O Que Aprendemos Ao Olharmos Para O Céu.
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O Que Aprendemos Ao Olharmos Para O Céu. - Maria De Sousa Morais.
O que aprendemos ao
olharmos para o céu
Poderia sua visão das estrelas mudar a vida na Terra?
Copyright © 2021 de Maria de Sousa Morais
Todos os direitos reservados. Esta obra ou qualquer parte dela não pode ser reproduzida ou usada de forma alguma, incluindo fotocópia, gravação, ou qualquer outro meio eletrônico ou mecânico sem autorização expressa, por escrito, da autora, exceto pelo uso de citações breves em uma resenha da obra.
Para pedidos de permissão, escreva à autora, com assunto Atenção: Permissões
para:
maria.sousa.autora@gmail.com@gmail.com
eBook ISBN: 978-65-00-30062-8.
Primeira edição, 2021
Editado por Maria de Sousa Morais
Ilustrado por Maria de Sousa Morais
Capa por Maria de Sousa Morais
Diagramado por Maria de Sousa Morais
Revisado por Maria de Sousa Morais
Essa é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com eventos ou pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência.
Livro dedicado à Onecífero Ferreira de Sousa
Ao meu avô que foi embora muito cedo de minha vida, mas cujo incentivo, história e importância foram essenciais para que meus olhos nunca deixassem de querer vislumbrar e estudar o Universo.
Kepler-438b (1)
Raio: 7.135,5 km
Período orbital: 35 anos.
Orbitando tranquilo uma anã vermelha na Constelação de Lyra, Kepler-438b tem, praticamente, o mesmo tamanho da Terra, os cientistas têm quase certeza de que este é rochoso, e é considerado o planeta com o maior índice de similaridade com nosso planeta natal.
Até parece um sonho. No dia em que os humanos acabassem de destruir nosso planeta-mãe teríamos um excelente lar situado há 470 anos-luz de nós, seria apenas abandonarmos nosso sistema planetário e buscarmos esperança para a espécie por lá?
Kepler-438b é submetido a violentos flashes de radiação, a estrela de seu sistema planetário é uma anã vermelha extremamente ativa e a cada cem dias Kepler-438b recebe tempestades tão destruidoras que, se fosse em nosso Sol, estas tempestades seriam capazes de acabar com a vida da Terra.
"Devemos acreditar que somos dotados de alguma coisa e que essa coisa deve ser alcançada a qualquer custo"
O nascimento
Sete anos foi a idade que eu tinha quando descobri algo que mudaria minha vida para sempre. Algo que eu ainda não entendia ou sequer conhecia, mas que estava ali sem esperar ser entendido ou encontrado, estava existindo sem precisar ou depender de mim.
Eu gosto de dizer que foi nesse momento que minha história neste planeta começou. Alguns filósofos costumam citar que o nascimento é o levantar de um propósito, então posso afirmar com toda certeza que passei 7 anos vagando pela Terra sem ter nascido, pois, foi no meio de uma praça, a 91 anos daquele ponto no tempo, onde um grupo de cientistas provou a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein, algo tão grande que havia acontecido na cidade em que vim ao mundo e ninguém nunca havia comentado sobre, nem em minha família, nem mesmo na escola, mas não precisei de nada disso, pois 91 anos depois eu estava lá, naquele mesmo local onde em 1919 viu-se a luz curvar-se e revolucionar toda uma ciência.
Em uma das pontas daquela mesma praça havia uma relativamente pequena construção fechada e escura e, ao lado dela, havia um homem com um estranho instrumento em suas mãos. O instrumento mirava para cima e sua inclinação parecia me dizer o que eu deveria fazer para o resto da minha vida pois, com um ato desobediente e impulsivo, saí correndo na direção do homem. Quando me aproximei, perguntei o que era aquilo. O homem me olhou impressionado, como se aquela pergunta vindo de uma criança o deixasse um tanto curioso e surpreso ao mesmo tempo, mas apesar disso me explicou que aquela ferramenta era um telescópio e que ela servia para olhar o céu, e foi em seguida à isso que ele me fez a pergunta mais importante da minha vida. Ele disse: Você quer experimentar?
. Eu acenei a cabeça positivamente, como se soubesse que em cerca de 2 segundos iria vivenciar o meu próprio nascimento.
Foi colocando um de meus olhos em um telescópio, com a imagem da lua sob minha vista, que o mundo externo deixou de existir para mim. E foi no meio de uma praça em minha cidade natal que eu vi o objetivo da minha vida pela primeira vez, que pude ver o amor e me sentir amada, que tive certeza que nunca mais abaixaria minha cabeça, que a partir daquele instante eu passaria o resto dos meus dias amando o Universo.
Foi bem ali que começou a história de uma pessoa apaixonada pelas estrelas, uma pessoa que ainda iria aprender, crescer, se desenvolver e evoluir, mas que com sete anos de idade aprendeu olhando para o céu tudo o que precisava para dar o primeiro passo. Foi segurando um telescópio sob meu olho, vendo a lua tão perto de mim, que eu nasci.
Sobral-CE, Brasil, 2010.
Sob a guarda de uma estrela-mãe
[a] Imagem do Sol vista de um telescópio.
O Sol, uma bola gigante que ninguém jamais conseguiu olhar diretamente sem que sentisse um terrível incômodo na visão ou até mesmo viesse a machucar a vista. Foi me indagando o porquê do Sol ser assim, enquanto fazia um mapa do Sistema Solar em uma folha de papel, que decidi pesquisar mais sobre nossa estrela, mas eu ainda não sabia como. Eu não tinha acesso à internet e minha família não tinha um acervo com qualquer livro sobre ciência, então pressionei meus pais para voltarmos onde tudo começou: no observatório.
A parte inferior do observatório era onde ficava concentrado o museu, onde tínhamos acesso a diversos conteúdos sobre Astronomia e assim que cheguei fui direto para a maquete gigante do sistema solar, onde passei vários minutos olhando para o Sol e tentando entender como ele estava ali regendo todos a sua volta como um verdadeiro rei exercendo sua majestade. Mas fui interrompida por um funcionário do museu, que perguntou se eu gostaria de saber sobre alguma coisa específica e eu não hesitei, disse que gostaria de saber mais sobre o Sol. Foi quando o funcionário do museu tirou o Sol da maquete e começou a explicar que, na verdade, a nossa estrela é formada de plasma, assim como todas as outras estrelas que conseguimos enxergar no céu sem a ajuda de aparelhos, e ele foi me dizendo várias outras coisas. A conversa estava realmente muito boa, eu estava finalmente entendendo, mas tive que perguntar a minha maior dúvida: Por que que eu vejo nas representações o Sol parecendo sustentar os planetas ao seu redor?
. Quando fiz esta pergunta, o funcionário do museu pareceu não querer assustar a criança que eu era, mas disse uma das coisas mais importantes para o meu futuro. Ele respondeu: O nome disso é Gravidade…
.
Gravidade. Esse nome ficou permeando a minha cabeça e me fez sair do observatório naquele dia com mais perguntas do que respostas, mas, por incrível que pareça, eu estava tão feliz por isso, pois, eu ainda não sabia, mas já havia uma cientista dentro de mim e essa cientista queria conseguir um jeito de responder suas perguntas.
Ainda era um dia de sábado e eu tive que esperar a segunda-feira chegar para ir à minha escola tentar solucionar minha sede de conhecimento, e chegado o dia tão esperado eu convenci meu avô a me levar para o colégio mais cedo que o normal e fui direto para a biblioteca das crianças. Eu até gostava de lá, mas eu me sentia presa em um lugar que não era para mim, eu estava cercada de livros infantis e o pior era que lá não tinha computadores, mas foi aí que surgiu uma ideia: invadir o laboratório de informática.
Antes que pensem que não, eu adianto, eu sabia que era uma péssima ideia, mas era isso ou esperar fazer 11 anos e poder entrar na biblioteca dos adolescentes, ou até a quinta-feira, que era o meu dia de ter aulas no laboratório de informática e, não, eu não poderia esperar alguns dias para isso. Então conversei com uma amiga minha sobre invadirmos o laboratório de informática por alguns minutos. Assim eu poderia tentar responder minhas perguntas e ela poderia ver o que ela quisesse enquanto isso, então ela aceitou a minha proposta e começamos a nos preparar para o nosso primeiro ato criminoso de nossas vidas pacatas de crianças do interior.
Quando o recreio começou havia chegado a hora de colocarmos em prática nosso plano. Fomos em direção ao laboratório, mas ele ficava localizado em uma parte escondida na escola e, para chegarmos lá, tínhamos que passar pelo pátio principal onde ficavam, basicamente, todos os alunos durante o intervalo. Mas já havia pensado em uma forma de nenhum aluno desconfiar, e essa forma seria conversar com uma professora que ficava na porta da escada que dava acesso ao caminho do laboratório.
Isso nos ajudaria a disfarçar toda a situação, até porque sabíamos que ela sempre saía daquele lugar faltando 15 minutos para o final do intervalo das crianças, já que era ela quem tocava o sinal para o intervalo dos adolescentes, que ficava localizado do outro lado do pátio, e assim fizemos. Ficamos conversando com a professora por vários minutos sobre vários assuntos chatos, até ela se despedir porque precisava sair para tocar o sinal e foi aí que eu e minha amiga continuamos nosso caminho. Tudo muito fácil, até darmos de cara com nosso professor de informática trancando a porta do laboratório. Pelo visto não havíamos pensado em exatamente tudo.
Nosso professor perguntou se precisávamos de ajuda, já que aquele era um caminho sem saída que dava acesso apenas àquela sala onde ficavam os computadores, então minha amiga disse que só estávamos andando e me puxou para voltarmos, mas eu não