The Start - O Fim - Parte 2
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The Start - O Fim - Parte 2 - Weslley Silva De Oliveira
The start
–
O fim
Parte 2
1
Lançando as sementes do Governo mundial: A
busca do vaticano por uma autoridade politica
mundial
A maioria de nós não é competidor... Somos os
prêmios. A competição é sobre quem estabelecerá
o primeiro sistema de governo mundial... Ninguém
conseguirá ficar isento de seus efeitos. Nenhum
setor de nossas vidas deixará de ser afetado." [1;
Malachi Martin].
Em 1990, um ex-integrante do Vaticano alegou
que uma luta titânica estava sendo travada para
produzir um sistema político mundial. Essa
disputa, o agora falecido jesuíta explicou, era
originalmente entre três competidores: o leninismo
internacional, as elites empresariais transnacionais
e a mão do Vaticano.
Quase vinte anos se passaram desde que Malachi
Martin chamou a atenção para essa busca de três
vias. Naquela época, suas declarações pareceram
ultrajantes. Claro, a ideia de um governo mundial
por meio do comunismo não era nova, pois as
décadas da Guerra Fria ainda estavam frescas em
nossas mentes. E a escrita estava na parede a
respeito do crescente poder das elites
internacionais
empresariais
e
financeiras,
exemplificada por tipos como David Rockefeller e
pela Comissão Trilateral. Mas, e o Vaticano?
2
Para muitos, a crença de que a Santa Sé estava
perseguindo uma visão de governo mundial era
simplesmente exagerada. Afinal, esse antigo
centro do catolicismo romano tinha a reputação
—
principalmente entre os jovens agnósticos da
Europa
—
de ser uma instituição de homens
velhos, mergulhada em tradições, procissões e
cerimoniais. E isto, apesar de a história do
continente quase sempre girar em torno da força
política do Vaticano.
No verão de 2009, as cartas políticas da Santa Sé
foram reveladas em um importante documento
papal. Voltando à declaração de Malachi Martin
sobre o governo mundial, o cargo religioso mais
poderoso do planeta propôs uma autoridade
política mundial para administrar a economia
global. A segurança alimentar, o desarmamento e
a paz viriam em seguida.
Uma economia global sólida e a paz mundial são
objetivos que soam bastante nobres. Mas, o perigo
se esconde no fato que as sementes da tirania
muitas vezes são enterradas no solo das boas
intenções.
Em 7 de julho, o papa Bento XVI lançou sua nova
encíclica intitulada Caritas in Veritate, ou Caridade
na Verdade. Após dois anos em elaboração, esse
documento foi divulgado na véspera do Encontro
de Cúpula do G-8 na Itália e da reunião do papa
3
com o presidente dos EUA Barack Obama. Com
cerca de 30.000 palavras, a encíclica descreveu
as preocupações do papa
a
respeito da
globalização e da economia, ética empresarial e o
papel da Igreja Católica na promoção da doutrina
social.
Comentando a encíclica, o jornal The New York
Times observou que "às vezes, Bento soa como
um socialista europeu da velha escola..." [2] e o
San Francisco Chronicle explicou que:
"Caridade na Verdade aborda questões muito
modernas, como a globalização, a economia de
mercado, os fundos de hedge, terceirização e
energia alternativa, convocando as pessoas a
deixarem de lado a ganância e permitir que suas
consciências
as
orientem
nas
decisões
econômicas e ambientais. Muitas das ideias
apresentadas provavelmente poderão irritar os
conservadores..." [3].
E. J. Dionne, colunista do The Washington Post,
escreveu que Bento XVI está "bem à esquerda de
Obama na economia". [4].
Embora a perspectiva do papa Bento sobre a
economia
global
seja
uma
combinação
desconcertante de livre mercado e ideais de bem
estar social, o que causou surpresa foram seus
pensamentos sobre a política internacional. Na
4
seção 67 de Caridade na Verdade, o papa soltou
uma bomba ideológica
—
uma autoridade mundial
para administrar a economia
, realizar o "oportuno
desarmamento e garantir a
segurança alimentar
e a paz".
Aqui está a maior parte da seção 67. A referência
a uma autoridade política mundial
está muito
clara e o papa Bento explica que deve ser dado a
esse organismo internacional
o
poder de
imposição, de se fazer obedecer, isto é, força real.
67. Perante
o
crescimento incessante da
interdependência mundial, sente-se imenso
—
mesmo no meio de uma recessão igualmente
mundial
—
a urgência de uma reforma quer da
Organização das Nações Unidas quer da
arquitetura econômica e financeira internacional,
para que seja possível uma real concretização do
conceito de família de nações.
De igual modo sente-se a urgência de encontrar
formas inovadoras para atuar o princípio da
responsabilidade de proteger e para atribuir
também às nações mais pobres uma voz eficaz
nas decisões comuns. Isto revela-se necessário
precisamente no âmbito de um ordenamento
político, jurídico e econômico que incremente e
guie
a
colaboração internacional para
o
desenvolvimento solidário de todos os povos.
5
Para o governo da economia mundial, para sanar
as economias atingidas pela crise de modo a
prevenir o agravamento da mesma e em
consequência maiores desequilíbrios, para realizar
um oportuno
e
integral desarmamento,
a
segurança alimentar e a paz, para garantir a
salvaguarda do ambiente e para regulamentar os
fluxos migratórios urge a presença de uma
verdadeira Autoridade política mundial, delineada
já pelo meu predecessor, o Beato João XXIII.
A referida Autoridade deverá regular-se pelo
direito, ater-se coerentemente aos princípios de
subsidiariedade e solidariedade, estar orientada
para a consecução do bem comum, comprometer-
se na realização de um autêntico desenvolvimento
humano integral inspirado nos valores da caridade
na verdade. Além disso, uma tal Autoridade
deverá ser reconhecida por todos, gozar de poder
efetivo para garantir a cada um a segurança, a
observância da justiça, o respeito dos direitos.
Obviamente, deve gozar da faculdade de fazer
com que as partes respeitem as próprias decisões,
bem como as medidas coordenadas e adotadas
nos diversos fóruns internacionais.
[Fonte:
http://wiki.cancaonova.com/index.php/Enc%C3%A
Dclica_Caridade_na_Verdade].
Uma controvérsia imediata cercou este parágrafo,
com alguns católicos rapidamente tentando afastar
6
a ideia que a Santa Sé apoiava o governo
mundial.
Hierarquia de Poder
John-Henry
Westen,
escrevendo
para
o
LifeSiteNews, afirmou inequivocamente que o
papa estava falando "diretamente contra um
governo mundial". A justificativa dele para essa
posição foi a chamada do papa para uma
autoridade política dispersa
, no parágrafo 41
—
uma referencia ao papel dos Estados no sistema
internacional. Westen também apresenta o uso do
termo subsidiariedade
na seção 57 como um
ataque ao governo mundial.
Este é um ponto importante: Subsidiariedade é o
ensino social católico de que as questões devem
ser tratadas ao nível mais baixo possível. Em
muitos aspectos, ele se baseia no tema da
autodeterminação e, neste sentido, se mostra
contrário a uma autoridade mundial.
A Seção 57 da Caridade na Verdade diz:
"Para não se gerar um perigoso poder universal de
tipo monocrático, o governo da globalização deve
ser de tipo subsidiário, articulado segundo vários e
diferenciados
níveis
que
colaborem
reciprocamente. A globalização tem necessidade,
sem dúvida, de autoridade, enquanto põe o
problema de um bem comum global a alcançar;
mas tal autoridade deverá ser organizada de modo
7
subsidiário e poliárquico, seja para não lesar a
liberdade, seja para resultar concretamente
eficaz."
O Sr. Westen, que afirma que o uso da
subsidiariedade de Bento se opõe ao governo
mundial, diagnosticou incorretamente esta seção.
O papa não está falando contra o governo mundial
ao evocar a subsidiariedade, ao contrário, está
oferecendo um modelo hierárquico sobre o qual
uma autoridade mundial deve ser construída.
Essencialmente, onde as questões possam ser
tratadas no nível local ou nacional, que sejam
tratadas nesses domínios. E onde as questões são
globais e não podem ser tratadas adequadamente
em um nível inferior, então uma autoridade
mundial é necessária.
O
papa Bento também sugeriu que
a
subsidiariedade possa ser um valor de segurança
que serve como contrapeso para um governo
universal não assumir características tirânicas.
Mas, propor que a subsidiariedade seja um modo
de se contrapor à tirania não é convincente
—
ela
não pode nem mesmo conter a expansão do
grande governo de hoje.
John Laughland, autor de The Tainted Source:
The Undemocratic Origins of the European Idea
(As Origens Antidemocráticas do Pensamento
Europeu), observou que: "... a Constituição Alemã
8
tornou-se cada vez mais centralizada como
resultado de sua cláusula de subsidiariedade." A
União Europeia também incorpora esse conceito;
todavia, isso não a impediu de centralizar poder
político e acumular uma burocracia inchada.
Subsidiariedade, de acordo com Laughland, é um
modelo que assume uma "hierarquia piramidal
unitária de funções executivas" com uma doutrina
decididamente corporativista. [6].
A subsidiariedade pode ser encontrada até no
sistema da ONU. O professor Robert Araújo
explica que: "o princípio da subsidiariedade é
reconhecido como um princípio fundamental da
Organização das Nações Unidas". [7] Aqui, o
conceito está centrado na autodeterminação no
Artigo 1, Parágrafo 2 da Carta da ONU. No
entanto, isso não impede a ONU de buscar
jurisdição internacional autorizada sob a bandeira
de reforma
.
É importante observar que a subsidiariedade
permite tomada de decisão e autodireção em nível
da população, mas isto dentro do contexto de uma
perspectiva mais abrangente. O professor Araújo
explica que é um "conceito que sintetiza os
interesses do indivíduo com os da comunidade".
Portanto, não é difícil ver como esse princípio
pode se aliar com uma autoridade mundial
—
você
pode exercer controle político local, mas onde o
9
envolvimento local termina, os outros níveis de
governo intervêm em prol do bem comum
.
Dizer que o papa Bento se opõe ao governo
mundial porque evocou a subsidiariedade não é a
questão: a subsidiariedade desempenha um papel
funcional na hierarquia dos poderes políticos
crescentes. O que o Parágrafo 57 demonstra não
é uma aversão ao governo mundial, mas a ordem
da tomada de decisão em que Bento acredita que
esse governo deve se basear.
Reforma e Autoridade Mundial
O Parágrafo 67 da Caridade na Verdade é
abertamente político por natureza. Aqui está uma
análise de alguns pontos-chave:
Reforma das Nações Unidas
—
A reforma das
Nações Unidas está centrada em mais do que
apenas
"alterações
na
votação"
ou
transparência
. Pelo contrário, a reforma está
conectada com uma tributação mundial, um
componente de imposição das leis internacionais e
a criação de um parlamento internacional. Uma
pequena montanha de relatórios e documentos
que suportam essa versão de reforma, já existe,
apoiada pelas Nações Unidas, pelos governos
nacionais e grupos pró-ONU, como o Movimento
Federalista Mundial e o Clube de Roma. [8] De
fato, essa plataforma de tributação internacional,
imposição das leis e um Parlamento Mundial foram
10
os pontos principais de discussão no Foro do
Milênio da ONU
—
particularmente durante as
reuniões organizadas pelo grupo de trabalho sobre
"Fortalecimento e Democratização das Nações
Unidas". [9].
Cliff Kincaid, editor do site Accuracy in Media,
observou as ligações entre a reforma e o governo
mundial na Seção 67 do texto papal:
... a
reforma" da ONU tem o objetivo de
fortalecê-la. Por esta razão,
a
ONU está
claramente destinada, do ponto de vista do
Vaticano, a se tornar a Autoridade Política
Mundial." [10].
A reforma da ONU vai muito além de trocar a
mobília dos escritórios.
Responsabilidade de proteger
—
Conhecido
como R2P, este é um ideal federalista mundial que
daria
à
ONU um mandato para intervir
internamente quando um país cometer uma
violação aos direitos humanos. Aparentemente,
parece ser uma boa ideia, mas os críticos
—
e até
mesmo alguns defensores
—
percebem que esse
mandato poderá abrir a Caixa de Pandora.
José E. Alvarez, presidente da Sociedade
Americana de Direito Internacional, reconheceu
esta situação, ao discursar em uma conferência
11
sobre Direito Internacional, em Haia, em 2007. O
R2P, sugeriu ele, poderá ser usado como um
pretexto para o envolvimento em todos os tipos de
ações intervencionistas questionáveis. [11].
Ninguém em sã consciência deseja que um grupo
de pessoas sofra genocídio ou injustiças graves. O
R2P, no entanto, é um conceito seriamente
defeituoso que tem potencial para graves abusos.
A partir de uma perspectiva de gestão mundial, o
direito de proteger se torna a justificativa legal para
uma autoridade política mundial agir militarmente.
O perigo se enconde no fato que as sementes da
tirania são muitas vezes enterradas no solo das
boas intenções.
Para saber mais sobre o conceito R2P, veja o
Volume 2, Número 7 de Forcing Change
(http://www.forcingchange.org)
—
Kosovo and the
International Community: Just Another Pawn in the
Game ("Kosovo e a Comunidade Internacional:
Apenas outro Peão no Jogo").
Para governar a economia global
—
Isto já está
sendo discutido na comunidade internacional, e
está parecendo que a nova ordem financeira
mundial será uma estrutura de poder hierárquica
que fortalecerá muito as instituições globais
existentes:
12
O Banco de Compensações Internacionais
—
será
o regulador bancário global. O BIS (do inglês Bank
for International Settlements) está se posicionando
rapidamente como o gerente do sistema bancário
internacional, um órgão que irá supervisionar os
bancos e o sistema financeiro de todo o mundo,
incluindo a regulação do capital internacional. Uma
entidade deste tipo seria o equivalente para os
banqueiros de O Rei do Pedaço
. [NT: Para saber
mais sobre o BIS, leia "O Sistema Financeiro
Internacional
—
Parte 3:
O
Banco de
Compensações Internacionais".] O Los Angeles
Times escreveu no ano passado que:
"... Esse sistema forçaria os países a abrirem mão
de certa medida de sua soberania nacional para
os bancos que operam dentro de seus territórios.
Isto
também
poderá
levar
burocratas
internacionais a tentarem moldar a política
financeira e, possivelmente, tomarem medidas
punitivas."
Fundo Monetário Internacional
—
Será o banco da
moeda de reserva mundial. Neste esquema, o FMI
estará encarregado de regular uma nova moeda
global a ser utilizada no comércio internacional,
incluindo o setor de energia. Colaborando com o
Banco Mundial, o FMI usará, do mesmo modo,
essa nova unidade monetária para realizar
empréstimos internacionais e cobrar as obrigações
da dívida. As moedas nacionais e regionais ainda
13
existirão, pelo menos provisoriamente, mas os
valores reagirão e se ajustarão de acordo com os
novos critérios e parâmetros globais. [NT: Para
saber mais sobre o FMI, leia "O Sistema
Financeiro Internacional
—
Parte 1: O Fundo
Monetário Internacional (FMI)".]
Organização Mundial do Comércio
—
Está se
tornando a reguladora do comércio global. A OMC
estabelecerá as regras para a comercialização de
bens e serviços por meio de um conjunto de
padrões organizados de forma global, um
processo que atualmente está em negociação. As
políticas comerciais nacionais se alinharão depois
às práticas mundiais aprovadas. Tudo isto já está
acontecendo, mas há outra ligação entre o livre
comércio global e um novo sistema financeiro
internacional.
Richard
Cooper,
embora
defendendo uma única moeda de reserva global,
observou o seguinte em uma conferência, em
1984, patrocinada pelo Banco da Reserva Federal
de Boston:
"Seria lógico se o livre comércio (mundial)
seguisse esse regime de moeda única. Isso
também seria condizente com o espírito político
colaborativo necessário para estabelecer o regime
de moeda única. O livre comércio asseguraria um
mercado de bens e de instrumentos financeiros."
[12].
14
Organização das Nações Unidas
—
Está
rapidamente se tornando a ética global e agência
de governança. A ONU oferecerá contribuição
moral e orientação política para a recém-
gerenciada economia mundial. Essencialmente,
esse órgão se tornará a consciência planetária
,
definindo as atitudes, valores e comportamentos
políticos e do consumidor. Isto também já está
acontecendo. No fim de junho, a ONU organizou
uma conferência que delineou uma norma social
aceita para a economia global: uma cosmovisão
centrada no planeta Terra, socialismo internacional
e uma visão de Nova Era da evolução planetária.
Lembre-se, a autoridade política mundial de Bento
XVI deverá gerenciar a economia global. Como
acontecerá a execução desse mandato? A
autoridade mundial irá funcionar como um guarda-
chuva para os grupos acima mencionados? A
Organização das Nações Unidas poderá se
reformar ao ponto de se tornar esse gerente da
economia global?
A encíclica Caridade na Verdade nos dá um
vislumbre das diretrizes da autoridade mundial,
mas não fornece os detalhes operacionais. A
Santa Sé fez o detalhamento, descrevendo o
processo em um documento interno de operação?
Em caso afirmativo, seria uma leitura muito
interessante!
Ou,
oferecendo
somente
generalidades, o Vaticano espera que outros
15
atores importantes
—
como as Nações Unidas ou
o Movimento Federalista Mundial
—
elaborem os
detalhes? Em caso afirmativo, qual é a função do
Vaticano neste sistema de governo mundial?
Observador? Consultor? Supervisor?
Muitas perguntas intrigantes surgem, e assim elas
devem ser.
Nota: Para informações e análises sobre a
conferência citada acima, confira o relatório da
Forcing Change (http://www.forcingchange.org)
—
intitulado Building a New Common Future: Twisting
Faith and Finance in a Global Order ("Construindo
um Novo Futuro Comum: Torcendo a Fé e as
Finanças em uma Ordem Global" (julho de 2009).
Para mais informações sobre a mudança para
uma moeda única global, consulte os artigos da
Forcing Change One World, One Money ("Um
Mundo, Uma Moeda") (Volume 1, Edição 12) e
The Joseph Principle and Crisis Economics ("O
Princípio de José e a Crise Econômica") (Volume
2, Edição 9).
Uma autoridade... regulada por lei
—
Os
governos de todo mundo são regulados por leis
internas e exigências de prestação de contas;
contudo, isso não impede que os abusos, a
corrupção e a tirania entrem em cena. A ideia de
que uma autoridade mundial possa ser mantida
em xeque por um sistema de leis mundiais não se
sustenta.
16
Verdadeira autoridade politica mundial
—
Este
não é um ideal moral ou espiritual propagado pela
Santa Sé, mas é a visão de um governo mundial
real. Isto está evidente no contexto geral da Seção
67 e com as próprias palavras: "uma autoridade
política mundial".
Sem dúvida, o ofício papal deseja ver um padrão
espiritual incorporado a essa entidade política,
baseado em grande parte nos ensinos sociais da
Igreja Católica. No entanto, isso não garante de
forma alguma que uma autoridade mundial agirá
de boa vontade. Como a história confirma, o
próprio Vaticano está longe de ser imune nesse
aspecto, e os detentores do poder
tendem a
acumular mais e mais poder.
Lembre-se das palavras de Lord Acton, um
historiador católico que escreveu o seguinte em
resposta à autoridade inquestionável do Vaticano:
"O poder corrompe e o poder absoluto corrompe
absolutamente." [13].
Seguindo uma Tradição
A promoção de um governo mundial do Papa
Bento XVI não ocorreu por acaso. Desde 1950 a
Santa Sé tem agido constantemente para apoiar
uma ONU fortalecida e uma autoridade política
mundial.
17
Papa Pio XII: Em 6 de abril de 1951, Pio XII teve
um encontro no Vaticano com o Movimento
Mundial para um Governo Federal Mundial
—
um
precursor do Movimento Federalista Mundial.
Durante esse encontro, Pio XII incentivou sua
audiência pró-governo mundial a continuarem
nessa busca.
"Seu movimento, senhores, tem a tarefa de criar
uma organização política eficaz do mundo. Não há
nada mais de acordo com as doutrinas tradicionais
da Igreja ou melhor adaptada a seus ensinos
sobre guerra justa ou injusta, especialmente na
presente situação mundial. Uma organização
desta natureza deve, portanto, ser criada..."
O papa então explicou, com razão, que os
germes mortais do totalitarismo mecânico
podem
infectar essa organização política mundial
. No
entanto, ao observar essa possibilidade, ele
instruiu os participantes
a
seguirem uma
abordagem mundial federalista moralmente firme.
Encerrando o encontro, o papa encorajou seus
ouvintes a seguirem essa grande ideia.
"... Vocês têm a coragem de se entregar a esta
causa. Nós os parabenizamos. Gostaríamos de
expressar-lhes nossos votos de total sucesso e de
todo nosso coração rezaremos para que Deus lhes
18
conceda Sua sabedoria e ajuda no desempenho
de sua tarefa." [14].
Papa João XXIII: Em sua encíclica de 1963,
Pacem in Terris, João XXIII propôs uma
autoridade pública internacional com uma "esfera
de atividade mundial" para lidar com os problemas
globais. Essa autoridade seria "equipada com
poder mundial e meios adequados para realizar o
bem comum universal", embora não possa se
estabelecer pela força, "ela deve ser criada com o
consentimento de todas as nações."
Ao considerar como este sistema funcionaria, João
XXIII recorreu ao princípio da subsidiariedade,
dizendo que este deve ser aplicado "às relações
entre a autoridade pública da comunidade mundial
e as autoridades públicas de cada comunidade
política".
Subsidiariedade aqui, como o uso de Bento do
termo, não nega uma autoridade mundial
—
simplesmente impõe uma estrutura hierárquica
que reconhece cada nível, de baixo para cima,
como uma chave para o processo. [15].
Papa Paulo VI: Ao falar na Organização das
Nações Unidas em 1965, a adulação vinda do
papa foi agradável. Em seu discurso, ele elogiou o
sistema da ONU como "o caminho obrigatório da
civilização moderna e da paz mundial".
19
"O edifício que vocês construíram nunca deve cair;
ele precisa ser aperfeiçoado e deixado à altura das
necessidades que
a
história mundial irá
apresentar. Vocês marcam uma etapa no
desenvolvimento da humanidade, em que o recuo
nunca deve ser admitido... Avancem sempre!...
Que a confiança unânime nesta instituição cresça,
que sua autoridade aumente."
Infelizmente, o papa Paulo VI defendeu um
governo mundial.
"Há alguém que não veja a necessidade de
chegar,
assim,
progressivamente
ao
estabelecimento de uma autoridade mundial, apta
para agir eficazmente nos níveis jurídico e
político?" [16].
Papa João Paulo II: Em seu discurso na ONU em
1995, João Paulo refletiu sobre as ligações
históricas entre o Vaticano e o organismo
internacional.
"A Santa Sé, em virtude de sua missão
especificamente espiritual, que a torna interessada
no bem integral de cada ser humano, tem apoiado
os ideais e metas da Organização das Nações
Unidas desde o início. Embora seus respectivos
objetivos e abordagens práticas sejam obviamente
diferentes,
a
Igreja
e
as Nações Unidas
20
constantemente encontram áreas extensas de
cooperação com base em sua preocupação
comum pela família humana." [17].
Embora o papa João Paulo II tenha batido de
frente com as Nações Unidas nas questões sobre
família, ele depositou enorme importância na
obtenção de sistemas políticos de lei internacional.
Em 1985, ele discursou para os juízes do Tribunal
Internacional de Justiça, dizendo-lhes que:
"A Santa Sé atribui grande importância à
colaboração com a Organização das Nações
Unidas e com os diversos organismos que são
uma parte vital de seu trabalho. O interesse da
Igreja no Tribunal Internacional de Justiça remonta
aos primórdios deste Tribunal e aos eventos que
estiveram ligados à sua criação..."
"A Igreja tem constantemente apoiado
o
desenvolvimento de uma administração
internacional da justiça e arbitragem como um
caminho de paz que resolva completamente os
conflitos e como parte da evolução de um sistema
jurídico mundial..."
"Estritamente falando, o Tribunal presente não é
mais
—
mas também não é menos
—
que um
passo inicial para o que esperamos que um dia
seja uma autoridade judicial totalmente eficaz em
um mundo pacífico." [18] (Itálico no original)
21
Em outros discursos e escritos, como em sua
encíclica Sollicitudo rei Socialis, João Paulo
defendeu um fortalecimento da lei mundial e um
grau superior de ordenação internacional
. [19].
Nada disso tem a mesma evidência que a
recomendação do papa Bento de uma "autoridade
política mundial", mas isto segue um tema político
comum
—
o governo global ampliado e melhorado.
A ideia do papa Bento de uma "autoridade política
mundial" não surgiu do nada. Pelo contrário, ao
longo de sucessivos pontificados, remontando a
pelo menos Pio XII, a Santa Sé tem nutrido visões
de uma política internacional.
Influenciando os Príncipes e os Destituídos
O fato de um líder religioso propor uma autoridade
mundial é interessante em si mesmo, mas, como
isso emana do ofício papal, uma medida extra de
atenção é necessária.
Não podemos negligenciar a influência exercida
pela Santa Sé. O papa é muito diferente em
relação às outras figuras religiosas quando se trata
de importância mundial. É verdade que alguns
líderes protestantes e evangélicos são consultados
pelas elites políticas, e membros dos governos
muitas vezes procuram líderes de outras religiões,
como o Dalai Lama. Mas tudo isso é pequeno em
22
comparação com os poderes históricos
contemporâneos do ofício papal.
e
Durante séculos, a Santa Sé tem sido a peça
central dos assuntos políticos europeus. Sua
história está repleta de intrigas geopolíticas,
guerras papais, ascensão e queda de potências
nacionais. Os membros das famílias reais de todas
as partes do continente viajavam a Roma e
solicitavam audiência com o papa, na esperança
de obter seu favor. Além disso, o Vaticano tem
sido um centro concentrador para os interesses
bancários,
espionagem
e
negociações
empresariais transnacionais. [21] Além disso,
exatamente como no passado, presidentes e
primeiros-ministros curvam-se hoje diante do
papa, buscando seu conselho e discutindo
particularmente
as
questões
de
grande
importância política, econômica e social.
Eric Frattini, o autor de The Entity: Five Centuries
of Secret Vatican Espionage ("A Entidade: Cinco
Séculos de Espionagem Secreta do Vaticano"),
nos dá uma visão desse mundo geopolítico:
"O papado, a autoridade suprema na liderança da
Igreja Católica, é a instituição mais antiga
estabelecida no mundo. Foi a única instituição a
prosperar durante a Idade Média, um ator influente
no Renascimento, um protagonista nas batalhas
da Reforma, da Contra-Reforma, na Revolução
23
Francesa, na Era Industrial e na ascensão e queda
do comunismo. Durante séculos, fazendo pleno
uso de sua famosa 'infalibilidade', os papas
fizeram seu poder centralizado influenciar os
resultados sociais dos desdobramentos dos
acontecimentos históricos..."
"... Ao longo da história, o papado sempre
apresentou duas faces: a da liderança mundial da
Igreja Católica e a de uma das melhores
organizações politicas do mundo. Enquanto os
papas, por um lado, abençoavam seus fiéis, por
outro, recebiam embaixadores estrangeiros e
chefes de Estado e despachavam emissários e
núncios em missões especiais." [22].
Além disso, por trás do papa, está uma massa de
católicos devotos, que não devem concordar com
o governo mundial, mas que estão, apesar disso,
comprometidos com a Igreja Católica Romana
—
e, assim, apoiam o pontífice. Avro Manhattan, um
crítico da Santa Sé, corretamente fez a correlação
entre o poder do Vaticano e seus fiéis:
"O que dá ao Vaticano seu tremendo poder não é
sua diplomacia como tal, mas o fato de que por
trás de sua diplomacia está a Igreja, com todas as
suas múltiplas atividades abraçando o mundo..."
"... A diplomacia do Vaticano é tão influente e pode
exercer um poder tão grande no campo
24
diplomático-político porque tem ao seu dispor a
tremenda máquina de uma organização espiritual
que tem ramificações por todos os países do
mundo. Em outras palavras, o Vaticano, como
poder político, emprega a Igreja Católica como
uma instituição religiosa para auxiliar na obtenção
de seus objetivos. Esses objetivos, por sua vez,
são procurados principalmente para promover os
interesses espirituais da Igreja Católica."
"... a hierarquia católica automaticamente reage de
acordo com inúmeras organizações religiosas,
culturais,
sociais
e,
finalmente
políticas,
conectadas com a Igreja Católica, que, embora
vinculadas com a Igreja principalmente por
motivos religiosos, podem em determinados
momentos ser usadas direta ou indiretamente para
atingir fins políticos." [23].
A questão é a seguinte: Nenhum outro líder
religioso no mundo detém tanta influência política
e econômica dentro de uma estrutura religiosa.
Considere apenas o número de adeptos que
compõe a espinha dorsal da Igreja de Roma: Nos
EUA, os católicos constituem aproximadamente
22% da população, e 17% do total mundial
—
ou
cerca de 1,14 bilhão de pessoas. [24] É por isto
que o pedido do papa Bento de uma "autoridade
política mundial" é tão significativo; o que ele fala
influencia centenas de milhões de líderes e leigos.
25
Se um pastor batista ou um pregador menonita,
com uma congregação de algumas dezenas ou
poucas centenas, fizesse o apelo para a criação
de uma autoridade política mundial
no estilo da
ONU
—
isto não teria muita repercussão além dos
bancos dessa igreja em particular. Os fiéis
poderiam animar o pastor ou então questionar
suas suposições. Mas, falando em termos gerais,
isto não causaria uma reverberação para além da
comunidade local. No entanto, quando o "Santo
Padre"
—
um título católico que denota mais que
apenas um líder
—
faz essa recomendação e
tem o apoio dos apelos dos papas anteriores, as
ondas da influência repercutem por todo o mundo.
Conclusões
Há pelo menos seis décadas que a Santa Sé tem
apoiado a busca por uma estrutura política global.
O papa Bento, por meio de sua encíclica recente,
apoiou explicitamente a ideia de uma autoridade
política mundial; e esse governo mundial deve ser
projetado para incorporar
subsidiariedade. Outro
o
princípio da
Que
ponto:
a
subsidiariedade em uma estrutura política
universal seria semelhante ao chavão: "Pense
globalmente, aja localmente."
A influência da Santa Sé sobre a comunidade
internacional é substancial e o papado tem o
suporte e o apoio geral de centenas de milhões
26
em todo o mundo, acrescentando o apoio "local-
para-global" para as visões geopolíticas do
Vaticano.
Os defensores do governo mundial
—
como o
Movimento Federalista Mundial
—
pegarão as
recomendações do papa Bento e as usarão para
promover a ideia de gestão mundial.
Muitos católicos romanos
e
organizações
católicas, subsequentemente, irão endossar a
proposta de uma autoridade política mundial e,
consequentemente apoiarão vários movimentos
pró-governança global.
Indivíduos e organizações dentro e fora da Igreja
Católica defenderão a encíclica papal, procurando
espiritualizar ou moralizar o texto, tentando desse
modo amenizar a controvérsia. No entanto, o
intento do papa de uma autoridade política
mundial permanece.
Uma minoria de católicos irá se opor
veementemente ao chamado do papa para o
fortalecimento da ONU e do governo internacional
(muitos mais serão indiferentes). A ridicularização
e a zombaria poderão ocorrer para aqueles que
falarem publicamente contra os ideais políticos de
Bento XVI. Espere uma cisão entre aqueles que se
opõem e aqueles que defendem o governo global.
27
Grupos religiosos não-católicos apoiarão
a
encíclica do papa Bento. Um documento de
resposta evangélico já foi produzido por um grupo
de professores e líderes nacionais evangélicos.
Intitulado Praticando a Verdade em Amor, o texto
reconhece que as novas formas de autoridade
global são necessárias, mas que elas "devem
garantir a participação crescente, a transparência
e a responsabilidade, e ajudar a fortalecer o
estado da nação em relação ao poder financeiro
global". [25] Esta é uma visão mais utópica do que
prática, pois poucos incentivos reais levariam um
governo mundial a operar assim abertamente.
Novas alianças e redes serão formadas para
aumentar a pressão política e social em apoio à
gestão global; essas redes irão incorporar grupos
católicos e do Vaticano, organizações não-
governamentais (ONGs) e elementos das Nações
Unidas.
Quando a Santa Sé erguer o cetro do governo
mundial, isto deverá sacudir tanto os católicos
quanto os não católicos. Mesmo se uma
autoridade política mundial não se concretizar,
essa defesa é impressionante. Aqui temos o ofício
religioso mais influente de todo o mundo
—
ele
mesmo politicamente estruturado como uma
autoridade hierárquica de cima para baixo
—
promovendo um sistema também hierárquico de
28
cima para baixo de gestão internacional. A
percepção por si só é profundamente preocupante.
Além disso, se uma autoridade política mundial
realmente aparecer, o que a impedirá de se
transformar em um regime autoritário? Até nisto,
estamos admitindo que a autoridade global será
introduzida como um governo limitado.
A
contradição máxima, é claro, é uma autoridade
mundial sem força. Sem ter a capacidade de
imposição, de se fazer obedecer, ela seria pouco
mais que um conselho consultivo. Portanto, para
ser eficaz, ela precisa ser um poder centralista
com influência; qualquer coisa menor do que isto
não faria sentido.
Mas é isto que o mundo precisa para garantir a
ordem mundial?
Considere por um momento os últimos cem anos,
um século repleto de exemplos de governos
centralistas bem-intencionados
—
eles sempre
foram bem-intencionados para alguém. Em nome
da paz e segurança
esses regimes esmagaram
os opositores internos, muitas vezes liquidando
seus próprios apoiadores nesse processo. Do
Chile à China, o lema não-oficial "Paz é a
destruição de toda a oposição" foi colocado em
prática. No caso da Alemanha nazista, o governo
chegou ao poder pela via do processo
democrático. Infelizmente, em alguns casos o
próprio Vaticano esteve de mãos dadas com
29
aqueles que cometeram esses crimes, como na
Croácia durante os anos 1940. [26]
Será que tudo isto significa que a Santa Sé apoia
um regime ditatorial mundial? Não segundo a
encíclica do papa Bento, onde ele abertamente
reconheceu a possibilidade perigosa de um "poder
universal de natureza tirânica". Sua esperança,
como descrito em Caridade na Verdade, é uma
autoridade política mundial colocada em xeque por
limites legais para não violar a liberdade
. Os
excessos do governo seriam compensados por
medidas de prestação de contas
responsabilização.
e
de
Este é um ótimo conceito na teoria, mas que se
apoia em uma suposição fraca: Que a autoridade
política mundial estará satisfeita em permanecer
dentro de limitações determinadas, satisfeita em
operar dentro de rígidas restrições sociais,
econômicas e políticas. Aqui está o empecilho:
nossas avançadas nações democráticas
—
e até
mesmo o Vaticano
—
não têm vivido e não
conseguem viver de acordo com essa norma
fundamental.
Enquanto o papa Bento tenta sutilmente persuadir
os católicos e os líderes nacionais a aceitarem a
ideia de governo mundial, as sóbrias palavras de
Lord Acton ecoam de um passado quase
esquecido: O poder corrompe...
30
A Ciência e o sobrenatural
"Nos últimos séculos, a ciência nos tornou cientes
que o universo é mais estranho e mais
interessante do que nossos antepassados
compreenderam. É divertido pensar que ele
poderá se revelar até mais estranho e mais
interessante do que os cientistas estão dispostos a
admitir." [Colin Wilson, The Occult: A History, pág.
33.].
Moro com minha família em uma região muito rural
das planícies canadenses. Para irmos a um centro
de compras, ou até mesmo a um grande
supermercado, precisamos literalmente reservar
um dia inteiro. O tempo de viagem até uma cidade
grande que tenha um centro comercial razoável é
maior do que o tempo que passamos nas lojas.
Viagens para fazer uma consulta médica, ir ao
cinema ou a uma biblioteca requerem um esforço
concentrado; quando a ida ao cinema envolve
31
uma viagem de 160 km (para ir e voltar), você
começa a questionar se o filme realmente vale a
pena todo esse esforço.
Mas, existem vantagens de viver assim tão isolado
na zona rural. Em uma noite qualquer, podemos ir
para fora de casa e contemplar a Via Láctea em
detalhes incríveis, com o céu noturno totalmente
forrado por estrelas, de uma extremidade até a
outra, e podendo ser vistas sem o auxílio de
binóculos ou de um telescópio. A espetacular
Aurora Boreal também aparece, dando
a
impressão que o céu está em chamas, e pode ser
apreciada em sua plenitude. Da mesma forma,
podemos ouvir o estrondo produzido pelas asas de
milhares de gansos, cisnes, patos e grous
migratórios a cada primavera e outono.
Já vimos o sol e a lua produzirem fenômenos
curiosos no ar gelado do inverno: halos solar e
lunar, glórias
ao amanhecer, auréolas de luz
incomuns e outros fenômenos com luzes surreais.
Também já testemunhamos diversos outros
fenômenos naturais interessantes: tempestades de
relâmpagos, faixas de cores nos céus, o arco
circunzenital, miragens esquisitas, redemoinhos
gigantes, múltiplos tornados (estes são realmente
violentos) e milhares de bolinhas de neve perfeitas
caindo do céu na tarde quente de um dia de
agosto. Ao longo dos anos, minha família e eu
32
testemunhamos uma infinidade de belas e
incomuns maravilhas naturais.
Por que estou contando isto? Porque Colin Wilson
estava certo: o universo é um lugar estranho e
interessante. Além disso, nosso mundo imediato e
o universo maior ainda são um lugar que pode
deixar
a
ciência humana em profunda
perplexidade.
A ciência, em sua forma pura, está preocupada
principalmente com aquilo que é observável,
testável e que pode ser reproduzível. Neste
sentido, ela está restrita ao estudo físico da
matéria física. Mas, a ciência pura
, tanto no
passado e no presente, frequentemente teve (ou
tem) seus dedos em outra torta: a metafísica, a
investigação filosófica na base da realidade
—
isto
é, a religião (pode-se argumentar que toda a
ciência tem alguma base metafísica, entretanto,
muitos humanistas seculares dizem que a "ciência
pura" opera de forma independente da metafísica;
um debate que este artigo não poderá explorar de
forma apropriada). Além disso, a ciência está se
tornando cada vez mais interessada em explorar
as possibilidades da utilização do sobrenatural.
Por exemplo, considere um relatório publicado por
Eric Davis, da Warp Drive Metrics. Esse relatório,
intitulado Teleportation Physics Study (Estudo da
Física do Teletransporte), foi produzido
e
33
financiado pelo Laboratório de Pesquisa da Força
Aérea dos EUA, na Base Aérea de Edwards
(contrato número F04611-99-C-0025, data de
publicação: agosto de 2004).
O relatório é de natureza técnica e se aprofunda
nos aspectos da Física Quântica
e
o
relacionamento dela com o espaço e tempo, algo
que acho fascinante, embora frequentemente me
perco na terminologia complexa. O relatório
também detalha outra ciência
—
uma ciência que
cruza e avança além do estudo da Física
Quântica: a psicocinética (o movimento de objetos
por meio de canais psíquicos).
Delineando essa estranha ocorrência, Davis
explicou que Uri Geller, um psíquico bem-
conhecido, era capaz de entortar uma colher sem
tocar fisicamente nela durante as palestras que
fazia. Além disso, Davis explica detalhadamente o
profundo interesse que as comunidades de
Inteligência, científica e militar dos EUA têm até
hoje no campo das ciências ocultas
particularmente a visualização remota.
—
A visualização remota, que inclui e combina
elementos de clarividência (ver coisas no futuro) e
experiências
extracorpóreas,
tem
sido
especialmente intrigante para a comunidade de
Inteligência. Há várias décadas que diversas
agências governamentais e laboratórios privados
34
estão envolvidos em programas de visualização
remota. Davis, ao delinear o contexto histórico
para o estudo científico-militar dentro desse
campo, explica o seguinte:
"O leitor deve observar que os primeiros
programas de Pesquisa
e
Desenvolvimento
militares e de Inteligência sobre controle mental,
psicológico e psicocinese, foram realizados por H.
K. (Andrija) Puharich, durante seu serviço militar
no Centro de Guerra Biológica e Química do
Exército, em Fort Detrick, Maryland, nos anos
1940s-1950s. Puharich tinha um interesse em
clarividência e psicocinese, e investigou as teorias
para expandir
e
sintetizar eletrônica
e
farmaceuticamente as capacidades psíquicas.
Durante o tempo em que esteve no Exército,
Puharich participou de diversas experiências
parapsicológicas e proferiu palestras para equipes
do Exército, Força Aérea e Marinha sobre as
possibilidades