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Aquilombamento Digital
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E-book111 páginas1 hora

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Sobre este e-book

Esta obra expõe a importância que a referência pode fomentar para a constituição da identidade social e/ou da (re)configuração de seus comportamentos na contemporaneidade mediada. Nela se apresenta a relevância do uso de meios técnicos para a emersão deste fenômeno, sobretudo por favorecer as apresentações de novas referências e debates. Apresentamos o efeito de dinâmicas associadas ao acesso às influenciadoras digitais afrobrasileiras no aprendizado de novos padrões éticos e estéticos, por jovens, negras e negros, nas arenas da vida prática. É notável a importância que a afirmação dos sentidos étnicos têm nesse processo em que as trocas simbólicas ocorrem em palcos e plateias de uma nova vida cotidiana.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de ago. de 2020
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    Aquilombamento Digital - Gabriel Suamme Lima Santana; Boni Sobrinho

    APRESENTAÇÃO

    O debate sobre ser negre no Brasil em tempos contemporâneos é uma emergência fundamental, sobretudo para entender as diferentes perspectivas identitárias e culturais que perpassam esta nobre categoria. Uma categoria complexa pois integra, diante do desdobrar do tempo, uma quase infinita possibilidade de configurações entre as distintas matizes que correlacionam  religiosidade, moral & ética, estética, gênero, classe, sexualidade, idade, escolaridade, acesso a tecnologia, dentre outras coisas mais.

    A história do tempo acena para o início da história humana há mais de 3 mil anos antes do nascimento da aclamada República de Platão, que certamente foi nutrida pelo profuso repertório de conhecimento vivo e intelecto de um império que durou mais tempo que os dois mil e vinte e poucos anos da fria Era Ocidental, que fomentou a criação de uma sociedade iniciada pelos escritos de sábios questionadores gregos. Esta mesma Era encaminhou-se na direção do antropocentrismo lógico, em nome de um liberalismo individualista, competitivo, patriarcal, que desemboca no mal-estar de uma civilização, ajustado por uma lógica puramente-racional que afastou os seres das liberdades dos corpos, dos reconhecimentos de suas puras expressões no mundo, em direção a uma normalidade castradora das habilidades de expressar-se em primeira pessoa.

    Os tempos da modernidade ainda são recentes, havendo apenas 99 anos da criação do meio de comunicação que viabilizaria o acesso a voz de pessoas à distância, o rádio. Em 1922 ainda era recente a mudança societal que viria acometer o Brasil em um novo estágio de diferenciação dos povos que lhe organizavam os sentidos. A abolição da escravatura passaria a figurar todos os livros infantis sob a apresentação de uma princesa-heroína-loira e gente boa, que libertara o povo dos grilhões do controle. Mais à frente a televisão apresentaria o mais impressionante artista da Terra, Wilson Simonal, controlando os afetos de turbas sob as notas de limão e limoeiro para platéias predominantemente formadas por pessoas de pele não-negra, não-índia e não-parda. A rainha-dos-baixinhos, em seus cafés da manhã com suas paquitas-loiras e o namoro de Cirilo e Maria Joaquina favoreceriam gradativamente a manutenção do não-situamento e do não-lugar de um povo em um espaço geográfico com sabor de Dendê, futebol e Samba, abençoado por Deus(a) e bonito por natureza.

    Nos contaram mentiras e nos fizeram creditar baixo nossos valores. Tamanho absurdo tomou conta das ruas e dos pensamentos de uma sociedade que amanhecia e dormia com as notícias formuladas por cúpulas de senhores que organizavam o meio de campo, de forma similar aos cidadãos de bem que modernizam a ilha de Itaparica e o Mercado do Peixe com seus bons modos: sequestro & perfumaria.

    Há pouco mais de vinte e poucos anos a popularização da tecnologia móvel forneceu um passo significativo para o acesso a outras formas de relacionamento, de acesso a elementos simbólicos, culturais, pessoas e referências. O desenvolvimento de tais tecnologias nos permite estarmos acessíveis e acessarmos a qualquer momento qualquer outra coisa ou pessoa que esteja acessível, em qualquer lugar a qualquer momento. Destarte, qualquer linguagem que irrompa de um pensamento em uma folha em branco, em imagens de fotos, em arte, em som e em video pode resultar em solução. Descortinam-se as possibilidades de reconhecimentos que nos permitem afirmar a potência de um povo que criou os ritmos modernos, como o Jazz, o Blues, o Rock e o (T)Rap . Com todo o respeito a Elvis e aos Beatles, jamais haverá sob a Terra entidades maiores que Elza Soares, Nina Simone, Margareth Menezes, Beyoncé, Ticoãns, Mateus Aleluia, Gilberto Gil, Mano Brown, Stevie Wonder, Chuck Berry, Miles Davis e Fala Kuti.  Em tempo, o melhor Álbum Branco da história é o da Orquestra Afrosinfônica. Cabe também a reflexão metafórica sobre os sofrimentos de um Michael Jackson que, corrobora toda uma obra de Frantz Fanon: o Gênio do Pop é Black (or white?)! Ei de respeitar os grandes pensadores, Platão, Martin Heidegger, Jean Paul Sartre, mas não antes de pedir as bençãos de Milton Santos, maior intelectual da história do mundo e a Abdias do Nascimento, plurigênio, intelectual e artista. Tá tudo no Youtube.

    Mais recentes e liderando toda uma revolução na mente de mulheres e homens, Carlas Akotirene e Djalmillas Ribeiro elevam o nível de qualquer debate, colocando toda uma cultura de sequestro e desrespeito à diversidade e à potencia humana em seus devidos lugares, representando e empoderando todo um povo que passa a produzir, trocar e compartilhar sentidos em um momento histórico em que no mundo inteiro as vidas negras passam a importar justamente por reconhecerem-se como maioria, evidência, beleza e qualidade.

    Uma querida amiga e intelectual, Dr. Anilda Neves, em sua ampla sabedoria um dia me disse: - Jamais jogariam pedras em uma árvore que não desse bons frutos.. E aqui estamos comprovando mais uma vez que se precisarmos ser 10 vezes melhores, seremos 11! E que agora estamos acessíveis em referência e em potencial de autoestima, na medida em que aprendemos a nos enxergarmos a partir das melhores referências do mundo, com as quais nos identificamos e carregamos fenotipicamente, em potência, o que há de extraordinário e (im)possível.

    Eu sou o sol da Jamaica, sou a cor da Bahia. Eu sou em você e você não sabia…

    (Lazzo Matumbi)

    Este livro fala sobre isto. É o desdobramento de uma pesquisa de conclusão do curso de psicologia de um brilhante intelectual - Gabriel Suamme Santana - graduado em uma potente universidade predominantemente preta no coração da Bahia,  estimulado a refletir e observar a sociedade por um prisma psicosociológico e entender como a tecnologia acompanha o desenvolvimento da história da humanidade e como, naturalmente, influencia os desdobramentos e curvas que direcionam àquele baú de ouro, logo após o findar do arco-íris. Como orientador, me sinto orgulhoso e lisonjeado por ver objetificado em coisa o resultado de nossas amplas conversas e revisões de texto mediadas pelo Google Hangouts se tornar um livro com altíssimo nível de complexidade teórica, a partir de um método digno de uma pesquisa de mestrado. Um documento que marca a mudança dos tempos e instaura a retomada da história que nos tomaram numa curva dessas.

    Se imaginaram que iriam conseguir calar nossos pensamentos, acordaram com as babas entre as bochechas. Afinal, estamos em todo o mundo, somos filhes da diáspora em consonância com a pureza e a mítica proveniente da imediata natureza.

    Somos Nós as cores de uma racionalidade inteligente e intuitiva.

    Somos Nós a Alegria da Cidade.

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