O pagador de promessas
De Dias Gomes
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Sobre este e-book
Nesta peça de renome internacional, o autor narra o emocionante calvário do simplório Zé-do-Burro: para cumprir promessa feita a Iansã, pela cura de seu burro, ele divide seu sítio com os lavradores pobres e carrega pesada cruz de madeira no percurso de sessenta léguas, com o objetivo de depositá-la no interior da igreja de Santa Bárbara, em Salvador. Ao contrário do que acontece com muitas obras teatrais de qualidade, que se iniciam com ímpeto e às vezes o mantêm até certa altura para nos frustrar no final, esta peça de Dias Gomes é um todo completo e acabado: o seu final não resulta em frustração, mas em plenitude. E para isso é preciso que se reúnam, na realização da obra, aqueles fatores imponderáveis que dão nascimento à verdadeira obra de arte.
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O bem-amado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO rei de Ramos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasApenas um subversivo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOdorico na cabeça Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs primícias Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
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O pagador de promessas - Dias Gomes
Do autor:
Amor em Campo Minado
O Bem-Amado
O Berço do Herói
Campeões do Mundo
Decadência
A Invasão
Meu Reino por um Cavalo
Odorico na Cabeça
O Pagador de Promessas
As Primícias
O Rei de Ramos
O Santo Inquérito
Sucupira, Ame-a ou Deixe-a
Vargas
Coleção Dias Gomes
Vol. 1 — Os Heróis Vencidos
Vol. 2 — Os Falsos Mitos
Vol. 3 — Os Caminhos da Revolução
Vol. 4 — Espetáculos Musicais
Vol. 5 — Peças de Juventude
Apenas um Subversivo
Autobiografia
Copyright © 1959 by Dias Gomes
Capa: Oporto design
Ilustração de capa: Alexandre Venancio
Editoração eletrônica: Imagem Virtual Editoração Ltda.
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
2019
Produzido no Brasil
Produced in Brazil
CIP-Brasil. Catalogação na fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.
G613p
67. ed.
Gomes, Dias, 1922-1999
O pagador de promessas [recurso eletrônico] / Dias Gomes. - 67. ed., rev. – Rio de Janeiro : Bertrand Brasil, 2022.
recurso digital
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-65-5838-145-7 (recurso eletrônico)
1. Teatro brasileiro. 2. Livros eletrônicos. I. Título.
22-80251
CDD: 869.2
CDU: 82-2(81)
Gabriela Faray Ferreira Lopes - Bibliotecária - CRB-7/6643
Todos os direitos reservados pela:
EDITORA BERTRAND BRASIL LTDA.
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Não é permitida a reprodução total ou parcial desta obra, por quaisquer meios, sem a prévia autorização por escrito da Editora.
Atendimento e venda direta ao leitor:
sac@record.com.br
Produzido no Brasil por Flex Estúdio
Para Janete, com amor.
Para Pascoal Longo
e Edison Carneiro.
O PAGADOR DE PROMESSAS
obteve os seguintes prêmios:
Prêmio Nacional de Teatro, 1960 (INL)
Prêmio Governador do Estado, 1960 (São Paulo)
Prêmio Melhor Peça Brasileira, 1960 (A.P. C.T.)
Prêmio Padre Ventura
, 1962 (C.I.C.T.)
Prêmio Melhor Autor Brasileiro, 1962 (A.B.C.T.)
Prêmio Governo do Estado da Guanabara, 1962
Laureada no III Festival Internacional de Teatro, em Kalsz, Polônia.
Em versão cinematográfica:
Palma de Ouro
, do Festival de Cannes, 1962
1.º Prêmio do Festival de S. Francisco (EUA)
Critic’s Award
, do Festival de Edimburgo, Escócia, 1962
1.º Prêmio do Festival da Venezuela, 1962
Laureada no Festival de Acapulco, México, 1962
Prêmio Saci
, 1962 (São Paulo)
Prêmio Governador do Estado, 1962 (São Paulo)
Prêmio Cidade de São Paulo, 1962
Prêmio Humberto Mauro
Em versão para TV:
Prêmio Fipa de Prata — Cannes, 1988
Sumário
Prefácio
Nota do Autor
Primeiro Ato
Primeiro Quadro
Segundo Quadro
Segundo Ato
Primeiro Quadro
Segundo Quadro
Terceiro Ato
Prefácio
Aqueles que se comovem com a ternura de O Idiota, de Dostoievski; aqueles que sentem o desamparo de Woyzeck, de Buchner; aqueles que sabem como é difícil afirmar-se a pureza e a inocência num mundo dominado pelas maquinações da linguagem — vão sofrer com o destino de Zé do Burro e aplaudir a profunda humanidade da peça O Pagador de Promessas. O dramaturgo Dias Gomes impõe-se como um dos talentos mais legítimos do teatro brasileiro, anunciando sua revelação, uma obra de rara qualidade. Agrada ao crítico surpreender num texto de teatro o verdadeiro ficcionista, que alia à virtude da criação de uma ótima estória o domínio dos meios cênicos.
Imaginem um homem que, para cumprir uma promessa, divide seu sítio com os lavradores pobres e carrega uma cruz no percurso de sete léguas, com o objetivo de depositá-la no interior de uma igreja de Santa Bárbara. Como o Padre não lhe permite o ingresso no templo, Zé do Burro, depois que é obrigado a esperar longamente que o abram, obstina-se em permanecer diante da porta, na esperança de que se convençam de seus propósitos santificados.
A dúvida religiosa era simples: a promessa fora feita a Iansã, figura da crendice popular, que, embora sinônimo de Santa Bárbara, não participa exatamente da hagiografia cristã. O incidente criado assume, com o correr das horas, as proporções da cidade, e o pacato Zé do Burro torna-se vítima de uma tragédia, tanto no sentido das notas policiais da imprensa quanto no técnico, dado ao gênero teatral. Uma bala precipitada liquida-o, ao fim do conflito. No mesmo espírito irônico manipulado pelos trágicos gregos, Zé do Burro, que não conseguira entrar vivo na igreja, é transportado morto ao seu interior, em cima da cruz que pretendera carregar. Mas é natural que se indague: por que o herói fez tão estranha promessa? Por que teima em cumpri-la até o fim, apesar de ter sido desobrigado por um ministro da Igreja? A resposta espantará, talvez, pela simplicidade: Zé do Burro quer agradecer a cura de Nicolau. Quem é Nicolau? Um burro, seu companheiro dileto, que não o largava hora nenhuma do dia ou da noite.
Não se considere ingênua ou inverossímil a trama, porque assenta num episódio estranho aos nossos hábitos civilizados. Zé do Burro é homem primário (simplório, se quiserem), natural do sertão da Bahia e pagando a promessa numa igreja de Salvador. Toda a sua psicologia (se se deve chamar psicologia, sem pedantismo, às suas reações de criatura essencialmente popular e destituída de raciocínio complexo) se define pela crença na intervenção sobrenatural, que não permite depois, da parte dele, recuo estratégico ou argumento sofista. Por nada deste mundo deixaria de cumprir o compromisso assumido com a santa. A figura patética e pungente de Zé do Burro, que tem inevitável feitio cômico aos olhos profanos, é a mola para a configuração do universo teatral da peça. O autor joga muito bem com a falta de defesa do herói, numa situação em que desde logo se avolumam outros interesses, para mostrar a desproteção do homem num mundo governado por forças que lhe são superiores. Acha-se implicado aí, sem dúvida, o próprio conceito de tragédia.
Os poderes que esmagam Zé do Burro não se definem como meros instrumentos opressores, mas têm a sua parte de razão, como convém a toda peça que não se satisfaz com a dicotomia vilões-herói. Estranhamente, são Rosa, sua mulher, e o Padre, que pela investidura religiosa deveria melhor compreendê-lo, que traçam o caminho da perda de Zé do Burro. Os outros coatores, que acabam por sufocar o protagonista, interpõem-se no entrecho em consequência da falha inicial deles. Não tivesse Rosa ingressado no mecanismo corrupto da cidade, defenderia com êxito o marido. Esquecesse o Padre um pouco os preceitos teologais e se inspirasse verdadeiramente na caridade cristã, e evitaria que se consumasse a catástrofe. Está claro que O Pagador de Promessas constitui uma crítica ao formalismo clerical, que inscreve sob uma mesma rubrica problemas tão diferentes. O apego a certas aparências e o culto rigoroso da razão, em casos como o de Zé do Burro, tornam-se, inevitavelmente, formas de intolerância, embora tudo se faça para negá-la. Essa intolerância erige-se, na peça, em símbolo da tirania de qualquer sistema organizado contra o indivíduo desprotegido e só. Em favor da atitude dos sacerdotes (que estão desdobrados em Padre e Monsenhor, para estabelecer-se a