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Dicionário De Mitologia Mesopotâmica
Dicionário De Mitologia Mesopotâmica
Dicionário De Mitologia Mesopotâmica
E-book172 páginas3 horas

Dicionário De Mitologia Mesopotâmica

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Sobre este e-book

Dicionário de Mitologia Mesopotâmica (assíria, suméria, caldeia e babilônica).
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de jul. de 2019
Dicionário De Mitologia Mesopotâmica

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    Dicionário De Mitologia Mesopotâmica - Lenin Soares

    1

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    3

    Mitologia Mesopotâmica

    4

    5

    Lenin Soares

    Mitologia Mesopotâmica

     

    Lenin Campos Soares

    20 19

    6

    SOARES, Lenin Campos.

    Mitologia Mesopotâmica. Natal: LCS, 2019.

    ISBN:

    1. Mitologia. 2.

    Mesopotâmia. 3. Dicionário.

    CDD: 299 CDU: 252

    7

    Para Loa Antunes .

    8

    9

    Sumário

    1. AMesopotâmia ..............................................11

    2. Cosmogonias. ................................................21

    3. AAstrologia e o Shimtu..............................31

    4. OsDeuses. .....................................................34

    5. OsHeróis. .....................................................134

    6. OsDemônios. ..............................................166

    7. OsAnimais. ..................................................178

    8. Bibliografia..................................................185

    10

    11

    A Mesopotâmia

    Os territórios povoados por sumérios, babilônicos, assírios, acádios, arameus, hurritas e caldeus, conhecido por estes como Bet Nahren (casa dos rios)1, foi batizado pelos gregos como Mesopotâmia, terra entre dois rios

    (μέσος, meio, e ποταμός, rios), referindo-se aos rios Tigre e Eufrates. Oprimeiro chamado de Tigre2 (ou Tigris) é o mais oriental, nasce no monte Tauros, na atual Turquia, e corre

    pela Anatólia e pelas planícies do atual Iraque até unir- se ao rio Eufrates, formando o Xatalárabe que desemboca no golfo pérsico. Orio Eufrates3, mais longo que oTigre, nasce quase nas fronteiras com o Azerbaijão, nas montanhas do Cáucaso, e atravessa a Turquia (de oeste a leste), abrindo caminhopelaatual Síria edepois atravessandooIraque, de norte a sul, até encontrar o Tigre.

    "Ambos os rios inundam suas margens e as

    fertilizam: a cheia do Tigre chega ao máximo emabril, a do Eufrates em maio. Os dois rios atingem o seu nível mais baixo emsetembro e outubro. OTigre, mais impetuoso e de curso mais baixo em relação à planície aluvial, é menos favorável a irrigação do que o Eufrates, que corre acima do nível do seu vale. Ao contrário do Nilo, que tem uma cheia otimamente localizada no ano emrelação ao ciclo agrícola

    1DE LAFAYETTE, Maximillien. Comparative encyclopedic dictionary of Mesopotamian vocabulary, dead and ancient languages. Nova Iorque: Times Square Press,2014

    2Em sumério o rio era conhecido como Id-Igna, em acadiano como Id- Iqlat, que pode ser traduzido como rio muito rápido ou rio rápido como uma flecha. Para saber mais: http://www.livius.org/articles/place/tigris/

    3 Em sumério ele é conhecido pelo nome de Id-Ugina, os assírios os conheciam por Purattu ou Buranu, palavras que significam rio azul . Para saber mais: http://www.livius.org/articles/place/euphrates/

    12

    (quando escoam as águas é o momento adequado para

    semear), a enchente dos rios mesopotâmicos (…) ocorre num momento em que a colheita já se aproxima, sendo preciso proteger os cereais e as outras plantas contra as águas fluviais, que transbordam com um ímpeto também muito maior do que o da cheia do Nilo"4 .

    Porém, "no uso atual, Mesopotâmia adquiriu um significado mais amplo, porque se refere não só à terra entre os dois principais rios, mas também aos seus

    tributários e vales circundantes, descrevendo assim uma área que, além do Iraque, inclui a Síria oriental e o sudeste da Turquia. Suas fronteiras naturais são formadas pelas cordilheiras da Anatólia ao Norte, pelos montes Zagros a leste, pelo deserto da Arábia a sudoeste e pelo Golfo Pérsico5 ".

    (MUSSER, Karl. Watershed. I,)

    4CARDOSO, Ciro Flamarion. Sete olhares sobre a antiguidade. 2.ed. Brasília: UnB, 1998.

    5LEICK, Gwendolyn. Mesopotâmia: a invenção da cidade. Trad: Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Imago, 2003. p.13.

    13

    Este território único (quase todas as cidades

    mesopotâmicas ficavam entre os grandes rios, com exceçãodeKisiga, Eridu eUr, queselocalizavama margem esquerda do Eufrates), todavia, não deve pressupor uma cultura e tradições religiosas comuns entre povos distintos como os sumérios e assírios 6 . Uma fronteira linguística separava o país de Sumer, ao sul, onde a língua predominante era o sumério (…), do país de Akkad, mais setentrional (…), onde era o acádio a língua principal7. E

    mesmodentro de cidades de língua suméria, por exemplo, distinções importantes podem ser realizadas. Sendo assim, a Mesopotâmia, na verdade, não pode ser tomada como um conjunto, mas sim como pequenas ilhas independentes, emquecada cidade controlava seu próprio território, possuía as próprias leis, administrava sua própria rede de irrigação, e detinha uma cultura particularmente única.

    Contudo "os historiadores foram propensos a

    salientar o surgimento de estados centralizados que exerceram controle sobre territórios frequentemente muito vastos, mas a unidade sociopolítica mais duradoura ebem-sucedidaasurgir naMesopotâmiacontinuou aser a cidade-estado"8. Isto indica muito mais uma necessidade contemporâneadereconhecer onascimentodanaçãoe do Estado, do que o reconhecimento de uma realidade

    6Esta, inclusive, fora a primeira língua a ser decifrada quando os homens do último quartel do século XIX se debruçaram sobre as tabuletas com escrita cuneiforme. (OPPENHEIM, A. Leo. Ancient Mesopotamia: portrait of a dead civilization. Chicago: University of Chicago, 1964).

    7CARDOSO, C. Sete olhares sobre a Antiguidade. p. 65.

    8LEICK, Gwendolyn. Mesopotâmia: a invenção da cidade. p. 14.

    14

    importante paraacultura eomododevida daquelaregião9 .

    No período dinástico primitivo ou pré-sargônico (2900 - 2334 a.C.), catorze aglomerações urbanas aparecem com destaquenadocumentaçãohistórica. Asaber: Sippar, Kish, Akshak, Larak, Nippur, Adab, Shuruppak, Umma, Lagash. Badtibira, Uruk, Larsa, Ur e Eridu10 .Estas são as cidades mais antigas, Eridu tem sua fundação calculada por volta de 4500 a.C., pelos ubaidas, um povo que ainda não falava sumério, língua que tem seus primeiros registros em 3100

    a.C. 11 . A tempo da dominação helenística, nós temos 34 cidades-estado12. E entre estas, também não encontramos unidade. As cidades-estado não estavam organizadas segundoomesmomodelo. EnquantoSippar e Nippur eram centros religiosos, portanto mantinham em torno de si acampamentos nômades daqueles que peregrinavam em seus templos; Ur e Eridu não permitiam a entrada de estrangeirosdentrodeseusmuros.EnquantoEriduera um centrotradicional, CtesiphoneSelêuciaeramcentros onde

    a cultura grega se mesclava coma mesopotâmica. Descreve Ciro Flamarion Cardoso, todavia, um protótipo decidade-estado. Cadaumacompreendia dentro de si três setores: a cidade propriamente dita, cercada pelas suas muralhas de defesa, que guardava seu templo (que pode ou não ser um ziggurate) dedicado a um deus

    9Para ver mais: REDE, Marcelo. Chefia tribal e realeza urbana na Antiga Mesopotâmia: notas para uma abordagem. IN: Phoinix. Rio de Janeiro: UFRJ, 2017. p. 12-26, v. 23, n. 2.

    10CARDOSO, C. Sete olhares sobre a Antiguidade.

    11KUIPER, Kathleen (org.). Mesopotamia: the world’s earliest civilization. New York: Britannica, 2011.

    12A saber: Choga-Zambil, Shush, Kisiga, Kutalla, Kisurra, Drehem, Isin, Marad, Dilbat, Borsippa, Babel, Hursagkalama, Cutha, Ctesiphon, Selêucia, Tell ed-Der, Dur-Kurigalzu, Tell Harmal, Ishchali, Khafaja h, Eshnunna, Der e Samarra.

    15

    específico; a cidade externa, uma aglomeração fora dos

    muros onde haviam residências, estábulos, hortas, pomares, e etc, cuja produção era reservada para a cidade; eoporto, seucentrocomercial13. Eleaindaexplicaque duas tendências podemser percebidas naorganização político - social das cidades daMesopotâmia: aprimeira diz respeito a perda de prestígio constante das instituições templárias e órgãos colegiados para administração pública em favor de umarealeza cada vez mais centralizada na figura do rei

    (lugal,pessoa importante 14 ); a segunda diz respeito a alternância entre fases de independência entre as cidades-estado e a formação de impérios emque algumas cidades se aliavam ou dominavam outras. Neste caso os lugaltinham sob seu comando os ensi (governadores/ príncipes) quecontrolavamascidades aliadas/dominadas, sendo Etana, de Kish (2800 a.C.) o primeiro rei a unir cidades sob seu comando (como dissemos, os historiadores têm a tendência de buscar este estado

    centralizado)

    Por causa deste papel da cidade de Kish na construção do conceito de monarquia e depois de império que o título de Rei de Kish, durante muito tempo, passou a ser sinônimo de imperador 15. Os reis de Ur e Lagash para legitimarseucontrolesobreasoutrascidadeschamavam - se de lugalkish clamando sobre si a referência a este antigo e poderoso império.

    É importante ressaltar, além de sua importância política, o papel religioso do lugal. Ele era o sumo

    13 Idem.

    14Este título é usado primeiramente em Kish em 2700 a.C.. (Para ver mais: KUIPER, Kathleen (org.). Mesopotamia: the world’s earliest civilization. New York: Britannica, 2011.)

    15KUIPER, Kathleen (org.). Mesopotamia: the world’s earliest civilization.

    16

    sacerdote da divindade patrona da cidade. E cada uma das

    cidades possuía um deus que era seu patrono 16 . Fisicamente, no templo, ele representava a encarnação do próprio deus. Em algumas cidades, como Assur, Sippar e Larsa, realizava-se as cerimônias de casamento sagrado, ao qual se unia a sacerdotisa ou a rainha (nin), que representavamadeusa,enquantoele eraodeus, liberando as forças da fertilidade sobre sua cidade17. Mesmo quando, por volta de 2400 a.C., surgem corpos sacerdotais

    independentes do palácio real, sobretudo emKish e Eridu, eolugalcomeçaasersubstituído porsacerdotesnos ritos, algumas funções sacerdotais se mantiveram sempre nas mãosdos reis, garantindo assim a justificação religiosa de seu poder.

    Opoder real garantia-lhe o controle sobre as terras e rebanhos, administrando a produção e controlando os preços, mas sua maior atribuição era, sem dúvida, a distribuição de água18. Era responsabilidade do palácio a

    16Para citar alguns: Eridu tinha como patrono Enki, e as deusas Nammu e Dumgalnunna, além dos casais divinos Lahmt e Lahamu e Tiamat e Apsu; Uruk cultuava Anu e Inanna; Shuruppak e Nippur tinham especial predileção por Enlil e Ninlil, mas Nippur também cultuava Ninurta e Ninnibru; Ur cultuava Sin, sua esposa Ningal e seu filho, Shamash; Sippar e Larsa também cultuavam Shamash e sua esposa Aya e os filhos do casal divino; já Assur tinha o nome do seu patrono; enquanto Nínive e a Babilônia estavam sob a influência de Marduk.

    17Para ver mais: DUPLA, Simone Aparecida, PETRUSKI, Maura Regina. Ano novo, vida nova: a renovação com o festival de Akitu na Babilônia. IN: Phoinix. Rio de Janeiro: UFRJ, 2017. p. 27-40. v. 23, n. 2.

    18Não é a toa que para controlar melhor a administração imperial, Assubarnipal (668-627 a.C.) construiu uma biblioteca para abrigar toda a documentação produzida na Mesopotâmia. Esta reunião de documentos é a principal fonte para a história desta região do qual somente 35 a 40% foram já traduzidos (OPPENHEIM, A. Leo. Ancient Mesopotamia: portrait of a dead civilization. Chicago: University of Chicago Press, 1977.).

    17

    construção e conserto de canais, diques e reservatórios;

    competia tambémaolugalmanter as rotas fluviais abertas para o transporte de mercadorias, como também garantir a segurança das caravanas que atravessavam o deserto. Inclusive é por causa desta necessidade de proteção das rotas comerciais que as alianças entre as cidades-estado se constroem. Um rei poderoso, apoiado pelos seus governadores, podia garantir melhores e mais seguras rotas comerciais trazendo para sua cidade mais

    riqueza e abundância. Com esta organização e ampliação em impérios como os de Eannatum (2454-2425 a.C.) e Entemena(2404-2375a.C.), deLagash; Lugalzagesi (2340 - 2316 a.C.) de Uruk; Sargão (2334-2279 a.C.) de Akkad; Urnammu(2112-2004a.C.) e Shulgi (2094-2047a.C.) de Ur19 , inicia-se na Mesopotâmia um conflito entre o particularismo das cidades e a formação de uma consciência étnica que contrastava os homens do pântano mesopotâmico com os povos nômades do deserto,

    especialmente da Síria e do Elam, e os pastores das montanhas, como os amorreus e hurritas. Ou seja, a percepçãodeunidadeentreosmesopotâmicossópode ser imaginada depois do início da expansão imperial.

    Não é de surpreender que é somente após as primeiras tentativas de expansão imperial que os textos religiosos passama tentar construir umaunidade entre as crenças das diversas cidades-estado. Cosmogonias

    díspares, deuses distintos para atividades comuns, rituais diversos não eram mais compatíveis como império que se queria construir, sobretudo após a ascensão dos reis de

    19Sendo no reinado deste último que o império mesopotâmico chega a seu apogeu, ocupando todo o território

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