Minha irmã e eu: Diário, memórias e conversas sobre Marielle
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Sobre este e-book
Neste livro, a educadora Anielle Franco escreve sobre a saudade e as lembranças que tem de sua irmã, a vereadora Marielle Franco, que foi assassinada em 2018. A obra traz um relato sobre a falta que a irmã faz a ela e detalha a relação das duas na infância e na adolescência.
A publicação reune fotografias de família e ilustrações. A quarta capa do livro é assinada pela atriz Taís Araújo, e o prefácio, pela jornalista Maju Coutinho. Anielle também é diretora do Instituto Marielle Franco, criado pela família da vereadora.
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Pré-visualização do livro
Minha irmã e eu - Anielle Franco
Copyright © Anielle Franco, 2022
Copyright © Editora Planeta do Brasil, 2022
Todos os direitos reservados.
Preparação: Alanne Maria
Revisão: Elisa Martins e Caroline Silva
Projeto gráfico e diagramação: Negrito Produção Editorial
Ilustrações de miolo: Fabio Oliveira
Fotografias de miolo: Arquivo pessoal
Capa e ilustração de capa: Filipa Damião Pinto | Foresti Design
Adaptação para eBook: Hondana
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Franco, Anielle
Minha irmã e eu [livro eletrônico] / Anielle Franco. - São Paulo : Planeta do Brasil, 2022.
ePUB
ISBN 978-85-422-1966-1 (e-book)
1. Franco, Anielle – Memória autobiográfica 2. Franco, Marielle - 1979-2018 I. Título
Índices para catálogo sistemático:
1. Franco, Anielle – Memória autobiográfica
2022
Todos os direitos desta edição reservados à
Editora Planeta do Brasil Ltda.
Rua Bela Cintra, 986, 4o andar – Consolação
São Paulo – SP – 01415-002
www.planetadelivros.com.br
faleconosco@editoraplaneta.com.br
"Quando conhecemos o amor, quando amamos,
é possível enxergar o passado com outros olhos;
é possível transformar o presente e sonhar o futuro.
Esse é o poder do amor. O amor cura."
¹
bell hooks
²
Sumário
Prefácio – Marielle presente e semente
Apresentação – O luto na luta
2018
Não pode ser
Sua força, nossa força
E se estivéssemos lá?
Quantas Marielles?
Incondicionalmente
O Lula ligou
Franciscos
Apagamentos
Medo
Quem era você?
Comoção mundial
Meu dia sem você
No primeiro sonho, o Papo Franco
Mês de festa. Em luto
Suas leis
Desrespeito
Covardias
Estação Primeira
Maracanã
Ele está chegando!
A abusada e a medrosa
Seu livro
O primeiro Natal
2019
Suas roupas
A medida do luto
Vila Isabel
Não serei interrompida
A prisão
Um ano
Você está em Paris
Páscoa
Lacrada
Meu presente: você presente
Funk e fé
Angela Davis
O jogo que a gente não jogou
Garota do clipe
Três filhas
2020
A raiva como motor
Saudade de um glitter
Um mar de revolta
Salve, Jorge!
Quantos mais?
Saudade da gente
Eloah, sua sobrinha
Sementes
Taís Araújo
Antonio Francisco
2021
Escrevivências
Nossa placa luminosa
Roda Viva
Minha amiga bell hooks
Marinetinha e a despedida
2022
Boric
Sem respostas
A dor no peito de mainha
Francia Márquez
Aniversário
Não nos deixam respirar
Alguém tem que responder
Notas
Agradecimentos
Fotos
Prefácio
Marielle presente e semente
No dia 14 de março de 2018, quando a ausência física da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes se fez presente, Anielle Franco voltou a escrever em seu diário – hábito cultivado, principalmente, no período em que foi bolsista nos Estados Unidos como atleta, jogadora de vôlei. Quando mataram Marielle, eu recomecei a escrever porque tinha muita raiva. Era o que me acalmava
, me contou Anielle, que, mesmo reconhecendo os efeitos calmantes da escrita, chegou a se questionar se valeria a pena, se adiantaria alguma coisa continuar escrevendo, falando, protestando.
E graças a uma amiga, que lhe enviou um recorte de um artigo da estudiosa norte-americana Gloria Anzaldúa, Anielle se entusiasmou para escrever sobre si mesma e sobre sua irmã. O texto de Gloria dizia:
Escrevo para registrar o que os outros apagam quando falo, para reescrever as histórias mal escritas sobre mim, sobre você. Para ser mais íntima comigo mesma e consigo. Para me descobrir, preservar-me, construir-me, alcançar a autonomia.
E ao longo dos relatos de muitos dias, quatro anos depois da morte de Marielle, registrados neste livro, vamos descobrindo, construindo e preservando a imagem de Marielle através do olhar de Anielle, atravessado ora pelo horror, ora pelos sentimentos de saudade e doçura. Horror ao descrever, logo no início, o momento em que encontrou o corpo da irmã estendido no interior do veículo, de portas abertas, em pleno centro do Rio ("Sua bolsa azul e seus óculos estavam no chão. Sua mão estava para fora do carro. Seu sangue, nosso sangue, pingava no chão); sentimentos de saudade e doçura ao se referir aos momentos de intimidade afetuosa em família (
Sinto falta de ir à missa com nossos pais e de morrer de vergonha de guardar lugar para você e você sempre chegar atrasada. Sinto falta de brigar pelo último pedaço de pudim e tirar um cochilo no chão, depois do almoço, ouvindo você, a mãe e o pai fofocarem").
Acompanhamos na obra um pouco da rotina dessas irmãs, crias da favela da Maré, no Rio de Janeiro (Até hoje me lembro do cheiro do ônibus que a gente pegava para ir ao Conjunto Esperança, lá na Maré. Era uma menina cuidando de outra. Mas, para mim, você era a Mulher-Maravilha. Principalmente quando a gente tinha que se proteger de tiroteio na favela. Você me abraçava assim que ouvia os tiros, como se fosse meu escudo
).
As memórias de Anielle celebram a existência de Marielle. Essas memórias são também entremeadas por pensamentos de intelectuais pretas como Conceição Evaristo, Audre Lorde, bell hooks e Maya Angelou.
"Eu não conto os dias sem você! Ao contrário, às vezes, pego o telefone e penso: Aquela viada não me ligou hoje." Decidi então rezar. Me conectei