O rei de Ramos
De Dias Gomes
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Sobre este e-book
Dias Gomes desenvolve em O rei de Ramosa crônica musicada da rivalidade de doisbanqueiros do bicho, Mirandão e Brilhantina, cujo ódio recíproco não é suficientepara impedir o amor entre seus filhos, Taís e Marco.
Deliciosa comédia de costumes,a peça é também uma sátira da realidade brasileira contemporânea, com seu humor ágil e linguagem certeira. A simplicidade da história envolve; a ironia e a crítica social a temperam. Com enredo extremamente popular, as cenas são tipicamente brasileiras. Mais ainda: é particularmente carioca.
Dias Gomes é um mestre na criação de tipos e situações marcantes. Ninguém esquecerá os conflitos entre os dois banqueiros de bicho e sua conciliação, bem como a cena em que o contraventor Mirandão sai morto, nos braços do povo, com a explosão de ritmos, cores e alegrias de uma escola de samba em pleno desfile de carnaval.
Viva e autêntica em sua linguagem, que as excelentes canções de Chico Buarque e Francis Hime tanto realçam, a trama envolve e nos leva a participar das jogadas de Mirandão e a torcer pelo seu êxito.
"Orei de Ramos pode ser considerada uma revista musical sobre os vários níveis do capitalismo; uma leitura atenta revelará, para além dos sorrisos e do bom humor, a maneira dissolvente pela qual age esse sistema, através de uma visão corrosiva e cáustica. Em termos estéticos, é a tentativa de uma peça e de espetáculo genuinamente nacionais, com cheiro de Brasil e se fixando em tradições artísticas, técnicas e profissionais que foram descobertas e trabalhadas por nós mesmos."- Flávio Rangel
"A comédia de Dias Gomes apresenta um grande painel da vida brasileira: o capital, o lucro, as disputas, o poderio das multinacionais, o jogo do bicho, as escolas de samba, a malícia, a criatividade, a corrupção. A atualidade da obra reafirma a verve crítica e a genialidade do artista."- José Dias
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O rei de Ramos - Dias Gomes
Sobre o autor
Alfredo de Freitas Dias Gomes, mais conhecido como Dias Gomes, foi romancista, contista e teatrólogo. Nasceu em Salvador, em 19 de outubro de 1922. Escreveu seu primeiro conto, As Aventuras de Rompe-Rasga
, aos 10 anos, e, aos 15, sua primeira peça, A Comédia dos Moralistas, vencedora do concurso promovido pelo Serviço Nacional de Teatro e pela União Nacional dos Estudantes (UNE). Várias de suas obras foram censuradas durante a ditadura por apresentarem forte conteúdo político. Entre as mais conhecidas, estão O Bem-Amado, O Pagador de Promessas e O Berço do Herói (adaptada para a televisão como Roque Santeiro). Escrita em 1960, A Invasão estreou em 25 de outubro de 1962 no Teatro do Rio, com direção de Ivan de Albuquerque, e foi encenada dois anos depois em Montevidéu, pelo grupo El Galpón, com direção de José Renato. A peça foi laureada com o Prêmio Cláudio de Souza, da ABL, e com o Prêmio Padre Ventura, do CICT. Em janeiro de 1969, foi proibida pela censura, em uma interdição que durou até 1978. Dias Gomes foi eleito para a Cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras em 1991. Faleceu em 1999, em São Paulo, aos 76 anos.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
G613r
3. ed.
Gomes, Dias, 1922-1999
O rei de Ramos [recurso eletrônico] / Dias Gomes ; músicas de Chico Buarque e Francis Hime. - 3. ed. - Rio de Janeiro : Bertrand Brasil, 2022.
recurso digital
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-65-5838-120-4 (recurso eletrônico)
1. Teatro brasileiro. 2. Livros eletrônicos. I. Buarque, Chico, 1944-. II. Hime, Francis, 1939-. III. Título.
22-77893
CDD: 869.2
CDU: 82-2(81)
Gabriela Faray Ferreira Lopes - Bibliotecária - CRB-7/6643
Copyright © Dias Gomes, 1979
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados.
Não é permitida a reprodução total ou parcial desta obra, por quaisquer meios, sem a prévia autorização por escrito da Editora.
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que se reserva a propriedade literária desta tradução.
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Sumário
PREFÁCIO
O REI DE RAMOS
PERSONAGENS
PRIMEIRO QUADRO
SEGUNDO QUADRO
TERCEIRO QUADRO
QUARTO QUADRO
QUINTO QUADRO
SEXTO QUADRO
SÉTIMO QUADRO
OITAVO QUADRO
NONO QUADRO
DÉCIMO QUADRO
DÉCIMO PRIMEIRO QUADRO
DÉCIMO SEGUNDO QUADRO
DÉCIMO TERCEIRO QUADRO
DÉCIMO QUARTO QUADRO
DÉCIMO QUINTO QUADRO
DÉCIMO SEXTO QUADRO
DÉCIMO SÉTIMO QUADRO
DÉCIMO OITAVO QUADRO
Prefácio
O rei de Ramos é uma peça nova
na dramaturgia de Dias Gomes. Não pelo fato de ser sua primeira experiência num novo gênero — a comédia musical — mas principalmente pela ótica com que vê suas personagens. Nesse sentido, é uma mudança radical.
Até agora, suas personagens se moviam em espaços sociais conflitantes, e a resolução de seus problemas era feita através de um confronto direto. Em O pagador de promessas, A revolução dos beatos e O santo inquérito, por exemplo, os protagonistas são pessoas honestas e ingênuas em luta com uma organização conservadora e impermeável à novidade. Em O rei de Ramos, ninguém presta. Talvez um dos elementos de maior eficácia da peça resida nessa pintura implacável, embora bem-humorada, dos valores morais que informam nossa sociedade atual. Valores que se modificam com maior rapidez do que a cotação nas ações da Bolsa. É uma peça sobre contraventores. E como todos os contraventores do mundo em que vivemos, simpáticos e bem-sucedidos. Quando, no final, resolvem ser contraventores internacionais, essa decisão é saudada com alegria, porque a esperteza é uma das qualidades mais apreciadas no universo em que se movem as personagens. O sofisticado capitalismo de uma multinacional, com seus cartéis, trustes e dumpings, é o nec-plus ultra da malandragem.
A peça é popular. É extremamente brasileira. Mais ainda: é particularmente carioca.
Sua receptividade advém de quatro fatores que salpicaram a tradição abandonada da burleta e da revista da Praça Tiradentes, aliada à sempre perfeita visão da nossa comédia de costumes: uma temática popular (o jogo do bicho é uma paixão nacional), personagens facilmente reconhecíveis (as personagens que povoam a peça são encontradas em qualquer esquina do Rio de Janeiro), humor simples e direto e sátira política. Tão simples quanto isso, é aí que se encontra a razão do enorme sucesso desta peça.
Ela aparentemente se move em três níveis principais: a disputa pelos pontos de jogo mais rendosos da cidade, entre os dois protagonistas, Mirandão e Brilhantina; a maneira pela qual se unem para enfrentar um inimigo maior, a zooteca ou a estatização desse jogo (uma intervenção do Estado na iniciativa privada
) e o caso de amor entre os jovens filhos de ambos. Há subenredos dentro desses três níveis, como o amor de Pedroca por Taís, a rivalidade pessoal (e não apenas no mundo dos ‘‘negócios") entre os protagonistas, e o crescimento da personagem de Marco, ao propor a solução dos problemas que todos enfrentam.
Mas, na verdade, todos os movimentos da peça são orientados por uma única chave: o capitalismo em seus vários níveis, o poder determinante do dinheiro (um tema que está presente em