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Diário Do Gato Mu
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E-book86 páginas1 hora

Diário Do Gato Mu

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Sobre este e-book

O Gato Mu mentiu para conseguir um emprego na Dominação Mundial Felina. Determinado e quase sempre com fome, ele precisou enfrentar seu maior medo: os humanos. O diário foi encontrado por sua humana em baixo da geladeira. Foram anos de estudo para ela conseguir traduzir cada miado e incontáveis pacotes de petiscos para convencer Gato Mu, Gato Miu e Gata Morcega de que seria uma boa ideia compartilhar com o mundo suas histórias.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de out. de 2020
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    Diário Do Gato Mu - Karoline Freitas

    Querido diário, fui sequestrado.

    Os criminosos não tiveram medo de agir, pegaram no meu pelo recém lambido, com suas mãos humanas e sujas, e me colocaram em uma gaiola humilhante. Não tive outra escolha a não ser lutar desesperadamente pela minha própria vida. Gritei diversos miados que, por respeito a você, diário, não irei citá-los aqui. Os sequestradores eram imunes às minhas ameaças, mordidas e arranhões. Eles estavam focados em me manter preso. Tentei fugir na primeira oportunidade que tive, mas eles me prenderam com força entre os seus braços. Verdade que não sou muito habilidoso em brigas, achei que praticar todos os dias lutando contra o meu próprio rabo me ajudaria, mas eles eram enormes. Apenas uma mão deles conseguia cobrir todo o meu corpo. Mas continuei usando todas as minhas forças, mordendo seus dedos e tentando escapar.

    Entre as grades da prisão, consegui ver meus irmãos, também capturados pelos sequestradores. Fomos levados para um local cheio de outros animais, que estavam todos divididos por espécie e idade nas jaulas. Os criminosos pareciam muito felizes em terem nos encontrado, repetiam que estava tudo bem, que ficaríamos ali só até cada um ganhar uma casa. Não dei ouvidos. Aprendi na rua, com os gatos mais velhos, a não confiar em humanos e assim o fiz, não acreditei em nenhuma palavra que saía da boca deles.

    Enquanto perdia minha voz de tanto miar por socorro, meus irmãos e eu fomos colocados de volta na caixa opressora de felinos, dessa vez todos juntos e levados até outra casa. Meus irmãos me encaravam calmos, alguns até ronronavam, ignorando totalmente minhas ideias para escaparmos daquela prisão.

    — Fica calmo, você os ouviu, finalmente vamos ganhar uma casa só para nós!

    Assim que chegamos, nos libertaram e eu corri o quanto pude, precisava de um lugar seguro para me esconder. A casa tinha um cheiro familiar, como se algum outro gato já morasse lá. Havia um casal de humanos analisando e listando cada detalhe das vítimas. Meus irmãos jogavam seu charme para os humanos e miavam esperançosos:

    — Me adota!

    — Sou fofinho e sei me lamber, olha!

    — Eu sou muito mais educado que eles, sei até usar caixinha de areia, me escolham!

    Não entendia o que estava acontecendo, todos disputavam para serem escolhidos. Eles se esforçavam como se suas vidas dependessem dessa decisão. Provavelmente não estavam raciocinando bem ou tinham se esquecido da regra felina mais importante de todas: evitar humanos. Fiquei distante deles, para procurar alguma saída. Foi então que, saindo de trás de uma cortina, eu o vi: o famoso Gato Miu.

    Muito ouvi falar sobre ele, os gatos de rua ou o amam ou o odeiam, não existe meio termo. Várias teorias envolvem seu nome, e ninguém sabe ao certo o que é verdade ou o que é boato de telhado. Já me falaram que ele é o chefe da maior Organização Mundial de Dominação Felina, que seu plano já está em ação e em breve os gatos dominarão o mundo por sua causa. Também já me contaram que ele só fala isso para não levantar suspeitas, que quando filhote começou sua revolução, mas se vendeu para os humanos em troca de uma vida de luxos. Teoria essa que eu sempre acreditei.

    Já tinha visto algumas fotos dele, então não foi difícil reconhecê-lo. Seu pelo em tons de cinza é muito comum em gatos sem raça definida, seus olhos azuis também não são exclusivos, mas não tem como não reparar na sua expressão de quem está sempre aprontando algo.

    Sua casa não tinha nada de luxuosa, estava precisando de uma boa faxina e quase não tinha móveis. O local era tão pequeno que de um canto da casa conseguia ver todo o resto. Seus brinquedos eram iguais os meus na rua: tampinhas de garrafa pet, cadarços e alguns papéis amassados.

    Ele andou entre os meus irmãos, sempre os observando e conversou com todos, entrevistando um a um. Consegui ouvi-lo perguntar nome, idade, profissão e até como se imaginava daqui cinco anos. Andou em minha direção desanimado. Chegou no meu lado, lambeu a pata e miou decepcionado, como se tivesse esperado há muito tempo por esse momento e tivesse dado tudo errado:

    — Você aí! Tem experiência em adestrar humanos?

    — O quê?

    Sim, eu tinha entendido, só precisava de um tempo para pensar numa boa resposta. Encarei seus bigodinhos por um momento, e tive certeza que precisava convencê-lo de que sim, afinal se era mentira que tinha uma vida de gato de madame, certeza que tinha uma vaga para mim em sua organização. Era isso ou começar a Dominação Mundial Felina do zero. Depois de toda aquela cena, percebi que não poderia contar com os meus irmãos para isso.

    — Eu perguntei se você sabe adestrar humanos.

    — Tenho, sim... Quer dizer, sei sim! — menti. — Infelizmente, na minha captura, perdi todos os meus diplomas e certificados que comprovam meus treinamentos.

    — Bom. Muito bom. — Ele me cheirou inteiro. — E quais treinamentos seriam esses?

    — Sou formado em adestramento humano com honras, e fiz diversas especializações em ordens felinas. Nenhum humano consegue dizer não para mim. — Não sei de onde tirei isso, no entanto, funcionou. Ele recuperou o brilho revolucionário de seus olhos e se espreguiçou, aliviado.

    Confesso que, devido ao nervosismo, não me lembro o que mais falei, envolvia experiências passadas com humanos de todas as idades, prêmios internacionais felinos e artigos publicados sobre o comportamento humano. Ele ficou fascinado e disse que eu estava contratado. Começaria hoje mesmo. Para oficializar minha entrada no plano mundial de Dominação Felina, organizado pelo Gato Miu, precisávamos convencer os humanos de que eu era o novo gato escolhido para ser adotado. Os outros gatos estavam tão focados em serem escolhidos pelos humanos da casa, que nem ouviram nossa conversa.

    Já entendi que não é difícil impressionar os humanos. Bastou ele se aproximar de mim e lamber minha testa para deixá-los em total êxtase. Vendo aquela cena, comunicaram que eu era o mais novo irmão do Gato Miu. Eles até comentaram que preferiram um outro gato cinza, mas sabiam que a decisão deveria ser do gato da casa. Quando os

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