O bem-amado
De Dias Gomes
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Sobre este e-book
O autor, responsável por retumbantes êxitos teatrais e cuja obra tem por denominador comum a contestação política e social, fornece ao leitor um irresistível retrato dos costumes da vida de um lugarejo do interior baiano, ordeiro e pacífico, para inauguração de um cemitério – plataforma política de seu ambicioso prefeito, Odorico Paraguaçu. O problema: ele precisava providenciar um morto.
Odorico, o Bem-Amado, é a encarnação, em escala provinciana, de personagens bem mais sinistros da vida política latino-americana, ditadores, caudilhos, demagogos de todos os tipos, e cujo perfil ora cômico, ora patético, a rica imaginação do autor delineia de forma precisa e contundente.
Naturalmente, o protagonista é também um ser humano em crise. O vácuo entre suas pretensões de grandeza, que comicamente se revelam na empolada linguagem, e a triste realidade de uma região, para ele frustrantemente subdesenvolvida, acentuam as contradições de sua existência e da própria política que ele representa e personifica.
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O bem-amado - Dias Gomes
Do autor:
Amor em Campo Minado
O Bem-Amado
O Berço do Herói
Campeões do Mundo
A Invasão
Odorico na Cabeça
O Pagador de Promessas
As Primícias
O Rei de Ramos
O Santo Inquérito
Sucupira, Ame-a ou Deixe-a
Vargas
Copyright © 1962 by Dias Gomes
Capa: Oporto design
Ilustração de capa: Alexandre Venancio
Editoração eletrônica: Imagem Virtual Editoração Ltda.
Texto revisado segundo o novo
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
2022
Produzido no Brasil
Produced in Brazil
CIP-Brasil. Catalogação na fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.
G613b
27. ed.
Gomes, Dias,1922-1999
O bem-amado [recurso eletrônico] : farsa socio político-patológica em 9 quadros / Dias Gomes. - 27. ed. - Rio de Janeiro : Bertrand Brasil, 2022.
recurso digital
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN ISBN 978-65-5838-146-4 (recurso eletrônico)
1. Teatro brasileiro. 2. Livros eletrônicos. I. Título.
22-80250
CDD: 869.2
CDU: 82-2(81)
Gabriela Faray Ferreira Lopes - Bibliotecária - CRB-7/6643
Todos os direitos reservados pela:
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Não é permitida a reprodução total ou parcial desta obra, por quaisquer meios, sem a prévia autorização por escrito da Editora.
Atendimento e venda direta ao leitor:
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Sumário
Nota do Autor
Texto da Peça
Primeiro Quadro
Segundo Quadro
Terceiro Quadro
Quarto Quadro
Quinto Quadro
Sexto Quadro
Sétimo Quadro
Oitavo Quadro
Nono Quadro
Nota do Autor
(no programa do espetáculo carioca)
De todas as minhas peças, foi esta a que teve vida mais acidentada. Sua primeira versão data de 1962. Do tempo em que escrever uma peça com 15 personagens e esperar que ela fosse encenada não era, como hoje, sinal evidente de desajustamento ou debilidade mental, reclamando para o seu autor internamento urgente numa clínica especializada. Hoje, os empresários não leem mais peças, contam as personagens. E quando estas excedem de três, olham para nós com cara de espanto:
— Para que tudo isso? Quer que haja mais gente no palco do que na plateia?
E devolvem a peça, obrigando-nos a pedir desculpas pelo nosso delírio de grandeza.
— Quinze personagens! Por que você não escreve uma ópera? Teatro é a arte da síntese!
E o Teatro Brasileiro parece que caminha brilhantemente para a síntese total: todas as personagens numa só. E não está longe o dia em que, na plateia, haverá também um único espectador — a maravilhosa síntese de todos os outros! Teremos então alcançado a perfeição.
Por isso, como Odorico não foi encenada imediatamente — vendi o seu argumento para um filme que nunca foi feito —, passados oito anos, parecia antediluviano sobrevivente de uma idade perdida quando surgiu um jovem e audaz produtor querendo levá-la à cena. Confesso que, a princípio, não acreditei. Naturalmente ia me pedir para fundir todas as personagens em duas ou três etc. Mas não, permitiu até que entrasse mais uma, um vira-lata. Espantoso! E tudo isso acontecendo no estado da Guanabara, onde o Teatro é olhado como uma praga que é preciso extinguir, coisa que ofende mais as narinas de certas pessoas que os peixes que morrem diariamente na lagoa. Fantástico.
Bem, mas aí está Odorico em cena, por mais fantástico que pareça. Esta peça pertence a uma fase em que a dramaturgia brasileira procurava pesquisar nossa realidade, fazendo uma espécie de tipificação do nosso povo. Odorico Paraguaçu é um tipo de político que — embora a prática das eleições pareça já coisa do passado — é bastante comum, não só no interior como nas grandes cidades. É claro que o grau de demagogia e paranoia é variável. Mas o processo é o mesmo. E não se pense que a proibição do povo de eleger livremente seus candidatos nos livra dos Odoricos provincianos ou citadinos, estaduais ou federais. Eles existem e continuarão existindo, com maior ou menor extroversão, porque são frutos não da prática da democracia, mas da alienação e do oportunismo dos governantes, eleitos ou nomeados, escolhidos ou impostos.
D. G., 1970
Odorico, o Bem-Amado foi escrita em 1962 e publicada, pela primeira vez, em 1963, num especial da revista Claudia, sob o título de Odorico, o Bem-Amado e os Mistérios do Amor e da Morte.
Foi encenada, pela primeira vez, em 1969, no Teatro Santa Isabel, do Recife, pelo TAP — Teatro de Amadores de Pernambuco, sob a direção de Alfredo de Oliveira, com cenários do próprio