O Cotidiano Humano
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O Cotidiano Humano - Luis Pinto Ribeiro
Luis Pinto Ribeiro Página 2 de 172
PROJETO INDEPENDENTE
REVISÃO
Luis Pinto Ribeiro
CAPA E DIAGRAMAÇÃO
Luis Pinto Ribeiro
FOTOS
Luis Pinto Ribeiro
Ficha Catalográfica
Ribeiro, Luis Pinto. O Cotidiano Humano. Campo Verde Mato Grosso,
2019. O Cotidiano Humano foi registrado na Fundação Biblioteca
Nacional. Nº de registro: 513.927, Livro: 974 Folha: 275. Todos os
direitos reservados ao autor. Nenhuma parte desta obra poderá ser
transmitida ou reproduzida sem autorização por escrita do autor.
Luis Pinto Ribeiro Página 3 de 172
Sumário
Introdução 06
Capítulo I
Concepção de educação e a organização humana 08
Capítulo II
O cotidiano de duas famílias
24
Capítulo III
Diversidade cultural e readaptações humanas 51
Capítulo IV
Caminhos percorridos com os sem terras
76
Capítulo V
O antagônico as rupturas e a geração do novo 140
Conclusão 164
Luis Pinto Ribeiro Página 4 de 172
Lista de Abreviatura 166
Referências Bibliográficas 169
Luis Pinto Ribeiro Página 5 de 172
Agradecimentos:
As famílias de: Dartora, Afonso, Algemiro, Moacir, João e Raimundo. A todos aqueles que estenderam suas mãos nas horas de minhas dificuldades, contribuindo assim para que
encontrasse coragem de continuar a caminhar e alcançar os objetivos planejados na vida.
Especialmente a minha esposa Clarice, minha mãe Maria e meus filhos; Vlademir, Gustavo e Alessandro que são a razão dos meus esforços para alcançar o término de
cada batalha.
Luis Pinto Ribeiro Página 6 de 172
Introdução
O ser humano ao longo de sua passagem pelo nosso
universo luta incontestavelmente pela sobrevivência. E a
sobrevivência não depende somente do ser humano, ela
está relacionada com processos educacionais e a
organização da sociedade. Mas como os processos
estabelecem conflitos é necessário o ser humano lutar
incansavelmente para superá-los.
Nessa obra, no primeiro capítulo o leitor poderá analisar um
universo em que o conhecimento empírico e científico
estará presente em ações praticada pelos seres humanos.
O segundo capítulo revela com maior precisão o cotidiano
de duas famílias, mas os fatos relatados podem ilustrar as
histórias de tantas outras famílias que poderão imaginar
seu universo cotidiano vivenciado em cada fase de vida dos
personagens.
A diversidade cultural e as novas readaptações
exemplificadas no terceiro capítulo retratam a luta
incansável dos personagens para sobreviverem em
ambientes transformados pelas relações estabelecidas
entre o homem e a natureza na organização da sociedade.
O quarto capítulo faz revelações da vida de famílias que se
submetem a situações extremas de risco inclusive de vida
Luis Pinto Ribeiro Página 7 de 172
para sobreviverem no campo. Caminhos percorridos com
os sem terras retrata a vida da maioria dos personagens
que lutam pela implantação de uma justa reforma agrária
em nosso País.
O antagônico, as rupturas e a geração do novo encontrado
no quinto capítulo, elencam fatos que enriquecem a análise
dos conflitos pelos quais muitas pessoas passam em
situações que envolvem as relações, social, econômica ou
política.
Luis Pinto Ribeiro Página 8 de 172
Capítulo I
Concepção de educação e a organização humana
Refletir sobre organização social significa estudar a
movimentação humana a partir das idas e vindas de seres
humanos envolvidos no contexto de nossa universalização
cotidiana.
Para tentar explicar sua origem através da ciência o homem
relaciona sua existência entre ser social e a natureza. Essa
relação ocasiona um movimento entre o conhecimento
empírico e o científico. Isto é, o homem não é ser isolado
em seu habitat. Ele aciona sua subjetividade através de
ações cotidianas e o trabalho se transforma um instrumento
que exterioriza seus atos. Diante dessa relação podemos
encontrar o trabalho tanto no conhecimento empírico como
no conhecimento científico. Desse encontro podemos
classificar as idas e vindas dos mundanos.
Entretanto falar especificamente de movimentos nos torna
redutor da universalização cotidiana. Mesmo assim, sempre
estará dentro de contexto redimensionado para melhor
compreender nossa própria existência. E essa existência
teria sucesso sem nosso universo formado por água,
Luis Pinto Ribeiro Página 9 de 172
energia, ar, terra, fauna, flora? Empiricamente dezenas,
talvez centenas, milhares de pessoas afirmavam e muitos
afirmam ainda hoje que homem nativo nem humano é.
Mas, como explicar a existência tão adversa entre mundo
indígena e ser social considerado civilizado? Será que o
empirismo que o indígena detém não é a ciência que não
conhecemos ou se conhecemos nos apossamos sem
respeitar os detentores desse conhecimento. Será que a
relação de movimentos realizados com a natureza não
significa a contradição de desenvolvimento estabelecido
nas relações de trabalho dos seres humanos considerados
civilizados?
Atualmente podemos afirmar que nosso trabalho
cientificamente aperfeiçoado grande parte caminha para
destruição da fonte de nossa vida, a natureza. Não
aprendemos com os indígenas preservar para sobreviver.
Falamos que precisamos nos desenvolver socialmente,
culturalmente, economicamente, mas destruímos florestas,
rios, animais e a terra, pior ainda, matamos seres que nos
antecede; os nativos, nossa fonte de sabedoria que
aprendemos analisar cientificamente pela metade.
Os argumentos de Aníbal Ponces (2001) ilustram com muita
precisão as movimentações sociais motivadas pelas
transformações do perfil de homem que a própria
movimentação social requer ou passa a requerer em
decorrência do surgimento de novas exigências e novas
Luis Pinto Ribeiro Página 10 de 172
formas de organização social. Aqui podemos classificar
conhecimento como sabedoria, ensino, transferido de
geração em geração, mas que maioria das vezes se
considera empírico.
"Na comunidade primitiva as mulheres estavam em pé de
igualdade com os homens, (...)Uma das ideias mais
absurdas que nos transmitiu a filosofia do século XVIII é a
de que, na origem da sociedade, a mulher foi escrava do
homem. Entre todos os selvagens e entre todos os bárbaros
de estágio médio e inferior, e em grande parte até mesmo
entre o estágio superior, a mulher não só tem uma posição
livre, como também é muito considerada. (Engels, ob. Cit.
Pg. 46) (...) e o mesmo acontecia com as crianças. Até aos
7 anos, idade a partir da qual já deviam começar a viver às
suas próprias expensas, as crianças acompanhavam os
adultos em todos os seus trabalhos, ajudavam – nos na
medida de suas forças e, como recompensa, recebiam a
sua porção de alimentos como qualquer outro membro da
comunidade.
A sua educação não estava confiada a ninguém em
especial, e sim a vigilância difusa do ambiente. Mercê de
uma insensível e espontânea assimilação do seu ambiente,
a criança ia pouco a pouco se amoldando aos padrões
reverenciados pelo grupo(...). Usando a terminologia a
Luis Pinto Ribeiro Página 11 de 172
gosto dos educadores atuais, diríamos que, nas
comunidades primitivas, o ensino era para vida, e por meio
da vida; para aprender a manejar o arco a criança caçava,
para aprender a guiar um barco, navegava. As crianças se
educavam tomando parte nas funções da coletividade. E
porque tomava parte das funções sociais, eles se
mantinham, não obstante das diferenças naturais, no
mesmo nível que os adultos." (PONCE, 2001, p. 18,19).
Esta intervenção de Ponces fornece subsídio para analisar
com maior precisão o processo histórico de educação do
império romano e sua contradição com o processo de
educação dos povos primitivos e a educação chinesa.
A educação no império romano povo primitivo, e chinês
Primeiramente é necessário compreender que a educação
do povo romano era oposta à educação dos povos
primitivos e a educação chinesa.
A educação romana era para a guerra, individualismo,
preparação do povo para conquista de novos territórios
visando à expansão do império. Educação romana
significava o esforço para apagar qualquer resquício de
Luis Pinto Ribeiro Página 12 de 172
modelos educativo anteriores, a começar pelo uso da
religião e a língua (latim).
O império romano juntou religião e o estado como tentativa
de apagar a influência dos gregos no território do Oriente
Médio.
Enquanto na educação primitiva se trabalhava educação de
forma natural e espontânea para a vida, na educação
romana era dirigida para força física, preparação para as
guerras.
Na educação chinesa se trabalhava a família como base
social, a moral era considerada virtude, se valorizava a
orientação dos mais velhos, fortalecendo com isso a relação
da família.
A formação educacional dos chineses era para diplomacia
não para guerra, e nesse ponto se torna parecido com a
educação primitiva, onde se valorizava a vida a natureza e
o ser humano.
Também é na educação primitiva que se incentivava a
liberdade para ações das crianças e adolescentes e era
considerado como um dos mecanismos vital da
aprendizagem.
A educação primitiva e a educação chinesa têm pontos
comuns entre si, e são contraditórias em relação à
educação romana.
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Homens considerados civilizados
Na descoberta do Brasil em 1500 existiam aqui
aproximadamente cerca de cinco milhões de indígenas
vivendo em organização social primitiva.
Atualmente existem grupos bastante reduzidos na região
Amazônica. Estima se que existam cerca de duzentos mil
indígenas vivendo em território brasileiro, desses a grande
maioria são considerados civilizados. E são os homens
considerados civilizados que em pouco mais de quinhentos
anos que ajudaram na drástica redução do número de
povos indígenas em nosso País. São esses mesmos grupos
civilizados que ajudam manter a continuidade do modelo
de educação muito parecida com a educação romana.
Descendentes principalmente de: Portugueses, Espanhóis,
Italianos, Alemães, Franceses, Holandeses, Ingleses,
indígenas e negros formam alguns grupos que vivem
lutando pela conquista de espaços territoriais destruindo a
natureza e consequentemente acabam matando também
os indígenas considerados não civilizados, e se compreende
que tudo está bem entre homem civilizado e seu habitat.
Podemos nos perguntar: Como continuaremos a nos
desenvolver sem ocupar todo o espaço territorial existente
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no Brasil? Quem pensar que desenvolvimento é igual à