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Guerreiros Da Luz
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E-book191 páginas2 horas

Guerreiros Da Luz

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Sobre este e-book

Revelação é o primeiro livro de uma trilogia denominada “Guerreiros da Luz”. A saga recoloca em uma nova visão, a épica guerra entre anjos e demônios e inclui a participação do ser humano como guerreiro nesta luta. O romance tem como sua personagem principal uma garota órfã e solitária, Anne, que em frente a esta revelação torna-se forte e decidida, sem ter nenhuma ideia do quanto influenciará esta luta e de que iria se apaixonar profundamente neste caminho.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de jul. de 2015
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    Guerreiros Da Luz - E. K. S.

    PREFÁCIO

    O menino colocou com cuidado a cabeça perto da toalha da mesa. Espiou pelos buracos da renda florida e viu as pessoas que estavam na sala,não conhecia a maioria delas. Havia alguns colegas de trabalho de seu pai, ele não sabia seus nomes, mas já os havia visto antes, no dia em que foi conhecer a empresa de seu pai para um dever da escola. Ele gostou deste dia, seu pai não tinha muito tempo para ele então foi bom passar um dia inteiro ao seu lado, embora seu trabalho fosse muito chato, ele passava o dia todo assinando papéis e fazendo contas. Quando crescesse queria fazer algo diferente, talvez ser piloto, ou astronauta ou vendedor de sorvete.

          Continuou a percorrer seu olhar pela sala. Havia alguns de seus vizinhos. Ele não os conhecia muito bem, em seu bairro não havia crianças e seu pai sempre chegava tarde e cansado do serviço e não tinha tempo de fazer muitas amizades. O menino passava o dia todo ali dentro de casa, com Margareth, sua babá, e sua irmã Alice. Margareth era legal, tinha cheiro de sabonete, fazia tortas de limão e contava histórias, mas já era velha e não podia brincar muito com eles. Ele e sua irmã ficavam no quintal brincando de jogar bola ou inventar histórias em sua casa na árvore. Lembrou-se do dia que estavam brincando de piratas e tropeçou em um skate que havia deixado na porta da casinha de madeira. Esborrachou-se no chão com a queda. Margareth ficou desesperada e ligou correndo para seu pai que chegou em casa em poucos minutos. Foi só um braço quebrado, mas teve que ficar de castigo seis meses sem poder brincar na casa da árvore.

          Duas mulheres se aproximaram da mesa, provavelmente para pegar os pasteizinhos de carne que Margareth havia feito. Ele as reconheceu, moravam na rua acima, perto da padaria. A primeira era uma mulher enorme que sempre usava vestidos intensamente floridos e que havia lhe apertado as bochechas uma vez.

          -Isto tudo é tão trágico – disse ela com a boca cheia de pastel.

          -Nem me fale, pobre garoto – respondeu a outra mulher. Ela era bem magra e usava calças apertadas que destacavam seus joelhos pontudos. Ele também lembrava-se dela, estava sempre passeando com um minúsculo cachorro que sempre fazia xixi nas margaridas da entrada de sua casa.

          -Prenderam o outro motorista? – perguntou a mulher robusta.

          -Não, fugiu sem nem olhar para trás. Um monstro. Aquela menina era tão linda.

          -E o que vai acontecer com o garoto?

          A outra deu os ombros.

          -Pelo que ouvi dizer vai ficar com um tio, irmão do pai. Mas dizem que não é boa coisa. Uma pena.

          As duas então começaram a andar em direção à varanda. O garoto continuou ali. Viu o chefe de seu pai com sua esposa, uma loira que usava um vestido de oncinha e não parava de reclamar do tempo quente. O menino achou que ela devia realmente estar com muito calor e por isso seu vestido era tão pequeno. Viu também o padre da paróquia onde Margareth sempre os levava aos domingos. Viu até a diretora de sua escola com seus enormes óculos fundo de garrafa. A sala ia escurecendo enquanto as pessoas iam embora e a bandeja de pasteizinhos ficava cada vez mais fazia. O garoto sentia sua barriga roncar, mas não tinha vontade de comer nem de que os outros descobrissem que ele estava ali. Ele ouviu a porta da sala abrir e fechar pela última vez e depois de um tempo em silencio, o barulho de passos arrastados vindo em sua direção. Os passos pararam bem na frente da mesa onde ele estava, e então uma mulher negra e velha, com um enorme sorriso bondoso apareceu pela toalha erguida.

          -Venha meu menino, já está na hora de ir para a cama.

    O HOMEM MISTERIOSO

          Anne acordou na manhã de segunda feira com a certeza de que seria um ótimo dia para permanecer em sua cama, percebeu isto quando olhou por uma fresta que a cortina abria. Uma imensa nuvem negra se formava lá fora, seria mais um dia de tempestade. Com um suspiro Anne espreguiçou-se.

          As outras do quarto permaneceriam dormindo por mais algum tempo, então ela se levantou com cuidado para não acordá-las. Sua mochila estava aos pés de sua cama, acima dela havia sua toalha e uma muda de roupas que havia separado no dia anterior. Ela pegou suas coisas, calçou seu chinelo e com as pontas dos pés avançou pelo quarto passando pelas camas de suas companheiras. Ela sabia exatamente os pontos onde o velho piso de madeira rangia e conseguiu evitá-los seguindo em silêncio pelo cômodo.

          Quando chegou ao grande corredor ele ainda estava escuro, não era possível enxergar o papel de parede florido desbotado e nem as molduras das grossas portas de carvalho que o preenchiam. Mas Anne sabia o caminho do banheiro. Ela abriu a porta. Ainda não havia ninguém, então ela apressou-se sabendo que daqui poucos minutos ele estaria completamente cheio.

          O banheiro contava com vários chuveiros antigos separados por boxes improvisados, assim como inúmeras pias enfileiradas. Ela colocou sua mochila e suas coisas em uma banqueta que havia num canto e retirou seu pijama de flanela, sentindo o ar frio da manhã. Quando ligou o chuveiro com seus dedos tremendo pôde ouvir a água lutando para passar pela velha encanação e então saindo em um jato gelado que sempre a assustava. Demorou um bom tempo para atingir uma temperatura suportável.

          Depois de um banho rápido, ela olhou-se rapidamente no espelho. Ele ainda estava embaçado devido ao vapor e ela o esfregou com a ponta de sua toalha. Quando sua imagem surgiu, Anne imediatamente lembrou-se de sua mãe. Estava mais parecida com ela a cada dia, e isso a alegrava. Assim era mais fácil de não esquecê-la.

          Quando ela morreu há seis anos em um assalto, Anne guardou tudo o que podia de sua mãe, seu perfume, seu vestido preferido, a presilha que sempre segurava seus cabelos. Colocou tudo que podia em sua pequena mala e guardava como um tesouro embaixo de sua cama em seu antigo orfanato. Porém um incêndio causado pela instalação elétrica deteriorada destruiu tudo no ano passado. De início Anne se desesperou, o seu maior medo era de não conseguir mais lembrar-se de sua mãe, de perder as únicas coisas que a recordavam de que nem sempre esteve sozinha. A única coisa que lhe restara foi o anel de noivado de sua mãe. Na época ela levava consigo em seu pescoço preso em um barbante, pois o anel era muito grande para seu dedo. Ela olhou para o anel em sua mão, agora depois de todo esse tempo ele encaixava perfeitamente.

          Conforme Anne foi crescendo percebeu que sua mãe permanecia ali, toda vez que olhava no espelho podia vê-la em seus próprios olhos negros que se emolduravam por longos cílios, e nos cabelos castanhos que lhe caiam até a cintura aos cachos. Mas o sorriso não, o sorriso pertencia a seu pai, mas isso só podia saber por fotos e por declarações de sua mãe já que seu pai morrera quando ainda era um bebê.

          Não possuía outros parentes, seus pais eram filhos únicos, e seus avós já haviam falecido. Sua mãe, assim como seu pai, era médica e viajava com Anne pelo mundo ajudando as pessoas, vivendo em hotéis e casas alugadas pelo governo, nunca se fixando em lugar algum. Assim, quando ela faleceu Anne ficou só no mundo. Foi mandada para um orfanato.

          Na época tinha dez anos, era muito difícil ser adotada. O dinheiro de sua mãe foi colocado em uma poupança em seu nome a qual ela teria direito quando atingisse dezoito anos. Era uma boa quantia, o suficiente, para custear sua faculdade e este era seu maior consolo. Ao contrário de muitos de seus amigos do obrigo, ela tinha alguma esperança no futuro.

          O espelho voltara a embaçar. Anne dirigiu-se à cadeira e vestiu seu velho jeans e uma camiseta. Demorou algum tempo para conseguir desembaraçar seus cabelos que eram muitos finos e sempre se embromavam em grandes nós. Guardou suas coisas em sua mochila e desceu para o café.

          O refeitório estava vazio, ela passou por ele e dirigiu-se à cozinha. A senhora Newman, uma mulher de idade avançada com grisalhos cabelos presos em um coque e um óculos meia lua na ponta do nariz, já preparava animada o café da manhã.

          -Bom dia minha flor – Ela disse quando Anne entrou.

          -Bom dia senhora Newman, que cheiro bom.

          -Oh são só uns pãezinhos que acabei de assar. Venha... venha pegar.

          Anne a seguiu e ela abriu o forno retirando uma forma com dezenas de pequenos pães cuidadosamente modelados. A Senhora Newman havia perdido seu filho para o câncer há muitos anos atrás e desde então se voluntariou para auxiliar na cozinha do orfanato. Todos os dias ela acordava absurdamente cedo e preparava deliciosas coisas para o café da manhã, sempre com um enorme sorriso no rosto.

          No abrigo todas as crianças com mais de 12 anos tinham alguma função. A diretora, Sra. Robinson, dizia que isto era para que as crianças crescessem com responsabilidade. Mas todos sabiam que ela fazia isto para que sobrassem menos coisas para as governantas fazerem, assim ficavam todas na sala da Sra. Robinson fofocando e jogando cartas.

          Para Anne sobrou a função de ajudar a Sra. Newman a servir o café e lavar as louças da manhã. Ela não podia reclamar muito, adorava ficar conversando com a Senhora Newman e também sempre acabava ganhando uns pãezinhos a mais. Dava graças ao seu metabolismo acelerado, que lhe permitia comer à vontade sem ver muitas consequências na balança.

          -Sra. Newman? – perguntou Anne enquanto recheava os pães com manteiga.

          -Sim – Ela respondeu colocando o leite no fogo.

          -Você pensa muito no seu filho?

          Anne viu a Sra. Newman baixando discretamente o rosto e se arrependeu imediatamente da pergunta.

          -Todos os dias minha querida – Ela respondeu.

          -Ah.

          Anne disse distraída, voltando a preencher os pães, mas percebeu que a Sra. Newman a estava olhando.

          -Porque você está perguntando isso? – Ela disse.

          -Não é nada. É que...eu penso na minha mãe todos os dias também. Eu achei que isso ia parar algum dia sabe? Quer dizer, já melhorou muito, eu não choro mais, mas mesmo assim é como se faltasse um pedaço entende?

          -Sim querida, eu entendo muito bem.

          Elas ficaram em um silencio constrangido por algum tempo e então a Sra. Newman andou até sua frente e segurou as mãos de Anne. Anne sorriu lembrando-se de quando era pequena e a Sra. Newman fazia isso. Na época Anne ficava na altura de sua cintura, agora ela podia olhar a Sra. Newman diretamente nos olhos através de seus óculos pontudos.

          -Não fique triste, eu sei que está sendo difícil agora, mas um dia vai melhorar, nada acontece nesta vida por acaso. Às vezes nossas dificuldades servem para nos fortalecer para o que está por vir. Você é uma garota muito especial Anne e eu tenho certeza que fará coisas grandiosas.

    Anne lhe deu um sorriso torto. Agora já podiam ouvir o movimento pelo refeitório, as outras meninas já estavam descendo. Bianca, um ano mais velha do que Anne entrou na cozinha. Parou um instante olhando para as duas. Ela também recebeu a função de cuidar do café da manhã, porém ela sempre acordava mais tarde, quando geralmente Anne e a Sra. Newman já haviam feito quase tudo. Elas não reclamavam porque Bianca fazia as coisas com má vontade, e acabava atrapalhando mais do que ajudando. Ela deu os ombros e entrou com a cara inchada de sono. Anne sorriu para a Sra. Newman que disse à Bianca lhe entregando uma jarra:

          -Bom dia Bianca. Tome, leve o leite querida.

          Bianca o pegou sem dizer nada enquanto Anne levava as bandejas com pães. O refeitório já estava cheio, havia duas mesas compridas lá, mas eram poucas as meninas que estavam sentadas nelas. Algumas crianças menores corriam de um lado para o outro, outras estavam sentadas em rodas no chão brincando, Anne tinha que desviar delas para passar. Ela encontrou Gertrudes, a governanta sentada em um canto lendo uma revista de fofocas. 

          -Oi Anne. – as outras meninas diziam enquanto Anne passava.

          As meninas que conhecia por anos e viviam como irmãs, todas compartilhavam as mesmas dores que ela ou até mesmo pior, pois muitas nunca haviam conhecido seus pais. Muitas eram revoltadas e até mesmo agressivas, e Anne até compreendia. Mesmo sendo cercada por pessoas, há muito tempo sentia-se sozinha. Era um fardo muito grande para uma criança. Muitas noites dormira com os olhos inchados de tanto chorar, simplesmente por ter visto alguma família brincando no parque, ou por ter tirado uma nota boa na escola e ninguém se interessar por seu boletim. Mas há algum tempo aprendera a conviver com isso e sempre se apegava às palavras doces de sua mãe. Ela sabia que já fora amada e assim era mais fácil conter as lágrimas.

          -Oi meninas venham comer. Tem chocolate quente hoje! Oh Kate, pelo amor de Deus pare de puxar o cabelo da Amanda.

          Depois que serviu café e lavou as louças Anne pegou sua mochila e foi para o ônibus. O ônibus amarelo ficava todos os dias parado em frente ao abrigo esperando os alunos. Roberto o motorista, era um homem de trinta anos,

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