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Controle A Distância
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E-book420 páginas5 horas

Controle A Distância

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Sobre este e-book

No primeiro livro A Lei de Talião , um grupo de amigos conseguem eliminar um inimigo em comum, o doutor Robert.. Agora,quando acham que finalmente poderão levar suas vidas normalmente,surge um novo psicopata, muito mais poderoso e perigoso.421 Sem ter a mínima ideia de quem os caçava, conseguem uma ajuda inesperada, um investigador e sua fiel ajudante. Ambos descobrem uma trama muito mais ardilosa do que se imaginava, que poderá afetar toda a segurança dos Estados Unidos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de abr. de 2020
Controle A Distância

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    Controle A Distância - Eric Ebling Dubugras

    ~ 1 ~

    Eric Ebling Dubugras

    CONTROLE

    A

    DISTÂNCIA

    1ª Edição

    São Paulo

    Clube de Autores

    2020

    ~ 2 ~

    Introdução

    A lei de Talião

    Em 1770 A.C foi escrito o código babilônico de Hamurabi. O rei Hamurabi foi responsável por compilar as leis existentes na época de forma escrita (em pedras). Ao todo, esse código tinha 282

    artigos a respeito das relações do trabalho, família, propriedades, crimes e escravidão. A lei de talião era uma delas.

    Essa lei consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena, também chamada de lei da retaliação, mais popularmente conhecida como olho por olho, dente por dente.

    O primeiro livro, A Lei de Talião, fala inicialmente de uma família comum residente em Bellevue (Seattle), com três filhos. Casados há mais de vinte e cinco anos, tinham uma menina de 23 anos, chamada Amanda, que morava no Canadá, cursava teatro através de uma bolsa de estudos e trabalhava como garçonete.

    O filho mais velho era Michael, estudante de engenharia mecânica, estagiando em uma montadora de veículos, que ainda morava com os pais. E o mais novo chamava-se Thomas, tinha 16 anos, estava largando os estudos para se profissionalizar no skate e ia começar a viajar sozinho pelo país.

    Tom, o pai, trabalhava a muitos anos em uma empresa de telefonia e a mãe Sara cuidava dos filhos e administrava a casa. Levavam uma vida monótona, principalmente porque a mãe de Sara, que acabara de falecer, ficou doente muitos anos, sacrificando as economias do casal.

    No início da história, eles são convidados para o aniversário do chefe de Tom. Nessa festa Tom recebe a informação que a empresa

    ~ 3 ~

    que trabalha será vendida e ele provavelmente perderá seu emprego. Enquanto recebe a notícia, deixa sua esposa sozinha que encontra Robert, um antigo namorado que teve que ir embora da cidade no auge do relacionamento dos dois.

    Nos próximos dias ele irá tentar seduzir Sara de qualquer jeito.

    Enquanto isso, Amanda, no Canadá, vai a um barzinho com seu namorado onde a noite inteira ele a deixa sozinha para ficar conversando com outras pessoas. Na saída da festa eles são parados pela polícia e ela descobre que Peter estava traficando a noite inteira. Ambos são presos.

    Peter é filho de um deputado americano que contrata um grande advogado para defendê-lo. Usam a estratégia de culpar Amanda para livrá-lo da cadeia.

    Amanda, desesperada, entra em contato com seu professor de teatro que se propõe a ajudar. Russo, o professor, localiza um amigo advogado que decide defender a menina.

    Paralelamente a essa história, é narrada a vida de Clara, uma mãe solteira. Anos atrás ela estava noiva de Jones quando ficou grávida.

    Seu parceiro queria que ela abortasse em troca de morarem juntos e se estabilizarem primeiro. Um dia antes do aborto ela descobre que tudo era uma farsa, ele só queria que ela se livrasse da criança.

    Ela fugiu da cidade e foi ter sua filha longe de lá.

    Thomas, o filho mais novo de Tom e Sara, se acidenta em um campeonato de Skate, desviando de uma criança que entrou na pista. Bate a cabeça e a coluna, fica em coma, com grande possibilidade de ficar paraplégico.

    Tom viaja para ver seu filho, volta antes do combinado, e quando está dentro do taxi, vê sua mulher Sara com o antigo namorado.

    ~ 4 ~

    Ela, sem saber da volta antecipada do marido, vai até a casa de Robert, transa, depois é descartada e humilhada por ele.

    Em seu retorno, briga com seu marido que a deixa e vai embora de casa.

    Tom fica desesperado, sem emprego, traído pela mulher, com sua filha presa e um filho em coma. Tudo aconteceu de uma vez em sua vida, e ele tenta o suicídio.

    Ele é salvo por Clara, que está passando férias na cidade. Nasce entre os dois uma grande amizade, que depois vira um namoro.

    Enquanto isso, Sara, sua ex-mulher, vai tentando uma reaproximação com a ajuda de seus filhos.

    Tom ainda gosta muito dela, afinal foram quase trinta anos de casados. Em uma noite que foi jantar com sua família, acabou fazendo sexo novamente com a ex-esposa.

    Isso gera uma grande confusão na sua cabeça. A princípio decidiu que não iria ficar com nenhuma das duas mulheres, nem Sara e nem Clara. Gostava das duas, e não se sentia à vontade para decidir. Elas ficaram amigas, e depois de um tempo virou um relacionamento a três. Com uma única regra, só poderiam transar juntos.

    Robert, o advogado de Peter, era casado com Josie, uma mulher de família rica e uma empresária de sucesso. Tinham um filho de 8

    anos, George, que sempre foi cuidado por Janete, a babá. Ele nunca tinha tempo para o filho, geralmente combinava as coisas e depois não aparecia.

    Josie enviou o garoto junto com Janete para o Canadá, para que ele pudesse passar uns dias com o pai.

    ~ 5 ~

    Robert, galanteador como sempre, fez de tudo para conquistar a empregada que se esquivou todas as vezes. Numa das tentativas falou para ela ficar na piscina com o filho que ele só voltaria à noite.

    Voltou antes só para vê-la em trajes de banho, tentou agarrá-la à força e o menino acabou presenciando a cena. Assustado, o garoto fugiu de casa. Isso acabou gerando o divórcio do advogado e uma ação de tentativa de estupro.

    Terminou virando manchete de jornal, onde revelou-se uma descoberta surpreendente.

    Muitos dos prejudicados descobriram que Robert, que tentou incriminar Amanda, era o mesmo que engravidou Clara, transou e humilhou Sara, traiu Josie e tentou estuprar Janete.

    Amanda foi solta com a ajuda de Russo e seu advogado, que conseguiram provas irrefutáveis. Com isso, toda a culpa voltou para o verdadeiro traficante, Peter, seu ex namorado.

    Josie que agora era ex-esposa de Robert, se relaciona com Paul, um advogado do escritório de Robert que constantemente era oprimido por ele.

    Certo dia, Josie casualmente entra na loja onde Clara trabalhava, e ao pagar as compras, ela percebe que Josie tinha o mesmo sobrenome de Robert Jones, o pai que não quis que ela tivesse sua filha. Ali se conhecem e começam a conversar sobre o homem que ambas detestavam. Com o desenrolar da conversa, Clara explica que conhece Amanda, Sara e Tom.

    Josie decide providenciar um encontro de todos os desafetos diretos e indiretos de seu ex-marido: ela, Tom, Clara, Sara, Russo, Amanda, Paul, Janete e seu noivo Carlos. Lá eles decidem se juntar e elaborar uma vingança.

    ~ 6 ~

    São várias tentativas de homicídio, quase todas planejadas para parecerem acidentes. A polícia de Bellevue, através do delegado Christopher e do investigador Lucas, começa a averiguar esses incidentes, mas os suspeitos revezavam nas ações, dificultando o entendimento da polícia.

    O delegado Christopher consegue uma informação que o leva a descobrir que todos os principais suspeitos eram amigos.

    A última tentativa de homicídio seria entupir os canos da espingarda que Robert guardava em casa, além de trocar os cartuchos tradicionais por uns que explodiriam em vários fragmentos.

    Robert já estava desconfiado que seus acidentes não eram casuais, e sim, que alguém estaria tentando matá-lo.

    Carlos estaria encarregado de assustar o advogado para que ele ao tentar se defender usasse sua garrucha adulterada e o tiro saísse pela culatra.

    Peter, filho do Deputado Roy Carter, e ex-namorado de Amanda é condenado por tráfico de drogas e ao saber da sentença, vai atrás de Robert, seu advogado, tirar satisfações sobre sua defesa que foi malfeita.

    Carlos vai até a casa de Robert e anda pelo quintal fazendo barulho, Robert pega a arma e vai em direção da porta da frente; neste mesmo momento, Peter chega armado.

    Robert abre a porta, ambos se assustam e atiram. Peter erra, mas o advogado não. Em sua arma que tinha dois canos, um tiro saiu por trás estourando sua cabeça, e o outro sai normalmente acertando o peito do garoto.

    ~ 7 ~

    O Delegado encerra o inquérito, dizendo que Peter seria o responsável pelas tentativas de homicídio do advogado, apesar de Lucas, que chefiava a investigação, não concordar.

    Depois de um tempo, Christopher vai até a casa de Josie no dia que ela está comemorando o desfecho final com seus amigos. O

    delegado reúne todos, conta que sabe que eles são os culpados pelos acometimentos contra Robert e que, em troca de seu silêncio e encerramento das investigações, quer 100.000 dólares.

    Josie paga o suborno, bem debaixo da câmera de segurança na entrada de sua casa, a fim de que aquele suborno se encerrasse por ali.

    Todos se sentiram vingados, foi aplicada a Lei de Talião.

    Caso encerrado: Oculum pro oculo, dens pro dente!!!

    ~ 8 ~

    Capítulo 1

    Vagalumes

    Edmund estava entusiasmado. Apesar de ter se tornado um entomologista, cada vez que estudava os vagalumes uma parte de sua infância aflorava novamente. Nunca parou para pensar nisso, mas, com certeza, foi por causa daquele bichinho fascinante que ele se profissionalizou.

    Já fazia muito tempo, muito tempo mesmo que, com seu irmão gêmeo, ligavam o rádio no último volume, espalhavam espelhos pelo quarto e enchiam dois vidros de maionese com dezenas desses insetos. Eles piscavam e refletiam por todo o ambiente, como vários flashes, parecia uma casa de shows ou, pelo menos naquela época, eles achavam que uma boate deveria ser daquele jeito.

    Em outro momento, pegavam as capinhas plásticas de comprimidos de sua mãe, colocavam o vagalume dentro e colavam na frente de seus carrinhos de plástico, imitando um farol ou um pisca-alerta.

    Foi uma época inesquecível, teve uma infância fantástica e aproveitou cada momento como se fosse único.

    Tudo veio na sua mente rapidamente como um flashback.

    Agora é um momento importante. Com o passar dos anos estes incríveis insetos estão cada vez mais raros, sua extinção parece iminente; muitos estudiosos dizem que a poluição é maléfica para eles, outra linha de estudo, que a quantidade de pesticidas

    ~ 9 ~

    utilizados nas plantações acabou por dizimar uma grande parte deles.

    Uma coisa ele sabe que é certa, eles sempre utilizaram de sua luminosidade para se comunicarem, seja para se reproduzirem, quando a fêmea atrai o macho com seus flashes ou, simplesmente, quando ela o avisa dos perigos ao seu redor. Com a luminosidade das grandes cidades, essa comunicação foi se perdendo, atrapalhando o ciclo natural das coisas.

    Quando era pequeno, ficava curioso para entender como aquela lâmpada acendia se ele não tinha nenhuma bateria acoplada. Teve que crescer e estudar para entender que o abdômen do vagalume tem luciferina, uma substância química que, em contato com o oxigênio provoca uma reação química, deixando-a instável. É a

    bioluminescência.

    - Bioluminescência! É um nome imponente, adoro esse nome -

    pensou ele.

    Estava no Capitol State Forest, um parque na região de Olympia, quando descobriu que nessa área ainda era possível verificar uma quantidade razoável de vagalumes. Em uma parte desse parque a mata era muito densa e úmida deixando entrar pouca luz, isso fazia com que estes pequenos animais se sentissem em seu habitat ideal.

    Edmund estava lá para estudar o Lampyris Noctiluca, espécie na qual só o macho tem o poder de voar, enquanto a fêmea emite seus flashes para atrair seu parceiro para a reprodução. Adentrou a mata, evitou acender a lanterna para que os pirilampos pudessem agir normalmente e andou aproximadamente por 400 metros onde a claridade começava a ficar escassa. Sentou-se em um tronco de árvore velha, ficou observando aquele balé luminoso. Era maravilhoso! Aquele era o ponto mais gratificante de sua pesquisa.

    ~ 10 ~

    Estava sentado em uma árvore tombada que, devido à grossura, ele estimava que tivesse uns 300 anos. Ele estendeu uma toalha sobre a tora, preparou a sua filmadora e se deitou. Com sua mão direita se apoiou no chão afim de achar a melhor posição para filmar, sentiu algo macio e gelado; assustado, imediatamente deu um pulo e acendeu a sua lanterna.

    Viu algo entre as folhas secas que a princípio não queria acreditar.

    Com um pequeno graveto, remexeu a folhagem e teve a derradeira certeza.

    - É uma mão!

    Entrou em pânico, não sabia se gritava, se saía correndo dali ou simplesmente mexia naquilo para tentar descobrir mais alguma coisa. E assim o fez.

    Localizou um graveto maior e foi remexendo até descobrir que o corpo estava praticamente escondido sob a árvore. Era um homem, de estatura mediana, aparentemente de uns 45 a 50 anos, devendo pesar uns 90 quilos, ou talvez menos, porque ele parecia bastante inchado. Usava uma camisa social listrada, uma calça jeans e apenas um pé de sapato. Vestiu sua luva de borracha e puxou o cadáver pela mão, a fim de ver se tinha algum sinal de machucado.

    Não encontrou nada de diferente, somente a sua cabeça tinha uma coloração anormal, meia roxeada, meia esverdeada, mas naquele momento não sabia explicar o que estava de errado.

    -Meu Deus! Será que passou mal, ou foi assassinado e jogado aqui?

    - pensou ele.

    Pegou seu celular, o sinal estava muito fraco e não conseguiu fazer uma ligação. Lembrou imediatamente da estória de João e Maria, pegou algumas pedras, localizou uma camiseta que tinha em sua mochila, a rasgou em várias tiras e foi demarcando o terreno por

    ~ 11 ~

    onde passava em seu retorno, ora com uma trilha de pedras, ora com pedaços de pano amarrado nas árvores.

    ******

    Josie se sentia aliviada, mas saudosa.

    Estes últimos meses foram intensos. Desde a derradeira traição de Robert, sua vida mudou da água para o vinho, teve que se dedicar à sua vingança contra ele, tomar conta do escritório de advocacia, pelo qual até aquele momento nunca havia se interessado e arrumou uma grande quantidade de amigos.

    Foi muita coisa em tão pouco tempo. À princípio aquela aproximação foi estrategicamente interessante para concretizar a sua desforra, só que com o passar do tempo, eles foram tão fiéis, verdadeiros, confidentes, amigos que compartilharam suas experiências, no final viraram uma grande família. Chegou a pensar muitas vezes Nós passamos a vida inteira ao lado de uma pessoa, nunca descobrimos seus medos e seus segredos, com aquela turma tudo fluiu muito rapidamente.

    Ela sabia que aquela amizade seguiria por muitos anos, mas aquele objetivo comum de desmascarar Robert havia se esvaído, tinha consciência que iria faltar algo, o motivo que a princípio os uniu, já não existia mais.

    Seu único ponto de apoio agora era seu namorado, mas tinha muito medo de sufocá-lo com a sua insegurança:

    - Estou sentindo falta daquele povo, preciso achar algo para nos deixar mais próximos.

    ~ 12 ~

    - Calma, você vai continuar a vê-los normalmente. Hoje com as redes sociais dá para falar com as pessoas o dia inteiro mesmo estando longe.

    - Eu sei, mas eu queria ajudá-los de alguma maneira - lamentou Josie.

    - Todos eles estão encaminhados. Tom, agora está bem empregado, e feliz com suas mulheres.

    - Deixe de ser sarcástico!

    - Não estou sendo sarcástico, eles estão felizes juntos, o que mais a gente pode falar?

    - Muito louca essa história deles, não é?

    - É bem diferente do que a gente está acostumado, só que eu percebo que eles se completam, não vejo nenhuma mágoa, nenhum ciúme exagerado entre eles.

    - Acho que eles estão um nível acima de todos nós em termos de amor e relacionamento.

    - Então vamos colocar outra mulher no nosso namoro? Eu topo -

    brincou Paul.

    - Vem com gracinha, corto seu pinto fora!

    - Não está mais aqui quem falou. Estão mesmo um patamar acima da gente - respondeu ele, soltando uma gargalhada. Depois, continuou.

    - Amanda e Russo estão no Canadá, fazendo teatro que é o que eles gostam. Janete está trabalhando com você e bem com o noivo dela, ele também está se dedicando e, quando se formar, a gente o coloca no escritório.

    ~ 13 ~

    - É verdade - concordou ela.

    - Além do mais, nós ficamos de olho. Se precisarem de algo, você ajuda.

    - Acho que mais uma vez você tem razão - respondeu ela.

    - A não ser que você ainda esteja preocupada com aquele delegado que nos extorquiu.

    -Não! De jeito nenhum. Esse puto pegou o dinheiro dele e encerrou nosso caso. Sabe que foi filmado pegando a mala da grana, não quer saber mais de nós e nem nós queremos saber dele. Conheço essa raça.

    -Como era mesmo o nome daquele infeliz? - perguntou Paul.

    - Delegado Christopher. Imponente, não é? Mas não vale nada.

    *****

    Tom andava mais tranquilo. Aquela aflição de que Sara, Clara e Amanda poderiam ter se dado mal com a história de Robert lhe deixou tenso muitos dias. Agora só lhe passava pela cabeça seguir em frente, se dedicar ao novo emprego e curtir seus amores, mas não sabia como seus outros filhos reagiriam. Amanda foi bem compreensiva, mostrou uma maturidade que ele não esperava.

    Dos filhos, ela era a mais explosiva mas, muitas vezes, os introspectivos são os piores.

    Decidiu seguir como fazia anteriormente, cada um morando nas suas respectivas casas, omitindo sua real situação da sociedade e fazendo seus encontros às escuras. A única coisa é que estava mudando, tinha saído do hotel e alugado uma casa, onde poderiam se reunir com maior frequência sem serem incomodados.

    ~ 14 ~

    Encontrou uma linda casa nos arredores de Bellevue, na área mais isolada da cidade, que estava precisando de pequenas reformas, mas já seria possível mudar no próximo final de semana. Queria fazer uma surpresa para suas mulheres, Sara e Clara.

    ******

    Edmund conseguiu sair da mata, apesar de escuro. Tinha certeza de que tinha conseguido demarcar a trilha perfeitamente para poder levar a polícia até o local do corpo. O sinal do celular ainda estava muito ruim, por isso achou melhor sair do parque até encontrar a conexão perfeita. Pegou seu carro e seguiu pela Washington State Route 8 no sentido de Madrona Beach. Aquela região é arborizada e de muitas montanhas, muitas vezes era necessário andar até 15 quilômetros para encontrar um sinal.

    Depois de uns 20 minutos, já bem próximo de um centro comercial, estacionou seu carro, respirou fundo e decidiu ligar.

    - City of Olympia Police, boa noite.

    - Boa noite, eu queria informar uma situação.

    - Seu nome, por favor - falou a policial.

    - Meu nome é Edmund Walter Lewis.

    - Pois não, Edmund.

    - Eu estava agora no Capitol State Forest e encontrei um homem morto.

    - O que o senhor estava fazendo no parque a esta hora?

    - Eu sou um entomologista, estudo vagalumes e estava fazendo uma pesquisa dentro da mata quando encontrei um corpo.

    - O senhor consegue chegar no mesmo local novamente?

    ~ 15 ~

    - Consigo, porque eu vim demarcando o local até a saída.

    - Onde o senhor se encontra agora?

    - Estou na bifurcação da Washington State Route 8 com a Madrona Beach Road.

    - O senhor está a menos de 10 minutos da delegacia. O senhor poderia vir até aqui para uma viatura o acompanhar até o local?

    - Não tem problema, me dê o endereço por favor.

    Ele seguiu rapidamente ao encontro dos policiais. Estava assustado, nunca teve problemas com cadáveres. Não ficava impressionado facilmente, só que encontrar e pegar na mão de um defunto escondido no meio da mata foi demais para seu controle emocional. Não parava de pensar. Como aquele corpo foi parar ali no meio do nada? Chegou à conclusão que havia sido assassinado, estava escondido entre as folhagens: alguém que estivesse passando mal não estaria naquelas condições.

    Passado um pouco menos de uma hora, estava adentrando na mata com dois policiais. Pegou a trilha que ele sabia que ficava em frente a três árvores, sendo uma delas uma flamboyant recheada de flores vermelhas. A cada 20 ou 30 metros ele havia deixado pedras ou pedaços de pano amarrados para não se perder. Nos primeiros 40

    metros achou estranho que não houvesse nada marcando o caminho, continuou no caminho que até aquele momento tinha certeza de que era o correto, andou mais 50 metros e nenhuma demarcação.

    - Não sei o que está havendo! Tenho certeza de que o caminho é esse, mas as minhas pedras não estão aqui.

    Um policial olhou para o outro, com um certo olhar de desconfiança, mas não esboçou nenhum comentário.

    ~ 16 ~

    Andaram mais uns 200 metros, quando Edmund comentou novamente.

    - Eu juro que eu marquei direitinho o caminho, mas não encontro nada. A partir de agora, já não sei mais onde está a trilha

    - Vamos nos separar com espaços de 20 metros entre um e outro e fazer uma varredura. O senhor acha que falta muito para chegar ao local? - perguntou o sargento Soares.

    - Olhe, sargento, eu acredito que faltem uns 200 ou 250 metros.

    Existe uma árvore gigantesca caída no local.

    Andaram por quase uma hora, até que perderam a noção de localização no meio da floresta, quando resolveram voltar.

    - Olha, Sr. Edmund, realmente não encontramos nada, nem sua trilha demarcada, nem a árvore caída, nada. Vamos voltar e amanhã cedo, com a luz do dia começaremos as buscas novamente

    - ordenou o Sargento.

    - O senhor me desculpe, realmente não entendo o que possa ter acontecido.

    O sargento fez cara de poucos amigos e mais uma vez não teceu nenhum comentário.

    Demoraram mais uma hora para achar a saída da floresta e estavam praticamente a um quilometro de distância de onde entraram.

    ******

    Na delegacia de Bellevue o investigador Lucas perguntou a todos ao seu redor se tinham visto o delegado.

    - Bom dia, Sheilla. Você viu o Christopher por aí?

    ~ 17 ~

    - Não veio nem ontem nem hoje. Achei que ele estava em alguma diligência com você.

    - Que nada, na sexta-feira ele estava muito estranho, saiu rapidinho daqui e quando perguntei onde ia, simplesmente desconversou -

    comentou Lucas.

    - Então, não sei. Ele é meio folgado, mas não costuma sumir assim por muito tempo - respondeu a escrivã.

    - Valeu! Vou tentar ligar no celular dele.

    Lucas imediatamente tentou encontrá-lo, tanto no telefone de casa quanto no celular, mas nas duas situações a ligação caía na caixa postal. Resolveu, então, ir pessoalmente à casa dele.

    ~ 18 ~

    Capítulo 2

    Desaparecido

    Uma semana antes.

    O delegado vira seu copo de whisky em um único gole e se despede de todos.

    - Boa noite, estou muito feliz de termos nos dado tão bem.

    Aproveitem o resto do final de semana, que o tempo está muito bom.

    Foi saindo, quando Josie falou bem alto:

    - Doutor Christopher, não se esqueça da sua mochila.

    Ele sorriu, andou em direção da porta, olhou para cima, pegou a mochila e saiu.

    Todos correram em direção das portas ou janelas para ter certeza de que ele tinha ido embora. Viram ele entrar no carro e partir.

    -Meu Deus, estamos perdidos, disse Clara, praticamente chorando.

    -Calma gente, está tudo resolvido, disse Josie.

    -Como assim? Eu sei que provavelmente tinha dinheiro naquela mochila, mas quem disse que ele vai parar? Ele vai nos extorquir o resto da vida - questionou Sara.

    - Eu não quero ser ofensiva, mas vocês que nunca tiveram muito dinheiro, então não sabem como funciona esse mundo de corrupção. Ao comentar que queria tomar champanhe Cayene, ele estava dando a dica que queria o valor referente ao preço de um

    ~ 19 ~

    carro, modelo da Porsche que gira em torno de U$100.000,00 -

    explicou Josie.

    -Mas isso não garante que ele vai parar - argumentou Carlos.

    - Quando Paul deixou a mochila encostada no banquinho próximo à porta, o delegado sabia que estava sendo filmado, ela estava aberta e debaixo da câmera de segurança. Era a assinatura do nosso pacto. E, para finalizar, eu fiz questão de gritar para ele não esquecer a mochila, para que pudesse ter dúvida que estava sendo gravado também, mas isso era blefe.

    ******

    Dr. Christopher jogou a mochila no porta-malas e entrou rapidamente no carro.

    - Que beleza! Se toda investigação tivesse um final assim, eu me aposentaria rapidinho. Não posso reclamar, mais uma quirela para um futuro promissor. -Caso encerrado, o assassino também está morto, a opinião pública satisfeita, o prefeito e os chatos do ministério público estão tranquilos e ainda ganhei U$ 100.000,00

    desses trouxas.

    Seguiu em direção a Bellevue pela Washington State Route 8, sabia que teria mais de duas horas e meia de viagem e 110 milhas pela frente.

    Durante os primeiros vinte minutos ficou impacientemente trocando as estações de rádio, parecia que naquele dia nenhuma música lhe agradara, gastou mais tempo escutando uma notícia que o trânsito estava ruim devido uma blitz da polícia, e logo pensou:

    ~ 20 ~

    - Agora não tem como eu voltar. Espero que nenhum soldadinho de merda tente mostrar serviço, venha revistar meu carro, porque esse dinheiro aí atrás vai me complicar.

    Nem bem pensou nesta situação, fez uma curva a direita e deu de cara com a pista fechada e vários carros de polícia.

    O primeiro guarda da fila, fez sinal para ele encostar no acostamento. Mais que rapidamente sacou sua carteira funcional e mostrou ao soldado que se aproximava da janela.

    - Bom dia, tudo bem? Sou delegado de polícia.

    - Bom dia, doutor. Infelizmente por ordem do comandante, temos que revistar 100% dos veículos, temos um traficante importante escondido nesta região além de muita droga.

    - Não é possível! Estou com muita pressa, também estou em diligência e o secretário de segurança não vai gostar nada, nada de ver eu chegar atrasado na reunião.

    - Lamento, doutor, vou solicitar para vistoriarem seu carro rapidamente para que não perca muito tempo.

    Christopher pensou em fazer um escândalo, mas percebeu que não iria adiantar nada, talvez iria até complicar a sua situação.

    Outro policial sinalizou para que ele avançasse seu veículo e furasse uma fila que tinha uns oito veículos a sua frente.

    - O que vou fazer agora? Espero que vejam que não tem ninguém escondido no porta malas e deixem a mochila quieta.

    Pediram que ele descesse e dois policiais começaram a revistar o veículo, começaram pela parte interna e depois foram ao porta malas. Um deles pegou a mochila e quando ia abrir o zíper escutou.

    ~ 21 ~

    - Soldado?

    Olhou para trás rapidamente e respondeu:

    - Pois não, capitão.

    - Pode deixar que eu termino aqui.

    O soldado rapidamente entregou a mochila ao capitão e saiu imediatamente do local.

    - Dr. Christopher! Há quanto tempo! Não está me reconhecendo?

    Ele olhou para o capitão, a fisionomia não era estranha, mas teve uma dificuldade para realmente lembrar quem era.

    - Fazem só uns 30 anos - comentou o capitão.

    - Tomate! Como você está diferente!

    - Shhhhh, quer que meus subordinados escutem meu apelido adolescente?

    - Desculpe, cara. Não me contive quando te reconheci, lembrei rapidamente daquelas bochechas rosadas enquanto a gente fazia educação física. Nem lembrava que seu sobrenome era Schultz.

    Quem diria! Capitão Schultz ficou bonito na lapela.

    - Pois é. Os dois que se destacavam na ginástica, viraram policiais.

    Você praticava bullying comigo e agora posso te prender, veja como é a vida!

    Christopher deu um sorriso amarelo, porque lembrou instantaneamente que Schultz estava com sua mochila na mão, cheia de dinheiro sujo.

    - Quando a gente é criança, faz muita merda mesmo - respondeu sorrindo, tentando disfarçar sua preocupação.

    ~ 22 ~

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