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Rota De Colisão
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E-book186 páginas2 horas

Rota De Colisão

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Sobre este e-book

Uma civilização alienígena tecnologicamente avançada descobre que seu sol irá explodir dentro de um prazo não muito longo. Desenvolvem um programa de emigração utilizando asteroides como naves de gerações, o que permitiria atingir um certo número de estrelas com planetas habitáveis pela sua espécie. A última dessas naves chega a seu objetivo - e esse objetivo é a Terra.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de nov. de 2019
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    Rota De Colisão - Paulo Oswaldo Boaventura Neto

    Rota de colisão

    Paulo Boaventura

    O conteúdo desta obra, inclusive revisão ortográfica, é de responsabilidade exclusiva do autor.

    Ficha catalográfica

    Boaventura Netto, Paulo Oswaldo

    Rota de colisão/Paulo Oswaldo Boaventura Netto, 2019.

    171 p. 14 x 21

    1. Romance. Ficção científica.

    1. Título.

      ISBN: 978.85.44801.222

    eISBN: 978.85.44801.215

    B869.3

    Registrado no EDA/FBN sob o no 668.573, lv. 1288, fls.284

    Capa: NASA Goddard Space Flight Center – S. Wissinger.

    Licença Creative Commons

    Esta é uma obra de ficção.

    Qualquer referência a pessoas reais, vivas ou mortas, à exceção de personagens históricos eventualmente citados, não passa, portanto, de coincidência.

    Em 2013, um pequeno asteroide passou a 22.000 quilômetros da Terra.

    Muito próximo de uma rota de colisão.

    Esta história é inspirada nesse evento

    Na maior parte do texto, os narradores são alienígenas. Por isso, as referências à Terra em meio a textos desses narradores são, em geral, colocadas entre colchetes.

    Alguns capítulos são narrados por um narrador onisciente. Nestes, essa notação não é utilizada.

    Para Arthur C. Clarke, por seu Encontro com Rama

    e por seu elevador espacial,

    do qual me atrevi a descrever a construção.

    Para Sandra, pelas sugestões criativas.

    Conteúdo

    Prólogo      8

    Capítulo 1: A visita      21

    Capítulo 2: Descoberta      28

    Capítulo 3: O mundo      35

    Capítulo 4: O elevador ......................................... 48

    Capítulo 5: Asteroides...........................................58

    Capítulo 6: Construção      66

    Capítulo 7: Esperança      82

    Capítulo 8: O fim de um mundo      .99

    Capítulo 9: Emigração      108

    Capítulo 10: Tragédia      131

    Capítulo 11: Planeta habitado      149

    Capítulo 12: Conversações e partida      160

    Prólogo

    Esta é uma história contada à distância, no tempo e no espaço.

    A saga de uma espécie inteligente em sua luta contra a extinção.

    Meu nome é Elursk. Resolvi aceitar o desafio de contar esta história depois de uma entrevista com um psicólogo. Não o procurei, foi ele quem me procurou – a pedido do astrônomo-chefe Elursk.

    Não estou me explicando direito: esse nome é uma espécie de título em homenagem ao primeiro Astrônomo-Chefe da nossa nave de gerações NG-161, que se chamava assim. Já faz muito tempo...

    E eu? Coisa de minha mãe-parceira, astrônoma, queria me ver astrônomo também. Escolhendo esse nome, criou um grande problema para mim. Na escola, eu era o astrônomo, na faculdade a mesma coisa. Felizmente, gostei da ideia e da profissão, mas tenho um monte de inseguranças. Fui o primeiro da turma de astronomia, mas não conseguia me dedicar ao trabalho.

    Estamos chegando a um sistema solar onde um certo planeta é nosso objetivo. Em um momento como esse, nossa equipe trabalha muito. Por outro lado tenho intervalos de repouso, enquanto aguardo o desenrolar de fenômenos em observação, leio os relatórios da equipe, participo de reuniões e assim por diante. O chefe, ainda bem, é compreensivo com minha situação. Quando me chama, diz apenas ...ursk.

    Sou jovem ainda, solteiro, gosto de silêncio e de refletir sobre a vida. Meus amigos estranham um pouco: sinto-me bem com eles, mas na hora das festas e das comemorações ruidosas, desapareço. Fico em casa ouvindo música. Muito tempo debaixo daquela tensão.

    Depois de algumas sessões, meu psicólogo me sugeriu fazer alguma coisa – nas horas vagas – sem relação com astronomia. Você é um cara quieto. Pelo que me disse, gosta de escrever. E se você escrevesse a nossa história? Seria um grande projeto, a ser realizado com tempo e calma – mas temos tempo para isso, você não acha?

    A escrita é uma atividade solitária. Fiz uma tentativa, mostrei o texto a um professor de literatura. Gostou e me estimulou.

    Queria contar a história da qual falei bem no início. Um projeto de longa duração, muito trabalho, incluindo pesquisas extensas nos computadores da nave. Comecei há um bom tempo: agora tenho uma narrativa com começo, meio e fim. Não está para terminar, longe disso. Porém outros autores escrevem suas introduções por último, de acordo com livros e comentários sobre técnicas literárias. Interrompi as narrativas para escrevê-la. Funcionou bem. E o projeto foi bom para mim: aquele desejo de contar nossa história estava em meu interior e eu não o percebia.

    Talvez outras pessoas tenham sentido o mesmo impulso de escrever e construído narrativas bem diferentes desta ou, então, sobre outros assuntos. Imagino muitos livros sendo produzidos, contos, romances e crônicas do cotidiano. Mais alegres ou mais tristes. Mais taciturnas ou mais românticas. Não há como saber. Dentre as pessoas às quais tenho acesso, nunguém teve a ideia de contar nossa história. Quanto aos demais, não dá para perguntar. Estão longe demais.

    Porém, se alguém mais contou nossa história, imagino que suas narrativas contenham o essencial da História, a dos historiadores. Narrada por amadores, ela pode ser tão agradável ou tão tediosa quanto a minha. Depende da maior ou menor vocação de contador de histórias.

    Vou já marcar o começo da narrativa: nada da época remota na qual o primeiro de nós olhou à sua volta e tratou de procurar alimento. Tudo isso foi descrito e se encontra ao alcance de qualquer um, desde a escola fundamental, onde se falou nisso pela primeira vez.

    Nossa espécie se chama Trepti e se desenvolveu no sistema Erakh, no quarto planeta ao qual demos o nome de Halstra. A evolução para o estágio de seres inteligentes é bem antiga, vem de um milhão de ukhls atrás – um ukhl é o tempo de uma rotação completa de nosso planeta ao redor de Erakh.

    Os estudiosos das ciências treptianas, dedicadas às características mentais da espécie [correspondentes às nossas ciências humanas], sempre falaram da nossa boa capacidade de superar problemas.

    O maior deles, segundo a História antiga, originado com certeza dos tempos mais antigos de luta pela sobrevivência: a violência. Essa tendência resultou no passado em uma guerra geral, beirando à aniquilação completa. Felizmente, o problema desapareceu nessa mesma época, há uns dez mil ukhls atrás. A solução veio através de uma grande conquista científica, da qual prefiro falar mais adiante.

    Com o tempo, a paz nos trouxe uma autoestima elevada e nossa coletividade integrou uma questão importante: vencer dificuldades, ou realizar conquistas pessoais nada tem a ver com ser agressivo ou competitivo. Nada tem a ver com afastar seus concorrentes por qualquer meio. Esta forma de progredir era considerada válida – até a guerra da qual falei.

    Conseguimos desenvolver uma educação capaz de evitar a violência sem inibir o desejo nem a curiosidade. Não se trata de abandonar lutas e conquistas: a meta de cada um de nós é viver sua vida de acordo com seus próprios interesses e com os da sociedade, procurando sempre equilibrar esses dois motores.

    Não querendo ser enfadonho, dei a palavra a diversos atores aos quais me refiro no processo histórico. Quando isso não acontece, o narrador sou eu, ficando sempre comigo a responsabilidade pela eventual ignorância de algum detalhe. E, também, por ter romanceado algum caso ou situação para torná-la mais agradável, ou de maior impacto na leitura.

    [Porém alguns trechos são de um narrador onisciente humano, como o seguinte].

    Ele tinha quatro ukhls de idade e era um menino esperto com a cabeça sempre cheia de perguntas.

    Entre os seres humanos, seria uma daquelas crianças perguntadeiras incapazes de deixar os pais sossegados querendo saber o porquê de tudo e, quando ouvem uma explicação, encaixam logo um mas por que....

    Entre os Trepti, lidar com crianças curiosas não costuma ser difícil: na maioria das famílias há três pais e não dois. Logo, a divisão do trabalho de esclarecimento dos perguntadores ficaria, em princípio, mais equilibrada.

    Porém, o menino Zhak, macho, tinha especial predileção pela tranquila e paciente mãe-parceira Deklink, na hora de satisfazer suas múltiplas curiosidades. Fácil de se entender: o campo no qual Zhak mostrava mais interesse era a biologia. Professora de biologia molecular e engenharia genética em uma universidade local, seus alunos eram adultos e ela lhes expunha as complexidades dessas disciplinas cheias de áreas abertas para pesquisa. Apesar de transitar neste elevado nível, mostrava-se sempre disponível para responder às perguntas do menino sobre temas da sua própria carreira, de forma compreensível para o filho.

    Imaginava Zhak seguindo seus próprios passos no futuro e por isso tinha o maior cuidado em construir suas explicações de forma correta e sem deixar de lado nada de importante. Resumir e simplificar não era o mesmo que cortar coisas importantes, pensava ela.

    Um dia, quase na hora de dormir, Zhak fez mais uma de suas perguntas.

      Mãe, por que nós temos três sexos e os xrelks só têm dois? O professor de biologia disse isso outro dia, mas não explicou.

      Ele não quis adiantar a parte biológica: vocês vão ver isso em primeiro lugar na aula de História, no próximo período...

      Por que?

      Não tivemos sempre três sexos, isso apareceu porque...

    Interrompeu-se ao ver o relógio.

    −  Já é tarde, a gente conversa amanhã sobre isso, vai demorar um pouco. Prometo a você. Hora de dormir.

    O menino fez cara aborrecida mas acabou se conformando e dando boa noite.

    Na volta de Zhak da escola, Deklink lhe contou uma história cujo início remontava a dez mil ukhls atrás. Já nessa época, a civilização Trepti era bastante desenvolvida cientificamente, tendo feito muitas descobertas importantes e construído laboratórios sofisticados em diversas especialidades científicas, em particular, nas ciências da vida em geral.

    Com esses recursos, os biólogos não demoraram a esmiuçar os detalhes de seu código genético, descobrindo ser ele possuidor de seis aminoácidos em sua estrutura (ao invés dos quatro dos humanos). Para chegar lá, tiveram de mergulhar fundo na biologia molecular. A sequência natural desses progressos, algum tempo mais adiante, foi a engenharia genética.

    Os Trepti eram uma espécie bastante prolífica, bissexual, dois sexos, macho e fêmea.. Não era incomum um casal ter cinco filhos, ou mais.

    Tinham deixado fazia tempo de viver na natureza: as primeiras cidades datavam de trinta mil ukhls. A progressiva melhoria das condições de vida, com a redução da mortalidade infantil, resultara em um forte crescimento populacional. Ao longo dos últimos dois mil ukhls desse período a população crescera com rapidez, acabando por chegar a mais de quarenta bilhões de indivíduos.

    Halstra, o lar daquela civilização, era um planeta oceânico. Seus dois únicos continentes e mais algumas ilhas não chegavam a ocupar vinte por cento da área total.

    Neles havia grandes florestas e campos com vegetação exuberante, com muitas espécies comestíveis. A única concorrência importante no consumo da flora eram os xrelks, pequenos animais silvestres  (algo como os coelhos para os seres humanos e ainda mais prolíficos). Desde os tempos pré-urbanos, eram objeto de criações para complementar a dieta basicamente vegetariana da espécie.

    A alimentação, portanto, não vinha sendo problema. A pressão do crescimento populacional, no entanto, se revelou sob outro aspecto: o espaço vital. Um problema exponencial, onde a matemática não encontra soluções em tempo útil.

    Foi quando os governos dos dois continentes começaram a registrar desordens populares, pelo entulhamento de pessoas, não apenas nas cidades, mas também no interior.

    Começaram a ocorrer querelas entre famílias, brigas sobre propriedade de terras, discussões pesadas entre líderes de províncias vizinhas. Em um dado momento, no Continente Oeste - o de maior população - uma dessas brigas se transformou em uma guerra civil entre duas das províncias mais ricas e de maior concentração populacional.

    Até ali não houvera grande desenvolvimento de armas, por falta de necessidade. Porém as possibilidades da tecnologia eram grandes: só faltava alguém começar a pensar no assunto. Dadas às novas demandas de defesa e mesmo de ataque, a produção e a distribuição de diversos tipos de instrumentos agressivos não demoraram a acontecer. O resultado foi um enorme morticínio entre os beligerantes.

    Eram armas brancas e também armas de fogo e mesmo de raios laser, além de bombas de diversos tipos e canhões e morteiros. Ao lado do número de mortes, o uso de todo esse armamento resultou em grande destruição do meio ambiente.

    O governo continental, a essa altura, tinha também seu exército e invadiu as duas províncias, com armas de alcance e poder letal ainda maiores. Conseguiu acabar com o conflito, mas à custa de um número ainda maior de mortes.

    A comunidade científica se dividia entre os participantes do esforço de guerra, recrutados para desenvolver novas armas e os demais, pacifistas, a essa altura incluindo os biólogos, a maioria dos médicos e os demógrafos.

    Antes de começar a fabricação de armas, estes últimos dispunham de verbas importantes, porque o governo central tinha de cuidar daquela enorme população e precisava entender a evolução do seu crescimento. Ao longo do tempo, tinham emitido alertas sobre os riscos da superpopulação, mas as tendências gerais da sociedade suplantavam de longe os esforços ao alcance deles.

    Quando começaram as guerras, as correntes pacifistas perderam influência para os adeptos da violência – e estes, segundo pensavam, embora não o dissesem, utilizavam meios de controle populacional bem mais eficientes que os biológicos.

    Alguns ukhls antes, um grupo de biólogos tinha começado a discutir, com pouco alarde, possíveis soluções para o futuro. Os sinais já disponíveis indicavam a situação de beco sem saída e a demografia permitira estimar quando isso ocorreria. Não mais de dez ukhls no futuro. Uma ideia-chave foi tomando corpo e acabou sendo aprovada pelo grupo.

    A discrição foi se transformando em segredo, na medida do aumento da urgência e da seriedade do problema. Ficara evidente a ausência de preocupação com o assunto nas decisões de governo. Para contornar esse problema, alguns biólogos apresentaram propostas de uso militar com elevados orçamentos. Obtiveram logo aprovação. Montaram dois laboratórios: um para constar, onde iniciaram a pesquisa tal como contratada, outro secreto para o desenvolvimento de pesquisas sobre a ideia-chave. Boa parte da verba foi utilizada, na verdade,

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