Estimulado em iniciar seu trabalho, Maia se encaminhou para o galpão, ao abrir as portas, notou que o lugar estava mais bagunçado do que imaginava e que o calor lá dentro era terrível, teria que providenciar um ventilador de teto, como não tinha tempo a perder, tirou a camisa, colocando-a em cima de uma mesa e começou a jogar para fora do galpão um monte de objetos velhos, ficou surpreso ao descobrir que o antigo morador provavelmente trabalhava com artes plásticas assim como ele, devido à quantidade de objetos da profissão que se encontravam no local como várias tintas, pincéis, telas e um cavalete de pintura em ótimo estado, Maia se perguntava quem largaria tanto material novo assim e não voltaria para pegá-lo? Percebendo que dava para aproveitar alguns materiais, os separou para utilizá-los e o resto como livros, esculturas, telas pintadas e fotografias antigas colocou-as dentro de uma enorme caixa, caso o antigo dono viesse buscá-la, quase terminando a limpeza do galpão, Maia encontrou um quadro que o deixou encantado, na tela aparecia uma criança sendo carregada por uma mulher, ambas de costa olhando para um lago, sendo representado com cores de contrastes invertidos, dando uma luminosidade que refletia a beleza daquela imagem, de repente um perfume agradável invadiu todo o galpão, despertando Maia de um transe provocado por aquela imagem.
- Meu Deus, esse cheiro de perfume adocicado que estava na casa conseguiu chegar aqui embaixo, pensou Maia abrindo a janela para ventilar o ambiente. De repente um barulho dentro da casa o chamou a atenção, imaginou ser a esposa que a essa altura já deveria ter retornado com as crianças, fechando o galpão, se encaminhou para casa, pois precisava falar com Eveline, Maia estava exausto com o trabalho no galpão que até uma simples caminhada em direção à frente da casa o deixou ofegante, abrindo a porta dos fundos chamou pela esposa:
- Meu amor, eu pensei que você chegaria mais cedo – disse Maia não obtendo respostas.
- Eveline onde você está? Perguntou Maia caminhando por todos os cômodos sem encontrá-la.
- Isso não é possível, eu tenho certeza de ter ouvido alguém batendo as coisas aqui dentro – se assustou Maia ao notar que a esposa e os filhos não estavam presentes, procurando evitar algo inesperado, correu para examinar todas as entradas, pois começara a se preocupar em alguém ter invadido a casa, ficou tranquilo ao ver que tudo estava trancado, nenhum sinal de arrombamento existia, ao passar pela sala se arrepiou todo ao pressentir uma sombra se movimentando no andar de cima, voltou a ficar tenso, imaginando em ter alguém escondido pelos quartos, subindo as escadas em estado de alerta entrou em todos os cômodos, mas nada encontrara, lembrou que o único quarto que se encontrava com a porta aberta era o seu e provavelmente o reflexo da luz do dia no corredor tenha lhe assustado.
- Minha nossa, eu estou muito cansado, esqueci que deixei a janela aberta – disse Maia se jogando na cama para tirar um cochilo.
Se balançando na cama de um lado para o outro, Maia se via envolvido em um pesadelo com lembranças do passado, mais uma vez os seus pais falecidos habitavam os seus sonhos, parecia que retornavam para lhe dar um aviso, mas nunca conseguira entender o que significava, pois sempre em que ele estava bem perto de um esclarecimento, os seus pais desapareciam dos sonhos e em seu lugar aparecia uma colega de infância o chamando para brincar, Maia nunca entendera a conexão entre esses dois sonhos, porém sempre que a menina aparecia, ele esquecia os pais para brincar com ela. Apesar de está em um sono profundo, um estrondo fez com que ele pulasse da cama assustado.
- Aconteceu alguma coisa no galpão – preocupado com o que poderia ser Maia levantou-se rapidamente, saiu do quarto em direção ao corredor e desceu em