Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Comédias e Tragédias: Quando a Vida Dribla a Morte
Comédias e Tragédias: Quando a Vida Dribla a Morte
Comédias e Tragédias: Quando a Vida Dribla a Morte
E-book125 páginas1 hora

Comédias e Tragédias: Quando a Vida Dribla a Morte

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Imagine uma mulher que nasceu para brilhar e que, desde pequena, já era uma tempestade de energia e alegria, muito doce e espontânea. Logo, todos notaram que se destacaria no meio de uma dezena de irmãos, no interior de Minas Gerais. Tinha tudo para ter infância e juventude incríveis, se não fosse pela surpresa que, às vezes, a vida prega.
Vilani foi acometida por paralisia infantil, perdeu os movimentos das pernas, dos braços e não conseguia falar. Porém, quando todos achavam que seria seu fim, ela dá a volta por cima; mesmo com todas as limitações físicas, o brilho dos seus olhos não se apagaria tão facilmente.
Vilani enfrenta todos os tipos de problemas, os quais tentaram impedi-la de vencer, começando dentro de sua própria casa. Assim, mesmo sendo uma cadeirante, ela mostra o poder de alguém que acredita em si própria e não permite que ninguém lhe roube o direito à vida.
Prepare-se para conhecer sua história de vida, na qual o drama e a comédia andam lado a lado.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento8 de set. de 2023
ISBN9786525457970
Comédias e Tragédias: Quando a Vida Dribla a Morte

Autores relacionados

Relacionado a Comédias e Tragédias

Ebooks relacionados

Biografia e memórias para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Comédias e Tragédias

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Comédias e Tragédias - Vilani Cambraia

    Capítulo 1

    Luz em noite de tempestade

    Eram 2h40min do dia 16 de dezembro de 1968, em uma madrugada chuvosa, na simples fazenda do Riachão Minas Gerais, as parteiras tentavam manter dona Elza calma. Na verdade, para ela nada daquilo era novo, pois, aos seus quarenta e cinco anos, este seria seu décimo primeiro filho a vir ao mundo. Correria total, estavam ali há horas preparando tudo. O marido, Senhor Honório Cambraia, com seu nervosismo desenfreado, preferiu ficar na sala, andando de um lado para o outro, dando passos pesados que se escutavam em todos os cômodos da casa, e ainda com aquele velho cigarro de palha que era seu companheiro de longos anos assim como o longo facão pendurado na cintura. De cinco em cinco minutos, ele vinha perguntar às parteiras se estava tudo bem, o que as deixava mais irritadas. Elas precisavam se concentrar no trabalho, naquele parto que estava por acontecer, e pelo visto já percebiam que a gestação de dona Elza seria cheia de surpresas. Se tivéssemos um exame de imagem, tudo seria mais fácil, porém a nossa realidade da época era bem diferente. Não pela condição financeira, pois meu pai, muito rico, era proprietário de várias fazendas próximas, mas como era interior, e ainda na roça, nosso estilo de vida era simples.

    A minha vida já prometia ser cheia de intensidade. Era apenas o início de uma incrível história que o autor da vida escreveu, e com certeza não poupou esforços.

    Ufa! Foi um parto muito difícil, porém o mais incrível estava por ser descoberto. Realmente a vida é uma caixinha de surpresas e no caso da minha mãe foi uma dupla surpresa. Pois é, descobriu-se que ela estava esperando gêmeas na hora do parto, só após o nascimento da primeira criança que as parteiras viram que havia outro bebê. O mais incrível de tudo, também, isto desafia até a ciência (risos), é que minha irmã gêmea só nasceu três dias após o meu nascimento. Eu nasci rápido, meu desejo de ver o que me aguardava neste mundo era grande, então minha pressa era maior ainda, acho que até empurrei minha irmã na barriga de minha mãe para poder vir primeiro. Desde o nascimento, a vida já tinha dado indícios de que eu não esperaria a minha vez e, sim, tomaria a minha vez. O ruim de tudo foi que eu nasci bem abaixo do peso, ao contrário de minha irmã, que nasceu forte e saudável, mas creio que meu instinto de superação começou muito cedo.

    Mesmo sendo tão franzina, rejeitei o peito de minha mãe e fui criada a leite de vaca. Apesar do baixo peso, fui sujeita a algumas enfermidades, como sarampo, hepatite, coqueluche, pneumonia e por aí vai. Embora essas doenças me gerassem algumas sequelas para toda a vida, nada parecia me parar, eu sempre buscava superar tudo e dar a volta por cima sempre, eu não me abatia. Aprendi a ser bem sapeca logo cedo; aos oito meses de idade, já queria andar e, aos dez, eu corria, sempre apressada.

    Mas a nossa vida é cheia de controvérsias. Eu era uma menina cheia de vontade de viver, porém com uma visível fragilidade. Mesmo assim, fui vencendo etapa por etapa. Minha irmã, Vilací, que nasceu forte, morreu aos dez meses, vítima de um surto de sarampo que a tocou sem piedade e levou minha doce irmãzinha. Eu também fui vítima deste vírus, terrível para a época, mas por alguma razão, o destino, Deus, o cosmo, os céus, me guardaram em meio a este mal, vá lá saber por quê. Quem sabe para poder contar a você a minha história de vida e ajudar ou inspirar alguém que busque um sentido em existir. Vi logo cedo que a vida deve ser vivida, e sem reclamar, ou melhor, sendo grata por tudo. Creio que tudo tem um sentido de existir, sentido que talvez eu não venha a saber agora, mas que é fundamental para a construção da minha realidade de vida.

    Eu era muito sapeca. Minha mãe não conseguia me controlar. Eu tinha três anos e corria, subia em árvores, pulava do alto, fazia coisas de um machinho, o que chamava a atenção das pessoas que me viam brincando, enquanto despertava em outras mães um senso de crítica por achar que eu não era disciplinada nem queria saber de nada. Minha inteligência era grande para uma criança da minha idade, segundo minha mãe. Sei que nossos pais sempre nos acharão os melhores, os mais bonitos, os mais espertos. Mas qual filha não quer ouvir de sua mãe que era uma criança tão esperta e inteligente, mesmo sendo de tão nova em idade? Creio que pelo fato de ser muito curiosa, sempre buscava aprender algo novo, sempre inteirada no que se passava ao redor e, às vezes, fugia de um safanão na orelha por querer espiar a conversa de adultos (risos), coisas de criança, é claro, esta inocência tão necessária e importante e que depois que envelhecemos vemos que era bem assim que tínhamos que agir. Quem disse que criança precisa ser certinha em tudo? De maneira nenhuma! Se fossemos, não seríamos crianças. Às vezes, vejo até hoje um excesso de correções sem sentido dos pais. Creio que minha mãe ficava, às vezes, meio constrangida comigo, como se os filhos tivessem a obrigação de pensar como um adulto, e eu era uma pestinha mesmo (risos). Meu Deus... esse comportamento de mocinha nunca caiu bem comigo, eu queria aproveitar cada dia. Era como se a minha vida estivesse com os dias contados e eu não poderia desperdiçar nenhum sequer. Acredito que temos que viver assim mesmo, cada dia como se fosse o último, saboreando cada momento, cada pedacinho, e não perdendo tempo com tantas coisas inúteis e pensado no que irão pensar de nós, uma grande inutilidade. Quando morremos, se esquecem de nós muito fácil. Por isso, não dava a mínima para o que poderiam pensar de mim, não mesmo!

    Eu tinha esse jeitão de menina espoleta, preguiça nunca combinou comigo. Sempre agitada, detestava o tédio, não faltava coragem para ajudar nas tarefas de casa. Com essa disposição toda que tinha, quem se dava muito bem era meu pai, pois acordava às 4h para trabalhar. Era muita coisa a fazer. Administrar as propriedades e vários funcionários à sua disposição não era fácil, apesar de minha mãe sempre estar ajudando-o, andando nas fazendas e resolvendo situações. Por essa questão, nem sempre estava comigo. Esse cuidado era dividido com meus irmãos e irmã, todos tinham que se virar, interiorzão é assim, a vida cheia das dificuldades. Por isso, logo cedo tínhamos que descer até o riacho para buscar água, e eu ia do meu jeito, toda descabelada e descalça, junto à minha irmã Elci, e voltava alegre com aquele litro de água na cabeça, era como um troféu, e entregava-o para a minha mãe. Fazia tudo com prazer e muita vontade, não era peso algum para mim. Desde cedo, encarava a vida assim, em meio às dificuldades, eu tentava sempre olhar para o lado bom e fazer tudo de coração. Isso tornava tudo bem melhor e acabava influenciando as pessoas à minha volta, ou então as invejosas de plantão ficavam putas da vida achando que eu queria chamar a atenção; no fundo, até queria também (risos), mas, como disse, tinha prazer nisso.

    Acredito que pelo fato de querer ser muito livre isso incomodava as pessoas, pois o ser humano gosta de prender os outros, sobretudo usando o emocional e criando regras tolas com legalismo sem sentido, e eu literalmente dava um dane-se para essas pessoas. Nunca gostei de prender ninguém nem mesmo criar regras para eu mesma. Nada me prendia por muito tempo, deixava minha irmã em casa e corria para o campo. Subia numa árvore e amarrava um cipó no cavalo, juntava o gado no curral. Minha mãe quase morria de desespero com medo dos animais me machucarem, porém creio de todo coração que Deus sempre me protegia; acredito de coração que Deus gosta de pessoas ousadas, que estão o tempo todo dispostas a ir além e superar seus limites. Deus é, para mim, um grande incentivador disso tudo. Eu até podia ouvir uma voz que dizia: "Vai que eu estou contigo, menina" e com isso eu conquistava cada dia mais o coração do meu pai, que sempre teve muito orgulho de mim. Ele se via em mim, os seus olhos brilhavam como fogo. Ele olhava para mim e falava que eu era parecida com ele, esperta e dedicada ao trabalho. E costumava dizer que eu seria uma grande mulher. Essa parte do DNA dele, eu carregava em meu corpo com muito orgulho. Tudo era do jeitinho lindo que meu coração desejava e que minha cabeça idealizava, pois sempre fui sonhadora e sabia que minha capacidade de aprender e ir muito além era muito grande. Nada podia me parar, ou quase nada.

    Capítulo 2

    Uma sombra em meu caminho

    Muitos seriam os momentos em que eu poderia reclamar da minha vida. Pelas surpresas que ela prepara para nós, é como se toda a nossa energia ou alegria incomodasse alguém, não entendemos por que certas coisas acontecem. A sensação que passava pela minha cabeça era que minha vida estava sendo roubada de mim, pois o destino, naquele momento, se tornou um terrível inimigo meu, já que resolveu colocar uma vírgula em minha vida de intensa energia, escreveu um novo parágrafo que mudaria radicalmente tudo em mim, o céu resolveu colocar uma nuvem de tempestade sobre o meu destino.

    Eu era ainda muito pequenina, estava às vésperas de completar quatro anos, ou melhor, faltava uma semana. Pois é, contei para você parte do que fazia e você pensava que eu era uma adolescente, né? Mas não, eu era bem novinha mesmo

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1