A Lenda De Kaisem

De Giuliana Zambotto Furlan

Reza a lenda que em desertos do fim do mundo havia um povo capaz de controlar os poderes da mente. Mito e verdade nem sempre são fáceis de se separar, assim é com a lenda de Kaisem. Nessa caminhada pelos mistérios de um povo esquecido, seguiremos os passos de um jovem mestre da arte da mente em sua busca pela perfeição, a qual o tornou uma jornada épica que vive até hoje em algumas sociedades secretas.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 10 de abr. de 2018

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DESTINO

A humanidade, desde eras imemoráveis, tem perseguido o poder e a perfeição. Há muito tempo, existiu um mosteiro onde os integrantes estudavam a arte da mente e do espírito, além das faculdades da matéria física.

Havia homens e mulheres, não se relacionavam amorosamente ou sexualmente, pois era expressamente proibido, mas ninguém demonstrava interesse por essas coisas de qualquer maneira.

Viviam como irmãos de uma grande família, muito bem-educados, não sentiam ciúmes nem inveja. Compartilhavam todas as obrigações e deveres, eram sabiamente divididos nos afazeres segundo suas aptidões e gostos.

Apesar de estarem numa terra árida, suas plantações eram sempre verdes, atraiam os olhares dos povos que viviam por perto. Algumas pessoas chegavam a roubar algumas verduras, mas os monges não os detinham, pois sabiam da situação que se encontravam.

Muitos eram os que batiam às portas do mosteiro, querendo fazer parte da comunidade, mas a seleção era muito rigorosa e desde sua fundação, só aceitavam bebês ou crianças, nenhum adulto tinha sido admitido, com exceção do seu fundador Atrid.

Eles acreditavam na reencarnação, usavam algumas técnicas para verificar se o neófito era um desses reencarnados que já havia vivido entre eles ou alguma alma iluminada, geralmente eram avisados em sonhos místicos da chegada de um novo companheiro.

Faziam assim para cumprir com a profecia, tentavam reunir os cinquenta iluminados para trazer de volta ao mundo o grande Kaizem, o mestre que iria liderar a humanidade à era da luz.

Kaizem era o símbolo de um novo mundo, uma terra de paz, harmonia e sinergia, onde sentimentos obscuros dos humanos seriam lançados ao esquecimento.

Atrid VII, sétima encarnação de Atrid, um senhor de idade avançada, com vigor de um jovem e sabedoria de um ancião, convocou os quarenta e oito monges para uma reunião importante. Com a calma de sempre, foram todos ao salão de meditações, onde se sentaram formando um círculo. Atrid, com sua voz pausada e suave, falou aos irmãos:

– Amigos, nossas descobertas sobre o Kaizem estão quase prontas, estamos reunidos, dominamos nossas mentes e chegou o dia de conhecermos o quinquagésimo companheiro de nossa comunidade, assim que ele for preparado, finalmente nosso destino se cumprirá.

Todos fizeram o mantra do agradecimento

OM KAIZEM NAMA, OM KAIZEM NAMA, OM KAIZEM NAMA.

Atrid continuou:

– Porém, não será nessa encarnação que isso ocorrerá, sinto a pressão dos sentimentos dos povos sofredores, surgiu dentre eles a ideia de que nós somos culpados por sua fome, pois somos os únicos que conseguimos cultivar alimentos nessa terra árida, acreditam que com a nossa morte, a magia que supostamente roubamos do mundo irá fazer com que suas plantações voltem a crescer. Seus corações estão inflamados e não há nada que possamos fazer ou dizer que irá acalmá-los.

– Mas e o novo membro? Perguntou um dos irmãos.

– Não nos preocupemos, nós teremos tempo para ensiná-lo e assim possibilitar o nosso reencontro. Porém, com a queda do mosteiro se tornará mais difícil para nos encontrarmos, ainda mais porque apenas ele sobreviverá ao massacre. Então, peço a cooperação de todos para prepará-lo bem para que possa cumprir com nosso destino.

– Senhor, mas