" Surtos Poéticos " - Poemas

De Fábio Morais

Podemos dizer que Fábio Morais é alguém que estava morto e reviveu para nos brindar com esta belíssima obra: SURTOS POÉTICOS - POEMAS”. Durante muitos anos, Fábio fez uso de álcool, quando então percebeu que o seu consumo passara a ser abusivo, prejudicando-o no seu dia a dia. E prejudicando muito! Em decorrência desse uso compulsivo, seu cotidiano se transformou em um verdadeiro inferno. Sua vida esvaia-se a cada copo que levantava. Iniciou então, sem sucesso, uma procura por vários tipos de tratamento, até que foi acolhido pelo CAPS AD III DAVID CAPISTRANO DA COSTA FILHO, no bairro do Rangel, em João Pessoa. Aquela era - segundo ele - sua última esperança de resgatar a si mesmo da deplorável situação em que se encontrava. E ele está conseguindo! Antes de chegar ao CAPS, Fábio perdeu inúmeros poemas que poderiam, hoje, fazer parte deste trabalho. O que conta mesmo em SURTOS POÉTICOS não é tanto a beleza estética da sua forma, mas o conteúdo pertinente,verdadeiro e belo dos seus versos e mensagens. SURTOS POÉTICOS é , finalmente, resultado não somente da visão do autor sobre variados temas (relacionados ou não à sua condição de dependente químico) mas sobretudo uma maneira de dizer ao mundo que a Poesia o tem ajudado a se ajudar a ajudar a outros que, como ele, precisam matar um leão por dia.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 8 de set. de 2019

Pré-visualização do livro

APELO À FAMÍLIA

(De um dependente químico)

Me condenaram, sim, por mil motivos

plausíveis para eles, me julgaram

E vendo o mal que fiz sentenciaram

que eu suportasse só o meu castigo

Bem que soubessem que em são juízo

eu não faria aquilo que alegaram

E nem seria aquele que encontraram

desnorteado, louco, enfurecido...

Não vou lançar-lhes culpa por ter sido

por tanto tempo em casa um inimigo

fora de si e a si indiferente

Mas quero lhes pedir: fiquem comigo!

E compreendam só que eu preciso

ser ajudado, pois estou doente!...

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OBRIGADO, DOUTORA!

(Para Dayse Catão, psicanalista)

Em tétrico e intricado labirinto

Sem norte e ansiando uma saída

senti, como um faminto sem comida

a agitação de todos os instintos

Era terrível aquele labirinto,

onde vagava minh'alma perdida

com marcas tão profundas e doídas

que essas marcas i'nda hoje