Os Signos Egípcios
De Lenin Campos
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Os Signos Egípcios - Lenin Campos
1
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Os Signos Egípcios
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Lenin Campos
Os Signos Egípcios
Lenin Campos Soares
2018
5
Capa: Werban Freitas
CAMPOS, Lenin. Os Signos
Egípcios. Natal: LCS, 2018.
ISBN:
1.
Astrologia. 2. História
egícpia. 3. Signos. 4.
Astronomia.
CDD: 133.5
6
Sumário
O Livro de Nut: a astrologia egípcia
A Matemática dos Signos
Os Signos Egípcios
Amun
Anubis
Apophis
Aten
Bennu
Esfinge
Hathor
Hórus
Ísis
Neith
Neftis
Nut
Osíris
Ptah
Ra-Shalom
Sekhmet
Selquet
Ubasti
7
8
"Que os deuses sejam bons comigo,
e de minha parte deixe-me observar um
silênico religioso em relação a eles. Mas se
minhas fábulas disserem alguma coisa
superada, a culpa deve ser colocada a seu cargo".
Aelian, Os Animais
9
10
O Livro de Nut
A astrologia que conhecemos hoje tem
origem na Grécia antiga, sobretudo nas escolas
pitagóricas, contudo os gregos beberam de
fontes babilônicas, indianas e egípcias para
montar sua própria prática. Alguns elementos
tem facilmente sua origem reconhecida. É fácil
saber que a definição dos planetas é de origem
babilônica, que os conceitos de carma e
reencarnação tem origem na tradição hinduísta,
já outros elementos da nossa tradição astrológica
foram absorvidos diretamente do legado egípcio.
Elementos como os decanatos são
imediatamente lembrados quando associamos a
nossa moderna prática com aquela realizada no
Egito, porém, como afirmam alguns historiadores,
a própria ideia da divisão do céu em signos
pertence aos egípcios. Afirmam John West e Jan
Toonder, "os egípcios não só deram nome às
constelações, mas também lhes atribuíram o
11
significado simbólico que hoje conhecemos" 1. Ou
seja, apesar de cronologicamente a tradição
astrológica mesopotâmica ser anterior a egípcia,
foi dentro dos templos e mistérios do Nilo que a
leitura das estrelas se configurou no modelo que
mais tarde seria divulgado pelas escolas gregas.
No entanto, na historiografia produzida
sobre a astrologia egípcia, o foco está sempre no
seu calendário, pois argumenta-se que nos
tempos faraônicos não se acreditava na
influência dos planetas e das constelações
,
usando as palavras de Kocku von Stuckrad, em
História da Astrologia. Para os historiadores, "os
conhecimentos astronômicos aparecem
exclusivamente em conexão com calendários"2,
ou relógios estelares, e que estes poderiam até
ter alguma conexão mística, mas isso (e aviso que
estou sendo irônico aqui) de forma alguma
poderia ser uma concepção astrológica. Os
historiadores do Egito preferem inventar um
calendário místico, sem precisar o que isso iria
1 WEST, John Anthony, TOONDER, Jan Gerhard. A astrologia : história e
julgamento. Tradução: Márcio Tavares de Amaral. São Cristovão/RJ:
Artenova, 1974. p. 38.
2
VON STUCKRAD, Kocku. História da Astrologia. p. 76.
12
diferir da prática astrológica, do que admitir que
o Egito possuía sua própria astrologia.
Contudo, esta farsa é fácil de desmontar.
"No Egito, as estrelas fixas eram chamadas de
khemiu-seku, as que não se movem, e as
constelações zodiacais de khemiu-hemu, os
planetas eram as estrelas que nunca descansam,
khemiu-urtu"3 e eram conhecidos pelos seguintes
nomes: O Sol era Re, mas ao se por chamava-se
Aten, e ao nascer, Or; a Lua chamava-se Aah;
Mercúrio tinha o nome de Seb ou Sbak; Vênus
chamava-se Ba’ah ao entardecer e Sba-Tcha
como a estrela matutina; Marte foi batizado
como Heru-deshet; Júpiter era conhecido como
Her-Wepes-Tawy ou Heru-Up-Shet e Saturno,
Her-Ka-Pet..
Os arquétipos necessários para formar os
signos, no entanto, eram divididos, não a partir
do equinócio de primavera (no hemisfério norte),
como a astrologia a partir dos gregos
convencionou (astrologia tropical), eles eram
definidos a partir da ascensão de algumas
estrelas fixas (astrologia sideral), em especial
3
CAMPOS, Lenin. Os 33 Signos. LCS: Natal, 2017. p 21.
13
Sírius, conhecida pelos egípcios como Sopdet (ou
Sótis, em transliteração grega), sua mais
importante estrela4, que se daria no primeiro grau
de Câncer5, mas também estrelas como as
Plêiades e Órion. Constrói-se então o chamado
calendário sotíaco e a roda dos arquétipos
egípcios, chamados de bakiu, que podemos ver a
seguir:
4
HOULDING, Deborah. Time, the Egyptians and the calendar.
Disponível em http://www.skyscript.co.uk/heritage/egyptians.html,
consultado em 26/12/2017.
5
Hoje Sírius se eleva no segundo decanato de Câncer (12º).
14
Este calendário e relógio estelar (já que elas
definiam tanto os meses quanto as horas do dia e
da noite), diminuído pelos especialistas que
tentam desfazer do seu significado simbólico e
mágico, é, na verdade, o conjunto de 36
arquétipos conhecidos pelos sacerdotes egípcios.,
que representavam o oráculo de um mestre/um
deus6. Estes "eram considerados forças divinas
cuja influência podia ser estimulante ou
prejudicial para os seres humanos"7. Esta é a
própria origem das futuras doze constelações do
Zodíaco (já que elas são batizadas em referência
aos arquétipos que ocupam aquele local no céu).
É preciso ainda informar que o termo
decanato advém do período grego posterior, da
absorção deste conhecimento pela tradição
grega, os egípcios os chamavam de
dominadores do mundo
, bakiu. Estes
"costumavam ser vistos na teologia do Médio
Império como seres perigosos contra os quais era
preciso se defender com amuletos ou objetos
6
SUZZARINI, François. A astrologia egípcia. Lisboa: Dom Quixote,
1984.
7
VON STUCKRAD, Kocku. História da Astrologia. p. 77.
15
semelhantes"8, somente a partir de
aproximadamente 850 a.C, isto é, já sob
influência grega, que estes passaram a ser
avaliados positivamente
A construção da roda de arquétipos egípcia
se dá através da divisão do céu em 360 graus a
partir do grau em que nasce, anualmente, a
estrela Sírius. Este círculo de 360 graus é dividido
em 36 arquétipos que ocupam 10 graus
seguindo, em paralelo, o caminho do Sol9. Cada
bakiu se eleva, portanto, numa data e uma hora
exata do ano (a cada 40 minutos), baseando-se
nas estrelas que se elevavam no horizonte, que
eram consideradas as regentes daquele ciclo. Este
complexo sistema foi considerado por alguns
historiadores como deificação do tempo e
adoração dos astros, mas a maioria entende que
isto é apenas uma contagem do tempo. Escapa
aos estudiosos da história da astrologia a
percepção de sua linguagem simbólica, lê-se
tudo de forma direta.
8
Idem. p. 78.
9
VON SPAETH, Ove. Dating de oldest Egyptian star map. IN:
Centaurus 2000. Copenhagen: Munksgaard, 2000. Vol. 42, p. 159-179.
16
A escolha por esta divisão em 36 e não por
12 (como fazem os gregos posteriormente)
advém de uma tradição numerológica distinta da
valorizada pelos gregos. O 12 tem como intenção
chegar ao número 3 (1+2), que representa a
manifestação da trindade, o triângulo, imagem
sagrada para os pitagóricos (aqueles que
organizaram a astrologia grega como a
conhecemos hoje). "O 12 representa o processo
educacional em todos os níveis, a submissão da
vontade requerida e os sacrifícios essenciais à
obtenção de conhecimento e sabedoria, tanto
em nível espiritual como intelectual"10.
Enquanto isso a pretensão egípcia é
alcançar o número da eternidade, o 9 (3+6). Este
número é a chave de todos os outros, que se
eleva acima da percepção tridimensional de
tempo e espaço e vibra originalidade e iniciativa.
Já o número 36 é o da recompensa cármica,
merecida em uma ou mais encarnações
anteriores, concedendo harmonia para aqueles
10 GOODMAN, Linda. Signos estelares: os códigos secretos do universo.
Tradução: Luíza Ibañez. Revisão Técnica: Max Klim. 6.ed. Rio de
Janeiro: Nova Era, 2010. p. 265.
17
que a plantaram nas suas oportunidades
anteriores.
Note aqui uma diferença prática de
abordagem entre o sistema egípcio e o grego. O
grego está focado nas lições a aprender durante
esta encarnação, a vida é um eterno aprendizado
através do qual podemos os indivíduos podem se
tornar mais sábios. Os egípcios, no entanto, estão
focados na oportunidade de usufruir dos
tesouros que foram guardados nas inúmeras
oportunidades vividas anteriormente ou