Coletânea De Contos

De Orides Estevam

Histórias verídicas recuperadas da memória popular descritas com um misto de veracidade e ficção que a transmissão oral impregnou ao longo do tempo. E outras colhidas na simplicidade do cotidiano, que colocam o leitor como possível protagonista. O real e o irreal envolvidos em imagens que creditam ora verdades, ora inverdades. Os sentimentos e as emoções humanas mais ternas às mais exacerbadas. O tênue limite entre a ternura e a violência, entre a paixão e a razão, entre mistério e magia. O prazer e a felicidade. O sofrimento, a morte. As certezas, as incertezas e as dúvidas. Retratos da vida humana!

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 6 de abr. de 2017

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Coletânea de Contos Tênues Limites

Copyright © Oride Estevam Sobrinho

Ilustração das capas

Oride Estevam Sobrinho

Projeto Gráfico e Diagramação

Oride Estevam Sobrinho

Edição em conformidade com o Novo Acordo Ortográfico da

Língua Portuguesa

1ª Edição – Abril de 2017

Ficha Catalográfica

ESTEVAM, ORIDES

Coletânea de Contos Tênues Limites

Clube de Autores Publicações S/A – Joinville-Sc

Contos brasileiros 2. Contos 3. ORIDES ESTEVAM

ISBN nº CDD

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Índice para catálogo sistemático

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SUMÁRIO

1- Agradecimentos

2- Capítulo I: Tênues Limites entre Mistérios e

Magia

3- 1- A aparição

4- 2- Uma ajuda incomum.

5- 3- No banco da praça.

6- 4- Tiago e a alucinação!

7- 5- Está aí!

8- Capítulo II: Tênues Limites entre a Ternura e a

Violência

9- 1- Será...?

10- 2- Tranquilo nos gestos...

11- 3- A fuga

12- 4- Uma história. Um texto inacabado.

13- 5- A morte de Abud, fiel de Alá.

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14- Capítulo III: Tênues Limites entre a Paixão e a

Razão

15- 1- O crime perfeito, inútil!

16- 2- O julgamento!

17- 3- O erro, a falha.

18- 4-Trágica realidade urbana!

19- 5- A vingança...tardia.

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A APARIÇAO.

Um arame farpado fere o horizonte

Jorge Luís Borges

Quando levantou os olhos do romance que lia,

acomodada em sua poltrona preferida, na sala, viu-a...

- Quem é você? O que quer aqui? perguntou Laura.

E aquela mulher morena, cabelos compridos que iam

até a cintura, nada disse. Laura não sentiu medo, tornou a

perguntar:

- Quem é você? Como entrou aqui, se não vi nem ouvi?

O que você quer?

E a figura, jovem, bonita , continuava a fita-la com

aqueles olhos escuros como jabuticabas maduras. Nada dizia,

impassível, nada nela se movia, lábios grossos que não

falavam. Olhos que não piscavam..

Laura, com uma tranquilidade que até ela estava

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estranhando , tentou mais uma vez o diálogo:

- Então? Não vai me dizer nada? Vamos, estou à sua

disposição. Diga alguma coisa.

E aquela figura à sua frente, que parecia sólida como

ela, começou a se rarefazer. Laura abriu bem os olhos,

arregalou-os não acreditando no que via. Nunca vira algo tão

espantoso.

Diante de Laura a mulher foi se desvanecendo, ficando

rarefeita, tornando-se uma bruma clara que se diluiu,

desapareceu. Onde estava não tinha mais nada. Atônita, Laura

ficou prostrada na poltrona sem entender o que aconteceu.

Olhou o relógio na parede. Menos de cinco minutos, foi esse o

tempo que levou o fato. Levantou e foi tomar um chá de erva

cidreira para acalmar os batimentos de seu coração, que calmo

durante a ocorrência, terminada esta, disparou.. Pensou:

- O Murilo está para chegar da invernada. Vamos ver o

que ele acha disso.

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Fazia quase uma década que Laura se casou com

Murilo Mendes e vieram morar naquele sítio às margens do rio

Tietê.

Murilo construiu a casa deles numa pequena elevação

do terreno. Um platô na margem do rio, livre das enchentes

que dele transbordavam na época das cheias, alagando as terras

baixas, fertilizando-as para o plantio do arroz, quando as águas

baixavam e o rio voltava ao seu leito normal. Ele separou um

quarto de alqueire, onde construiu a casa, lá em cima, com

ampla varanda que fazia frente à um bem cuidado jardim, donde

se deliciava com a vista do rio.

Ao fundo, uma varanda que dava para um quintal, onde

havia mamoeiros, parreiras, goiabeiras, mangueiras e outras

frutíferas, além de tomateiros, quiabos, abóboras e outros

legumes e hortaliças. Uns trezentos metros à frente, corria o rio

piscoso. E a pequena canoa amarrada por uma corrente à um

velho ingazeiro, descansava próximo ao barranco , debaixo dos

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galhos que davam sombra e frutos. Trabalhavam muito, porém

desfrutavam uma calma e boa vida.

Para o lado direito, à uns quinhentos metros, bem depois

da cerca, envolto por árvores e touceiras, antigas laranjeiras