A arte da conexão: Aumente seu networking e crie vínculos verdadeiros
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A arte da conexão - Patricia Meirelles
Sumário
Prefácio
Conecte-se de coração
Seja autêntico
Agilidade emocional
Energia e essência: a dupla de sucesso
Não compre o sonho dos outros
Seja um multiplicador de positividade
A importância do day off
Esteja com quem abana suas chamas
O poder da contribuição
Gratidão
Posfácio
Agradecimentos
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PREFÁCIO
Viviane Senna
Em nenhum momento da história estivemos tão conectados.
A revolução científica e tecnológica pela qual passamos nos últimos dois séculos, especialmente no campo das TICs, rompeu as barreiras e isolamentos, aproximou distâncias e nos tornou uma comunidade global em uma intensidade sem precedentes na história humana.
A profusão de meios de informação e comunicação se multiplicou exponencialmente: Facebook, Instagram, WhatsApp, Twitter, telefonia, rádio, TV, AI, internet de pessoas e até das coisas... Tudo nos aproxima e conecta. É o século da conexão.
No entanto, nunca as pessoas se sentiram tão sozinhas. Os níveis de sentimento de solidão e de depressão têm subido assustadoramente e paradoxalmente aos níveis de conexão
crescentes. A solidão já é chamada de mal do século, e a depressão é sua irmã siamesa. Mesmo com todas as selfies nas redes sociais, ninguém consegue evitar esses sentimentos, que afloram num pedido de socorro e alarmam que algo anda errado, bem errado.
O problema é que essa exponencial conexão exterior vem sendo acompanhada de uma igualmente exponencial desconexão interior, anulando os potenciais benefícios que a primeira naturalmente promoveria em termos de saúde mental e felicidade.
De fato, o ser humano como espécie é por natureza gregário e se beneficia da conexão com o outro, tanto em termos psíquicos quanto físicos.
Estudo longitudinais mostram que pessoas que mantiveram relações profundas e verdadeiras ao longo de suas vidas com família e amigos são mais felizes, realizadas, saudáveis, em termos psíquicos e físicos, inclusive vivendo mais.
O sucesso excepcional das redes sociais é a expressão visível e decorrente dessa ânsia de relacionar-se e conectar-se com o outro, natural da espécie.
O problema passa a existir quando essa conexão com o outro, com o mundo externo, passa a ocorrer em detrimento da conexão consigo mesmo e com o mundo interno.
E é isso que tem acontecido. Uma intensificação extraordinária da conexão externa e da extraversão, em detrimento – quase em substituição – da conexão com o próprio mundo interior, os próprios sonhos, sentimentos, necessidades reais e não fictícias.
Nenhuma conexão externa consegue substituir a interna, ela é insubstituível.
Quanto mais desesperadamente nos atiramos em direção ao outro, paradoxalmente mais sozinhos e deprimidos nos sentimos. Porque nos abandonamos. Nada nem ninguém poderá substituir a nós mesmos.
Por isso é necessário empreender um retorno e uma reconexão consigo mesmo, com o que de fato somos e sentimos, com o que de fato precisamos e sonhamos, e não com necessidades, sonhos e sentimentos postiços
e fakes
.
Este livro é a história de alguém que ouviu este chamado e resolveu compartilhar sua jornada em direção a esse mundo interior, em direção ao próprio coração.
Patricia é uma jovem empreendedora que sempre teve grande sucesso em suas conexões e em suas relações sociais e profissionais, mas que não se deixou estacionar apenas nesse sucesso externo social pelo qual muitos se encantam e lutam para manter.
Corajosamente, ouviu e decidiu empreender em direção ao próprio coração e ao seu propósito de vida, e nestas linhas procura compartilhar com o leitor sua jornada e experiência.
Espero que possa inspirar outros nessa mesma direção. Não é um caminho fácil, mas é um caminho imprescindível se quisermos ser realmente felizes e profundamente realizados, como profissionais e seres humanos.
CONECTE-SE DE CORAÇÃOConexão é uma palavra que faz parte do meu vocabulário desde que me conheço por gente. Muito antes das mídias digitais, da internet e do Wi-Fi, ela já existia em minha vida e eu nem suspeitava de que a aptidão que eu acabaria por desenvolver para me conectar com as pessoas teria vindo, literalmente, do berço.
No caso, do berço do meu irmão mais velho.
O George foi a primeira criança da família. Depois dele, viriam outras três meninas, mas foi ele quem trouxe o desafio mais marcante para a vida de meus pais. Diagnosticado com uma doença rara (a síndrome de Cornelia de Lange), assim que George nasceu, minha mãe ouviu a sentença do médico, que disse, taxativo:
– Lea, seu filho não viverá mais do que um ano.
Para a medicina, essa era a expectativa de vida do George. Minha mãe, desde sempre dotada de uma incrível força espiritual, resignou-se e o levou para casa, mesmo sendo avisada de que muitas famílias optavam por deixar os bebês diagnosticados com aquela síndrome no próprio hospital, onde poderiam viver aqueles poucos meses de vida dispondo da infraestrutura hospitalar.
No entanto, quem conhecia a Lea, minha mãe, sabia que o coração dela jamais deixaria um filho sozinho no hospital. Ao lado do meu pai, Fernando, decidiu-se por encarar aquele diagnóstico e dedicar-se intensamente ao seu filho.
Eu entraria na história desta família 3 anos mais tarde. Antes de mim, viria a Amanda. Quando nasci, meu irmão George ainda estava no berço, mas já tinha completado 3 anos de idade, contrariando as expectativas médicas.
Fui crescendo sem saber das limitações do George. Ainda pequena, lembro-me de entrar no quarto dele e tentar engatar uma conversa, ou de enchê-lo de perguntas. De alguma forma, eu sabia que, embora não me respondesse com palavras, ele me compreendia. Cada criança com esse diagnóstico apresenta um tipo de comportamento e dificuldade distintos: o George não falava e não abria os olhos, mas parecia me entender sempre que estávamos juntos. Por isso, eu sabia que conseguia me conectar com ele. A energia de George era diferente quando estávamos presentes, e isso também mudava tudo.
Nossa família era composta por quatro crianças: depois do meu nascimento, ainda viria a Isabela. Portanto, além do cuidado constante com o George, minha mãe se desdobrava para dar amor e atenção para as outras filhas. E mesmo que disputássemos sua atenção, amor nunca faltava.
Hoje, 38 anos depois de seu nascimento, ele segue contrariando expectativas e ainda está em seu quarto. Depois de tanto tempo, fui aprendendo como me conectar com George e, se hoje digo que aprendi a conversar por meio do coração, é porque acredito que uma conexão verdadeira e profunda não se faz apenas por meio de palavras.
A sutileza em um processo de comunicação entre duas pessoas é algo que poucos experimentam. Muita gente acaba lendo
o outro só através de suas palavras e não consegue estabelecer uma conexão mais profunda, sentindo a energia da pessoa, sua expressão, tentando entender quais sentimentos o outro carrega para poder conectar-se verdadeiramente a ele.
Hoje, quando estou diante de alguém de qualquer classe, posição ou status social, tento enxergar a essência daquela pessoa, mesmo que ela tente escondê-la. Sentir além das palavras o que o outro quer comunicar-nos, muitas vezes, pode ser mais efetivo do que apenas ouvir aquilo que o outro diz. Podemos mascarar as palavras, mas a energia nunca mente.
Para isso, é necessário sentir. Sentir o outro e principalmente chegar de maneira aberta e franca, expondo a si mesmo para que se estabeleça uma relação de confiança antes que a pessoa deixe-se revelar.
Numa era digital
, na qual todos têm a facilidade de estarem próximos
uns dos outros pelas redes, a raridade está em encontrar pessoas dispostas a conectarem-se de verdade e, quando eu falo de conexão, não estou me referindo a um simples encontro, onde dois corpos habitam o mesmo espaço.
Estou falando de conexões valorosas, daquelas que geram trocas positivas para ambos. Refiro-me à doação de energia, para que o outro possa sair daquela conversa melhor do que entrou, nutrido energética e espiritualmente com uma troca efetiva e inteira. Refiro-me à transformação que podemos gerar a partir das verdadeiras interações.
Hoje acredito que só conseguimos conectar-nos com o outro, de fato, quando respeitamos a nossa essência. É impossível querer enxergar outra pessoa por dentro se você mal enxerga a si mesmo ou se veste uma máscara, fingindo ser aquilo que não é. No longo prazo, quando você se mostra diferente do que realmente é, a mentira não se sustenta. Além disso, se você precisa esforçar-se para ser outro alguém, imagine só o peso e a dificuldade que são gerados em sua própria vida quando você passa a representar um papel diariamente.
Muitos, movidos pelo desejo de impressionar através das redes sociais, criam personagens, e não se mostram como verdadeiramente são. Querem parecer algo e não se importam se não forem o que aparentam ser para os outros.
É comum conhecermos pessoas virtualmente e, quando estamos diante delas, percebermos que não são bem aquilo que pareciam ser nas redes sociais. Essa imagem pré-fabricada tem feito com que muitos ganhem o status de celebridade, mas, ao mesmo tempo, conforme se mostram como realmente são, a queda sofrida acaba sendo alta. Isso porque estamos entrando na era da autenticidade e, em breve, todo esse jogo de duas caras deixará de existir.
Recentemente, em um evento no qual eu faria uma mediação entre dois empresários, uma figura pública conhecida nas redes sociais chegou ao local e fez um verdadeiro escarcéu, porque acreditava que era mais importante que as demais pessoas ali presentes devido ao número de seguidores que tinha em suas redes sociais.
Foi curioso observar como essa necessidade em criar personagens tem sido vital para a sobrevivência dos tais influenciadores digitais
que, algumas vezes, trazem pouco conteúdo e muita máscara. Então, as conexões reais deixam de acontecer. As interações tornam-se superficiais e, geralmente, são feitas por puro interesse comercial, ou seja: quando você tem uma moeda de troca, é bem tratado. Quando não tem, torna-se descartável.
Vivi um longo processo de aprendizado até descobrir que ser
e parecer
eram coisas distintas, e vou te contar uma coisa: nem sempre fui essa mulher bem resolvida que sou hoje. Passei por maus bocados antes de encontrar a mim mesma e meu lugar no mundo. Para conectar-me com as pessoas, em primeiro lugar, foi preciso fazer uma conexão interna comigo mesma.
Quando eu tinha 13 anos, embora soubesse transitar pelo mundo, afastava-me dele para mergulhar no meu universo particular. Era dentro do meu quarto que eu lia grandes filósofos ou pensadores que influenciavam, aos poucos, minha forma de pensar.
Mas ficava difícil olhar para dentro quando o que eu via por fora não me agradava por completo. Eu era uma adolescente acima do peso e aquilo me incomodava. Não que eu acredite que possam existir padrões que definam o que é estar dentro do peso ideal, mas eu me sentia inadequada diante